O bloqueio cardíaco é uma espécie de desacoplamento (falta de coordenação) entre as câmaras superiores do coração e as inferiores.
A ligação entre os dois níveis no coração é normalmente mantida por um comando especial das células cardíacas.
Para que o coração bombeie o sangue com suavidade, a contracção das várias partes do músculo do coração necessitam de estar coordenadas.
Fibras especiais (feixe de His) controlam o movimento da contracção assegurando que as câmaras do coração contraem e relaxam suavemente e da forma certa.
Esta integração começa com um pacemaker natural chamado de nódulo sino-auricular, situado na parede da câmara direita superior (aurícula direita).
O feixe passa depois pela parede entre as duas metades do coração, dividindo em duas partes e deslocando-se ao longo de cada lado da parede até alcançar as câmaras inferiores (os ventrículos).
O feixe de His é a única ligação de comando entre as câmaras superiores e inferiores do coração.
O bloqueio do coração ocorre quando esta ligação se quebra em qualquer um dos pontos.

This illustration compares electricity flow in a patient with a normal heart to the electricity flow in patient infected with Lyme disease who is experiencing third degree heart block.
Quando estamos a descansar, o nódulo sinusal (relógio biológico, pacemaker natural) emite sinais eléctricos a uma intensidade comparativamente baixa, mas quando fazemos esforços o nódulo dispara rapidamente a batida cardíaca.
Do nódulo sinusal, as fibras percorrem a parede da aurícula numa grande massa de células musculares específicas.
Este ponto está situado na parede que separa as duas câmaras superiores (aurículas) das duas câmaras inferiores (ventrículos).
Começando no nódulo AV, um feixe de células musculares especialmente sensíveis, conhecido pelo feixe de His, apoderam-se do movimento de contracção e asseguram que as câmaras do coração se contraiam e relaxem suavemente e da forma certa.
O feixe foi intitulado após o anatomista e histologista alemão Wilhelm His (1831-1904) que foi o autor da sua descoberta.
É a única ligação de comando entre as câmaras superiores e inferiores do coração.
Infelizmente, tanto os nódulos AV como o feixe de His de transmissão dos impulsos estão sujeitos a sofrerem danos devido a várias doenças do coração, especialmente pelo estado em que fica o músculo do coração com menos de um correcto fornecimento de sangue pelas artérias coronárias.
As superfícies locais do músculo assim desprovidas deixam de funcionar normalmente e podem mesmo morrer.
Há três níveis ou graus de bloqueio cardíaco.
No bloqueio cardíaco de primeiro grau há um ligeiro abrandamento da transmissão através do nódulo AV.
Normalmente, isto não tem consequências muito graves.
O bloqueio coronário de segundo grau implica uma falha intermitente ao transmitir um impulso da aurícula para o ventrículo.
Isto pode ser um estado permanente ou pode ocorrer somente temporariamente ou de tempos a tempos.
Há muitas formas de bloqueio coronário de segundo nível e, apesar de alguns não precisarem de tratamento, outros, podem evoluir para um bloqueio coronário total.
Nalguns casos a batida é transmitida apenas a cada segundo ou terceiro impulso eléctrico.
Se os danos afectam desta forma, o nódulo AV ou a parte superior do feixe de His, que são impulsionados pela aurícula, falham completamente a passagem para os ventrículos, e dá-se o estado de total bloqueio coronário.
As câmaras principais que bombeiam o sangue, ao não serem mais estimuladas a contrair a um ritmo adequado, simplesmente batem lentamente, à sua velocidade natural. Isto pode ser incapacitante e mesmo perigoso.
Outra variante razoavelmente comum de bloqueio coronário é denominada de sindroma do nódulo sinusal.
Isto é um distúrbio do nódulo sinusal, normalmente causado pela degeneração resultante da doença das artérias coronárias.
Acontecem episódios, quer de extremo abrandamento, quer de elevado ritmo de aceleração da batida cardíaca.
Causas do Bloqueio Cardíaco
O bloqueio cardíaco é o estado no qual parte do feixe de transmissão foi lesado, pelo que os impulsos de controlo deixam de passar das câmaras do coração superiores para as inferiores.
Esta lesão normalmente acontece como resultado de trombose coronária, mas há outras causas.
Isto pode ser devido a:
pressão arterial elevada
toxicidade medicamentosa
febre reumática
excessiva ingestão de alcóol, mesmo por um curto período
cancro do pulmão
cirurgia ao coração
tumor
hiperactividade da glândula tiróide
pneumonia
inflamação da bolsa que envolve coração (pericárdio – pericardite)
embolia pulmonar (ver artigo sobre embolia)
sífilis (actualmente invulgar)
doença de Lyme
Existem vários tipos de bloqueio dependendo da localização do problema.
O bloqueio na ramificação direita do feixe, o bloqueio na ramificação esquerda do feixe e o bloqueio cardíaco total evidenciam o seu efeito característico em separar a câmara ou câmaras afectadas das partes do coração acima do bloqueio.
Na grande maioria dos casos a lesão nos pontos de transmissão do feixe ocorre como resultado de um ataque cardíaco (enfarte do miocárdio) por trombose coronária.
Na doença de Lyme não tratada, o envolvimento do coração ocorre em cerca de 8% dos casos, normalmente em menos de algumas semanas após os primeiros sintomas.
O efeito mais comum é o bloqueio cardíaco, mas pode também ocorrer a hipertrofia do coração e a inflamação da cápsula do coração – pericardite.
Sinais e sintomas
O bloqueio cardíaco, na generalidade, leva a uma baixa pulsação. Isto pode acontecer, porque cada batida é retardada, mesmo que cada batida se desloque das câmaras superiores para as inferiores.
Nos bloqueios cardíacos parciais, somente algumas das batidas das câmaras superiores atravessam as câmaras inferiores.
Pode ser a cada segundo ou terceiro batimento.
No bloqueio cardíaco total a pulsação é a mais lenta de todas, dado que a câmara inferior só pode bater a um ritmo intrinsecamente baixo.
O efeito de uma batida cardíaca muito lenta é limitar a actividade física da pessoa.
Frequentemente, as pessoas afectadas desta forma irão sofrer de ataques debilitantes – síncopes, por causa de um aporte insuficiente de sangue ao cérebro.
O bloqueio cardíaco de primeiro grau não causa sintomas, o que é também verdadeiro para muitos casos de bloqueio cardíaco de segundo nível.
Neste, a pessoa afectada pode, apesar de tudo, estar consciente de batidas espaçadas e de longas pausas entre as batidas.
O bloqueio cardíaco de terceiro nível provoca que a pulsação seja baixa.
Isto pode ser preocupante e alarmante e pode dar a sensação que o coração parou completamente e não vai retomar novamente.
Isto é pouco provável, porque enquanto o músculo do coração tiver um aporte de sangue adequado ele continuará inerente e naturalmente a contrair.
O efeito de uma batida cardíaca muito lenta é limitar a actividade física da pessoa.
Frequentemente, as pessoas afectadas desta forma irão sofrer de ataques debilitantes (síncopes), por causa de um aporte insuficiente de sangue ao cérebro.
Estes ataques são chamados de ataques Stokes-Adams repetidos e curtos episódios de perda da consciência pela falha de curta duração do correcto fornecimento de sangue ao cérebro, devido à paragem ou demasiada lentidão da batida cardíaca.
Os ataques Stokes Adams acontecem em casos de bloqueio cardíaco total e, normalmente, não dão sinais.
A pessoa afectada pode dar consigo deitada no chão e não ter conhecimento de como isso aconteceu.
Normalmente, há uma rápida recuperação, mas pontualmente, se o bloqueio dura por mais de alguns segundos, o ataque por ser acompanhado de convulsão ou incontinência.
Ás vezes, o bloqueio cardíaco total ocorre sem sintomas, apesar de haver um ritmo cardíaco muito lento.
Por vezes, o estado torna-se aparente, como resultado da confusão mental que advém do indevido fornecimento de sangue ao cérebro, em consequência dos ataques Stokes-Adams.
Neste caso o bloqueio cardíaco pode manifestar-se, numa primeira fase, resultando simplesmente de uma incorrecta circulação do sangue.
Os ataques Stokes-Adams podem ocorrer regularmente ou pode haver meses ou anos entre eles.
As convulsões originadas desta forma, mesmo se acompanhadas de incontinência, não indicam a existência de epilepsia e podem ser completamente travadas por tratamento eficaz do bloqueio cardíaco.
Diagnostico – Como se Diagnostica
É feito na base da pulsação e de electrocardiograma (ECG). O diagnóstico do ECG é inconfundível.
Tratamento
Uma vez provado que há um corte efectivo nos circuitos transmissores, o bloqueio cardíaco é tratado pela implantação de um pacemaker artificial. Ou por cardioversão.
» Conheça os Principais Sintomas de Alerta de Doença Cardíaca
Referências
https://www.nhlbi.nih.gov/
https://www.heart.org/
http://www.hrsonline.org/
Cardiologista - CRM RJ nº 52 163890
Com 46 anos de experiência médica, Vagner Montes é Graduado Medicina pela Escola de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro (EMC) desde 1972. Pós Graduado e Especialista em Cardiologia Clínica pela Escola de Pós Graduação Carlos Chagas da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, Brasil.
Com registro no Conselho Regional de Medicina CRM RJ- nº 52 163890 trabalhou na rede hospitalar pública, como médico da Força Aérea Brasileira, na Indústria Farmacêutica e atualmente atende em consultório particular, Av das Américas 8505 – Barra da Tijuca Tel – (21) 3205-8742, no consultório da Associação dos Empregados no Comércio do Rio de Janeiro e no Consultório Satélite da AMIL, ambos no Centro da Cidade do Rio de Janeiro.
O Dr Vagner também pode ser encontrado no Linkedin e Instagram.
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