Acidose: Causas, Sintomas e Tratamentos

Revisão Clínica: Dr. Rafael Macedo (Cardiologista, Clínico geral). Atualizado: 08/09/24

A acidose é uma desordem causada pela presença excessiva de ácidos nos tecidos e no sangue. É definida como um distúrbio no equilíbrio ácido-base do corpo, através do qual o pH no sangue diminui para um valor inferior a 7,36.

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Normalmente as soluções tampão previnem a acidose, pois são responsáveis ​​por alcançar um equilíbrio ácido-base e garantir um valor constante de pH no sangue entre 7,36 a 7,44 (Ver imagem). Além disso, esse equilíbrio também pode ser conseguido pela eliminação de resíduos ácidos do corpo através dos rins ou pela respiração.

O oposto da acidose é a alcalose, que ocorre quando o valor do pH no sangue é superior a 7,45.

Acidose, Causas, Sintomas E Tratamentos

Causas

A acidose pode ter várias causas dependendo do seu tipo – respiratório (causado por uma perturbação na respiração) e metabólico (causado por alterações metabólicas).

Acidose respiratória

Ocorre quando o dióxido de carbono (CO2) não é normalmente eliminado durante a respiração, aumentando a presença de ácido carbônico circulante. A tosse, falta de ar, letargia e irritabilidade são alguns dos sintomas, que podem ser originados pela asma brônquica, infecções pulmonares (pneumonia), apneia do sono, deformidades na caixa torácica, paralisia muscular, entre outras causas, que podem incluir:

  • distúrbios funcionais dos pulmões (enfisema, fibrose pulmonar, limitações respiratórias, por exemplo, devido a uma
  • costela quebrada);
  • lesões no peito;
  • obesidade, que pode dificultar a respiração;
  • uso indevido de sedativos;
  • consumo excessivo de álcool;
  • fraqueza muscular no peito;
  • problemas no sistema nervoso.

Acidose metabólica

A acidose metabólica ocorre quando o aumento do hidrogênio excede a capacidade de excreção do organismo, levando à redução de bicarbonato via líquidos corporais. Este tipo pode ser fatal. Existem três subtipos principais de acidose metabólica (veja abaixo). Suas principais causas incluem:

  • Diabetes Mellitus;
  • doença renal crônica;
  • Diarreia prolongada.

Acidose láctica: ocorre como resultado da acumulação do que é conhecido como ácido láctico (originado nos glóbulos vermelhos e células musculares). As causas mais frequentes são hipoglicemia, insuficiência hepática, ingestão crônica de álcool, insuficiência cardíaca, câncer, anemia grave, convulsões, ou exercício físico intenso por grandes períodos.

Acidose tubular renal: acontece quando os rins são incapazes de eliminar os ácidos através da urina, levando ao aumento da acidez do sangue.

Acidose hiperclorêmica: a perda significativa de bicarbonato de sódio é uma das razões que leva ao distúrbio. Tanto a diarreia intensa como o vômito podem estar na sua origem.

Acidose diabética: ocorre em indivíduos com a diabetes mal controlada. Quando o organismo não possui insulina suficiente dá-se o acúmulo de corpos cetônicos que acidificam o sangue.

Sintomas

Embora os dois tipos partilhem alguns sintomas, algumas manifestações variam com base na sua origem. A acidose respiratória é conhecida pelo desconforto respiratório e, por vezes, pela coloração azul dos lábios, como resultado de uma possível falta de oxigênio. Outros sintomas incluem:

  • fadiga ou sonolência;
  • ficar cansado facilmente;
  • confusão;
  • dor de cabeça.

acidose metabólica, menos frequente, manifesta-se como uma respiração profunda (Respiração de Kussmaul). Quando a causa é a diabetes mellitus, a respiração do paciente por vezes tem um odor a acetona. Além disso, pode também levar a uma perda grave de consciência se houver uma descida na pressão arterial, desconforto respiratório ou distúrbio do ritmo cardíaco. Outros sintomas comuns incluem:

  • confusão;
  • fadiga;
  • dor de cabeça;
  • sonolência;
  • falta de apetite;
  • icterícia;
  • aumento da frequência cardíaca;
  • hálito que cheira a fruta – um sinal de acidose diabética (cetoacidose).

Evolução da doença

A acidose força o corpo a trabalhar incansavelmente, levando por vezes os ossos a liberar maiores quantidades de sais minerais e fosfatos para neutralizar esses ácidos. Isso pode eventualmente levar à osteoporose. Outras doenças provocadas pela sua evolução podem incluir:

  • Dores crônicas;
  • Doença cardíaca coronariana;
  • Enxaquecas;
  • Dermatite atópica;
  • Artrite reumatoide;
  • Gota;
  • Arteriosclerose.

Além disso, sem tratamento imediato o distúrbio pode levar às seguintes complicações:

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  • pedras nos rins;
  • problemas renais crônicos;
  • falência renal;
  • doenças ósseas;
  • atraso no crescimento.

Exames e diagnóstico

O diagnóstico pode ser confirmado com a ajuda de uma gasometria arterial. O exame tem a função de medir o PH e o conteúdo ácido-básico do sangue, assim como a distribuição gasosa de oxigênio e dióxido de carbono (CO2). Os dois tipos distinguem-se pelos valores de bicarbonato e pressão parcial de dióxido de carbono no sangue:

  • Valores muito baixos de bicarbonato apontam para acidose metabólica;
  • Pressão parcial de dióxido de carbono muito elevada indicam a presença de acidose respiratória.

Após a confirmação de acidose respiratória, o médico muitas vezes avalia a saúde dos pulmões através de uma radiografia de tórax ou teste de função pulmonar.

Quando existe suspeita de acidose metabólica, o paciente por vezes precisa fornecer uma amostra de urina para análise do pH.

Tratamento

Apesar do tratamento depender sempre da causa que a originou, existem terapêuticas comuns usadas ​​em ambos os tipos. A administração de bicarbonato de sódio (via oral ou intravenosa) é um exemplo. Em subtipos específicos o tratamento muitas vezes envolve tratar a condição que a originou.

Metabólica

Quando a acidose metabólica (isto é, devido a altas concentração de produtos metabólicos no sangue) ocorre como resultado de uma doença renal crônica, o tratamento pode consistir na administração de citrato de sódio e realização de diálise.

Um método indicado em casos de acidose hiperclorêmica é a administração de bicarbonato de sódio (via oral), que protege as soluções tampão naturais responsáveis ​​pela manutenção do equilíbrio ácido-base no organismo.

Os pacientes diabéticos com cetoacidose podem receber fluidos (via intra venosa) e insulina para equilibrar o pH. Se o excesso de acidez ocorre devido a um desequilíbrio ácido-básico, é importante consumir quantidades adequadas de líquido.

O tratamento da acidose láctica pode incluir (dependendo da causa) o uso de suplementos de bicarbonato, fluidos (via intravenosa), oxigênio ou antibióticos.

A longo prazo também pode ser necessário modificar a dieta.

Respiratória

O tratamento da acidose respiratória (devido à baixa eliminação de dióxido de carbono) consiste em melhorar a dinâmica respiratória ajudando os pulmões. Alguns exemplos incluem:

  • receber medicação para dilatar as vias aéreas;
  • em casos graves pode ser necessário receber oxigênio ou usar um dispositivo de pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP). O dispositivo CPAP pode ajudar na respiração caso exista fraqueza muscular ou obstrução de uma via aérea.

Prevenção

Embora não seja possível evitar completamente a acidose, existem atitudes que podem ajudar (prevenindo alguns gatilhos). Esses gatilhos incluem: distúrbios funcionais dos pulmões (asma brônquica, enfisema pulmonar ou fibrose pulmonar), bem como limitações respiratórias (por exemplo, devido a uma fratura nas costelas), diabetes mellitus e doenças renais crônicas.

3 atitudes para reduzir o risco de acidose respiratória:

  • Tomar sedativos como prescrito pelo médico e nunca os misturar com álcool;
  • Parar de fumar. Fumar danifica os pulmões e torna a respiração menos eficaz a longo prazo;
  • Manter um peso ideal (Calcule o seu aqui) já que a obesidade pode dificultar a respiração.

3 atitudes para reduzir o risco de acidose metabólica:

  • Mantenha-se hidratado. Beba quantidades adequadas de água e outros fluidos;
  • Mantenha o controle total sobre a diabetes. Gerir bem os níveis de açúcar no sangue pode prevenir a cetoacidose;
  • Abandone o consumo de álcool. Beber de forma crônica pode aumentar o acúmulo de ácido lático.

Outro distúrbio associado ao ácido corporal é a acidez, provocada pelo excesso de ácido no estômago que gera uma sensação de queimação no esôfago e um sabor amargo na boca. O sintoma é conhecido como azia e pode ser desencadeado pelo consumo de alguns alimentos e bebidas, como café, chocolate e ingredientes picantes.

Dúvidas frequentes

Que alimentos podem causar acidose?

Alguns dos alimentos que contêm substâncias formadoras de ácido incluem:

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  • aves
  • peixe
  • ovos
  • carne
  • grãos
  • laticínios
  • feijão sem receita
  • sementes de girassol e abobora
  • nozes
  • bebidas carbonatadas
  • álcool
  • café e outras bebidas com cafeína
  • adoçantes
  • sal de mesa refinado
  • tabaco

Que alimentos podem ajudar na acidose metabólica?

Enquanto os alimentos ricos em proteínas, como carne, produtos cárneos, peixe e queijo são o grupo de alimentos com maior carga ácida, as frutas, legumes, saladas e sucos de frutas contêm um bom potencial alcalinizante.

Como o corpo compensa a acidose metabólica e respiratória?

A resposta do corpo à acidose metabólica é previsível – A respiração aumenta para liberar CO2, diminuindo assim a quantidade de ácido no sangue. Na acidose respiratória crônica, o corpo tenta manter um estreito equilíbrio ácido-base normal. A principal resposta do corpo é livrar-se de mais ácido carbônico e manter a base de bicarbonato nos rins, tanto quanto possível.

Como os rins respondem ao distúrbio?

Quando o corpo fica muito ácido, os rins tentam excretar esse excesso através da urina e absorvem mais bicarbonato para o corpo. Quando o corpo tem o oposto – pouco ácido (alcalose), os rins tentam excretar bicarbonato e conservar íons de hidrogênio.

Como os rins compensam o desequilíbrio ácido-base?

Os rins têm dois papéis muito importantes na manutenção do equilíbrio ácido-base: reabsorvem o bicarbonato da urina e excretam íons de hidrogênio pela urina.

Por que a hipoventilação causa acidose?

A acidose respiratória é uma emergência médica na qual a diminuição da ventilação (hipoventilação) aumenta a concentração de dióxido de carbono no sangue e diminui o pH do sangue.

A desidratação pode causar acidose?

Sim. Alguns casos de acidose metabólica ocorrem em pacientes desidratados com gastroenterite, por exemplo.

É possível morrer com o distúrbio?

Sim, casos graves, quando não tratados, podem levar a choque ou ser fatais.

Nota: Este conteúdo, desenvolvido com a colaboração de profissionais médicos licenciados e colaboradores externos, é de natureza geral e apenas para fins informativos e não constitui aconselhamento médico. Este Conteúdo não pretende substituir o aconselhamento médico profissional, diagnóstico ou tratamento. Consulte sempre o seu médico ou outro profissional de saúde qualificado sobre a sua condição, procedimento ou tratamento, seja um medicamento prescrito, de venda livre, vitamina, suplemento ou alternativa à base de ervas.
Autores
Dr. Rafael Macedo (Cardiologista, Clínico geral)

Cardiologista RQE: 40554, Clínico geral RQE Nº: 40160 - CRM-MG: 54055

O Dr. Rafael Macedo é graduado em Medicina pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) - 2011. Além disso possui:

Residência em Clínica Médica, Escola Paulista de Medicina (EPM) - Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) - 2014.

Residência em Cardiologia, Instituto do Coração (InCor) - Universidade de São Paulo (USP) - 2016.

Especialização em Ecocardiografia, Instituto do Coração (InCor) - Universidade de São Paulo (USP) - 2018.

É membro titular da Sociedade Brasileira de Cardiologia e membro titular da Sociedade Brasileira de Clínica Médica.

Website pessoal: www.drrafaelmacedo.com

Escavador: https://www.escavador.com/sobre/2574410/rafael-nogueira-de-macedo

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    Última atualização da página em 08/09/24