Saiba o que pode causar o Corrimento Esverdeado

Revisão Clínica: Drª Camille Rocha Risegato. Atualizado: 08/09/24

O corrimento esverdeado é uma secreção vaginal anormal, causada geralmente pela resposta inflamatória do organismo a uma infecção. As causas mais comuns de corrimento amarelo-esverdeado são a tricomoníase, a gonorreia, a clamídia, e a vulvovaginite, onde se inclui a vaginose bacteriana. Geralmente são acompanhadas de sintomas como coceira, erupções ao redor da vagina, dor ou desconforto ao urinar, sangramento vaginal entre os períodos e dor pélvica.

Continua depois da Publicidade

Corrimento Esverdeado

Mesmo que a mulher esteja em perfeitas condições de saúde, a vagina é um órgão que continuará liberando secreções. A mulher deve se preocupar apenas quando notar alguma anomalia na substância que for expelida através de suas partes íntimas. Um indício de que há algum problema é a formação de um corrimento esverdeado.

Nessas situações, a mulher deve sempre reparar em um conjunto de sinais. Além da coloração estranha, ela precisa observar se o corrimento causa irritação ou coceira na região vaginal. Em caso positivo, o risco de haver uma contaminação é bem considerável.

Normalmente, o quadro infeccioso abrange a vagina ou a vulva. No primeiro caso, as ocorrências mais comuns apontam para a ação do protozoário Trichomonas vaginalis. Este parasita está diretamente ligado à tricomoníase, uma doença sexualmente transmissível com alta taxa de incidência entre as mulheres. Caso a infecção abranja a vagina e a vulva ao mesmo tempo, a mulher pode estar com a chamada vulvovaginite.

Como há mais de uma possível causa, a mulher deve buscar orientação ginecológica assim que perceber algo incomum no seu típico corrimento vaginal. Para desconfiar de alguma irregularidade, é necessário que a mulher conheça muito bem o próprio corpo.

Principais Causas do Corrimento Esverdeado

Tricomoníase

Como é facilmente transmissível via contato genital, a tricomoníase é uma patologia que integra o grupo das DSTs. Essa contaminação costuma gerar os seguintes sintomas:

  • odor extremamente desagradável — semelhante ao cheiro de peixe em decomposição;
  • sensações dolorosas durante a atividade sexual com penetração peniana;
  • coceira insistente na área da vagina;
  • ardência na região genital;
  • aumento da quantidade de idas ao banheiro para urinar;
  • profunda desconforto durante a saída da urina.

Para tratar adequadamente todos esses sintomas, é necessário a utilização de substâncias antibióticas. Um bom exemplo é o tinidazol, composto que age no combate de protozoários. Visando a completa eficácia medicamentosa, as pacientes precisam usar os remédios por até 1 semana. Geralmente, é necessário consumir as substâncias 2 vezes ao longo do dia.

Gonorreia ou clamídia

É bastante comum que as mulheres com tricomoníase também tenham uma infecção concomitante por gonorreia ou clamídia. Tanto uma como outra são infecções sexualmente transmissíveis que a mulher pode contrair se tiver relações vaginais, anais ou orais desprotegidas com alguém que tenha clamídia ou gonorreia.

Tal como a tricomoníase, a maioria das mulheres com clamídia ou gonorreia não apresenta sintomas. Os principais indícios de infecção são, sensação de ardor ao urinar, secreção do pênis (em homens) aumento do corrimento (corrimento branco, amarelo ou verde), dor durante a relação, ou sangramento entre a menstruação.

O tratamento recomendado geralmente é a terapia com antibióticos (ceftriaxona ou cefixima) administrados por injeção, ou a azitromicina, tomado em forma de comprimido.

Se não for tratada, a gonorreia ou a clamídia podem levar a sérios problemas de saúde, incluindo a doença inflamatória pélvica, que pode causar danos permanentes no sistema reprodutivo, levando por vezes à incapacidade da mulher engravidar ou à gravidez ectópica. Saiba mais sobre esta complicação da gravidez aqui.

Vulvovaginite

Esta doença é caracterizada por uma inflamação dupla. Além da própria vulva, esse processo inflamatório incide sobre a camada que recobre a vagina. Trata-se, portanto, de um quadro concomitante de uma vaginite com vulvite.

No caso da vulvovaginite, esses são os sintomas particulares manifestados pela infecção:

  • vermelhidão na região vaginal;
  • inflamações na genitália;
  • ardência durante a liberação de urina;
  • odor fétido;
  • sensação de coceira.

Essa variedade de infecção pode ter sua causa atrelada a uma origem fúngica, bacteriana ou viral — além da presença de outros agentes nocivos ao organismo. Ela pode ainda se relacionar a mudanças nas concentrações de hormônios.

Continua depois da Publicidade

Em certas pacientes, o problema é provocado pelo contato com compostos alérgicos, como certos cremes, loções pós-banho, colônias de perfumes e desodorantes íntimos. Na última hipótese, a consequência se limita às mulheres que sejam sensíveis a alguns elementos das fórmulas desses produtos.

A vulvovaginite é tratada mediante o uso de medicamentos com ações anti-histamínica, fúngica ou biótica. No último caso, trata-se dos antibióticos, que inibem a atividade e proliferação de micro-organismos nocivos ao corpo.

A escolha de uma categoria de medicamentos em detrimento de outra oscila conforme a procedência da infecção. Se a paciente estiver com uma vulvovaginite de origem alérgica, por exemplo, o uso de antibióticos pode ser desnecessário. Geralmente, o tratamento consiste na adoção de anti-histamínicos.

Vulvovaginite de origem bacteriana

Nesses casos, as terapias consistem no uso de antibióticos orais. Dentre os mais recomendados, destaque para a amoxicilina. A depender da avaliação médica, pode ser necessário o uso concomitante de medicamentos tópicos. Ocasionalmente, algumas soluções também podem ajudar na eliminação das bactérias.

Vulvovaginite de origem fúngica

Uma das infecções fúngicas mais recorrentes se deve ao fungo Candida albicans, responsável por provocar a conhecida candidíase. Em se tratando de uma infecção simples, o tratamento é medicamentoso e por via oral. Entre as opções mais usadas está o cetoconazol.

A efetividade deste remédio pode ser amplificada pela adoção de medicamentos de uso tópico, como o clotrimazol, aplicado diretamente na vagina. No entanto, alguns ginecologistas podem prescrever um tratamento baseado apenas na introdução de óvulos vaginais.

Existem também os quadros de candidíase mais graves. Nestes casos, além dos remédios orais (consumidos por longos períodos) a mulher pode ser submetida a:

  • uso de nistatina na área da vagina;
  • banhos íntimos com bicarbonato de sódio;
  • utilização de probióticos — o intuito dessas substâncias é dificultar possíveis reincidências da infecção.

Vulvovaginite de origem viral

Os vírus em questão são: o HPV (papiloma vírus humano) e a herpes. Ambos são transmitidos após o contato entre membranas mucosas, principalmente aquelas situadas nos órgãos genitais. Para combater os agentes infecciosos, é necessário prescrever antivirais.

Estou grávida e tenho secreções esverdeadas, o que devo fazer?

Durante a gravidez, o corpo da mulher passa por muitas mudanças, uma delas inclui o corrimento. Nestes casos, nunca se autodiagnostique. Procure sempre o ginecologista.

O corrimento verde durante a gravidez indica qualquer uma das possíveis causas já discutidas acima, e outras duas que incluem, infecções do trato urinário (ITU) e, ocasionalmente, líquido amniótico.

Infecção do trato urinário: durante a gravidez a mulher está mais suscetível a infecções. À medida que o útero cresce e vai pressionando os ureteres (duto pelo qual a urina passa do rim para a bexiga), faz com que a urina se vá acumulando na bexiga, causando em alguns casos, infecções (do trato urinário ou da bexiga).

Portanto fique atenta! Secreção verde, juntamente com um odor desagradável e/ou uma sensação de ardor ao urinar são também sintomas comuns de infecções do trato urinário.

Tratamento Caseiro para o Corrimento Esverdeado

Por fim, algumas medidas caseiras (R) podem ser utilizadas como paliativos contra o corrimento vaginal esverdeado e evitar ocorrências futuras. Essas ações se referem a alguns importantes hábitos de higiene, como:

  • lavar a região da vagina com água tépida, a fim de se amenizar as crises de coceira no local — um bom substituto da água é o chá de goiabeira;
  • lavar a área afetada com água corrente ao longo do dia — recomenda-se repetir o procedimento 2 vezes (em meio às 24 horas) e realizá-lo sem o uso de qualquer produto químico, como sabonetes.
  • para aliviar a coceira ou o inchaço, use uma compressa fria como um bloco de gelo envolto em uma toalha.
  • Limite o uso de duchas vaginais e uso de sabonetes perfumados para restaurar o equilíbrio do ph da região íntima. (R)
  • Use sempre preservativo durante a relação para prevenir infecções sexualmente transmissíveis.

Outro hábito que merece menção se relaciona à seleção das roupas íntimas. A mulher com infecção vaginal deve evitar os tecidos confeccionados com materiais sintéticos. Mesmo que a peça seja 100% algodão, é preciso atenção para não usar roupas muito ajustadas à virilha e à vagina.

Por fim, é bom lembrar que os corrimentos são alertas emitidos pelo organismo a respeito de anomalias internas. Daí a importância da mulher ficar atenta a qualquer sinal de corrimento esverdeado. Na dúvida, é preciso se consultar com um ginecologista o mais rapidamente possível. Entenda o significado de cada cor de Corrimento Vaginal clicando aqui.

Nota: Este conteúdo, desenvolvido com a colaboração de profissionais médicos licenciados e colaboradores externos, é de natureza geral e apenas para fins informativos e não constitui aconselhamento médico. Este Conteúdo não pretende substituir o aconselhamento médico profissional, diagnóstico ou tratamento. Consulte sempre o seu médico ou outro profissional de saúde qualificado sobre a sua condição, procedimento ou tratamento, seja um medicamento prescrito, de venda livre, vitamina, suplemento ou alternativa à base de ervas.
Autores
Drª Camille Rocha Risegato

Ginecologista e Obstetra - CRM SP-119093

Dra Camille Vitoria Rocha Risegato - CRM SP nº 119093 é formada há 14 anos pela Fundação Técnico Educacional Souza Marques, Rio de Janeiro.

> Consultar CRM (Fonte: https://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_medicos&Itemid=59)

Dra Camille mudou-se para São Paulo onde realizou e concluiu residência médica em Ginecologia e Obstetrícia (RQE nº 25978) no Centro de Referência de Saúde da Mulher no Hospital Pérola Byington em 2007.

Em 2008 se especializou em Patologia do Trato Genital Inferior nesse mesmo serviço. Ainda fez curso de ultrassonografia em ginecologia e obstetrícia na Escola Cetrus.

Trabalha em setor público e privado, atendendo atualmente em seu consultório médico particular situado na Avenida Leoncio de Magalhães 1192, no bairro do jardim São Paulo, zona norte de São Paulo.

Também pode encontrar a Dra Camille no Linkedin, Facebook e Instagram

.

Bibliografia
A informação foi útil? Sim / Não

Ajude-nos a melhorar a informação do Educar Saúde.

Encontrou um erro? Está faltando a informação que está procurando? Se ficou com alguma dúvida ou encontrou algum erro escreva-nos para que possamos verificar e melhorar o conteúdo. Não lhe iremos responder diretamente. Se pretende uma resposta use a nossa página de Contato.


    Nota: O Educar Saúde não é um prestador de cuidados de saúde. Não podemos responder a questões sobre a sua saúde ou aconselhá-lo/a nesse sentido.
    Última atualização da página em 08/09/24