Coceira na Vagina: O que pode ser, Tratamento e Causas

Revisão Clínica: Drª Camille Rocha Risegato. Atualizado: 04/06/21

A coceira na vagina é um dos sintomas mais frequentemente relatados por mulheres em consultórios de ginecologia. Nem sempre o problema indica alguma doença grave, pois pode acontecer a partir de uma simples alergia ao detergente utilizado para lavar as roupas, por exemplo, por conta da sensibilidade da região. No entanto, não é um motivo para deixar esse sintoma de lado, pois ele também pode indicar alguma contaminação por uma Doença Sexualmente Transmissível. Há algumas formas de prevenir a coceira, mas vale lembrar que somente o especialista poderá afastar de vez as possibilidades de algum problema mais sério.

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Coceira Na Vagina

O que pode ser coceira na vagina?

É fundamental para a saúde da mulher que ela esteja atenta a qualquer sintoma anormal presente na vulva. Muitos são os problemas que proporcionam sintomas de coceira na vagina, dentre os quais destacam-se:

Vaginite

As inflamações da vagina, conhecidas como Vaginite, podem provocar coceira local. Essas inflamações são originadas por infecções bacterianas, candidíases, diminuição do nível de estrogênio ou mesmo por um desequilíbrio na flora que protege a vagina.

Nos casos de vaginite, a coceira não é o único sintoma, pois as pacientes também costumam apresentar corrimento, incômodo durante as relações sexuais, ardência ao urinar e eventuais sangramentos. Veja As 5 principais causas de vaginite e como tratar.

Vulvodínia

De origem ainda desconhecida, a Vulvodínia pode proporcionar coceira na vagina, além de outros sintomas. Pesquisadores associaram o surgimento da doença à irritação dos nervos presentes na vulva, portanto o incômodo é atribuído predominantemente a componentes emocionais e a situações traumáticas.

Candidíase

Uma das mais recorrentes infecções vaginais, a Candidíase é proporcionada pelo fungo Candida Albicans, que, além da coceira, também provoca corrimento e ardência ao urinar. A alteração do pH vaginal contribui para o surgimento dos fungos, por isso a oscilação hormonal é um dos principais fatores que desencadeia a Candidíase.

Vaginose Bacteriana

vaginose-bacteriana

Vaginose bacteriana é uma inflamação que tem como principais sintomas, dor, coceira, e corrimento vaginal branco/amarelado. A condição ocorre geralmente devido a uma perturbação no equilíbrio das bactérias “boas” na vagina, ou, devido a infecções ou resultante dos baixos níveis de estrogênio após a menopausa.

Alergia à camisinha

Algumas mulheres podem apresentar alergia ao látex de que os preservativos são feitos ou mesmo aos lubrificantes presentes ali. Nestes casos, após as relações sexuais, são frequentes as queixas de coceira, vermelhidão e dor na vagina. Se a dor também é um sintoma leia o guia sobre Dor na vagina: o que pode ser e o que fazer.

Também é possível que a mulher desenvolva alergia aos géis e demais produtos utilizados interiormente na hora do sexo. Nestes casos, a orientação é suspender imediatamente o uso dos produtos e procurar uma alternativa viável.

Menopausa

A menopausa é outra das possíveis causas. Isto porque durante a menopausa a diminuição do estrogênio provoca um afinamento da parede vaginal e uma menor lubrificação.

Estresse

O estresse é um estado que pode originar e agravar o sintoma e tornar a região íntima mais susceptível a infecções.

Falta de lubrificação

Se a mulher não estiver suficientemente lubrificada durante o ato sexual, esse atrito pode provocar um desconforto posterior. Por conta disso, é fundamental manter relações apenas com a lubrificação adequada, para evitar esse tipo de traumas.

Alergias em geral

Algumas mulheres podem apresentar alergias a diversos produtos que mantêm contato com a vagina. Desde os sabonetes íntimos ao material de que são feitas as calcinhas. Em casos mais raros, também podem ser alérgicas ao sêmen dos parceiros e, nesta situação, o uso de preservativos é obrigatório.

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DSTs

A coceira também pode surgir para indicar a presença de alguma DST. Herpes, HPV, Gonorreia e Tricomoníase são exemplos de doenças que podem proporcionar esse sintoma.

Psoríase e líquen

A Psoríase e o Líquen são doenças de pele que podem se alastrar para as regiões íntimas. No caso da Psoríase, a multiplicação incontrolada das células da pele acaba por provocar a coceira. No caso do Líquen, a coceira surge porque a pele se torna frágil e facilmente irritável.

Secura vaginal

Existe uma lubrificação natural presente em todas as mulheres. Nas mais maduras, que passam pela menopausa, é normal que essa lubrificação caia, por conta disso é natural o aumento de coceiras e irritações na mucosa vaginal.

Nestes casos, o ginecologista pode recomendar cremes capazes de suavizar o desconforto.

Câncer

São raras as incidências, mas a coceira na vagina é frequente nos casos de câncer de vulva. Neste caso, surge acompanhada de outros sintomas, como alteração da tonalidade da pele, sangramento excessivo e dor.

Quando se preocupar?

Quando a coceira na vagina durar mais de três dias, talvez seja a hora de buscar a opinião de um especialista, o ginecologista. Ele conseguirá, ao observar os sintomas descritos e após um exame físico, garantir um diagnóstico e a possível prescrição de medicamentos.

A opinião médica é primordial por conta da variedade de doenças associadas ao mesmo sintoma. A automedicação neste caso pode piorar o quadro, fazendo, por exemplo, com que uma infecção por fungos piore se for utilizado um creme ou pomada equivocado.

Cada causa exige um tratamento próprio que deve ser respeitado com rigidez, inclusive se o médico orientar períodos de abstinência sexual.

Possíveis complicações

Normalmente não há complicações originadas a partir da coceira na vagina. As mais comuns são o surgimento de lesões por conta do atrito entre as unhas e a mucosa e a possível infecção dessas lesões.

As demais complicações costumam surgir quando o problema não é corretamente tratado. Para isso é imprescindível diagnosticar quais são as causas da doença, somente assim o tratamento será eficaz. O HPV, por exemplo, se for tratado equivocadamente ou se não for tratado a tempo, poderá se tornar um tumor.

Exames de Diagnóstico

Exames de diagnóstico em consulta de ginecologia.

Durante a consulta o ginecologista pode realizar ou indicar os seguintes exames:

  • Exame microscópico de corrimento vaginal
  • Vulvoscopia
  • Teste de Papanicolau
  • Biópsias de pele da região vulvar
  • Exames da Urina e sangue (incluindo os níveis hormonais)

Tratamento para coceira na vagina

As diferentes zonas da vagina recebem tratamentos diferenciados a partir dos diagnósticos conferidos pelos médicos. Também há diferentes tipos de medicamentos, por via oral ou tópica, para o mesmo tipo de lesão. Por conta disso, somente um ginecologista poderá avaliar qual é a melhor escolha para cada caso dentre as opções indicadas a seguir.

Remédios

Para as infecções normalmente são recomendados os antibióticos ou antifúngicos introduzidos oralmente. Se as infecções forem persistentes, os remédios de via oral são mais utilizados à longo prazo. Em alguns casos alérgicos, da mesma forma, o médico pode optar por prescrever comprimidos que possam extinguir a alergia e evitar que ela se alastre em outras zonas do corpo.

Pomadas

No caso das mulheres com idade mais avançada, que estão a entrar na menopausa, pode ser recomendado o uso de pomadas que possuam como princípio ativo o estrogênio, capaz de atuar na diminuição das atrofias e do ressecamento da vagina.

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Quando a causa da coceira é uma infecção por fungo leve, costuma ser tratada com pomadas locais intravaginais. Miconazol e Terconazol são exemplos dessas pomadas frequentemente indicadas por especialistas. Também há pomadas antibióticas intravaginais, das quais se destaca a Clindamicina, que é utilizada, por exemplo, para Vaginoses bacterianas. Conheça aqui quais são e como administrar as pomadas ginecológicas mais usadas para candidíase.

Banho de assento

Para aliviar momentaneamente a coceira, o ginecologista poderá indicar um banho de assento para equilibrar o pH da região. Normalmente recomenda-se à paciente que sente numa bacia ou balde com uma solução de água morna e cloridrato de benzidamina por, em média, dez minutos.

Tratamentos caseiros

Vale ressaltar que há, ainda, substâncias naturais, como o barbatimão, que podem ser utilizadas para auxiliar na diminuição das coceiras, mas somente um médico poderá orientar qual deverá ser utilizada. O mesmo acontece com o chá de alecrim e sálvia, que possui propriedades antimicrobianas e pode ser benéfico no alivio da coceira na vagina, clitóris e grandes lábios, quando usado para lavar a região. Veja 11 Remédios caseiros que podem proporcionar o alivio da Coceira na vagina.

A automedicação, mesmo com substâncias naturais, é perigosa, pois há algumas substâncias que, ao invés de proporcionarem alívio, causam mais irritação. Consulte sempre o ginecologista.

O que fazer para não ter mais coceira na vagina

Mesmo com muitas causas possíveis para a coceira na vagina, algumas recomendações podem ser adotadas a fim de tentar minimizar os problemas ginecológicos. São elas:

Higiene: A higiene é fundamental para prevenir a proliferação de fungos e bactérias, por isso é imprescindível secar bem a vagina após o banho e lavar quando for possível após a urina. Atenção apenas para o uso de sabonetes íntimos e produtos que prometem equilibrar o pH vaginal, pois boa parte deles atrapalha o fluxo natural do corpo. Veja 10 Regras para Fazer a Higiene Íntima e evitar doenças.

Visitas frequentes ao ginecologista: o acompanhamento de rotina com um ginecologista é fundamental para a saúde da vagina, visto que ele conseguirá identificar possíveis desequilíbrios ainda no início.

Sexo com preservativos: para evitar as coceiras provocadas por DSTs, é fundamental utilizar preservativos em todas as relações sexuais. Esse é um hábito que precisa ser colocado em prática.

Calcinhas confortáveis: alguns tecidos provocam alergias e impossibilitam a ventilação da área vaginal, por isso opte sempre por calcinhas de algodão que sejam confortáveis.

Autores
Drª Camille Rocha Risegato

Ginecologista e Obstetra - CRM SP-119093

Dra Camille Vitoria Rocha Risegato - CRM SP nº 119093 é formada há 14 anos pela Fundação Técnico Educacional Souza Marques, Rio de Janeiro.

> Consultar CRM (Fonte: https://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_medicos&Itemid=59)

Dra Camille mudou-se para São Paulo onde realizou e concluiu residência médica em Ginecologia e Obstetrícia (RQE nº 25978) no Centro de Referência de Saúde da Mulher no Hospital Pérola Byington em 2007.

Em 2008 se especializou em Patologia do Trato Genital Inferior nesse mesmo serviço. Ainda fez curso de ultrassonografia em ginecologia e obstetrícia na Escola Cetrus.

Trabalha em setor público e privado, atendendo atualmente em seu consultório médico particular situado na Avenida Leoncio de Magalhães 1192, no bairro do jardim São Paulo, zona norte de São Paulo.

Também pode encontrar a Dra Camille no Linkedin, Facebook e Instagram

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    Última atualização da página em 04/06/21