Quais os sintomas da candidíase vaginal e como tratar

Revisão Clínica: Drª Camille Rocha Risegato. Atualizado: 08/09/24

A candidíase vaginal é uma infecção fúngica que ocorre quando o equilíbrio entre as populações de bactérias e fungos da vagina sofre alterações. Esta alteração leva ao supercrescimento de fungos que desencadeiam sintomas como irritação intensa, inchaço, e coceira em toda a região genital.

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Os principais fatores de risco envolvidos na variação da acidez vaginal e no desequilíbrio bacteriano são, o uso de corticoides e antibióticos, a diabetes mal controlada, gravidez, maus hábitos de higiene, terapias hormonais, a toma de contraceptivos, ou um sistema imunológico debilitado.

As Causas Comuns

Uso de antibióticos

Os lactobacilos normalmente encontrados na vagina produzem um nível de acidez que inibe o desenvolvimento de bactérias. Os antibióticos matam algumas dessas bactérias, permitindo o supercrescimento de fungos.

Aumento do Estrogênio

Níveis elevados de estrogênio aumentam o risco de infecções fúngicas na vagina. Gestantes, mulheres que tomam pílulas anticoncepcionais de estrogênio em doses elevadas e as mulheres em terapia de reposição hormonal, correm maior risco de candidíase.

Imunodeficiência

Pessoas com o sistema imunológico debilitado devido à toma de corticosteroides, tratamento para câncer, infecção por HIV, ou outras causas, também correm maior risco de desenvolver infecções fúngicas.

Diabetes

A diabetes favorece o desenvolvimento de infecções vaginais. Em casos normais, as leveduras que normalmente habitam na vagina estão restritas aos nutrientes disponíveis no ambiente ácido dela. No entanto, em mulheres e meninas com diabetes, as secreções vaginais contêm mais glicose, devido ás maiores quantidades de glicose presentes no sangue. Quando nutridas por esse excesso de glicose, essas leveduras multiplicam-se e causam infecções fúngicas.

Tratamento do câncer

A candidíase vaginal é muitas vezes vista como um efeito colateral do tratamento do câncer. Os glóbulos brancos que geralmente controlam o nível de bactérias presentes na vagina e trato digestivo, podem ser reduzidos pela quimioterapia e pelo tratamento com radiação.

Os medicamentos esteroides e doses elevadas de antibióticos, ambos por vezes utilizados no tratamento do câncer, podem também levar o sistema imunológico a reduzir a sua capacidade em manter o equilíbrio, dando lugar a infecções.

Atividade Sexual

As infecções fúngicas ocorrem sem atividade sexual e, portanto, não são consideradas infecções sexualmente transmissíveis (DSTs). No entanto, o fungo também pode ser transferido através do sexo vaginal, oral ou anal. Uma forma de se proteger é através do uso de preservativo. Outro fator que pode causar infecção é quando a atividade sexual irrita a vagina, perturbando o seu equilíbrio normal e estimulando o crescimento de fungos.

Os homens com infecções fúngicas por vezes desenvolvem uma erupção na ponta do pênis. O homem corre maior risco se tiver diabetes.

Como tratar a candidíase vaginal

O tratamento da candidíase vaginal pode ter uma duração de até 15 dias e geralmente é iniciado com pomadas antifúngicas como o gino-canesten, nistatina, miconazol, itraconazol, terconazol​, cicloexilmetilamina ou o cetoconazol.

As pomadas não causam qualquer dor, e geralmente são usadas ​​como complemento ao tratamento com pessários (óvulos) ou comprimidos, quando existe a presença de vermelhidão localizada e dor ao redor da vagina e vulva.

Salvo indicação em contrário, as pomadas antifúngicas geralmente devem ser aplicadas até duas vezes ao dia, de preferência antes de se deitar, estando proibido o contato íntimo durante todo tratamento, principalmente sem o uso de proteção.

Quando é necessário o uso de antifúngico em forma de comprimidos geralmente recorre-se ao fluconazol (por exemplo, Canesten oral, Diflucan ). São extremamente eficazes, e estão disponíveis em dose única (oral) ou 3 doses, ao longo de 3 dias separados entre 72 horas.

Quando a candidíase vaginal é recorrente, recomenda-se a paciente a manter a toma do antifúngico 1 vez por semana durante pelo menos 6 meses.

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Ocasionalmente, causam efeitos colaterais como náuseas e vômitos, diarreia, prisão de ventre e inchaço. Geralmente não são prescritos em mulheres grávidas ou que amamentam devido á possível teoria de afetarem o bebê.

Os pessários intravaginais (óvulos) geralmente não causam tantos efeitos colaterais como a toma de comprimidos, no entanto, eles podem ser difíceis de usar, causar irritação local ou, podem danificar alguns métodos contraceptivos como preservativos e diafragmas de látex.

O clotrimazol (por exemplo o gino-canesten ), o econazol (por exemplo o Gyno-Pevaryl ) e o miconazol (Gyno-Daktarin) todos eles estão disponíveis em forma de pessário.

As gestantes não devem usar o aplicador para inserir o pessário, pois existe o risco de causar lesões no colo do útero. Em vez disso, devem insir o pessário manualmente.

Apesar da grande eficácia dos comprimidos (via oral) os sintomas geralmente reduzem mais rápido quando o tratamento é realizado diretamente na vagina, através de pomadas ou óvulos (pessários).

Alimentação para curar mais rápido

Existem alimentos que contribuem para o desenvolvimento de infecções fúngicas recorrentes. Os fungos adoram açúcar. Para evitar isso reduza o consumo dos seguintes alimentos:

  • Farinha branca e arroz;
  • Alimentos ou bebidas fermentados com leveduras;
  • Alimentos á base de açúcares simples

Apesar da redução destes alimentos ajudar, sabemos que é uma dieta difícil de manter. Não precisar eliminar completamente estes alimentos para ver efeitos positivos. A redução de pequenas quantidades já ajuda bastante.

Aumente a ingestão de proteínas e gorduras saudáveis, bem como a ingestão de frutas e vegetais com baixo teor de amido. Realizar uma dieta pobre em açúcar não significa que tenha que passar fome; apenas precisa ingerir mais alimentos de outros grupos alimentares.

Os Probióticos podem ajudar

O consumo de probióticos pode ajudar a equilibrar as boas bactérias do corpo. Boas fontes de probióticos são:

  • Iogurte com culturas bacterianas vivas;
  • Alimentos fermentados, como kimchi, kefir, kombucha, chucrute e picles;
  • Suplementos que contêm Lactobacillus ou acidophilus.

Algumas mulheres têm sucesso na prevenção e tratamento de infecções fúngicas apenas ao consumir iogurte (ou um suplemento probiótico) regularmente.

Outra forma de curar naturalmente a candidíase é bebendo água com limão, sem açúcar, durante o dia, e colocar iogurte natural dentro da vagina.

Tratamento caseiro para candidíase vaginal

Um excelente remédio caseiro para candidíase vaginal é a lavagem da vagina com uma mistura de vinagre de maçã e água (8 colheres de vinagre de maçã para 1 litro de água. Estes benefícios são conseguidos uma vez que o vinagre possui compostos que ajudam a expulsar espécies microbianas patogênicas da vagina. Conheça outros excelentes remédios naturais em: 10 Remédios Caseiros para Infecção Vaginal por Fungos Candida Albicans.

Adote também algumas mudanças no estilo de vida para prevenir a recorrência de candidíase vaginal. Uma boa higiene é a melhor forma preventiva, e inclui:

  • Mantenha uma boa higiene íntima. Use apenas sabonetes íntimos sem perfume, para manter a região limpa e livre de irritações.
  • Escolha melhor a sua roupa interior. A calcinha deve ser de um tecido que mantenha a área genital seca. Roupa interior de algodão é uma boa escolha. Dormir sem calcinha também pode ajudar.
  • Depois de usar o banheiro, limpe sempre a vagina da frente para trás para evitar a disseminação de fungos ou bactérias entre o ânus, trato urinário e vagina.
  • Não use roupas de banho por mais tempo do que o necessário. Usar um maiô molhado durante muito tempo promove a propagação de fungos, porque mantém o local molhado.
  • Não use roupas apertadas. As roupas muito justas mantêm os genitais mais quentes e úmidos.
  • Substitua os tampões e absorventes regularmente.
  • Evite duchas vaginais e qualquer tipo de sprays perfumados, pós ou tampões.

Vagina Saudável E Vagina Com Candidíase

Sintomas da candidíase vaginal

A candidíase vaginal geralmente causa vários sintomas perceptíveis, que ocorrem quando o sistema imunitário está debilitado. Os sintomas são os mesmos para mulheres grávidas e não grávidas. (1)

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  • Vermelhidão, inchaço e coceira ao redor da vulva (a abertura da vagina)
  • Corrimento de cor branca ou cinza e espesso, que se parece com queijo cottage, mas não tem mau cheiro;
  • Corrimento esverdeado ou amarelado também semelhante a queijo cottage ou leite coalhado;
  • Sensação de ardor ao urinar ou dor, ardência, e desconforto, durante a relação sexual.
  • Erupção vulvar (234)

A maioria das infecções vaginais não produz odor vaginal forte. Os odores vaginais a peixe podre são mais comuns em casos de vaginose bacteriana (5).

Infecções fúngicas graves também podem causar vermelhidão e lágrimas ou rachaduras (fissuras) na parede da vagina. ( 6 )

Sempre que a mulher apresenta estes indícios deve consultar o ginecologista para a realização de um exame à vagina (papanicolau) e iniciar o tratamento indicado.

Os testes de análise mais comuns são o Exame de Cultura de Secreção Vaginal e o teste de KOH.

Outras causas de coceira na vagina

Uma das principais manifestações de candidíase vaginal é a coceira na vagina, no entanto, este é um sinal que também pode sugerir outros problemas ou serem provocados por:

  • Uso de produtos irritantes (como o papel higiênico perfumado poe exemplo)
  • Doenças de pele, como a psoríase e eczema
  • Vaginose bacteriana
  • Doenças sexualmente transmissíveis (clamídia, verrugas genitais, gonorreia, herpes genital, tricomoníase)
  • Vulvovaginite
  • Vaginite atrófica na pós-menopausa
  • Mulheres que estão passando pela menopausa
  • Enterobíase ou Oxiurose
  • Estresse físico e emocional
  • Uretrite
  • Câncer vulvar
  • Distúrbios de ansiedade generalizada
  • Síndrome de Sjogren
Nota: Este conteúdo, desenvolvido com a colaboração de profissionais médicos licenciados e colaboradores externos, é de natureza geral e apenas para fins informativos e não constitui aconselhamento médico. Este Conteúdo não pretende substituir o aconselhamento médico profissional, diagnóstico ou tratamento. Consulte sempre o seu médico ou outro profissional de saúde qualificado sobre a sua condição, procedimento ou tratamento, seja um medicamento prescrito, de venda livre, vitamina, suplemento ou alternativa à base de ervas.
Autores
Drª Camille Rocha Risegato

Ginecologista e Obstetra - CRM SP-119093

Dra Camille Vitoria Rocha Risegato - CRM SP nº 119093 é formada há 14 anos pela Fundação Técnico Educacional Souza Marques, Rio de Janeiro.

> Consultar CRM (Fonte: https://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_medicos&Itemid=59)

Dra Camille mudou-se para São Paulo onde realizou e concluiu residência médica em Ginecologia e Obstetrícia (RQE nº 25978) no Centro de Referência de Saúde da Mulher no Hospital Pérola Byington em 2007.

Em 2008 se especializou em Patologia do Trato Genital Inferior nesse mesmo serviço. Ainda fez curso de ultrassonografia em ginecologia e obstetrícia na Escola Cetrus.

Trabalha em setor público e privado, atendendo atualmente em seu consultório médico particular situado na Avenida Leoncio de Magalhães 1192, no bairro do jardim São Paulo, zona norte de São Paulo.

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Bibliografia
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    Última atualização da página em 08/09/24