Caroço na vagina: Herpes, Verrugas + 10 causas e o que fazer

Revisão Clínica: Drª Camille Rocha Risegato. Atualizado: 09/09/24

As mudanças que ocorrem na vagina ao longo da vida da mulher são, frequentemente, fonte de grandes preocupações. O aparecimento de caroços, nódulos, inchaços e alterações na cor da vagina podem, muitas vezes, ser perfeitamente normais e inofensivos, particularmente durante a fase de gravidez e em idades mais avançadas. No entanto, é importante a mulher consultar o ginecologista para conhecer a causa dessas alterações, saber o que fazer, ou saber se é motivo para ficar preocupada.

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Caroços E Inchaços Na Vagina, Como Identificar, Causas E Tratamentos

Vagina vs. Vulva

Quando a mulher se refere à vagina, quase sempre se refere ao órgão interno – a vagina – bem como à parte externa do órgão genital feminino, a vulva. A vagina é o canal muscular que se estende até ao colo do útero. A camada superficial é composta por uma membrana mucosa, semelhante aos tecidos da nossa boca e nariz. As dobras presentes na superfície da vagina são chamadas de “rugas vaginais” e permitem a expansão do órgão durante o sexo e a gravidez.

A vulva inclui vários pequenos órgãos. Os grandes lábios vaginais – que representam as dobras de pele mais largas da vulva. A região externa é onde se encontram os pelos púbicos, enquanto a zona interna, mais macia e desprovida de pelos, é composta por glândulas sebáceas. Se a mulher afastar os grandes lábios conseguirá ver os pequenos lábios vaginais ( as dobras de pele mais pequenas que envolvem a entrada da vagina).

Os pequenos ou os “lábios menores” contêm glândulas de skene e glândulas de bartholin, responsáveis pela produção de muco e outras substâncias que lubrificam a vagina.

Principais causas

1) Cistos Vulvares

A vulva é composta por diversas glândulas. O entupimento das mesmas pode dar origem a cistos. O seu tamanho pode a variar significativamente, mas geralmente parecem-se com pequenos carocinhos. Raramente causam dor, a menos que estejam infectados. Geralmente esses cistos incomodativos costumam desaparecer sem a necessidade de tratamento específico. No entanto, se a mulher notar sinais de infecção, é importante consultar o ginecologista.

2) Cistos Vaginais

Existem diferentes tipos de cistos vaginais. O cisto de Gartner é um exemplo. Geralmente apresentam-se como caroços duros nas paredes da vagina, com um tamanho semelhante ao de uma ervilha. São mais comuns do que os cistos vulvares e tendem a formar-se após a gravidez ou na sequência de lesões vaginais. Veja aqui o que pode ser e como é feito o tratamento.

3) Grânulos de Fordyce

Grânulos de fordyce são glândulas sebáceas assintomáticas, representadas por pequenas protuberâncias brancas ou amarelas dentro da vulva. Também podem ser encontradas nos lábios e no interior das bochechas. Aparecem durante a puberdade e aumentam em número com o passar dos anos. Os grânulos de fordyce são indolores e inofensivos.

4) Veias Varicosas

Veias varicosas são um tipo de veias inchadas que tendem a manifestar-se na região da vulva. Aparecem em cerca de 10% das grávidas e tornam-se mais comuns com o avançar da idade. No total, estima-se que cerca de 4% das mulheres desenvolva este tipo de veias. As veias varicosas não costumam originar dor, mas podem causar algum desconforto e coceira. Veja aqui o que pode ser e como tratar a coceira na vagina.

Em mulheres grávidas estas veias não exigem qualquer tipo de tratamento, já que costumam desaparecer cerca de seis semanas após o nascimento do bebê. Para as mulheres que não estejam grávidas as veias varicosas podem revelar-se desconfortáveis e constrangedoras, principalmente durante o sexo. Nestes casos, é importante a mulher recorrer a um médico especialista para que sejam removidas cirurgicamente.

5) Pelos Encravados ou foliculite

A depilação dos pelos públicos aumenta consideravelmente a probabilidade da mulher deparar-se com pelos encravados, que geralmente originam o aparecimento de pequenas protuberâncias, que por vezes causam dor e coceira. Veja aqui o que pode ser e como tratar a dor na vagina.

Em alguns casos, as pequenas borbulhinhas podem ficar infectadas com pus, podendo também levar ao escurecimento da pele da região. É importante a mulher não tentar remover o pelo encravado em casa, pois pode originar infecções. Na maioria dos casos, o pelo desencrava-se sozinho. Caso note sinais de inflamação, procure o médico.

6) Pólipo Cutâneo Vaginal

Os pólipos são protuberâncias que se formam nas cavidades que constituem a mucosa. Geralmente são inofensivos e não costumam causar desconforto, a menos que sejam trilhados. Ainda que não sejam causa para grandes preocupações, quando causam incômodo é importante consultar um ginecologista.

7) Líquen Escleroso Genital

O líquen escleroso genital é uma doença rara da pele que afeta maioritariamente mulheres que tenham chegado à menopausa. Manifesta-se normalmente na vulva e na região do ânus. Os sintomas incluem:

  • Coceira, frequentemente severa.
  • Pele fina e brilhante, que se danifica com facilidade.
  • Manchas brancas na pele, que com o tempo podem tornar-se extremamente finas e enrugadas.
  • Hemorragias ou hematomas.
  • Bolhas, que podem ou não ter sangue.
  • Dor durante o sexo ou a urinar.

O líquen escleroso genital pode ser tratado com cremes ou pomadas corticosteroides, no entanto, é normal a sua recorrência depois do tratamento. As mulheres que experienciam este problema apresentam maiores probabilidades de vir a desenvolver câncer da vulva. Veja aqui quais são os sintomas do câncer de vagina.

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8) Herpes Genital

A herpes genital é uma patologia causada pelo vírus herpes simplex. A doença pode ser transmitida por via de sexo oral, vaginal ou anal. Por vezes os sintomas são quase inexistentes, levando alguns portadores a nem se aperceberem que transportam o vírus. O primeiro surto de herpes genital pode produzir sintomas semelhantes aos de uma gripe, e podem incluir:

  • Febre
  • Glândulas inchadas
  • Inchaços
  • Dores nos genitais e nas pernas
  • Outros sintomas podem envolver:
  • Coceira
  • Múltiplas protuberâncias vermelhas que evoluem para espinhas ou bolhas dolorosas
  • Pequenas úlceras.

Ainda que desapareçam com o tempo, os sintomas de herpes genital acabam por voltar quase sempre no futuro – ainda que as crises tendam a tornar-se menos severas com o passar dos anos. Não existe cura para a herpes genital, mas é perfeitamente possível controlá-la através de medicamentos antivirais, que deverão ser prescritos pelo ginecologista. Caso a mulher tenha sintomas de herpes na vagina é importante evitar ter relações até que os sintomas desapareçam. Para evitar o contágio é importante usar sempre preservativo.

9) Verrugas Genitais

As verrugas genitais (Ver Imagem) são causadas pelo vírus do papiloma humano (HPV). O vírus é transmitido através do sexo anal, vaginal e oral, embora a transmissão através deste último sejam raras. Muitas mulheres estão infectadas pelo vírus sem saber. Os sintomas mais comuns podem incluir:

  • Concentração de pequenas protuberâncias da cor da pele na vagina.
  • Aglomerados de verrugas (muito próximas umas das outras), apresentando, frequentemente, um formato semelhante ao de uma couve-flor.

Estas verrugas podem ocorrer tanto na vulva quanto no ânus e não existe forma de eliminar definitivamente o vírus. É possível, no entanto, removê-las através da utilização de cremes próprios para o efeito, cirurgia e tratamento a laser, caso se tornem desconfortáveis. Para conhecer o método de tratamento mais indicado é importante consultar o ginecologista. Também pode ler o artigo com alguns Remédios Caseiros para Verrugas Genitais

Alguns tipos de HPV podem aumentar a probabilidade da mulher desenvolver câncer do colo do útero. Portanto, é extremamente importante a mulher recorrer a um médico o mais rápido possível caso perceba a presença de verrugas na vagina.

10) Câncer

Ainda que, tanto o câncer da vulva quanto da vagina sejam extremamente raros, algumas alterações na vagina e vulva podem ser um indicador da presença de problemas cancerígenos. A mulher deve estar atenta a:

Feridas planas ou salientes e protuberâncias na vulva (Leia: Ferida na vagina: o que pode ser e o que fazer).

  • Pele mais clara ou mais escura do que a pele da região envolvente
  • Manchas espessas na pele
  • Coceira, irritação da pele ou dor
  • Feridas que não cicatrizam no prazo de poucas semanas
  • Sangramento fora do normal

O câncer da vulva é mais comum em mulheres de idade mais avançada e fumadoras. As mulheres portadoras do vírus do papiloma humano também apresentam maiores probabilidades de desenvolver câncer. O diagnóstico pode ser confirmado através de uma análise microscópica de amostras de tecido da lesão suspeita. Conheça aqui os principais sintomas e como é feito o tratamento do câncer de vagina.

11) Espinha na vagina, pequenos ou grandes lábios

A acne vaginal aparece pelas mesmas razões que as espinhas no rosto. Ela é o resultado do aumento da produção de sebo (óleo) dentro de um folículo, que pode ocorrer na região da vulva, virilha, entrada da vagina, ou nos grandes ou pequenos lábios vaginais. As alterações hormonais durante a menstruação também podem gerar essas erupções cutâneas, assim como o aumento de bactérias nos poros, acúmulo de células mortas, pelos inatos na vagina e, é claro, estresse. Veja aqui o que pode ser e como é feito o tratamento do acne na vagina.

O que fazer: Existem várias formas de tratar as espinhas que aparecem na vagina. Sabonetes: normalmente os sabonetes prescritos pelo ginecologista são livres de fragrâncias e contêm antibacterianos naturais, como o óleo de orégano, que ajudam a eliminar bactérias prejudiciais e prevenir o desenvolvimento de espinhas na região. Extrato de chá verde: existem loções íntimas com extrato de chá verde que podem ajudar a reduzir significativamente os surtos de acne no local.

Em algumas situações pode ser necessária a administração de pomadas à base de corticoides (Ex: candicort). Outra solução será a mulher realizar banhos de assento com flogo-rosa – um limpador vaginal com ação analgésica e anti-inflamatória. Em casos mais avançados, o ginecologista pode prescrever o uso de pomadas como o  Trok N ou indicar a toma de algum antibiótico, como a cefalexina, por exemplo.

É importante a mulher não tentar espremer a espinha ou administrar qualquer remédio sem o conhecimento do ginecologista.

A melhor maneira de prevenir a acne vaginal é mantendo uma boa higiene íntima. Conheça aqui, 10 Regras para Fazer a Higiene Íntima e evitar doenças. Além disso é importante:

  • Manter a vagina sempre limpa e seca,
  • Usar roupas íntimas de algodão e reduzir o acúmulo de umidade na região.
  • Tente evitar a remoção total dos pelos, pois aumenta os risco de infecção nos folículos infectados.

12) Furúnculo

O furúnculo é uma infecção de um folículo piloso, que ocorre quando os glóbulos brancos vêm combater a infecção, e acumulam pus sob a pele. Geralmente inicia como um pequeno caroço vermelho, evoluindo para uma erupção dolorosa. Podem ocorrer em folículos pilosos em qualquer parte do corpo, mas normalmente ocorrem em áreas onde o cabelo e o suor coexistem, como: axilas, coxas, rosto, pescoço, virilha, grandes lábios ou na entrada da vagina.

O que fazer: O tratamento geralmente é realizado com a aplicação de compressas mornas e o uso de pomadas antibióticas (Ex: Ictiol), que ajudam a evitar a formação de um abscesso. Quando evolui para um abscesso o ginecologista pode prescrever a administração de antibióticos (geralmente em forma de comprimidos) ou realizar um pequeno procedimento, com o objetivo de remover todo o seu conteúdo.

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Tratamento

A maioria dos caroços que ocorrem na vagina não exige qualquer tipo de tratamento médico. Geralmente o problema pode ser resolvido em casa com atitudes ou mudanças simples:

No caso de cistos, a mulher pode realizar banhos de assento mornos (várias vezes por dia) durante alguns dias. Esta solução simples facilita a drenagem do cisto.

Evite o uso de roupa muito justa, principalmente na região da vulva.

Utilize vestuário interior de materiais naturais, como o algodão, para permitir uma melhor respiração da pele da região.

Raramente o caroço na vagina é um motivo de alarme. A maioria desaparece por conta própria ou pode ser tratada ou em casa.

Nota: Este conteúdo, desenvolvido com a colaboração de profissionais médicos licenciados e colaboradores externos, é de natureza geral e apenas para fins informativos e não constitui aconselhamento médico. Este Conteúdo não pretende substituir o aconselhamento médico profissional, diagnóstico ou tratamento. Consulte sempre o seu médico ou outro profissional de saúde qualificado sobre a sua condição, procedimento ou tratamento, seja um medicamento prescrito, de venda livre, vitamina, suplemento ou alternativa à base de ervas.
Autores
Drª Camille Rocha Risegato

Ginecologista e Obstetra - CRM SP-119093

Dra Camille Vitoria Rocha Risegato - CRM SP nº 119093 é formada há 14 anos pela Fundação Técnico Educacional Souza Marques, Rio de Janeiro.

> Consultar CRM (Fonte: https://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_medicos&Itemid=59)

Dra Camille mudou-se para São Paulo onde realizou e concluiu residência médica em Ginecologia e Obstetrícia (RQE nº 25978) no Centro de Referência de Saúde da Mulher no Hospital Pérola Byington em 2007.

Em 2008 se especializou em Patologia do Trato Genital Inferior nesse mesmo serviço. Ainda fez curso de ultrassonografia em ginecologia e obstetrícia na Escola Cetrus.

Trabalha em setor público e privado, atendendo atualmente em seu consultório médico particular situado na Avenida Leoncio de Magalhães 1192, no bairro do jardim São Paulo, zona norte de São Paulo.

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    Última atualização da página em 09/09/24