Cisto de Naboth: o que é, como identificar e tratar

Revisão Clínica: Drª Camille Rocha Risegato. Atualizado: 08/09/24

No colo do útero existem glândulas responsáveis pela liberação de muco – conhecidas como glândulas de Naboth. Quando esse muco se acumula, é possível que ocorra o surgimento de pequenos nódulos ou caroços benignos que recebem o nome de Cistos de Naboth (ou folículos nabothianos). Este fenômeno ocorre quando as glândulas que produzem o muco são revestidas por um tecido celular semelhante ao da pele e ficam entupidas, impossibilitando a passagem do muco e levando ao seu acúmulo. Esse muco retido gera o cisto que aparece na superfície do colo do útero e apenas pode ser visualizado através de exame ginecológico.

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O diagnóstico é realizado através de exames ginecológicos, portanto, apenas o ginecologista poderá indicar o tratamento adequado. O evento é mais recorrente em mulheres jovens, que se encontram em idade fértil ou durante a gestação. Também se observa um maior número de casos em mulheres que já engravidaram.

Não existem sequelas graves associadas ao cisto de naboth, por isso as suspeitas de câncer originadas a partir do cisto ou mesmo o receio de infertilidade após o tratamento devem ser descartadas. É, de forma geral, uma lesão simples e sem efeitos colaterais.

Qual a duração? Geralmente são uma condição de longo prazo, que com o tempo podem ficar maiores.

Variantes: Cluster do túnel – um tipo especifíco de cisto de Naboth, caracterizado pela dilatação multicística complexa das glândulas endocervicais. É encontrado em cerca de 8% das mulheres adultas, 40% das quais são grávidas.

Cisto De Naboth

Sintomas e diagnóstico

Devido à sua localização e tamanho (normalmente de 2 a 10 milímetros de diâmetro), geralmente é assintomático. O seu surgimento pode significar alguma infecção recente na região do útero, por isso é importante haver acompanhamento. Normalmente costumam ser identificados através de palpação no colo do útero, durante o exame ginecológico de rotina conhecido por Papanicolau. A lesão tem uma forma redonda e cor branca fácil de visualizar durante o exame.

Se o médico tiver dúvidas sobre o diagnóstico, poderá recorrer a exames de imagem, como a colposcopia ou recolher uma amostra do tecido (biópsia) para análise em laboratório. A maioria dos casos dispensa exames posteriores, sobretudo porque se tratam de procedimentos mais invasivos para a paciente e que acabam por gerar riscos desnecessários.

Os cistos de Naboth, também conhecidos como cistos de inclusão epitelial, foram assim designados após o anatomista alemão Martin Naboth (1675-1721) ter escrito sobre eles em um tratado de 1707, intitulado De sterilitate mulierum. No entanto, já tinham sido descritos anteriormente pelo cirurgião francês Guillaume Desnoues (1650-1735).

Quais são as causas

O cisto de Naboth possui uma origem simples: o líquido acumulado devido ao “entupimento” provocado nas glândulas de Naboth. Por vezes, é causado por infecções genitais que, como forma de proteção para o corpo feminino, proporcionam uma camada fina de pele para proteger o colo do útero das bactérias. Essa proteção, por consequência, acaba por interromper a passagem natural do muco através do canal uterino, gerando o cisto.

É preciso tratar o cisto de Naboth?

São tumores benignos. Na maioria das vezes são assintomáticos e não requerem tratamento, pois acabam desaparecendo por conta própria. Embora seja raro, o cisto de Naboth pode expandir o seu tamanho. Nesses casos específicos, o ginecologista poderá remover o nódulo com o auxílio de um instrumento de calor (ablação por eletrocautério) ou mesmo com um bisturi simples.

Outro método usado é a crioterapia – em que o médico usa nitrogênio líquido para congelar e remover o cisto. No entanto, a necessidade destes procedimentos não é muito frequente.

Possíveis complicações

Não existem complicações sérias associadas a estes tumores. Podem ocorrer como uma complicação de uma histerectomia, mas geralmente não representam um grande risco à sua saúde da mulher.

Em algumas situações pode tornar doloroso ou até mesmo impossibilitar a realização do simples exame de Papanicolau, quando os cistos adquirem um grande volume ou apresentam-se em grande volume no colo do útero. Nestas situações é importante ponderar juntamente com o ginecologista a sua remoção imediata.

O fato de poderem estourar e estarem cheios de muco, pode ser também um problema. Não é incomum ocorrer descarga, odor e sangramento quando rompem. Caso ocorra, é importante consultar o médico.

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Houve um caso raro de um grande cisto de naboth que foi confundido com um tumor maligno, levando a mulher a ser encaminhada para uma histerectomia. Felizmente, o crescimento foi corretamente identificado após realizada uma ultra-sonografia, onde foi drenado e removido com sucesso.

Durante a gravidez

A maioria dos cistos de Naboth são identificados por acidente durante exames rotineiros de gravidez. É bastante comum o seu sesenvolvimento durante a gravidez.

Normalmente o colo do útero está aberto para permitir que o fluido menstrual passe do útero para a vagina, e que o espermatozoide entre no útero através da vagina. Durante a gravidez, o colo do útero fecha para manter o feto em desenvolvimento dentro do útero. Após o bebê nascer, crescem novos tecidos sobre as glândulas mucosas. Num processo que recebe o nome de “metaplasia“, as células da pele produzem-se em quantidades excessivas e impedem o muco de sair das glândulas. Com o tempo, origina-se a formação destes cistos.

Sempre que a mulher suspeite de um cisto anormalmente grande no colo do útero enquanto estiver grávida, notar dor durante a relação sexual, sangramento anormal ou corrimento, é importante consultar o ginecologista para diagnosticar e sugerir o melhor tratamento.

A importância do exame ginecológico de rotina

Como ficou claro, o acompanhamento de rotina é imprescindível para o correto diagnóstico e acompanhamento do cisto. As mulheres devem manter a saúde genital como uma prioridade, sobretudo para que seja possível identificar a tempo doenças mais graves.

No caso do cisto de Naboth, o diagnóstico médico serve não apenas para observar o cisto mas também para tentar perceber se ele foi originado por alguma infecção recente. Se for esse o caso, deve ser realizado o tratamento da infecção, para garantir o bem estar da paciente.

Nota: Este conteúdo, desenvolvido com a colaboração de profissionais médicos licenciados e colaboradores externos, é de natureza geral e apenas para fins informativos e não constitui aconselhamento médico. Este Conteúdo não pretende substituir o aconselhamento médico profissional, diagnóstico ou tratamento. Consulte sempre o seu médico ou outro profissional de saúde qualificado sobre a sua condição, procedimento ou tratamento, seja um medicamento prescrito, de venda livre, vitamina, suplemento ou alternativa à base de ervas.
Autores
Drª Camille Rocha Risegato

Ginecologista e Obstetra - CRM SP-119093

Dra Camille Vitoria Rocha Risegato - CRM SP nº 119093 é formada há 14 anos pela Fundação Técnico Educacional Souza Marques, Rio de Janeiro.

> Consultar CRM (Fonte: https://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_medicos&Itemid=59)

Dra Camille mudou-se para São Paulo onde realizou e concluiu residência médica em Ginecologia e Obstetrícia (RQE nº 25978) no Centro de Referência de Saúde da Mulher no Hospital Pérola Byington em 2007.

Em 2008 se especializou em Patologia do Trato Genital Inferior nesse mesmo serviço. Ainda fez curso de ultrassonografia em ginecologia e obstetrícia na Escola Cetrus.

Trabalha em setor público e privado, atendendo atualmente em seu consultório médico particular situado na Avenida Leoncio de Magalhães 1192, no bairro do jardim São Paulo, zona norte de São Paulo.

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    Última atualização da página em 08/09/24