A placenta é um órgão que se forma no útero durante a gestação com a finalidade de sustentar e nutrir o feto. Da placenta vem o cordão umbilical que liga a mãe ao bebê. Através do cordão umbilical, a placenta fornece ao bebê nutrientes vitais e sangue rico em oxigênio. A placenta é também responsável pela remoção de resíduos do sangue do bebê, enviando-os para a corrente sanguínea da mãe. É por essa razão que qualquer problema relacionado à placenta deve ser estudado com o máximo cuidado.
Descolamento prematuro da placenta
O que é? É uma complicação incomum, mas grave da gravidez. Consiste na separação da placenta da parede uterina antes ou durante o parto, que pode causar hemorragias significativas na mãe, ao mesmo tempo que falha em cumprir toda ou parte da sua importante tarefa, já que a falta de placenta pode significar a falha de oxigênio e nutrientes para o feto. Portanto, é muito importante que o evento seja tratado imediatamente, geralmente através de uma cesariana de emergência.
Existem várias causas que levam a esse descolamento, que afeta uma em cada 120 gestações e, dependendo do grau de descolamento, pode ser mais ou menos grave. É um problema muito raro, ocorrendo em apenas 0,4 a 3,5% de todos os partos. Geralmente ocorre durante o terceiro trimestre da gravidez.
É a primeira causa de morte fetal durante o terceiro trimestre de gravidez, mas se for diagnosticada precocemente, o futuro bebê pode ser controlado em todos os momentos por ultra-som . A complicação também pode ser muito grave para a gestante.
Quais são as causas
As causas concretas para o descolamento são desconhecidas, embora em muitos casos estejam associadas a traumatismos diretos do útero, devido a um forte impacto. O fato de o cordão umbilical ser curto ou haver uma perda rápida de líquido amniótico também pode ser a causa para o problema.
Há uma série de fatores com os quais o descolamento da placenta também está associado, como a pressão alta, tabagismo, gravidez múltipla, malformações no útero, idade avançada da mãe ou a presença de diabetes. A mulher ter tido mais de dois filhos também parece ser um indicador de maior chance de ter um descolamento. No entanto, por vezes o problema icorre sem nenhuma das causas indicadas acima.
Outras causas e fatores de risco para o descolamento prematuro da placenta incluem:
- Trauma no abdômen, seja de queda ou acidente de carro.
- Cordão umbilical curto.
- Perda rápida de líquido amniótico.
- Ter tido um descolamento na gravidez anterior.
- Hipertensão, seja crônica ou gestacional.
- É mais comum em mulheres que abusam de substâncias tóxicas, como álcool, cocaína (ou outras drogas) e tabaco.
- Ruptura prematura da bolsa com a consequente perda de líquido amniótico.
- Distúrbios na coagulação sanguínea.
- Número elevado de gestações anteriores: quanto mais gestações, maior o risco de descolamento da placenta.
- Idade da mãe: a partir dos 35 anos, o descolamento é mais comum.
Geralmente ocorre durante o terceiro trimestre da gravidez, embora possa ocorrer a qualquer momento após 20 semanas de gestação. A separação da placenta pode ser parcial ou completa, e sua gravidade depende do nível de distanciamento e idade gestacional do bebê.
Como saber se é descolamento da placenta
Existem uma série de sintomas que podem indicar uma probabilidade elevada de descolamento prematuro da placenta, são eles: sangramento vaginal, dor abdominal, contracções uterinas contínuas e rápidas, mal-estar, náuseas, movimentos menores do feto, sangue no líquido amniótico, ou hemorragia no pós-parto.
A hemorragia entre a parede uterina e a placenta é o que produz o descolamento: o coágulo que se forma fica cada vez maior, “despegando” cada vez mais uma da outra. Esta hemorragia pode causar cólicas ou dor abdominal leve.
Outros sintomas incluem:
- Sangramento vaginal: a quantidade de sangue não corresponde necessariamente à quantidade de placenta solta, pode até não haver sangramento vaginal visível.
- Dor nas costas repentina
- Sensibilidade no útero.
Para identificar o descolamento são realizadas ultrassonografias abdominais e vaginais, assim como uma monitoração fetal ou ultra-som. Realiza-se também um exame de sangue completo através de hemograma e verifica-se o nível de fibrinogênio, tempo de tromboplastina parcial, contagem de plaquetas e tempo de protrombina.
Grau de gradidade
Dependendo do índice de separação da placenta da parede uterina, determinam-se diferentes níveis de gravidade:
Grau 0: não há sintomas e o descolamento apenas é diagnosticado após o parto.
Grau 1: com pouco sangramento e com poucas contrações uterinas. O feto não é afetado. Este é o mais frequente.
Grau 2: há mais contrações uterinas e ocorre sangramento moderado. O aumento da frequência cardíaca do feto também pode ser um indicador.
Grau 3: ocorre no caso em que a placenta se separa completamente da parede uterina, embora seja muito raro. Há sangramento muito intenso acompanhado de contrações uterinas contínuas. Nestes casos é necessário realizar uma cesariana para salvar o bebê que, nos casos em que ainda não está suficientemente desenvolvido, pode vir a morrer. Essa situação conta com uma probabilidade baixa, e ocorre apenas em um de cada 750 casos.
Como é feito o tratamento
Nos primeiros graus, se o descolamento for leve e não é grave, geralmente apenas é recomendado repouso. Quando a separação da placenta da parede uterina torna-se maior e não é possível que seja reimplantada, geralmente recomenda-se realizar um parto precoce, para que o feto sofra o menor dano possível. No caso de o feto não estar suficientemente desenvolvido, podem ser prescritos alguns remédios para ajudar a completar o seu desenvolvimento.
Durante o tratamento, pode ser necessária uma transfusão de sangue e, se a perda for muito elevada, realiza-se uma histerectomia. A histerectomia evita o sangramentos mortal, mas, por outro lado, impede que a mulher engravide novamente.
Uma vez que é possível que o descolamento se repita numa nova gravidez em mulheres que já tiveram um parto anterior, nessas situações pode ser realizado um estudo das trombofilias. Caso sejam detectados trombos, podem ser administrados anticoagulantes para evitar que o descolamento ocorra novamente.
Riscos
Quando é identificado a tempo, o descolamento prematuro da placenta pode não ter grandes consequências. No entanto, se ocorrer um nascimento prematuro, existem riscos inerentes que se agravam quanto mais cedo o nascimento ocorrer:
- Dificuldades respiratórias se os pulmões do bebê ainda não atingiram a maturidade.
- Dificuldade em se alimentar e digerir alimentos
- Problemas de visão
- Atrasos no desenvolvimento físico, emocional e cognitivo.
- Se o descolamento parcial não for identificado a tempo, o fluxo inconsistente de nutrição e oxigênio para o bebê pode causar atrasos no seu desenvolvimento, estagnação o crescimento ou levar o bebê a nescer abaixo do peso.
- Nos casos de descolamento total que não são tratados a tempo, o bebê está em risco de morte por falta de oxigênio e nutrição.
Quanto à mãe, o descolamento prematuro da placenta pode obrigar a:
- Transfusões de sangue se o sangramento for excessivo.
- Em casos extremos – e raros – o sangramento grave pode levar à necessidade de uma histerectomia, que é a remoção do útero.
Ginecologista e Obstetra - CRM SP-119093
Dra Camille Vitoria Rocha Risegato - CRM SP nº 119093 é formada há 14 anos pela Fundação Técnico Educacional Souza Marques, Rio de Janeiro.
> Consultar CRM (Fonte: https://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_medicos&Itemid=59)
Dra Camille mudou-se para São Paulo onde realizou e concluiu residência médica em Ginecologia e Obstetrícia (RQE nº 25978) no Centro de Referência de Saúde da Mulher no Hospital Pérola Byington em 2007.
Em 2008 se especializou em Patologia do Trato Genital Inferior nesse mesmo serviço. Ainda fez curso de ultrassonografia em ginecologia e obstetrícia na Escola Cetrus.
Trabalha em setor público e privado, atendendo atualmente em seu consultório médico particular situado na Avenida Leoncio de Magalhães 1192, no bairro do jardim São Paulo, zona norte de São Paulo.
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- Ananth, Cande V., y Wilcox, Allen J. Placental Abruption and Perinatal Mortality in the United States.
- American Journal of Epidemiology. (2001) 153(4):332-337.
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