Tipos e variedades de cereja

Revisão Clínica: Reinaldo Rodrigues (Enfermeiro - Coren nº 491692). Atualizado: 08/09/24

A cereja é um fruto que se pode consumir em fresco ou utilizar na elaboração de tortas, mousses, marmeladas e compotas. Geralmente as cerejas de maior tamanho são as que têm melhor textura e sabor. A cereja é muito apreciada pelas crianças. A facilidade com que se pode separar e cuspir o caroço, torna este fruto bastante divertido.

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fruto

Este fruto é, no Hemisfério Norte, de Verão. É possível adquirir cerejas de conserva fora da época de produção. Quando se compram cerejas doces frescas, devem-se eleger as pesadas e as de cor vermelho escuro ou negro. No caso das cerejas ácidas a cor vária entre o vermelho claro ou rosa amarelado. Em ambos os casos o pedúnculo deve estar bem unido à cereja.

As cerejas consomem-se frescas ou utilizam-se como matéria prima na elaboração de outros produtos alimentícios, tais como tortas, mousses, sorvetes, geleias, marmeladas, compotas ou bebidas.

Tipos e variedades de cereja

Existem muitas variedades de cerejas, cada uma delas com características singulares. Existem cerejas grandes, pequenas, vermelhas, alaranjadas, doces e ácidas.

Como acontece na maioria das outras culturas, existem muitas variedades de cerejas e esta diversidade provoca a seleção de variedades mais comerciais para a produção e venda deste fruto. Esta seleção, só em Espanha e segundo o Ministério da Agricultura, envolve cerca de 50 variedades que devem ser as que combinam melhor o aspecto, tamanho e qualidade.

Em princípio e de uma forma muito simples poderíamos classificar as variedades de cerejas em dois grupos ou espécies, a doce ou Prunus avium L. e a ácida ou Prunus cerasus L. Dentro de cada um destes grupos encontramos muitas variedades, sendo as mais importantes a’Bing’, a ‘Lambert’, ‘Napoleón’, ‘Montmorency’ ou a variedade Van.

Existe uma espécie de cereja que é um híbrido, entre a doce e a ácida, chamada ‘Duke’.

Em Portugal, existe a cereja da Cova da Beira, com Indicação Geográfica Protegida, que é das variedades regionais De Saco, Napoleão Pé Comprido, Morangão, Espanhola e das variedades Burlat, Big Windsor, Hedelfingen.

Existe ainda a Cereja de São Julião (Portalegre), Denominação de Origem Protegida, que é uma variedade de cor preta, muito resistente e saborosa e que é proveniente das cultivares resultantes do cruzamento da Prunus avium L. com as variedades autóctones da zona de Portalegre.

As variedades produzidas mais habitualmente em Espanha são: Marvin, Burlat (origem francesa), Garnet, Stella, Starking Hardy Giant, Summit, Sunburst (do Canadá), Sweet Heart, Branca de Provence, Ambrunes, Heldelfingen, Napoleón (origem alemã), Bigarreau Tardif de Vignola e Tigre.

A Alemanha é o terceiro produtor mundial de cerejas e aí existem muitas variedades locais além de outras que se estenderam por todo o mundo. As variedades cultivadas na Alemanha, segundo o Centro Internacional para a Agricultura e Biotecnologia são: Hedelfinger Riesenkirsche, Schwarze, Knorpelkirsche, Schneiders, Knorpelkirsche, Kassins, Knauffs, Grosse, Teickners, Sam, Van, entre outras.

A ex-Jugoslávia e a Itália ocupam o quarto e o quinto lugar na produção mundial de cereja. Algumas das variedades jugoslavas cultivadas são as seguintes: Primavera, Bigarreau Hativ Burlat, Van, Stark Hardy Giant, Stella, Bing, Lambert, etc.

Podemos destacar, na produção italiana, as variedades Adriana, Bigarreau Burlat, Durone del Monte, Della Recca, Giorgia, Durone dell’Auella, Durone Nero I, Durone NeroII, Ferrovia, Lapins, Mora di Cazzano, Bigarreau Moreau, Sunburst, Van e Vittoria.

Existem variedades de todos os tipos e para todas as necessidades. Assim, existem variedades com crescimento regular e maior tamanho do fruto, como a variedade Stella, ou variedades que deixam cair menos o fruto quando este está maduro. Também se podem encontrar cerejas de tamanho pequeno como as da variedade Sherry ou a Compact Lambert. Existem variedades locais que se adaptam especialmente bem nas regiões onde são produzidas e que se devem ter em conta na hora de eleger a que se vai cultivar.

Algumas variedades de cereja:

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Elegemos a variedade Burlat como referência na descrição das variedades. Os seus valores intermédios, tanto em tamanho do fruto como na cor das folhas, tornam-na ideal.

Bigarreau Tardif de Vignola

Esta variedade é de origem italiana; a árvore é de porte erecto e de grande vigor. O seu fruto é grande e firme ao tacto, adquirindo na maturação uma cor púrpura escura. A sua maturação é tardia e tem a característica dos frutos dificilmente racharem.

Burlat

As folhas desta variedade são serrilhadas, verdes, um pouco compridas e pontiagudas. A cereja tem a pele vermelha escura ou púrpura, um pouco enrugada e é de tamanho médio. A polpa da cereja é de cor vermelho intenso, tem um sabor açucarado é sumarenta e firme. É de maturação precoce. Como é auto-incompatível necessita de um polinizador.

Heldenfingen

As folhas são também serrilhadas, de cor verde mais intenso que a ‘Burlat’ e menos largas na sua base, sendo também pontiagudas. A cereja é negra ou quase negra, ligeiramente alongada e de tamanho médio. A polpa é de cor vermelho intenso e em relação à variedade anterior possui um sabor menos intenso, uma menor quantidade de sumo e uma menor firmeza. A maturação é tardia ou muito tardia e a planta é auto-incompatível.

Napoleon

Folhas serrilhadas, compridas, alongadas, pontiagudas e de cor verde parecida com a variedade Burlat. A cereja tem uma cor característica, mistura entre vermelhão e o amarelo, e o seu tamanho é maior que o das duas variedades anteriores. O fruto tem uma forma alongada e é mais sumarento que o da ‘Heldelfingen’. A época de maturação é tardia e é uma variedade auto-incompatível.

Sam

Folhas serrilhadas, de um verde parecido com o da variedade Burlat mas mais finas na base, são compridas e acabam em ponta pronunciada. A cereja tem a pele negra e o seu tamanho é semelhante ao da variedade Burlat. Tem forma de coração, é mais sumarenta que a ‘Heldelfingen’ e tem um sabor ácido. A época de maturação é média a tardia e é uma variedade auto-incompatível.

Schneider

Originária da Alemanha, esta variedade cresce numa árvore muito vigorosa, apesar do seu porte ser menos erecto que o da variedade anterior, e tem uma boa produtividade. O fruto é grosso mas bastante tenro e é de cor púrpura. Tem uma maturação precoce, mas não tanto como a ‘Burlat’.

Stark Ardy Giant

Teve origem nos Estados Unidos da América. É uma árvore vigorosa e com uma boa produção, que nos oferece um fruto de uma grossura considerável, de cor púrpura escura e de polpa firme. Colhe-se a meio da temporada e tem uma característica importante na hora de eleger a variedade, a sua resistência a rachar.

Stella

Esta variedade é bastante importante pelas características como polinizadoras, utilizando-se para fecundar as outras variedades que são auto-incompatíveis. A cor do fruto varia entre muitas tonalidades, passando pelo laranja, vermelho e até púrpura. A maturação ocorre um pouco mais tarde do que a da ‘Burlat’.

Planta – Árvore da Cereja

As cerejeiras são árvores grandes e normalmente vigorosas, com folhas serrilhadas e pontiagudas. As flores são brancas e os seus frutos (cerejas) pequenos, arredondados e geralmente de cor vermelha. As cerejeiras são árvores grandes e rectas, alcançando até 11 metros de altura. A árvore da cereja ácida é mais pequena e raramente ultrapassa os 5 metros. Em condições ótimas, e em certas regiões, podem alcançar 30 metros.

Flores de cerejeira

Têm um tronco liso, donde surgem os ramos, que são grossos na espécie Prunus avium (cerejeira doce) e delgados em Prunus cerasus (ginjeira ou cerejeira ácida). As folhas na cerejeira doce são compridas, serrilhadas e pendentes, enquanto que na ginjeira são pequenas, serrilhadas e arredondadas. Nas flores também existem diferenças, são maiores (2,5 cm de diâmetro) e muito brancas no caso da cerejeira doce e brancas com um diâmetro de 1,75 cm na ginjeira. Necessitam de outra espécie de cerejeira para serem fecundadas, uma vez que elas são incapazes de o fazer.

Os frutos, nas espécies selvagens, são redondos, pequenos e negros ou vermelhos, sendo doces ou ácidos segundo a espécie. A característica que diferencia as cerejas doces das ácidas, como o seu nome indica, é o sabor. Enquanto as cerejas doces têm um sabor adocicado, as ginjas têm um sabor marcadamente ácido.

cerejeira do japão – Sakura

Polinização

Estas árvores são polinizadas umas com as outras, não existe um estudo real sobre esse assunto. A atmosfera e o ecossistema onde estão inseridas (vento, pássaros, abelas e outros insectos) encarrega-se desse trabalho.

Origem e Produção

Crê-se que a origem da cereja se deu em algumas zonas da Europa. Países como os Estados Unidos ou a Alemanha são importantes produtores. Por ano, em todo o mundo, produzem-se mais de 2.000.000 toneladas de cerejas.

Não se sabe com exatidão o local de proveniência de tão boa fruta, mas crê-se que a origem da cereja doce deu-se na região compreendida entre o Mar Negro e o Mar Cáspio, e a da cereja ácida entre os Alpes Suíços e o Mar Adriático. No entanto, encontraram-se textos muito antigos na China onde vem descrito um fruto semelhante à cereja e por isso pode ter sido aí o local de origem deste fruto, e a partir daí os romanos ou os gregos transportaram-no até às nossas terras.

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Os 10 principais países produtores são: Irão, Estados Unidos, Turquia, Itália, Alemanha, Espanha, Líbano, Romênia, França e a Federação Russa.

  
Produção
  Toneladas
  Irão  229.079
  Estados Unidos  203.600
  Turquia  195.000
  Itália  147.608
  Alemanha  133.000
  Espanha  111.400
  Líbano   87.000
  Romênia   76.000
  França   71.400
  Federação Russa   55.000

 Produção total: ácidas + doces.

  
Exportações
  Toneladas  Dólares (1000 $)
  Estados Unidos  36.016  148.529
  Turquia  26.564   38.390
  Espanha  18.372   32.594
  Itália  10.489   22.024
  França   8.907   18.184
  Grécia   7.430   12.153
  Síria   6.820   6.706
  Chile   6.816   24.800
  Áustria   5.551   10.464
  República Checa   5.305   3.344

Produção total: ácidas + doces.

Como podemos constatar pela localização dos maiores produtores, as cerejas são cultivadas tanto em países quentes como em países frios.

A produção mundial de cerejas doces e ácidas superava, em 1990, os 2 milhões de toneladas.

Nem toda a cereja produzida se consome no país de origem, havendo lugar a exportações e a importações de uma certa quantidade da produção. Alguns países, com uma grande produção de cerejas, necessitam de outras variedades diferentes das produzidas nos seus campos para a elaboração de marmeladas, compotas, decoração, etc.

Mês de Colheita da cereja

Portugal: Em termos de calendário de maturação, nas variedades precoces ou medianamente precoces encontram-se a Earlise, Big Burlat e Brooks e nas variedades intermédias a tardias a Summit, Sunburst, Hedelfingen, Maring, Early Van Compact, Van, Arcina e De Saco Cova da Beira.

As primeiras produções de cereja, a nível nacional, surgem na zona de Resende, ocorrendo a partir de meados de Abril, com as colheitas das variedades/ecótipos regionais Abrileira e Rabicha ou em simultâneo na Beira Interior, na zona sul da Serra da Gardunha (Alpedrinha e Soalheira), na 1ª semana de Maio, com as variedades mais precoces (Burlat e Earlise). Uma a duas semanas depois efetua-se a colheita em Alfândega da Fé. A campanha termina, simultaneamente em todas as zonas de produção, a meados de Julho, com as variedades mais tardias.

Ginja ou cereja ácida – Prunus cerasus-, também conhecida como amarena, é uma espécie do género Prunus, pertencendo ao subgénero Cerasus – cereja

Restantes países

As cerejas estão disponíveis nos mercados durante todo o ano. Isto deve-se à ampla rede comercial e às tecnologias de conservação.

Apesar de parecer difícil, a cereja fresca está disponível quase todos os meses do ano. Isto deve-se à existência de diferentes variedades que se cultivam tanto em países de um hemisfério como do outro. Também não podemos esquecer que a tecnologia permite conservar melhor os frutos, sem perdas de qualidade.

Tomando como exemplo o mercado do Reino Unido, podemos observar quais os países fornecedores e em que datas abastecem o mercado de cerejas britânico. Indicam-se ainda os pesos das embalagens em que os frutos são transportados.

  
País
  Meses de disponibilidade  Peso das embalagens (kg)
  Argentina  Outubro-Dezembro  5
  Austrália  Dezembro-Janeiro  5/10
  Bélgica  Julho-Setembro  5
  Bulgária  Maio-Julho  6/7
  Canadá  Junho-Agosto  9
  Chile  Outubro-Dezembro  5
  Colômbia  Novembro  Vários
  Chipre  Maio  3/6
  França  Maio-Julho  5/6
  Alemanha  Junho-Agosto  Vários
  Grécia  Maio-Julho  3/5
  Hungria  Junho-Julho  4/6
  Irão  Junho-Julho  2/3
  Israel  Julho-Agosto  4
  Itália  Maio-Agosto  5/6
  Líbano  Finais Maio-Julho  3
  Marrocos  Finais Abril-Julho  Vários
  Holanda  Junho-Agosto  3/5
  Nova Zelândia  Dezembro-Janeiro  6×2
  Noruega  Agosto-Setembro  Vários

Fonte: Freshproduce DeskBook (2001)

Embalagens

As cerejas chegam ao consumidor embaladas em bolsas de plástico, caixotes de madeira e sacos de rede (para quantidades pequenas).

As cerejas doces embalam-se em sacos de rede, bolsas de plástico transparente, caixotes de madeira com orifícios para permitir a entrada do frio, ou em grandes caixas de poliestireno expandido nas viagens aéreas de longo curso, com a missão de manter baixa a temperatura durante a viagem. Nos Estados Unidos vendem-se em unidades de 5,3-9,0kg, mas em Itália vendem-se em caixas de 5kg com dois compartimento de 2,5kg cada um e que contêm bandejas de 500g. As bolsas de plástico podem conter entre 250-500g.

Folhas e frutos da cereja silvestre

As cerejas ácidas para uso industrial são embaladas em cestas com 15 a 100 litros de capacidade.

As caixas podem-se sobrepor, colocando até 99 caixas de 9kg numa única palete.

Regulamentos

Todos os frutos devem ser submetidos a certos critérios de qualidade para poderem ser exportados. Tamanho, homogeneidade, doenças ou parasitas, são aspectos a considerar para permitir a venda da cereja a outros países.

No anexo I do regulamento(CEE) nº899/88 encontram-se as normas de qualidade das cerejas, as quais afetam as variedades obtidas de Prunus avium L., de Prunus cerasus L. ou dos seus híbridos. Para que cumpram as características mínimas, as cerejas devem estar inteiras, com aspecto fresco, sãs, firmes (em função da variedade), limpas, praticamente isentas de materiais estranhos visíveis e de parasitas, desprovidas de humidade exterior anormal, isentas de cheiro ou sabor estranhos e têm de ter o seu pedúnculo ou pé. O desenvolvimento e o estado das cerejas devem permitir que estas suportem o transporte e a manipulação, e que se conservem em boas condições até ao lugar de destino.

Classificação

As cerejas classificam-se em quatro categorias.

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Categoria Extra

As cerejas classificadas nesta categoria são de qualidade superior. Devem estar bem desenvolvidas e apresentar todas as características e a coloração típicas da variedade. Não podem ter nenhum defeito, excepto alterações superficiais da pele muito ligeiras, que não afetem a qualidade e aspecto geral do produto, nem a sua apresentação na embalagem.

Categoria I

As cerejas devem ser de boa qualidade. Têm de apresentar as características da variedade. Podem ter um ligeiro defeito de forma ou de desenvolvimento e também de coloração. Não devem ter queimaduras, gretas, pisaduras ou defeitos causados pelo granizo.

Categoria II

Ficam incluídas nesta categoria as cerejas que não se podem classificar nas outras categorias. As cerejas podem apresentar:
a) Defeitos de forma e de coloração, sempre que se mantenham as características da variedade.
b) Ligeiros defeitos na pele, já cicatrizados, que não afetem o seu aspecto nem a sua conservação.

Categoria III

Esta categoria compreende as cerejas não classificadas nas categorias superiores. Podem apresentar defeitos cicatrizados na pele, desde que estes não afetem a conservação.

O calibre é o diâmetro máximo da cereja. Os calibres mínimos dentro de cada categoria são:

– Categoria Extra: 20 mm,
– Categoria I e II: 17 mm,
– Categoria III: 15 mm.

Existem algumas tolerâncias para a qualidade e calibre. As tolerâncias de qualidade são de 5% na categoria Extra, de 10% na I e II e de 15% na categoria III. No entanto, para o calibre são permitidas tolerâncias 10% nas categorias Extra, I e II e de 15% na categoria III.

A apresentação das cerejas deve obedecer a algumas características: as cerejas devem ser da mesma espécie, variedade e qualidade e a parte visível da embalagem deve ser representativa do seu interior. A embalagem das cerejas deve garantir a sua conservação. Os materiais utilizados têm de ser novos, limpos e não podem afetar os frutos. Cada embalagem deve especificar o embalador e/ou distribuidor, tipo de produto, nome da variedade, país de origem e denominação nacional, regional ou local. Também deve estar indicada a categoria do fruto.

O Prunus lusitanica , também conhecido como azereiro, gingeira-brava ou loureiro-de-portugal), é uma espécie de cerejeira nativa do sudoeste de França, Espanha, Portugal, Marrocos e Macaronésia – Açores, Madeira e Canárias

Critérios de Qualidade

Gestão atmosférica pós colheita

A cereja é um fruto que se conserva pouco tempo fora da árvore. Assim, é conveniente que o transporte das cerejas desde o campo ao local onde se efetuam os tratamentos para a sua conservação, seja feito de forma rápida, utilizando baixas temperaturas e umidade relativa alta.

Após a colheita é conveniente transportar as cerejas em camiões frigoríficos. Se isto não for possível, as cerejas devem ser colocadas em câmaras de frio nas 4 horas seguintes à colheita, evitando expô-las a altas temperaturas durante o transporte, já que os processos que provocam a perda de qualidade da cereja são três vezes mais rápidos a 20º C que a 10º C. De qualquer modo o tempo que decorre entre a colheita e a chegada à câmara frigorífica deve ser o mínimo possível.

Durante o transporte e armazenamento ocorre a ‘respiração’ dos frutos, sendo muito importante que estes estejam a baixas temperaturas para que a velocidade de respiração dos frutos e a consequente emissão de calor seja mínima. Ao emitir calor, aumenta a temperatura, provocando uma degradação mais rápida dos alimentos.

A temperatura a que devemos submeter as cerejas vai depender do uso imediato que fazemos delas: se os frutos vão ser consumidos imediatamente não necessitam dos mesmos cuidados dos que vão ser conservados. Se as cerejas vão ser vendidas no dia seguinte à colheita, podem-se armazenar em câmaras a 8-12ºC. Se entre a colheita e a venda decorrem mais de 8 dias, devem ser armazenadas em câmaras a 0ºC e desta forma assegura-se que chegam ao consumidor em perfeito estado.

Dias desde a colheita até à venda::Temperatura ótima (ºC)
1-2::8-12
4-6::4-8
6-8::0-4
8+::0
Fonte: Cherries: WEBSTER A.D. & N.E. LOONEY (1996). Crop Physiology Production and Uses.

Quando as cerejas chegam do campo podem ser arrefecidas por diversos métodos antes de começarem a ser manipuladas, é o que se designa por pré-arrefecimento. Pode utilizar-se água ou ar a baixas temperaturas.

A umidade relativa, ou seja a quantidade de água presente numa massa de ar, é também um parâmetro a considerar na conservação das cerejas. A cereja possui uma quantidade elevada de água e se o ambiente está muito seco, a fruta tem tendência a perder água e a secar. Assim, a umidade relativa deve manter-se elevada, para que a cereja perca a menor quantidade de água possível.

Uma vez eliminadas as folhas e as cerejas que pelas suas características não cumpram os mínimos, os frutos são submetidos a um segundo pré-arrefecimento antes de serem embalados e transportados para as câmaras onde ficarão até ao dia da sua venda.

Dentro destas câmaras existe uma atmosfera modificada que reduz a deterioração da fruta. A temperatura deve estar muito próxima dos 0º C. A fruta colhida é colocada em bolsas de polietileno, um tipo de plástico, que contêm teores de oxigênio entre 3-10% e de dióxido de carbono entre 10-15%. Estas condições permitem manter os frutos, sem perda das suas propriedades, entre 6 e 10 semanas. No entanto, existem cerejas que não estão adaptadas para a conservação por longos períodos de tempo, acabando por se alterarem.

Problemas pós colheita

Se os processos de conservação ou de embalagem não se realizaram de forma adequada, podem surgir doenças que estragam em pouco tempo os frutos armazenados.

As cerejas podem apresentar diferentes alterações fisiológicas ou doenças durante o armazenamento e a conservação.

Podridão castanha: Provocada pelos fungos Monila fructicola e Monila laxa3. Os sintomas aparecem como uma mancha castanha ou negra que se estende rapidamente por toda a fruta. Nos tecidos afetados aparece micélio.

Podridão cinzenta (Botrytis cinerea): É possivelmente a pior doença de pós-colheita da cereja. A infecção ocorre no campo e depois desenvolve-se na câmara. No início é uma mancha castanha clara, depois a polpa do fruto fica aguada e a mancha torna-se muito mais escura.

Podridão azul: Provocada pelo fungo Penicillium expansum. O fungo penetra no fruto através de uma ferida na pele e o primeiro sintoma é uma ligeira mancha castanha. Mais tarde o tecido afetado fica mole e aguado, a pele solta-se e aparecem pontos brancos de bolor.

Podridão por Ryzopus spp.: Este fungo não se desenvolve abaixo dos 8ºC. A infecção ocorre da mesma maneira que na podridão azul e manifesta-se por linhas brancas que criaram cabeças de esporos.

Alternaria (Alternaria spp): Aparece como uma mancha na pele do fruto, com esporos cor verde oliva e linhas brancas. O tecido afetado separa-se posteriormente da polpa que o rodeia.

Fungo Cladosporium herbarium: Normalmente este fungo infecta o fruto através de feridas existentes na pele. Quando o tecido infectado fica duro e seco, a cor passa de cinzento a negro.

Nota: Verifico que, sobre esta planta e este fruto muito apreciado pelos Portugueses ainda há muito trabalho a desenvolver, pelo facto de se tornar um polo de desenvolvimento nas regiões aonde é cultivado.

Esta planta necessita cerca de 500 horas por ano com temperaturas abaixo do 5º C, o clima nestas zonas acimas descritas é frio e seco, reunindo condições para que os gomos sejam vingados.

Verifica-se que em toda a costa litoral (úmida), e Alentejo ou Algarve (quente) este fruto não se desenvolve.

Benefícios para a saúde

Todas as variedades de cerejas proporcionam provitamina A e vitamina C, fibra, potássio e flavonoides. Uma ração de 140 g de cerejas doces fornecem aproximadamente 2% da ingestão diária recomendada de vitamina A e 15% da de vitamina C. As cerejas são pobres em gordura, não contendo gordura saturada, sódio e colesterol, de modo que são um alimento baixo em calorias. A vitamina A é essencial para os olhos, o crescimento, o desenvolvimento dos ossos, a manutenção dos tecidos corporais, a reprodução e o desenvolvimento das funções hormonais e das coenzimas.

A vitamina C é um poderoso antioxidante, de modo que pode proteger contra diversos tipos de cancro, uma vez que intensifica as funções imunológicas. Investigações mostram que o consumo de fibra protege contra um número de transtornos do tubo digestivo, incluindo o cancro do intestino. Considera-se que os flavonoides, entre outros componentes menores, numa dieta variada podem proteger contra o cancro e outras doenças cardiovasculares. Dietas pobres em sódio reduzem o risco derivado de uma pressão sanguínea alta, cujo desenvolvimento depende de outros factores.

Tradições populares

Ditados Populares
1. A mulher e a cereja, para o seu mal se enfeita2. As conversas são como as cerejas, umas puxam as outras
3. As cerejas são alegres à vista e tristes no coração4. Cada cereja por seu pé pende
5. Em Maio, come-se a cereja ao borralho

 

Nota: Este conteúdo, desenvolvido com a colaboração de profissionais médicos licenciados e colaboradores externos, é de natureza geral e apenas para fins informativos e não constitui aconselhamento médico. Este Conteúdo não pretende substituir o aconselhamento médico profissional, diagnóstico ou tratamento. Consulte sempre o seu médico ou outro profissional de saúde qualificado sobre a sua condição, procedimento ou tratamento, seja um medicamento prescrito, de venda livre, vitamina, suplemento ou alternativa à base de ervas.
Autores
Reinaldo Rodrigues (Enfermeiro - Coren nº 491692)

Enfermeiro - Coren nº 491692

O Reinaldo Rodrigues formou-se em agosto de 2016, pela Universidade Padre Anchieta, em Jundiai. Fez curso de especialização em APH (Atendimento Pré-Hospitalar), pela escola 22Brasil Treinamentos, em Barueri, curso de 200 horas práticas, com foco em acidentes de trânsito.

Trabalha como Cuidador de Idosos há 5 anos, e possui experiência em aspiração de vias aéreas, banho de aspersão, curativos, tratamento e prevenção de Lesão por Pressão, gerenciamento de Equipe de cuidadores com elaboração de escalas. Treinamento e acompanhamento de cuidadores nas casas dos pacientes.

Também pode encontrar o Reinaldo no Linkedin.

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    Última atualização da página em 08/09/24