Ardência na vagina: Verminoses, vulvodínia + 4 causas e como tratar

Revisão Clínica: Drª Camille Rocha Risegato. Atualizado: 09/09/24

A sensação de coceira, desconforto e ardência na vagina é uma queixa feminina relativamente comum, geralmente relacionada ao uso de produtos irritantes, infecções urinárias, doenças sexualmente transmissíveis como a tricomoníase, verrugas genitais, clamídia, herpes e gonorreia. A vaginite atrófica, as infecções fúngicas como a candidíase, a vaginose bacteriana, e o líquen escleroso – que afeta geralmente a região da vulva, são outros possíveis culpados. Além disso, esses sintomas também são muito comuns durante a menopausa e peri-menopausa. Saiba mais na sequência.

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A mulher deve ficar muito atenta a quaisquer alterações em sua região vaginal. Ao contrário do que o senso comum imagina, uma coceira não é, necessariamente, algo irrelevante. O mesmo se aplica à manifestação de uma ardência na vagina. Se for esse o seu caso, é necessário tratar o problema, em vez de ignorá-lo.

Essas sensações de ardor podem se originar devido a muitos fatores, como irritação cutânea e reações alérgicas. Ambas são consequência de uma não adaptação do corpo a determinados tipos de tecidos da calcinha.

O uso de loções ou cremes íntimos (com ou sem fragrância) também pode causar o mesmo problema. Até a composição química do amaciante utilizado durante a lavagem das roupas pode provocar alergias.

Ainda há a possibilidade de uma ardência depois da penetração peniana. Em boa parte dos casos, isso é reflexo da insuficiência de lubrificação vaginal. Por isso, é importante que o parceiro dê a devida atenção às preliminares, a fim de deixar a mulher bem excitada. Por outro lado, a ausência de secreção pode estar ligada a distúrbios emocionais ou hormonais.

O sintoma também pode ser manifestado durante a micção, quando a urina entra em contato com lesões vaginais ou áreas da região genital, como a vulva ou os lábios, que estão inflamados.

A mulher também pode manifestar uma reação alérgica vinculada ao esperma ou ao material de confecção da camisinha. Além disso, o ardor pode estar correlacionado a outros problemas mais graves, como a temida candidíase. Conforme o conjunto de sintomas, a mulher pode se deparar com um diagnóstico de:

  • gonorreia — DST;
  • vaginose;
  • tricomoníase — DST;
  • herpes genital — DST;
  • clamídia — DST.

Todas essas doenças costumam estar associadas à exalação de um corrimento vaginal anormal, seguido de um odor desconfortável.

Ardência Na Vagina

Como exposto acima, a ardência vaginal pode ter muitas origens. A fim de especificar cada uma delas, basta se dirigir ao consultório ginecológico. O médico ouvirá os relatos da paciente e, em seguida, realizará alguns exames. Na hora de tratar o problema, o ginecologista avaliará a causa e poderá receitar:

  • anti-inflamatórios;
  • antialérgicos;
  • antibióticos;
  • administração de hormônios visando a correção do déficit hormonal;
  • medicamentos de uso tópico — geralmente, com aplicação direta sobre a área afetada pela irritação.

Para facilitar a identificação das causas de ardência, coceira ou dor na vagina, acompanhe a listagem a seguir!

1 – Alergias e assaduras

Existe um grupo de mulheres que possui uma mucosa vaginal mais suscetível ao contato com determinadas composições químicas. Alguns produtos são propensos, portanto, a gerar uma irritação na região.

Os materiais que costumam causar essa reação alérgica são:

  • tecidos sintéticos de roupa íntima;
  • absorventes;
  • sabonetes;
  • papel higiênico;
  • alguns amaciantes de roupas;
  • látex — presente na camisinha.

Ocasionalmente, o problema nem é o tecido em si, mas a compressão que ele causa na virilha. Logo, o uso de roupas mais soltas pode diminuir a intensidade do problema.

O que fazer: A solução para esses casos de alergia é relativamente fácil: a mulher precisa apenas suspender a utilização das peças causadoras da reação alérgica. Simultaneamente, ela pode solicitar ao médico a prescrição de medicamentos que suavizem os sintomas gerados por essas alergias. Em geral, os remédios com ação anti-inflamatória e antialérgica ajudam muito nesse sentido.

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2 – Infecção vaginal

Existe um razoável número de infecções da vagina. Elas podem ser bacterianas, virais ou fúngicas — ou decorrentes da ação de outros micro-organismos.

A Candida, por exemplo, é o fungo responsável pelo desenvolvimento da chamada candidíase. Quando essa espécie fúngica se prolifera na região da vagina, ela costuma causar irritação na epiderme, coceira ou ardência.

Todos esses sintomas se intensificam no período anterior à menstruação ou depois da prática sexual. Outros sinais de que algo está errado é o aparecimento de um corrimento vaginal de aspecto esbranquiçado e de textura granulosa. Confira o artigo: Saiba o que pode ser o Corrimento Branco.

Já a vaginose bacteriana é acompanhada de um corrimento amarelo, o qual exala um odor intenso e repulsivo. A vagina também tende ficar mais quente do que o normal.

Enquanto isso, a tricomoníase provoca ardência vaginal seguida de um grande volume de secreção. Naturalmente, esse quadro também costuma causar constantes sensações de coceira.

O que fazer: Dirigir-se a um consultório ginecológico. Uma vez lá, a paciente receberá uma lista de remédios capazes de eliminar os parasitas responsáveis pelo problema. Três remédios usados são os antibióticos, os antifúngicos e os antivirais.

3 – Alterações hormonais

Ao longo da vida, a mulher precisa lidar com diversas mudanças em sua concentração de hormônios. Essa oscilação pode ser mais ou menos impactante. Existem casos que intensificam a alteração da disponibilidade de hormônios, como:

  • chegada à menopausa;
  • submissão a sessões de radioterapia;
  • vaginite atrófica, causada pela adoção de determinados tratamentos medicamentosos — alguns remédios afinam as extremidades vaginais;
  • remoção de ovários.

O grande problema por trás dessa oscilação da carga hormonal é a queda do apetite sexual. Uma das consequências disso é a diminuição da liberação de secreção vaginal que prepara a mulher para a penetração do pênis. Nessas condições, o atrito do pênis com a vagina é muito maior, causando uma sensação de desconforto no local originada pela secura vaginal.

O que fazer: É preciso pensar em maneiras de se melhorar a qualidade do sexo praticado pelo casal. A criação das condições ideais para a relação podem depender desde o uso de lubrificantes íntimos às terapias de substituição hormonal. A possível retirada de outras medicações que estejam influenciando a perda do apetite sexual também deve ser minuciosamente avaliada.

A mulher também pode amplificar o seu desejo sexual por meio de ações de melhoria interna. Uma medida que gera resultados interessantes é a prática regular de atividades físicas.

O hábito de exercitar o corpo com uma boa frequência traz inúmeros benefícios para o corpo da mulher, como:

  • aumento da lubrificação natural da vagina;
  • ampliação da autoestima;
  • aprimoramento do condicionamento físico;
  • maior liberação de adrenalina, endorfina e noradrenalina — esse poderoso trio de hormônios é vital para a amplificação da sensação de prazer.

Na cozinha, vale a pena investir em receitas com ingredientes afrodisíacos, como:

  • ginseng;
  • açafrão;
  • pimentas variadas;
  • mel;
  • gengibre;
  • amêndoas;

Esses elementos colaboram para o aumento do apetite sexual porque influenciam na síntese de hormônios e na melhora da circulação do sangue. Com o intuito de potencializar o efeito, o ideal é que alguns desses ingredientes componham o cardápio diário de refeições da mulher.

A vitamina D está fortemente associada ao vigor das massas ósseas. O que muitas pessoas desconhecem é o estímulo do nutriente à síntese de hormônios. Para usufruir desses benefícios, é necessário tomar sol em intervalos seguros (antes das 10h e depois das 16h) para a pele.

A masturbação também é uma prática muito recomendada. Por meio dela, a mulher poderá desvendar os mistérios do próprio corpo. Ela saberá exatamente quais são os seus pontos mais erógenos, orientando o parceiro nessas direções.

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Ao melhorar o nível de excitação, a vagina ficará muito bem lubrificada. Logo, a ardência na vagina deixará de existir — se o atrito peniano for a única causa do problema, obviamente.

4 – Vulvodínia

Os sintomas característicos da vulvodínia são:

  • fisgada frequente na vagina;
  • profunda irritação da pele do local;

As origens dessa patologia ainda não foram totalmente definidas pelas pesquisas médicas. Estima-se, entretanto, que a condição esteja atrelada a complicações oriundas dos nervos, hormônios ou assoalho pélvico.

O que fazer: O tratamento para a vulvodínia não é 100% efetivo. Isso significa que não há uma cura propriamente dita para a doença. As medicações são receitadas de acordo com os sintomas relatados pela paciente.

As opções terapêuticas passam pela adoção de:

  • reposição de estrogênio;
  • antidepressivos;
  • antiepiléticos;
  • lidocaína;
  • sessões de psicologia.

Veja como tratar a vulvodínia.

5 – Verminoses

Caso a mulher sinta uma coceira persistente na área do ânus, é possível que ela tenha esteja com o verme oxiúros. Esse micro-organismo pode ser contraído de outra pessoa. No entanto, a verminose é mais frequente na infância. De qualquer forma, a negligência quanto à ação do oxiúro pode facilitar a chegada dele à vagina.

O que fazer: O problema pode ser resolvido com a ingestão da dose única de algum remédio vermífugo. O medicamento também ser o suficiente para exterminar os ovos que estejam depositados no corpo da mulher.

6 – Doenças da pele

As mucosas do organismo também podem sofrer consequências advindas de patologias dermatológicas. Particularmente no que tange à região vaginal, a mulher pode sentir algum nível de ardor.

Algumas dessas doenças cutâneas são:

  • líquen plano — infecção capaz de causar um processo inflamatório crônico;
  • líquen simples — dermatose derivada de coceiras exageradas;
  • eritema multiforme — tipo de reação cutânea alérgica;
  • pênfigo — desenvolvimentos de pequenas bolsas na ala interna da pele.

O que fazer: Normalmente, essas condições médicas são tratadas com:

  • sessões de fototerapia;
  • medicamentos tópicos anti-inflamatórios;
  • remédios corticoides.

Como mencionado ao longo do artigo, a ardência na vagina possui muitas causas. Cada uma delas é constituída de uma série de aspectos particulares. Somente uma consulta médica pode determinar qual é a origem exata dessa sensação de ardor vaginal reclamada pela mulher, e descartar um câncer ou outro problema que possa afetar a fertilidade futura ou uma infecção que possa prejudicar o bebê ou a gravidez.

Portanto, as mulheres precisam conferir os sintomas típicos de cada problema e, em caso de dúvida, consultar o ginecologista, principalmente se você estiver grávida, tiver diabetes ou HIV.

Nota: Este conteúdo, desenvolvido com a colaboração de profissionais médicos licenciados e colaboradores externos, é de natureza geral e apenas para fins informativos e não constitui aconselhamento médico. Este Conteúdo não pretende substituir o aconselhamento médico profissional, diagnóstico ou tratamento. Consulte sempre o seu médico ou outro profissional de saúde qualificado sobre a sua condição, procedimento ou tratamento, seja um medicamento prescrito, de venda livre, vitamina, suplemento ou alternativa à base de ervas.
Autores
Drª Camille Rocha Risegato

Ginecologista e Obstetra - CRM SP-119093

Dra Camille Vitoria Rocha Risegato - CRM SP nº 119093 é formada há 14 anos pela Fundação Técnico Educacional Souza Marques, Rio de Janeiro.

> Consultar CRM (Fonte: https://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_medicos&Itemid=59)

Dra Camille mudou-se para São Paulo onde realizou e concluiu residência médica em Ginecologia e Obstetrícia (RQE nº 25978) no Centro de Referência de Saúde da Mulher no Hospital Pérola Byington em 2007.

Em 2008 se especializou em Patologia do Trato Genital Inferior nesse mesmo serviço. Ainda fez curso de ultrassonografia em ginecologia e obstetrícia na Escola Cetrus.

Trabalha em setor público e privado, atendendo atualmente em seu consultório médico particular situado na Avenida Leoncio de Magalhães 1192, no bairro do jardim São Paulo, zona norte de São Paulo.

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    Última atualização da página em 09/09/24