Algumas gestantes se assustam com as diversas alterações que seus corpos sofrem durante o período de gestação. Na verdade, muitas dessas transformações são esperadas e, portanto, consideradas normais. A presença de um corrimento marrom na gravidez, é um excelente exemplo, já que é algo perfeitamente comum quando ocorre em pequenas quantidades. Neste guia vamos explicar quando é normal a presença desta secreção escura durante a gravidez e quando consultar o ginecologista.
Em alguns casos este tipo de fluxo está relacionado a algumas complicações. Entre esses problemas estão, alterações dos índices de pH, uma expansão do colo uterino e o desenvolvimento de processos infecciosos.
É importante lembrar que a vagina libera secreções naturalmente. No entanto, um corrimento considerado saudável deve ser inodoro e transparente. No inicio da gestação, essa secreção detém uma textura viscosa, mas aparece em pequena quantidade. Conheça as possíveis origens de corrimento na gravidez e quando não é normal.
A atenção da futura mãe deve ser redobrada nos casos em que o corrimento ganha um aspecto mais escurecido. O odor intenso também costuma estar relacionado a situações mais sérias.
É importante informar o ginecologista a respeito de qualquer mudança sentida pela mulher em seu corpo. Os relatos dela são preponderantes para que sejam solicitados exames específicos, quando necessários.
Como o período de gravidez corresponde a uma fase extremamente delicada, as complicações devem ser evitadas ao máximo. Para que nada de ruim aconteça com a mãe ou com o bebê, é necessário realizar um monitoramento contínuo até o dia do parto.
Principais causas do corrimento marrom na gravidez
Uma das causas do corrimento marrom são as modificações nos níveis do pH vaginal. Desde que a secreção contenha baixo volume e não ultrapasse 3 dias de duração, não é motivo para a mulher se preocupar. Após esse intervalo, o corrimento deve sumir de forma natural.
Após a realização de algum esforço físico, algumas gestantes também liberam um corrimento marrom. Nesses casos, o fluido pode apresentar algum traço sanguíneo. As atividades relacionadas ao esforço são:
- limpeza doméstica;
- subida de muitos lances de escada;
- exercício físico em equipamentos de academia;
- carregamento de peso (qualquer um, como uma sacola de compras do supermercado).
É importante salientar que a gestante deve seguir rigorosamente as orientações obstétricas quanto aos excessos que não deve cometer. Os limites associados ao esforço físico variam de acordo com a fase da gestação e precisam ser respeitados para que se evite o pior.
Caso o corrimento seja marrom e exiba outros sintomas, como coceira na genitália, ardor e odor desagradável, isso significa que o quadro da gestante é mais preocupante. O conjunto desses sintomas pode indicar uma das seguintes complicações:
- processo infeccioso na região do colo uterino;
- probabilidade de aborto espontâneo;
- risco ao contágio de DSTs (doenças sexualmente transmissíveis) — o organismo da mulher grávida fica mais exposto à contaminação dessas doenças;
- gravidez ectópica — esse tipo de gestação ocorre fora do útero, com maior frequência nas tubas uterinas.
Quando a secreção ocorre em grande volume e tem uma tonalidade escura relacionada com à presença de sangue, pode indicar alguma complicação, como o rompimento da bolsa d’água ou parto prematuro.
Perante o surgimento de corrimento escuro, a gestante deve buscar atendimento médico rapidamente. Geralmente, a realização de um exame de ultrassom é o suficiente para identificar algum problema na gestação.
Doenças e patologias relacionadas
Traumas no canal cervical devido a tumores pré-cancerosos que causam um pequenio fluxo de cor marrom.
As infecções sexualmente transmissíveis também podem causar uma secreção escura com mau cheiro, geralmente acompanhada de outros sintomas, como coceira e ardor dentro e ao redor da vagina.
A placenta prévia é uma condição que ocorre no terceiro trimestre e produz uma descarga de fluxo escura acompanhada de dor abdominal. Geralmente ocorre quando a placenta está muito baixa e os vasos da sua camada superior estão danificados.
Descarga de sangue subcorial inofensiva que se acumula abaixo da membrana da placenta até que a placenta se solte.
A tonicidade uterina pode causar sangramento leve quando o curso da gravidez é perturbado. Isso pode ocorrer quando a mulher faz sexo durante a gravidez, mesmo que o médico por algum motivo o contraindique, e como resultado pode levar a um aborto espontâneo.
A ameaça de aborto comum no primeiro trimestre também pode causar uma secreção escura. Nestes casos o médico indica repouso absoluto e a toma de alguns medicamentos.
Gravidez ectópica, tal como já referida no texto, é causada pela rejeição do óvulo, e, para além do fluxo escuro, pode também acompanhar náuseas, fraqueza, vômitos e dor abdominal.
Por fim, existe também a possibilidade desta coloração ser originada por danos na mucosa causados pela penetração no ato sexual ou por um exame vaginal realizado com um espéculo ou uma sonda vaginal.
Quando o corrimento marrom na gravidez é normal
Além dos casos já relatados, é igualmente normal que algumas mulheres grávidas notem a presença de um corrimento marrom depois da relação. No entanto, a secreção deve manter as características normais (aspecto translúcido e ausência de cheiro). Caso contrário, é necessário aconselhamento ginecológico. O mesmo acontece quando o corrimento é acompanhado pela manifestação de cólicas.
Vale ainda ressaltar que o aparecimento de um fluido amarronzado, claro e com vestígios sanguíneos (tipo borra de café) pode indicar a proximidade do parto. Essas características pertencem ao chamado tampão mucoso, uma espécie de obstrução natural da mulher à entrada de micro-organismos nocivos no útero. A liberação desse tampão é um dos sinais mais evidentes de que o feto está prestes a sair. Portanto, também é importante ter atenção a esse momento. Conheça todas as causas do corrimento marrom.
Tratamento para corrimento marrom na gravidez
A abordagem do tratamento dependerá da origem do problema. Se a causa estiver ligada à presença de bactérias, o médico a tratará com a adoção de remédios antibióticos. Os casos que envolvem fungos são tratados com a administração de antifúngicos para combater a espécie em questão.
Existem, obviamente, os quadros de corrimento que não são correlacionados a nenhuma patologia. Nestes casos basta a mulher repousar, ficando longe da realização de atividades que empreguem algum esforço extra.
Independentemente do caso, é conveniente seguir algumas medidas diárias, que podem prevenir a frequência excessiva de corrimentos, como:
- lavar as calcinhas somente com sabão neutro;
- priorizar o uso de peças íntimas soltas e com material 100% algodão;
- usar somente os sabonetes específicos (inclusive aqueles voltados à região vaginal) recomendados pelo médico;
- não aplicar amaciantes durante a lavagem das peças íntimas;
- evitar a lavagem excessiva da vagina, pois isso elimina a camada protetora natural da área.
Todas essas ações preservam a saúde da região vaginal, o que reduz o risco de infecções e, consequentemente, o desenvolvimento de secreções vaginais inesperadas.
Corrimento escuro pode ser sinal de gravidez?
Como se trata de algo comum no início da gestação, o corrimento escuro costuma ser, de fato, um dos sintomas da gravidez. É necessário, todavia, cautela da mulher em relação a isso. Basta lembrar que o corrimento pode ficar com uma aparência amarronzada devido à mistura entre a secreção e o sangue.
Nessas circunstâncias, o escurecimento é justificado por duas hipóteses. A primeira se refere ao aumento do fluxo de sangue no fim da menstruação. Já a segunda está ligada à redução do fluxo menstrual nesse mesmo período, o que deixa o volume sanguíneo mais denso e, portanto, mais turvo.
Como foi possível notar neste guia, existe mais de uma causa para o aparecimento de um corrimento escuro nesta fase. Cabe ao obstetra ou ginecologista executar todas as análises necessárias para descobrir a verdadeira origem do transtorno.
No que diz respeito à gestante, ela precisa ficar atenta a qualquer indício de alteração em seu organismo e, assim que possível, comunicar o médico sobre o assunto. A boa notícia é que, atualmente, a maior parte dos problemas pode ser tratado com sucesso, impedindo que a gravidez se torne arriscada para o feto e a mãe.
Ginecologista e Obstetra - CRM SP-119093
Dra Camille Vitoria Rocha Risegato - CRM SP nº 119093 é formada há 14 anos pela Fundação Técnico Educacional Souza Marques, Rio de Janeiro.
> Consultar CRM (Fonte: https://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_medicos&Itemid=59)
Dra Camille mudou-se para São Paulo onde realizou e concluiu residência médica em Ginecologia e Obstetrícia (RQE nº 25978) no Centro de Referência de Saúde da Mulher no Hospital Pérola Byington em 2007.
Em 2008 se especializou em Patologia do Trato Genital Inferior nesse mesmo serviço. Ainda fez curso de ultrassonografia em ginecologia e obstetrícia na Escola Cetrus.
Trabalha em setor público e privado, atendendo atualmente em seu consultório médico particular situado na Avenida Leoncio de Magalhães 1192, no bairro do jardim São Paulo, zona norte de São Paulo.
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