Remédios anticoagulantes: o que são e para que servem

Revisão Clínica: Dr Vagner Montes (Cardiologista - CRM RJ nº 52 163890). Atualizado: 09/09/24

Anticoagulantes são medicamentos que liquefazem o sangue, a fim de torná-lo mais líquido para evitar coágulos sanguíneos. Eles interferem no processo de coagulação do sangue e são usados ​​em pessoas que têm risco elevado de desenvolver trombose, ataques cardíacos, aneurismas e acidentes cardiovasculares.

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A coagulação é um processo natural do organismo, extremamente necessário para o bom funcionamento do corpo e para o nosso sistema defensivo. Fundamental, por exemplo, para a cicatrização de feridas, os coágulos que se formam nas contusões são essenciais para evitar a proliferação de bactérias. Em alguns casos, no entanto, os mesmos coágulos podem se tornar vilões, gerando sérios problemas de saúde, como por exemplo nos casos de acidente vascular cerebral (AVC) e trombose.

Nestes casos patológicos – ou em casos de pré-disposição para o desenvolvimento de alguma dessas patologias – é necessária a intervenção médica para a administração de anticoagulantes, que são receitados de acordo com o histórico do paciente e com as suas queixas.  Varfarina, Xarelto e Heparina são os mais prescritos, mas vale ressaltar que somente um médico pode orientar a medicação correta. O uso indevido de anticoagulantes pode gerar sangramentos graves.

O Que São Medicamentos Anticoagulantes E Para Que Servem

Quem deve usar

Pessoas sob indicação médica, em diagnósticos específicos de predisposição para a formação de coágulos. Também são utilizados por pessoas em que os coágulos já estão formados, nos casos de trombose ou embolia pulmonar, por exemplo. A depender da gravidade, o anticoagulante administrado é diferente, sendo primordial a avaliação por parte de um especialista.

Principais tipos de anticoagulantes

Conforme a via pela qual são utilizados, os medicamentos podem pertencer a dois tipos de classificações:

Injetáveis: frequentemente utilizados em casos emergenciais, visto que são introduzidos no organismo de forma mais invasiva. Heparina ou Fonfaparinux são exemplos de anticoagulantes injetáveis que são incorporados ao organismo diretamente na veia, por isso o seu uso só é viável em unidades hospitalares, em casos de trombose venosa profunda, embolia pulmonar e outras doenças associadas ao surgimento de coágulos.

Orais: desenvolvidos sob a forma de comprimidos, para uso diário, utilizados para a prevenção ou a dissolução de coágulos já existentes. Varfarina, Coumadin, Xarelto e Pradaxa são exemplos de anticoagulantes orais. Somente um especialista, em posse dos exames do paciente e de seu histórico, pode avaliar qual é o melhor composto para cada caso, por isso a automedicação pode ser fatal.

Como escolher o melhor anticoagulante oral

Todos os medicamentos apresentam algum risco. Com efeitos positivos e negativos em cada indivíduo, o resultado não é diferente para os dois tipos de anticoagulantes orais que citamos de seguida. A escolha do medicamento deve ser feita com base nos efeitos que proporcionam ao organismo, e apenas o especialista pode indicar qual é o mais benéfico.

Inibidores da vitamina K: O primeiro grupo é o dos anticoagulantes que inibem a atuação da vitamina K, do qual fazem parte a Varfarina (Marevan, Coumadin) e o Acenocuramarol (Sintrom). Este grupo de medicamentos é significativamente mais barato, por isso são mais difundidos para o público. Eles também proporcionam um controle mais frequente através de análises, que devem ser realizadas em média uma vez por mês.

Por outro lado, suas doses são alteradas periodicamente e a sua eficácia pode ser prejudicada quando o paciente ingere outras substâncias que podem entrar em conflito ou mesmo quando praticam uma dieta com alimentos que possuem altos níveis de vitamina K.

Novos anticoagulantes: O segundo grupo é o grupo dos novos anticoagulantes, que possuem um preço mais evevado, um maior número de contraindicações e também são imunes a possíveis antídotos. Rivaroxabana (Xarelto), Dabigatrana (Pradaxa) e Apixabana (Eliquis) fazem parte deste grupo. São compostos que, de uma forma geral, oferecem menos efeitos negativos ao organismo, são administrados diariamente em única dose, e também dispensam as análises mensais que controlam a coagulação.

Remédios anticoagulantes naturais

A sabedoria popular muitas vezes pode se aliar à medicina tradicional. Os anticoagulantes naturais são a prova disso, já que alguns vegetais, como Ginkgo Biloba e Dong Quai, podem auxiliar no combate à coagulação.

Esses produtos, ainda que fitoterápicos, só devem ser utilizados com o prévio consentimento de um especialista, já que podem entrar em conflitos quando ingeridos com outras substâncias.

Vale ressaltar ainda que nenhum medicamento natural pode substituir o uso de um composto químico sem a autorização médica, visto que há indicações e contraindicações para o seu uso. Somente um especialista poderá oferecer as informações devidas.

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Cuidados a ter durante o tratamento

Algumas medidas são indispensáveis para o bom funcionamento do tratamento, por isso é fundamental ter atenção a algumas atitudes:

  • O médico deve ser informado em caso de mudança repentina na sua alimentação, pois para garantir a eficácia dos medicamentos anticoagulantes é fundamental não ingerir excessivamente produtos que possam inibir a ação do composto químico.
  • Somente um especialista pode alterar as prescrições médicas, por isso, em caso de desconforto ou dúvidas em relação a um medicamento, jamais o troque por conta própria e muito menos misture mais de um composto – mesmo que um deles seja fitoterápico.
  • Esteja sempre atento aos sinais que o seu corpo pode dar. Observe a cicatrização de pequenas feridas e os possíveis sangramentos nas mucosas. Em caso de sintomas graves, procure imediatamente o seu médico.

A importância da alimentação

A vitamina K, responsável pela coagulação em nosso organismo, está presente numa série de alimentos de consumo frequente, como é o caso do espinafre, da couve e do brócolis. A presença dessa vitamina pode inibir a ação de certos compostos, como a Varfarina, mas não é um motivo para alarde, visto que as dosagens são feitas de modo individual e cada especialista adequa o medicamento à realidade do paciente. No entanto, vale ressaltar que em caso de mudanças bruscas na dieta, o acompanhamento profissional faz-se necessário, para o caso de ser preciso alterar as doses prescritas.

Anticoagulantes e gravidez

As mulheres que estão a ser tratadas com anticoagulantes e desejam engravidar, devem consultar o médico o mais rápido possível para obter instruções sobre o que fazer. “Os Antagonistas da vitamina K (exemplo Sintrom®), são capazes de atravessar a placenta e causar malformações no feto”.

Na menopausa

Algo semelhante ao que acontece com os contraceptivos hormonais combinados acontece com a terapia de reposição hormonal, que é prescrita em algumas mulheres na menopausa. Este tipo de medicação contém estrogênio e progestagênio, aumentando o risco de a mulher desenvolver uma complicação trombótica. Antes de indicar a terapia de reposição hormonal, o médico deve realizar uma avaliação do risco trombótico da paciente e avaliar o risco/benefício do tratamento.

Remédios caseiros que não devem ser usados com os anticoagulantes

Não é raro encontrar pessoas que se medicam à base de compostos naturais. A medicina alternativa é muito difundida, sobretudo em áreas com poucos recursos ou acesso a compostos químicos. Apesar de naturais, o uso desses remédios caseiros deve ser cauteloso, principalmente em pessoas que já tomam algum tipo de anticoagulante, já que algumas substâncias naturais podem exponenciar sangramentos. Portanto, os cremes caseiros com Arnica, os antigripais à base de Alho e Guaco e os chás de Boldo e Ginkgo biloba devem ser evitados, assim como os compostos à base de Ginseng, Sálvia vermelha, Castanha-da-índia e Guaraná.

Mesmo que sejam inicialmente inofensivos, os remédios caseiros devem ser utilizados com cuidado, e é fundamental ter auxílio médico para tirar as eventuais dúvidas sobre essas combinações.

Não se auto-medique

Devido às possíveis interações com outras drogas, os pacientes devem consultar sempre o profissional de saúde antes de iniciar o uso de um novo medicamento.

Nota: Este conteúdo, desenvolvido com a colaboração de profissionais médicos licenciados e colaboradores externos, é de natureza geral e apenas para fins informativos e não constitui aconselhamento médico. Este Conteúdo não pretende substituir o aconselhamento médico profissional, diagnóstico ou tratamento. Consulte sempre o seu médico ou outro profissional de saúde qualificado sobre a sua condição, procedimento ou tratamento, seja um medicamento prescrito, de venda livre, vitamina, suplemento ou alternativa à base de ervas.
Autores
Dr Vagner Montes (Cardiologista - CRM RJ nº 52 163890)

Cardiologista - CRM RJ nº 52 163890

Com 46 anos de experiência médica, Vagner Montes é Graduado Medicina pela Escola de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro (EMC) desde 1972. Pós Graduado e Especialista em Cardiologia Clínica pela Escola de Pós Graduação Carlos Chagas da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, Brasil.

Com registro no Conselho Regional de Medicina CRM RJ- nº 52 163890 trabalhou na rede hospitalar pública, como médico da Força Aérea Brasileira, na Indústria Farmacêutica e atualmente atende em consultório particular, Av das Américas 8505 – Barra da Tijuca Tel – (21) 3205-8742, no consultório da Associação dos Empregados no Comércio do Rio de Janeiro e no Consultório Satélite da AMIL, ambos no Centro da Cidade do Rio de Janeiro.

O Dr Vagner também pode ser encontrado no Linkedin e Instagram.


Bibliografia
  • Medlineplus
    https://medlineplus.gov/spanish/bloodthinners.html
  • Fundação Espanhola do Coração
    https://fundaciondelcorazon.com/informacion-para-pacientes/tratamientos/anticoagulante-anticoagulacion.html
  • First Aid for the Basic Sciences: Organ Systems (3rd Ed) 2017, Tao Le, William L. Hwang, Vinayak Muralidhar, Jared A. White and M. Scott Moore, ISBN: 978-1-25-958704-7, Pag. 318. (Inglês)
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    Última atualização da página em 09/09/24