O que são? Os cistos de ovário são bolsas cheias de líquido que crescem no interior ou por cima de um (ou ambos) os ovários.
Cisto é um termo geral usado para descrever uma estrutura cheia de líquido.
Os cistos ováricos são geralmente assintomáticos, mas a dor no abdómen ou na pélvis é bastante comum.
O que são os ovários e qual a sua função?
Os ovários são órgãos reprodutores das mulheres que estão localizados na pélvis.
Cada ovário localiza-se em cada um dos lados do útero e cada um deles é de tamanho semelhante a uma noz.
Os ovários produzem óvulos e as hormonas sexuais femininas, estrogénios e progesterona.
São a principal fonte de hormonas femininas que controlam o desenvolvimento sexual, incluindo os seios, a forma corporal e os pêlos corporais.
É também função dos ovários regular o ciclo menstrual e a gravidez.
O que é a ovulação?
A ovulação é controlada por uma série de reações hormonais em cadeia.
Estas hormonas são provenientes do hipotálamo, que se localiza no cérebro.
Todos os meses, como parte do ciclo menstrual da mulher, os folículos rompem-se, libertando um óvulo no ovário.
O folículo é um pequeno saco fluído que contém os gâmetas femininos (óvulos) dentro do ovário.
Este processo de libertação de um óvulo do ovário para a trompa de Falópio é conhecido como “ovulação”.
O que provoca os cistos de ovário?
Por vezes, o folículo não liberta um óvulo durante o processo de ovulação e, em vez disso, continua a encher-se de líquido, no interior do ovário.
É a isto que se chama “cisto folicular”.
Em outros casos, o folículo liberta o óvulo mas o saco fecha-se novamente e incha com fluído ou sangue, em vez de se dissolver.
Isto é conhecido por “cisto do corpo lúteo ou cisto funcional”.
Ambas as condições descritas são tipos de cistos ovarianos funcionais.
Os quistos ovarianos funcionais são o tipo mais comum de todos eles.
Fatores de risco para o desenvolvimento destes cistos:
A listagem seguinte indica os fatores de risco potenciais para o desenvolvimento do cisto:
- História prévia de desenvolvimento de cistos ováricos
- Ciclos menstruais irregulares
- Infertilidade
- Síndrome do ovário policístico
- Endometriose
- Obesidade
- Menstruação precoce (com início aos 11 anos ou menos)
- Hipertiroidismo
- Terapia com tamoxifeno para o câncer de mama
Tipos
O tipo mais comum de cisto de ovário são os chamados cistos funcionais.
Geralmente, os cistos funcionais não são perigosos e muitas vezes não causam sintomas.
Quando o cisto de ovário não for funcional, é considerado um “cisto ovariano complexo”.
Cistos ovarianos funcionais
Existem dois tipos de cistos ovarianos funcionais: os foliculares e os do corpo lúteo.
Os cistos foliculares contêm um folículo que não se conseguiu romper e que, em vez disso, está preenchido com mais líquido.
Os cistos do corpo lúteo ocorrem quando o folículo se rompe para libertar o óvulo, mas depois fecha-se novamente e incha com fluido.
Os últimos podem ser dolorosos e causar sangramento. Quando o sangramento ocorre num cisto funcional, é conhecido como um cisto hemorrágico.
Cistos ovarianos complexos
Outros tipos de cistos de ovário podem estar associados a endometriose, síndrome de ovário policístico (SOP) e outras situações clínicas.
Os ovários poliquísticos ocorrem quando os ovários são anormalmente grandes e contêm muitos cistos pequenos nos bordos externos.
As massas não cancerígenas que se desenvolvem a partir do tecido de revestimento externo dos ovários são conhecidas por cistoadenomas.
O cisto também se pode desenvolver quando o tecido de revestimento uterino cresce fora do útero e se liga aos ovários.
Esta ocorrência é conhecida como um endometrioma.
Cistos ovarianos gestacionais
Os cistos ovarianos que surgem durante a gravidez geralmente são funcionais e são descobertos no primeiro trimestre da gestação.
Os cistos de ovário gestacionais tendem a resolver-se por conta própria, antes do parto.
Quais os sinais e sintomas do cisto de ovário?
Muitas vezes, estes cistos não provocam sintomas. Contudo, quando os sintomas surgem, podem incluir os seguintes:
- Dor durante a relação sexual ou a menstruação
- Plenitude abdominal
- Náuseas
- Vómitos
- Sangramento incomum
- Aumento de peso
- Incapacidade de esvaziar a bexiga completamente
- Dor mamária
- Dor na região pélvica, parte inferior das costas (lombar) ou coxas
Os seguintes sintomas necessitam de atenção médica imediata:
- Dor abdominal intensa que surge de repente (pode ser um sinal de rutura do quisto do ovário)
- Desmaio
- Fraqueza
- Tonturas
- Respiração rápida (taquipneia)
- Dor abdominal que ocorre com vómitos e febre
Como se diagnosticam?
Estes cistos podem ser diagnosticados através de vários exames.
Uma vez que um médico suspeite da existência de um cisto de ovário, testes adicionais serão realizados para confirmar o diagnóstico.
Ultrassom pélvico e transvaginal
Os cistos ovarianos são frequentemente detetados durante a realização de um exame pélvico.
Um ultrassom da pélvis pode permitir ao médico ver o quisto com a utilização de ondas sonoras e ajuda a determinar se ele é composto por fluido, tecido sólido ou uma mistura dos dois.
O ultrassom transvaginal consiste na inserção de uma sonda na vagina, por um médico, para examinar o útero e os ovários.
O exame permite ao médico ver o quisto com maior detalhe.
Cirurgia laparoscópica
Durante a cirurgia laparoscópica, um médico fará incisões pequenas e passará um tubo fino (laparoscópio) através do abdômen.
O laparoscópio permitirá que o médico identifique o quisto e, possivelmente, o remova ou biopsie.
Exame CA-125
O teste sanguíneo para dosear o antigénio cancerígeno 125 (CA-125) pode ajudar a sugerir se o cisto é devido a um Câncer de Ovário, mas outras condições – incluindo a endometriose e os fibromas uterinos – também podem aumentar os níveis de CA-125.
Desta forma, este exame não é específico para o Câncer de Ovário.
Em alguns casos de Câncer de Ovário, os níveis de CA-125 não são suficientemente elevados para serem detetados pelo exame de sangue.
Níveis hormonais
O médico pode solicitar um teste de gravidez e avaliar os níveis hormonais.
Os exames de sangue também podem ser realizados para testar outras hormonas que podem causar o síndrome de ovário policístico.
Culdocentese
Pode ser retirada uma amostra de fluído da pélvis para excluir a ocorrência de sangramento na cavidade abdominal.
A culdocentese é realizada inserindo uma agulha através da parede vaginal, por trás do colo do útero.
Tratamentos Recomendados
Muitos cistos de ovário funcionais não requerem qualquer tratamento, e eles habitualmente resolvem-se por conta própria.
Os cistos ovarianos – especialmente os cheios de líquido – em mulheres em idade fértil são muitas vezes controlados com espera vigilante.
Isto envolve a realização de um exame repetido 1 a 3 meses depois do diagnóstico do cisto.
Se o cisto desaparecer ou se não se observarem alterações, poderá não ser necessário nenhum tratamento.
Medicamentos
Os analgésicos como o ibuprofeno podem ser utilizados para ajudar a reduzir a dor pélvica.
Estes medicamentos anti-inflamatórios não ajudam a dissolver o cisto, eles apenas oferecem alívio dos sintomas.
Se uma mulher tiver cistos de ovário funcionais frequentes, o médico poderá prescrever controlo hormonal da natalidade para prevenir a ovulação e diminuir o risco de formação de novos cistos.
Rompimento de cisto no ovário
Os medicamentos contra a dor podem ajudar a reduzir os sintomas desconfortáveis de um rompimento de cisto no ovário.
Normalmente, a cirurgia não é necessária, mas um cisto ovariano roto do tipo dermóide (um tipo de tumor benigno que contém vários tipos de tecido corporal) pode requerer cirurgia porque o conteúdo do cisto é muito irritativo para os órgãos internos.
A cirurgia também pode ser necessária para os casos de ruptura, se houver hemorragia interna ou a possibilidade de câncer.
Cirurgia para remoção dos cistos e seus benefícios
Quando o cisto de ovário continua a crescer, não resolve por si só, parece suspeito à ultrassonografia ou está a provocar sintomas, o médico pode recomendar a sua remoção cirúrgica.
A cirurgia pode ser recomendada mais frequentemente para mulheres pós-menopáusicas com cistos preocupantes, pois o risco de câncer do ovário aumenta com a idade.
O cisto pode ser removido cirurgicamente por laparoscopia ou laparotomia.
A laparoscopia envolve a remoção do cisto, fazendo várias pequenas incisões no abdómen.
O médico irá então utilizar uma câmara e instrumentos especializados para fazer a remoção do cisto.
Quando o cisto é grande ou o médico suspeita de câncer, o cirurgião realizará uma laparotomia, que envolve uma grande incisão abdominal.
Em alguns casos, o ovário e/ou outros tecidos terão que ser removidos.
Uma mulher pré-menopáusica que tenha um ovário removido não se tornará infértil nem passará pela menopausa devido ao procedimento.
Qual o prognóstico?
O prognóstico para as mulheres, especialmente as mulheres pré-menopáusicas, que possuem cistos ovarianos funcionais é muito bom.
A maioria destes cistos resolvem-se sozinhos em poucos meses, sem necessitarem de tratamento.
O prognóstico para mulheres que possuem outros tipos de cistos ovarianos depende de uma variedade de fatores.
A idade da mulher, o estado de saúde e a causa subjacente à formação do cisto influenciam o prognóstico.
Idade
A estimulação hormonal do ovário determina o desenvolvimento de um cisto ovárico funcional.
Uma mulher que ainda está em idade fértil e a produzir estrogénios tem maior probabilidade de desenvolver um cisto.
As mulheres pós-menopáusicas têm um menor risco de desenvolver o problema, uma vez que já não estão a ovular ou a produzir grandes quantidades de hormonas.
As mulheres mais jovens que estão a desenvolver maiores quantidades de hormonas são mais propensas a desenvolver cistos de ovário do que as mulheres pós-menopáusicas.
Tamanho do cisto
O tamanho do cisto corresponde diretamente à taxa em que eles diminuem.
A maioria dos cistos funcionais têm 2 polegadas de diâmetro ou menos e não requerem cirurgia para remoção.
No entanto, os quistos que são maiores que 4 centímetros de diâmetro, geralmente requerem cirurgia.
Estes cistos podem ser prevenidos?
Embora os cistos onarianos não possam ser prevenidos, a realização de exames pélvicos regulares pode ajudar a diagnosticar qualquer alteração nos ovários.
Se uma mulher é pré-menopausica e possui cistos ovarianos funcionais recorrentes, as pílulas anticontracetivas ou outras formas hormonais podem ajudar a prevenir a formação de novos cistos.
Perigo de Câncer
A maioria dos cistos de ovário resolve por si só, sem tratamento, e não são perigosos.
No entanto, Sim, existe uma pequena chance de que um cisto possa ser câncer de ovário. E como em muitos outros tipos de câncer, o risco aumenta com a idade.
Cerca de metade das mulheres que o desenvolvem tem mais de 63 anos. De acordo com a American Cancer Society, cerca de 21.000 mulheres recebe esse diagnóstico todos os anos.
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Referências
https://www.nichd.nih.gov
http://www.mayoclinic.com/health/ovarian-cysts/DS00129
https://www.womenshealth.gov/a-z-topics/ovarian-cysts
http://bestpractice.bmj.com/best-practice/monograph/792.html
https://www.cancer.org/cancer/ovarian-cancer
Ginecologista e Obstetra - CRM SP-119093
Dra Camille Vitoria Rocha Risegato - CRM SP nº 119093 é formada há 14 anos pela Fundação Técnico Educacional Souza Marques, Rio de Janeiro.
> Consultar CRM (Fonte: https://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_medicos&Itemid=59)
Dra Camille mudou-se para São Paulo onde realizou e concluiu residência médica em Ginecologia e Obstetrícia (RQE nº 25978) no Centro de Referência de Saúde da Mulher no Hospital Pérola Byington em 2007.
Em 2008 se especializou em Patologia do Trato Genital Inferior nesse mesmo serviço. Ainda fez curso de ultrassonografia em ginecologia e obstetrícia na Escola Cetrus.
Trabalha em setor público e privado, atendendo atualmente em seu consultório médico particular situado na Avenida Leoncio de Magalhães 1192, no bairro do jardim São Paulo, zona norte de São Paulo.
Também pode encontrar a Dra Camille no Linkedin, Facebook e Instagram
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