O que é? A palavra ‘desnutrição’ costuma estar diretamente associada a países subdesenvolvidos. Entretanto, é importante ter em mente que a desnutrição está presente em todo lugar, afetando qualquer tipo de pessoa – até aquelas de porte físico mais robusto.
Podemos caracterizar como desnutrição a perda de nutrientes essenciais ao corpo humano, além das calorias. Entre os nutrientes específicos, podemos citar a glicose, a vitamina A, as proteínas, o ferro, o zinco e o iodo.
Responsável por 1/3 das mortes infantis a cada ano, a desnutrição é conhecida por causar diversos problemas ao indivíduo. É muito comum que se apresente problemas de crescimento, neurológicos e psicológicos. Se não tratada, ela pode ser letal.
Tipos
A desnutrição pode ser classificada tanto quanto ao seu grau – leve, moderada ou grave – como de acordo com o tipo de nutriente deficitário no organismo. Quanto a isso, podemos dividi-la em:
Marasmo
Outro nome dado a esse tipo de desnutrição é desnutrição seca. Em quadros como esse, o indivíduo começa a sentir uma forte perda de energia, causada justamente pela falta de glicose no corpo.
Quando não consumimos carboidratos e lipídios – ou consumimos pouco – o nosso corpo não tem fontes para serem convertidas em glicose, a principal forma de obtenção de energia. Mesmo que não deixemos de ingerir outros nutrientes, a ausência de carboidratos e lipídios faz com que a reserva lipídica e energética presente no organismo seja insuficiente para nos manter em boas condições.
Quando o marasmo alcança seus extremos, diz-se que o paciente se encontra em inanição, ou seja, extremamente enfraquecido.
Kwashiorkor
Segundo o idioma de Gana, Kwashiorkor significa ‘’Doença do filho mais velho’’, já que quando outro bebê nascia, o primeiro filho era desmamado e passava a ser alimentado apenas com carboidratos. Com a falta de outros nutrientes e vitaminas, a probabilidade da criança manifestar – em um futuro não tão distante – problemas de saúde era altíssima.
Também conhecida como desnutrição molhada e, assim como no caso do bebê, a pessoa vítima desse tipo de condição apresenta vitaminas e proteínas em quantidades insuficientes para desempenhar suas funções corretamente.
Marasmo-Kwashiorkor
Talvez a forma mais severa da doença, a Marasmo-Kwashiorkor também atende pelo nome de desidratação mista. Pelo nome, é possível ter uma pequena noção da dimensão do problema.
Além de sofrer com a falta de carboidratos e lipídios, o indivíduo passa a ser afetado também pela falta de proteínas e vitaminas, não restando quase nenhum tipo de nutriente em seu corpo. Sendo assim, esse pode ser considerado o tipo mais severo da doença.
Classificação
Agora, a desnutrição será classificada de acordo com duas categorias. Veja:
Desnutrição primária
A desnutrição primária está integralmente ligada aos hábitos alimentares do indivíduo. Uma dieta inadequada é incapaz de nos transmitir todos os nutrientes que o nosso organismo precisa.
Desnutrição secundária
Ao contrário da primária, a desnutrição secundária é causada por fatores extrínsecos à alimentação. De modo geral, o problema está ligado a parasitoses e a outras doenças que dificultam a absorção de nutrientes dos alimentos ingeridos.
Causas
As causas desse problema são variadas, assim como os diferentes tipos de desnutrição existentes. Algumas delas são:
Dieta pobre em nutrientes
Comer pouco não é sinônimo de desnutrição. Uma pessoa que consome muito mais carboidrato – contido em pães, massas, refrigerantes e salgadinhos – do que outros nutrientes pode sofrer com essa condição.
Da mesma forma que a desnutrição pode atingir pessoas magras, ela também pode atingir pessoas gordas. A Kwashiorkor é um exemplo disso — vitaminas e proteínas são compostos quase que inexistentes na alimentação de certas pessoas.
Distúrbios alimentares
Os distúrbios alimentares são, de longe, uma das principais causas da desnutrição. A pressão que a sociedade exerce sobre o padrão de beleza tem propiciado distúrbios alimentares cada vez mais frequentes entre os jovens. A bulimia nervosa, a anorexia nervosa e a ortorexia são, talvez, os mais famosos.
Na tentativa de emagrecer, o indivíduo passa a consumir uma quantidade irrisória de comida, chegando até a parar de se alimentar por completo, em alguns casos. Consequentemente, a absorção de nutrientes se torna nula.
Parasitas
As parasitoses também merecem ganhar um lugar de destaque. Afinal, elas costumam afetar grande parte da população.
Certamente, já ouviu falar sobre a Taenia solium, conhecida por solitária, e sobre a Ascaris lumbricoides, a qual atende pelo nome de lombriga. De acordo com a biologia, ambas são classificadas como vermes, ou se preferir, parasitas.
Em tese, parasitas como esses se alojam na região intestinal e ali permanecem, botando seus ovos e se alimentando do mesmo alimento que a pessoa hospedeira. O resultado desse processo é a diminuição da absorção dos nutrientes.
Problemas de saúde mental
Condições como depressão, demência , esquizofrenia , anorexia nervosa e bulimia, podem levar à desnutrição.
Alergias a alimentos
A alergia a certos alimentos pode levar o indivíduo a desenvolver disfunções gastrointestinais, prejudicando a absorção de nutrientes.
Gastroenterite
A gastroenterite é uma inflamação e infecção do trato intestinal. O princípio do problema é quase o mesmo: a dificuldade em absorver proteínas, carboidratos, lipídios, vitaminas e glicose.
Algumas doenças, como a gastroenterite, podem favorecer o surgimento de desidratação secundária. O enfermo continua se alimentando normalmente, mas substâncias preciosas para o organismo acabam eliminadas.
Diarreia
Mais uma condição ligada às causas intestinais. Assim como ocorre na gastroenterite, se não tratada a diarreia pode levar à perda excessiva de nutrientes. O resultado é uma desnutrição severa.
Câncer
O câncer é capaz de interferir em diversas funções vitais do corpo humano. Em estágio terminal, o câncer pode fazer com que o paciente manifeste um tipo de desnutrição denominado caquexia.
Com a modificação do metabolismo devido ao tumor, os músculos e as demais reservas lipídicas são consumidas rapidamente.
Infelizmente, nem uma boa alimentação pode reverter o quadro. O estado é tão crítico que o paciente necessita receber todos os nutrientes perdidos por via intravenosa. Mesmo com cuidados, aproximadamente 20% das mortes de portadores de câncer estão relacionadas com a caquexia.
Baixa ingestão de alimentos
Pode ser causado devido aos sintomas de uma doença, por exemplo, a disfagia, quando é difícil de engolir. Por vezes a dentaduras mal ajustadas também podem contribuir para o problema.
Fatores de risco de desnutrição
Agora que você já sabe quais as possíveis causas do problema, fica muito mais fácil entender os fatores de risco. São eles:
Má alimentação
Quando não nos alimentamos corretamente, nós deixamos o corpo à mercê de doenças, como a desnutrição. Porém, uma alimentação farta não é sinônimo de alimentação saudável.
O hábito de comer pouco, mas bem – ou seja, colorir o prato com uma diversidade de alimentos saudáveis – é muito mais benéfico à saúde do que exagerar, sem ter a certeza de estar ingerindo todos os componentes essenciais para o organismo.
Dificuldades socioeconômicas
Sem perspectiva de solução, a fome ainda é um problema pertinente em grande parte do globo terrestre. Sua incidência é maior em países subdesenvolvidos, como a República Democrática do Congo.
Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), 750 mil crianças menores de 5 anos são vítimas da desnutrição no país. E os números não param por aí, já que aproximadamente 400 mil crianças desnutridas correm o risco de morrer.
Dados alarmantes como esse não se restringem ao Congo. Mesmo que em menor número, a desnutrição tem feito mais vítimas em outras partes do mundo.
No Brasil, por exemplo, a questão da fome ainda persiste. Apesar dos diversos programas sociais criados ao longo dos anos para barrá-la, a desnutrição ainda é motivo de preocupação, principalmente nas regiões interioranas.
Perda excessiva de peso em pouco tempo
Uma pessoa magra nem sempre está deficitária de nutrientes, como muitos imaginam. Caso a perda de peso excessiva ocorre de forma abrupta e sem um motivo aparente, é recomendável acender um alerta.
Em casos como esse, a deficiência no consumo de nutrientes faz com que o corpo comece a queimar rapidamente todas as suas reservas lipídicas, o que pode culminar em um quadro de desnutrição.
Distúrbios digestivos e condições estomacais
Se o corpo não absorver os nutrientes de forma eficaz, até mesmo uma dieta saudável pode não conseguir prevenir a desnutrição. Pessoas com doença de Crohn ou colite ulcerativa podem necessitar ter parte do intestino delgado removido para permitir uma melhor absorção de nutrientes.
A doença celíaca é um distúrbio genético que envolve intolerância ao glúten. O distúrbio pode resultar em danos no revestimento dos intestinos e na má absorção dos alimentos.
A diarreia persistente, o vômito, ou ambos, também podem levar à perda de nutrientes importantes.
Idade avançada
Com o avançar da idade, o corpo começa a sofrer uma série de mudanças. A desnutrição ocorre mais entre os idosos do que entre os adultos jovens, uma vez que os primeiros não se alimentam como antes. Tudo isso se deve ao paladar e ao olfato, que já não são mais os mesmos.
Além disso, outras doenças podem desencadear um quadro de desnutrição, como artrite, câncer, demência, derrame e depressão, que são apenas algumas das doenças que dificultam a alimentação dos idosos.
Nutrição parenteral
Os pacientes acamados, muitas vezes impossibilitados de se alimentarem, costumam fazer uso da alimentação parenteral. A técnica consiste em depositar os nutrientes diretamente na corrente sanguínea, por meio de uma sonda.
Embora a nutrição parenteral sirva para evitar a desnutrição, o resultado pode ser o inverso. Quando se utiliza técnicas como essas, se torna mais difícil identificar com precisão as necessidades nutricionais do paciente.
Alcoolismo
As chances de um alcoólatra vir a desenvolver desnutrição são altas. Como as bebidas alcoólicas são ricas em calorias, o consumo frequente pode causar a desnutrição Kwashiorkor. A taxa de glicose do corpo estará muito mais elevada do que as dos outros nutrientes, como proteínas, lipídios e vitaminas.
Doenças crônicas
O câncer, o HIV, o diabetes, a esclerose múltipla e as demais doenças classificadas como autoimunes integram, por fim, o grupo de risco da desnutrição.
Algumas dessas doenças, como é o caso do HIV e do câncer, são precursoras da caquexia e da doença de Crohn devido à ineficácia no processo de absorção dos nutrientes pelo intestino. Ao atingir um estágio avançado, a esclerose múltipla também impossibilita a alimentação sem um auxílio.
Sinais e Sintomas
A desidratação assume diversos sintomas. Você pode identificá-la a partir dos seguintes:
Fraqueza
Sem os nutrientes essenciais para desempenhar as tarefas vitais, menos energia será fornecida ao corpo. Portanto, o cansaço e a apatia serão inevitáveis.
Desmaios
Sem energia suficiente para manter a atividade cerebral constante, o corpo entra em pane. O desmaio é um alerta que aponta para um problema maior, que pode ser a desnutrição.
Anemia
A anemia é uma velha conhecida daqueles que sofrem – ou já sofreram – de desnutrição. Com a baixa de ferro e outros nutrientes no organismo, uma quantidade inferior de oxigênio será transportada pela hemoglobina através da corrente sanguínea.
Inchaço no corpo
Com a deficiência na quantidade de proteínas, é possível que os edemas tomem conta das pernas e de outras partes do corpo.
Irritabilidade
A fome e a falta de nutrientes interferem diretamente na estrutura psicológica das pessoas. Logo, as alterações de humor são comuns em casos como esse.
Falta de concentração
A glicose é um item essencial para o corpo humano. Na sua ausência, manter a concentração constante durante as tarefas do dia a dia é impossível.
Letargia
Em casos como esse, a letargia se caracteriza pela suspensão dos movimentos corporais e da sensibilidade. Com a respiração e o pulso quase que imperceptíveis – devido à total depleção de nutrientes –, o indivíduo pode entrar em um estado letárgico, ainda que se mantenha completamente lúcido durante o processo.
Cicatrização lenta
Em resposta à falta de nutrientes, o organismo começa a encontrar dificuldades para cicatrizar seus ferimentos.
Diarreia persistente
A diarreia pode se tornar persistente para algumas pessoas, enquanto outras sofrerão com a constipação intestinal.
Dificuldade de se aquecer
Conforme a redução na concentração de carboidratos, mais as reservas energéticas são utilizadas. Sem essa camada lipídica, o corpo fica suscetível a choques mecânicos e sensível ao frio, pois não é capaz de conservar sua temperatura ideal.
Pele grossa
A perda de gordura subcutânea também é capaz de deixar a pele grossa.
Recuperação de infecções lenta
A produção de glóbulos brancos é prejudicada quando restam poucos nutrientes no organismo. O resultado é um sistema imunológico enfraquecido e, portanto, vulnerável aos ataques de vírus, parasitas e bactérias.
Emagrecimento rápido
Sem alimento, o corpo começa a queimar todas as suas reservas energéticas, constituídas por uma camada de gordura localizada no tecido subcutâneo.
Normalmente, esses lipídios estão presentes em células do fígado e do músculo. Com a queima, nada mais natural do que o emagrecimento acelerado.
Perda de massa muscular
Com a queima das reservas energéticas, os músculos do corpo começam a entrar em falência. Um exemplo disso é o coração, que perde massa muscular e não é mais capaz de enviar sangue de maneira apropriada para o restante do corpo.
Sintomas em Crianças
Além dos sintomas apresentados pelos adultos, a criança também pode vir a manifestar outros. Alguns deles são:
Crescimento abaixo do esperado para a idade
A magreza aliada ao crescimento abaixo do esperado para a idade pode ser um sintoma de desnutrição. Como estão em fase de crescimento, qualquer alteração nos níveis de nutrientes das crianças pode desencadear problemas gravíssimos de crescimento.
Mudanças na cor da pele, cabelo e olhos
Outra característica a qual se deve ficar atento se refere às mudanças na coloração da pele, do cabelo e dos olhos. Crianças desnutridas costumam apresentar olhos acinzentados, e cabelos avermelhados, loiros ou também acinzentados.
Mudanças de comportamento
Do mesmo modo que afeta o estado psicológico dos adultos, a desnutrição também é capaz de afetar o das crianças. Um dos principais sintomas são as mudanças no comportamento. Uma criança que antes era alegre e cheia de vida pode se transformar em uma criança apática e irritada.
Como é feito o diagnóstico da desnutrição?
A doença pode ser facilmente detectada a partir de uma consulta com o clínico geral, nutricionista ou nutrólogo. Por meio de alguns exames, o profissional conseguirá concretizar o diagnóstico e, assim, encaminhar o paciente para o tratamento adequado.
Os métodos mais eficazes para diagnosticar a desnutrição são:
Medir /Calcular o IMC
IMC significa Índice de Massa Corporal. Para obter o IMC do paciente, basta dividir o peso (em quilogramas) pela altura (em centímetros ao quadrado).
O valor ideal se encontra em torno de 18,5 e 25. Quando o IMC apresenta valores entre 17 e 18,5, pode-se dizer que o paciente está levemente subnutrido. Entre 16 e 17, o quadro de desnutrição é confirmado. Abaixo desses valores, a desnutrição é caracterizada como severa.
Exames de sangue
Os exames de sangue costumam elucidar grande parte das doenças existentes. Quanto à desnutrição, eles indicam quais são os nutrientes se encontram deficitários no organismo. Assim, o paciente consegue descobrir quais precisam ser repostos.
Medição do braço
A medição do bíceps da criança também é uma forma de detectar a desnutrição.
Os valores abaixo de 110 mm – referente a 11cm – apontam um quadro de desnutrição severa. Alguns médicos também medem as dobras de pele do paciente. Se estiverem muito finas – por conta da ausência de gordura subcutânea –, elas ajudarão a elucidar o diagnóstico.
Diagnóstico de Crianças com desnutrição
Em crianças, o diagnóstico pode ser feito por meio da medição da altura e peso do paciente. Os valores devem ser comparados com os ideais para a idade do indivíduo.
Devido a fatores genéticos, algumas crianças tendem a ser menores do que outras, o que é relativamente normal. Mas aliado à perda de peso repentina, o crescimento desacelerado é um sinal de desnutrição.
A Desnutrição tem cura?
Felizmente, na maior parte dos casos, a desnutrição pode ser revertida sim. Entretanto, existem alguns fatores que a impossibilitam de ser curada. É necessário lidar com duas situações: a falta de nutrientes em si e a causa da desnutrição.
Quando a desnutrição é primária, a cura é mais intuitiva, uma vez que está integralmente relacionada aos hábitos alimentares do paciente. Mas isso não significa que o processo é fácil.
Uma dieta que consiga abranger todos os nutrientes pode ter um custo elevado para aqueles que não possuem uma condição financeira abastada.
Além disso, existem as doenças terminais, responsáveis por piorarem a desnutrição. Se houver um quadro com caquexia, pouco adiantará uma dieta rica em nutrientes, pois o corpo não conseguirá absorvê-los.
Qual o tratamento para a desnutrição?
Cada tipo de desnutrição requer um tratamento específico. É preciso levar em conta as causas, que costumam variar de uma alimentação inadequada a parasitoses e doenças terminais.
Em linhas gerais, o tratamento consiste em renutrir o paciente. A renutrição tende a seguir os mesmo processos em todos os casos, alternando-se apenas de acordo com o grau de desnutrição manifestado pelo indivíduo.
Reeducação alimentar
Gerenciada por um nutricionista, a reeducação alimentar fundamenta-se em modificar a dieta do paciente, incorporando a ela nutrientes que antes eram inexistentes – ou pouco absorvidos.
Não se deve ter pressa quando o assunto é reeducação alimentar. Introduzir as mudanças de forma abrupta pode suscitar uma série de problemas gastrointestinais. Portanto, o processo deve ser feito aos poucos, respeitando o tempo que o corpo levará para se familiarizar com a nova dieta.
Os suplementos alimentares e vitamínicos também são prescritos pelos nutricionistas como uma tentativa de otimizar o processo de reeducação alimentar.
Tratamento hospitalar
Se a desnutrição se apresentar em sua forma mais grave, o tratamento hospitalar pode ser obrigatório. Alguns enfermos se tornam incapazes de ingerir alimentos sólidos ou se alimentarem pela boca. Para estágios como esses, existem três opções de alimentação. São elas:
Tubo / Sonda nasogástrica
Como o próprio nome já diz, a sonda nasogástrica utiliza um canal que vai do nariz até o estômago do paciente. Por meio desse tubo, nutrientes – em sua forma líquida – o percorrem até chegar ao estômago. Mesmo não ingerindo alimentos da forma tradicional, o enfermo consegue se manter nutrido.
Gastrostomia endoscópica percutânea (PEG)
A gastrostomia é uma opção aqueles que não podem usar o esôfago para se nutrir. Em procedimentos como esse, o tubo é colocado no estômago por meio de cirurgia.
Ele se conecta com o exterior do corpo, atravessando o abdômen, onde os nutrientes são inseridos na forma líquida.
Nutrição parenteral (NP)
Esse método é destinado apenas para aqueles pacientes que se encontram em um grau severo de desnutrição, no qual nem o estômago consegue digerir os nutrientes.
Para esse tipo de nutrição, as proteínas, os carboidratos, as vitaminas e os minerais são deixados em sua forma reduzida antes de serem ministrados via intravenosa.
Assim, a absorção nutricional ocorre de forma automática pela corrente sanguínea, sem precisar passar pelo processo de digestão no estômago.
A técnica também pode ser usada por quem sofre de algum distúrbio que impeça a digestão. Em ambos os casos, ela é atribuída aos pacientes em estado terminal.
A nutrição parenteral pode favorecer o surgimento de alguns problemas, como:
- Risco elevado de infecções na região do cateter;
- Excesso de água – ocasionado por erros de cálculo;
- Possibilidade de desenvolvimento de pedras na vesícula e outros problemas hepáticos;
- Redução da densidade óssea – adversidade de causa desconhecida e que se interrompe, conforme a suspensão da nutrição parenteral.
De volta à rotina alimentar normal
Se o tratamento surtir efeito e o estado, que antes era crítico, se tornar estável, o paciente poderá retomar a sua alimentação normalmente.
Quando a doença se estabiliza, a reeducação alimentar se torna um passo para a cura. A ajuda de um nutricionista é de extrema importância para montar um cardápio que seja capaz de manter o corpo nutrido por mais tempo.
Medicamentos para tratar a desnutrição
A fim de agilizar a cura da doença, alguns profissionais prescrevem também medicamentos para aumentar o apetite e/ou a massa muscular do doente.
Medicamentos indicados para ao aumento de apetite:
- Megestrol (Femigestrol);
- Dronabinol.
Hormônios e anabolizantes voltados para o aumento da massa muscular:
- Nandrolona (Deca-Durabolin);
- Testosterona (Androgel).
Prognóstico da condição
Se não tratada, a desnutrição pode levar o corpo ao colapso total. Com a ausência de nutrientes por longos períodos, o organismo fica mais perto da inanição e, consequentemente, da morte.
Mesmo em casos mais delicados, quando há tratamento, o paciente pode se recuperar totalmente e sem exibir sequelas no corpo. Por esse motivo, o acompanhamento médico é extremamente importante.
Possíveis Complicações
Diversas complicações podem surgir em decorrência da desnutrição negligenciada, como:
Anemia
Entre os diversos nutrientes em falta no organismo está o ferro, essencial para a manutenção do transporte de oxigênio via corrente sanguínea.
Efeitos negativos no crescimento
Por ser mais sensível do que os adultos, a desnutrição pode levar a criança a ter seu desenvolvimento, tanto corporal quanto intelectual, defasado.
Infecções
Com o déficit de nutrientes, o sistema imunológico deixa de combater de maneira rápida e certeira os antígenos invasores, incluindo bactérias, parasitas e vírus.
Alterações ósseas
A falta de nutrientes pode favorecer o aparecimento de doenças, como a osteoporose, uma vez que diminui a densidade dos ossos.
Depressão
A depressão também é uma das complicações que a desnutrição acarreta quando não tratada.
Perda muscular
Os músculos são reduzidos pela desnutrição, causando fraqueza e, em casos mais graves, podendo levar o paciente a desenvolver insuficiência cardíaca.
Perdas neurológicas / Desordens Mentais
As alterações de certas substâncias químicas do cérebro criam as condições ideais para o desenvolvimento de problemas originados no sistema nervoso central. Um deles é o déficit de atenção (dificuldade de se manter focado ao realizar as tarefas de rotina).
Dificuldade para perder peso
As crianças vítimas de Kwashiorkor tendem a perder menos peso do que as outras. Isso se dá pela quantidade de calorias, que no corpo de uma criança é superior à quantidade de outras substâncias.
Desnutrição na gravidez
A desnutrição na gravidez é totalmente prejudicial ao bebê. Ao longo da gestação, o feto necessita de cada vez mais nutrientes para se desenvolver. Uma vez escassos, esses nutrientes aumentam consideravelmente as chances do bebê manifestar problemas de crescimento.
No entanto, a gestante não deve simplesmente ampliar a ingestão de alimentos, pois isso pode gerar um acúmulo ainda maior de calorias, em vez de contribuir para a reposição dos nutrientes essenciais.
Por esse motivo, algumas grávidas optam pelo uso de suplementos alimentares, já que eles conseguem oferecer boa parte dos nutrientes que elas precisam.
Desnutrição e obesidade
Embora a desnutrição e o excesso de peso pareçam características opostas, é possível que ambas andem lado a lado. Nessas situações, o destaque fica com a desnutrição Kwashiorkor.
Uma dieta rica em calorias e pobre em nutrientes essenciais deixa a pessoa obesa e simultaneamente desnutrida. Casos como esse merecem atenção em dobro, já que podem trazer complicações seríssimas ao indivíduo.
Como prevenir a desnutrição?
Uma das melhores armas para prevenir a desnutrição é a alimentação. Uma boa alimentação garante a todos um corpo saudável e melhora a qualidade de vida. Alguns passos importantes para prevenir a desnutrição são:
Meça o seu IMC regularmente
Ainda que não seja um indicador de precisão extrema, busque manter seu IMC entre 18,5 e 25. Quando se utiliza esse parâmetro, é mais fácil analisar a qualidade dos nutrientes que você tem ingerido.
Amamentação de recém-nascidos
Para garantir que o bebê se mantenha forte e nutrido, a mãe não pode deixar de amamentá-lo durante os primeiros seis meses de vida. Basta fazer isso para que ele esteja livre de diversas doenças.
No entanto, é importante que ela mantenha uma dieta saudável. Assim, todos os nutrientes podem ser passados para o recém-nascido no momento da amamentação.
Alimentação equilibrada
De acordo com o Ministério da Saúde, deve-se incluir na rotina três refeições e dois lanches por dia. As refeições precisam dispor de todos os grupos alimentares, na ordem informada logo abaixo. Quanto mais alto na lista, maior a quantidade diária necessária:
Carboidratos – Pães, arroz e batatas
Como são convertidos em energia para o corpo, esses alimentos devem formar a maior parte da dieta. Porém, se você não tem o hábito de se exercitar, tente não exagerar no consumo.
Leite e laticínios
São extremamente importantes para a captação de cálcio pelo corpo.
Frutas e vegetais
Ao consumir frutas e vegetais, você estará automaticamente absorvendo vitaminas, sais minerais e fibras – componente essencial para regular a flora intestinal.
Proteínas – Carne, feijão, peixes e ovos
A proteína é parte do que constrói nosso corpo. Isso explica o tamanho da sua importância.
Além dessas recomendações, o Ministério da Saúde também sugere a redução no consumo de sal, o aumento na ingestão de líquidos – aproximadamente 2 litros de água por dia –, e a prática de exercícios físicos.
As dietas radicais devem ser descartadas. Em vez de proporcionarem benefícios, elas podem reduzir drasticamente o consumo de nutrientes, culminando em um quadro de desnutrição.
Dicas para aproveitar melhor os nutrientes presentes nos alimentos
Para se ter uma alimentação saudável, não basta apenas escolher os alimentos certos. Embora esse seja o passo principal, os cuidados na hora de prepará-los também devem ser levados em conta.
O calor e a água quente são os maiores vilões para os nutrientes. Afinal, eles levam embora boa parte dessas substâncias.
Confira algumas dicas que vão ajudar a minimizar os danos causados pelo calor durante o cozimento:
Corte pedaços grandes
Os pedaços grandes reduzem a área do alimento em contato com a água. Assim, mais nutrientes são preservados.
Mantenha a casca para o cozimento
Alguns alimentos, como batatas e cenouras, podem ser cozinhadas com casca.
A casca atua como uma barreira entre o alimento e o meio externo. Sendo assim, a manutenção dela diminui bastante a perda de nutrientes para o meio externo.
Mantenha a panela fechada
Do mesmo modo que a água é capaz de levar parte dos nutrientes embora, o vapor também é! O cuidado de manter a panela fechada não impede que o alimento perca seus nutrientes para a água. Durante o cozimento, as chances de o alimento reabsorvê-los são maiores.
Cozinhe a vapor
Nesse tipo de cozimento não há contato direito do alimento com a água. Dessa forma, ele perde uma carga de nutrientes bem inferior àquela registrada no cozimento tradicional. Com a panela fechada, os alimentos ainda têm chances de reabsorver uma boa quantidade dos nutrientes que seriam desperdiçados.
Reaproveite a água do cozimento
Após o cozimento dos alimentos, uma boa parte dos nutrientes fica concentrada na água. Então, você pode reaproveitá-la para uma sopa, mantendo toda a carga nutricional da refeição anterior.
Perigosa, a desnutrição é responsável pela morte de milhares de pessoas anualmente. Portanto, é fundamental ficar atento à alimentação e buscar ajuda médica, caso necessário.
Nutricionista Clínica - CRN-3 nº 52714
Consultar > Currículo Lattes.
Drª Joyce Carolina Lima é nutricionista pela Universidade Paulista. Personal Diet. Pós graduanda em nutrição em cardiologia pelo Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia.
Tem experiência em atendimento hospitalar e ambulatorial. Atuação em emagrecimento e tratamento de doenças crônicas.
Atende em Clínica particular em São Paulo no bairro do Tatuapé visando melhora da qualidade de vida.
Com registro no Conselho Regional de Nutricionistas CRN-3 52714
Contato: (11) 953917736 - Consultório: Rua: Restinga 113 – Tatuapé
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