Desconforto Vaginal e Vulvar: Lubrificantes, Hidratantes, Estrogênio Vaginal e Efeitos Colaterais Sexuais da Menopausa

Revisão Clínica: Drª Camille Rocha Risegato. Atualizado: 08/09/24

Saiba mais sobre alguns dos problemas sexuais existentes na menopausa e como alcançar o total conforto vaginal e vulvar através de lubrificantes, hidratantes e estrógenos vaginais de baixa dose.

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A Sociedade Norte Americana da Menopausa (NAMS) fornece algumas dicas e recursos para a mulher compreender os efeitos colaterais sexuais da menopausa e outros sintomas associados.

Desconforto Vaginal E Vulvar, Lubrificantes, Hidratantes, Estrogênio Vaginal

Se sofre de irritação ou desconforto vulvar, a primeira coisa que deverá fazer será interromper a utilização de sabonetes nas regiões internas da vulva, devendo apenas utilizar água, o que será o suficiente para a limpeza da região íntima.

Para além disso, recomenda-se que não utilize papel higiénico perfumado e amaciadores para a roupa, devendo também evitar sempre lavar a sua roupa interior com detergentes perfumados.

A aplicação de loções nas partes internas da vulva também deverá ser evitada.

A desidratação vaginal associada à menopausa tende a originar dor e desconforto durante a relação sexual, podendo, também, resultar na dificuldade em atingir excitação sexual.

Existem diversos tratamentos tópicos disponíveis para a resolução do problema, entre eles opções que não requerem prescrição, como é o caso de lubrificantes e hidratantes vaginais, bem como medicamentos sujeitos a receita médica, entre eles terapia de reposição de estrogênio em formato tópico (cremes, pomadas).

Exemplos de produtos comummente usados: hidratantes, lubrificantes e estrogênio vaginal

Lubrificantes Vaginais:

À base de água: Astrogilide; FemGlide; Just Like Me; K-Y Jelly; Pre-Seed; Slippery Stuff; Summer’s Eve.

À base de silicone: ID MIllennium; Pink; Pure Pleasure.

À base de óleo (evite): Óleo mineral; Elegance Woman’s.

Hidratantes Vaginais:

Fresh Start; K-Y Silk; Moist Again; Replens; K-Y Liquibeads.

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Estrogênio Vaginal:

Vagifem (comprimido vaginal); Estrace (creme); Premarin (creme); Neo- Estrone (creme); Estring (anel vaginal).

Os lubrificantes e hidratantes são eficazes no alivio da dor durante o ato sexual em muitas mulheres de meia idade que sofrem de secura vaginal leve ou moderada, por isso estes produtos constituem um bom ponto de partida.

Estes produtos revelam-se particularmente indicados para mulheres que não estejam elegíveis para terapias de reposição de estrogênio.

Caso experiencie secura vaginal mais severa, bem como dores associadas, ou caso os lubrificantes e hidratantes não surtam o efeito pretendido, o recomendado é procurar aconselhamento junto do seu médico, uma vez que este desconforto pode constituir a manifestação de problemas de saúde mais sérios.

Desconforto Vaginal Como Dor E Ardor Pode Causar Problemas No Relacionamento Do Casal

Ao consultar o seu médico poderá discutir a possibilidade de utilização de estrogênio vaginal de baixa dosagem. Estes produtos fornecem estrogénio directamente para a vagina, evitando a absorção em excesso do mesmo por parte de outras regiões do corpo.

Isto ajudará a restaurar a espessura e flexibilidade do tecido vaginal.

Adicionalmente, estes passos contribuirão, também, para prevenir o desenvolvimento de outros problemas de carácter sexual, como é o caso da intensificação da dor durante o ato, vaginismo e dificuldades em atingir a excitação ou o orgasmo.

Estes são problemas que podem contribuir para o desenvolvimento de dores crónicas durante a relação sexual.

Os lubrificantes vaginais reduzem o atrito associado ao tecido vaginal fino e seco.

Estão disponíveis em formato de líquido ou gel, e são aplicados diretamente na vagina e na vulva antes do ato sexual.

Caso pretenda, também poderá aplicá-lo sobre o pénis do parceiro.

Os lubrificantes genitais constituem produtos de acção imediata e não são absorvidos pela pele, oferecendo um alívio temporário das dores associadas à secura vaginal.

Estes produtos são particularmente indicados para mulheres de meia idade cuja secura vaginal represente um problema única ou primariamente durante o acto sexual.

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Existe uma vasta diversidade de lubrificantes disponíveis no mercado, sejam eles à base de água, óleo ou silicone.

Os lubrificantes à base de água têm a vantagem de não deixar nódoas.

Já os lubrificantes à base de óleo, como é o caso de vaselina e óleo de bebé, devem ser sempre evitados, uma vez que podem dar origem a irritações vaginais e são conhecidos por comprometer a integridade do preservativo, aumentando assim o risco de transmissão de doenças.

No entanto, se o preservativo for de poliuretano, o lubrificante à base de óleo não o danificará.

Lubrificantes Vaginais de “aquecimento”

Lubrificante Vaginal Zestra

A maior parte dos lubrificantes vaginais tem como objectivo atuar como uma solução temporária para a secura vaginal, facilitando assim a penetração e reduzindo a dor e o desconforto durante o acto sexual.

No entanto, também existem lubrificantes vaginais destinados à intensificação do prazer sentido durante o coito.

Estes lubrificantes provocam uma sensação de calor na pele, que é desencadeada por ingredientes como a capsaicina (componente activo das pimentas) e o mentol.

Estudos constataram que o Zestra, um dos lubrificantes deste tipo, apresenta a capacidade de maximizar o prazer retirado da penetração.

No entanto, ainda que algumas mulheres consigam retirar sensações de prazer da utilização destes produtos, também há aquelas que relatam a ocorrência de dores e irritação

Hidratantes Vaginais

Hidratantes Vaginais

Tal como os lubrificantes, os hidratantes conseguem reduzir a dor causada durante o acto sexual, como resultado da atrofia vaginal.

Adicionalmente, e ao contrário dos lubrificantes, os hidratantes são absorvidos pela pele, e conseguem também aderir ao revestimento vaginal de modo a simular as secreções naturais do aparelho sexual.

Os efeitos dos hidratantes também tendem a ser de maior duração, podendo prolongar-se até 4 dias caso o hidratante seja aplicado regularmente.

Alguns hidratantes vêm acompanhados de um aplicador que facilita a colocação do produto na vagina.

Uma vez que os hidratantes preservam a humidade e acidez vaginal (pH ácido), revelam-se particularmente vantajosos para mulheres de meia idade que sofrem com sintomas de secura vaginal (irritação e ardor) que não estejam apenas associados à atividade sexual.

Há mulheres que conjugam a utilização de hidratantes com a utilização de lubrificantes durante o sexo, caso se revele necessário.

É importante que experimente diversos produtos de modo a determinar qual o mais indicado para si.

Conheça a Diferença entre Lubrificantes e Hidratantes Vaginais

Terapia de reposição de estrogênio vaginal

Terapia De Reposição De Estrogênio Para Tratamento Do Desconforto Vaginal

Produtos de estrogênio destinados à aplicação vaginal têm demonstrado a capacidade de restaurar o fluxo sanguíneo vaginal, promovendo assim uma boa elasticidade e grossura do tecido vaginal em mulheres na perimenopausa e pós-menopausa.

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Ao contrário dos hidratantes e lubrificantes, que constituem apenas uma solução temporária, estes produtos ajudam mesmo a reverter o desbaste e secura vaginais, representando assim o tratamento mais indicado para mulheres que não conseguem retirar resultados suficientemente satisfatórios de lubrificantes e hidratantes e cujos sintomas de atrofia vaginal exercem um impacto negativo nas suas qualidades de vida.

Mulheres que precisem de amenizar outros sintomas da menopausa, como é o caso de calores e suores nocturnos, poderão recorrer a uma terapia hormonal de alta dosagem, o que contribuirá para o aumento de estrogénio por todo o corpo.

No entanto, mulheres que não sofram destes sintomas deverão ficar-se pelo estrogênio vaginal, uma vez que desta forma o estrogénio será concentrado na zona pretendida em vez de ser absorvido pelas restantes zonas do corpo.

O estrogénio vaginal também tem a vantagem de actuar mais rapidamente do que as pílulas hormonais no tratamento da atrofia vaginal.

De modo a evitar efeitos colaterais noutras regiões do corpo, o estrogênio deverá ser utilizado em doses reduzidas.

Caso já tenha sofrido de câncer de mama, é importante mencionar este facto ao seu médico antes de iniciar a utilização de qualquer tipo de estrogênio, de forma a que se possa avaliar correctamente todos os benefícios e riscos associados a este tratamento.

O estrogénio vaginal de baixa dosagem é bastante eficaz no tratamento de dores relacionadas com a atrofia vaginal, com 93% das mulheres a relatar melhorias significativas, e entre 57% e 75% a relatar a recuperação total do desconforto durante o ato sexual.

Os benefícios resultantes do estrogênio vaginal costumam verificar-se algumas semanas após o inicio do tratamento. Em casos mais severos, poderá ser necessário esperar alguns meses.

Este Estrogênio encontra-se disponível em diversos formatos, estando todos eles sujeitos a receita médica:

Cremes vaginais

– Cremes vaginais são aplicados em quantidades reduzias (0.5-1.0 g), 2 a 3 vezes por semana. Entre estes produtos podemos encontrar nomes como Colpotrofine, Premarin, Estrace, Estragyn, Oestrilin, Neo-Estrone, Estring, Femring, Ortho Dienestrol e Vagifem.

Recomenda-se que não utilize estes produtos como lubrificante antes do acto sexual, uma vez que o estrogênio pode ser absorvido pela pele do seu parceiro.

Anel Vaginal

Anel De Estrogênio

– Anéis vaginais de baixa dosagem (Estring) são inseridos na vagina e utilizados durante 3 meses até serem retirados e substituídos.

Estes anéis não precisam de ser removidos antes do sexo e têm como único propósito tratar problemas relacionados com secura vaginal.

É importante não confundir este produto com o Femring, anel que liberta doses mais elevadas de estrogênio de modo a tratar sintomas de menopausa.

Comprimidos Vaginais

Comprimidos Vaginais Vagifem

– Comprimidos vaginais, como o Vagifem (10 mcg/18 unidades/Preço: 22.6 €/ usado no tratamento da vaginite atrófica e uretrite atrófica), são colocados na vagina duas vezes por semana, com o auxílio dos dedos ou de um aplicador (recomendado).

Para muitas mulheres este método é mais prático e limpo do que a utilização de cremes.

Todas as formas de estrogênio vaginal apresentam níveis semelhantes de eficácia, geralmente com poucos efeitos secundários associados, ainda que as reacções possam variar consideravelmente de mulher para mulher.

A escolha do formato pretendido poderá ser feita com base em factores como preferência pessoal, preço e aconselhamento médico.

Caso a terapia de reposição de estrogénio vaginal seja o tratamento mais indicado para si, poderá complementá-lo, também, com a utilização de lubrificantes e hidratantes, caso seja mesmo necessário.

Depois desta terapia ter corrigido o problema, é possível interrompê-la e utilizar apenas hidratantes e lubrificantes não hormonais.

No entanto, de modo a preservar os benefícios, é importante dar continuidade à prática regular de sexo vaginal.

Teste o seu pH vaginal: Mantenha a sua Vagina com um pH ligeiramente ácido e livre de bactérias hostis. Um desequilíbrio no pH vaginal, muitas vezes resulta em prurido ou irritação na região íntima.

Continua » 6 Remédios Caseiros para Equilibrar o pH da Vagina e Prevenir uma Vaginite

Nota: Este conteúdo, desenvolvido com a colaboração de profissionais médicos licenciados e colaboradores externos, é de natureza geral e apenas para fins informativos e não constitui aconselhamento médico. Este Conteúdo não pretende substituir o aconselhamento médico profissional, diagnóstico ou tratamento. Consulte sempre o seu médico ou outro profissional de saúde qualificado sobre a sua condição, procedimento ou tratamento, seja um medicamento prescrito, de venda livre, vitamina, suplemento ou alternativa à base de ervas.
Autores
Drª Camille Rocha Risegato

Ginecologista e Obstetra - CRM SP-119093

Dra Camille Vitoria Rocha Risegato - CRM SP nº 119093 é formada há 14 anos pela Fundação Técnico Educacional Souza Marques, Rio de Janeiro.

> Consultar CRM (Fonte: https://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_medicos&Itemid=59)

Dra Camille mudou-se para São Paulo onde realizou e concluiu residência médica em Ginecologia e Obstetrícia (RQE nº 25978) no Centro de Referência de Saúde da Mulher no Hospital Pérola Byington em 2007.

Em 2008 se especializou em Patologia do Trato Genital Inferior nesse mesmo serviço. Ainda fez curso de ultrassonografia em ginecologia e obstetrícia na Escola Cetrus.

Trabalha em setor público e privado, atendendo atualmente em seu consultório médico particular situado na Avenida Leoncio de Magalhães 1192, no bairro do jardim São Paulo, zona norte de São Paulo.

Também pode encontrar a Dra Camille no Linkedin, Facebook e Instagram

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    Última atualização da página em 08/09/24