O dióspiro ou caqui é um fruto tropical, de cor mais ou menos alaranjada, com a pele lisa e um sabor muito doce. Consome-se como fruta fresca, embora se possa utilizar no fabrico de pasteis ou marmeladas. É uma fonte importante de vitaminas A e C.
Consomem-se sobretudo três espécies de dióspiro, a da China, a do Japão e a da Virgínia. As variedades tradicionais eram adstringentes, mas nas novas esta característica foi eliminada, em menor ou maior medida.
De um modo geral consome-se como fruta fresca. Deve-se consumir quando está mole, com a pele transparente, pelo que se come com colher. Também se pode comer desidratado ou sob a forma de pudins, pasteis ou marmeladas.
A sua importância nutritiva reside sobretudo na sua riqueza em vitaminas, sobretudo vitamina A e vitamina C. Também fornece pequenas quantidades de vitaminas B1, B2 e B3.
Tipos e variedades de dióspiro
Existem três espécies de dióspiro, a da China, a do Japão e a da Virgínia. A primeira é a mais cultivada, enquanto que a americana cresce no estado silvestre. As variedades de dióspiro diferenciam-se em ‘adstringentes’ e ‘não adstringentes’. As primeiras são as tradicionais e as segundas, mais modernas, são as mais consumidas actualmente.
Como se indicou, o caqui engloba três espécies diferentes do género Diospyros, que se diferenciam pelo tamanho e sabor do fruto.
O dióspiro da China (D. kaki) é a espécie mais cultivada e que se consome crua, como fruta fresca, e cozinhada de diferentes maneiras. O seu fruto possui um diâmetro de 3-9cm e pesa entre os 80g e os 250g, segundo a cultivar. É vermelho, alaranjado ou amarelo, com uma polpa alaranjada, doce e sumarenta, embora com um ligeiro sabor áspero.
O dióspiro do Japão (D. lotus) é semelhante à espécie anterior e cultiva-se sobretudo no Extremo Oriente e em Itália.
O dióspiro americano ou dióspiro de Virgínia (D. virginiana) mede 2-5cm de diâmetro e é amarelo ou alaranjado. Não é cultivado e a colheita faz-se de árvores silvestres.
No que respeita às variedades, estas classificam-se, em função da adstringência, em ‘adstringentes’ e ‘não adstringentes’. As primeiras são as tradicionais, e algumas destas variedades são a ‘Hachiya’, ‘Tanenashi’, ‘Rojo de Carlet’ e ‘Formatero’. Dentro do segundo grupo, que é atualmente o de maior consumo, estão a ‘Sharon’ e a ‘Fuyu’. Esta variedade consome-se como uma maçã.
Em Portugal as variedades adstringentes cultivadas são a Coroa de Rei e Kaki tipo e as variedades não adstringentes são a Sharon, Fuyo, Hana Fuyo, O Gosho, Giro, Cal Fuyo e Fau-fau.
Independentemente das características genéticas da adstringência que se detetam nas diferentes variedades, esta pode ser controlada, em certa medida, pelas técnicas de pós-colheita.
Outra forma de classificação é a dureza da polpa. Alguns dióspiros colhem-se maduros e a sua polpa é mole e suave, até ao ponto de ser necessário colher para os comer. Outros têm a polpa mais dura e a sua textura firme faz com que se comam com garfo e se possam pelar com maior facilidade.
A dureza e a adstringência estão relacionadas em algumas variedades; as consideradas não adstringentes mantêm a dureza da polpa quando a adstringência baixa e podem-se comer à dentada, como se fossem maçãs.
Em Espanha, a variedade mais consumida é a Rojo Brillante, produzida na comarca da Ribera del Xúquer, na província de Valência. Esta variedade distingue-se pela sua qualidade, tamanho, cor, sabor e ausência de sementes. Pode ser degustada de duas maneiras diferentes: a ‘Classic’, colhe-se maduro e come-se a polpa mole com uma colher; a ‘Persimon’, o fruto tem uma cor alaranjada e a sua textura mais firme permite que se coma com faca e garfo. Consell Regulador da D.O. Kaki Ribera del Xúquer, ( http://www.kakifruit.com ).
Árvore do dióspiro – Diospireiro (caquizeiro)
O diospireiro ou caquizeiro chega a medir 18m de altura e tem poucas ramificações. As folhas são caducas, ovadas e ligeiramente pilosas na página inferior. Forma vários tipos de flores, femininas, masculinas e hermafroditas. Podem aparecer árvores com um só tipo de flores ou com mais do que um.
Existem dois tipos de dióspiros cultivados: o Diospyros kaki e o Diospyros lotus, que se utiliza como porta-enxerto. É uma árvore que pode alcançar os 18m de altura, embora quando é cultivada não se deixa ultrapassar os 5-6m. Ramifica muito pouco e o porte é mais ou menos piramidal, tornando-se com a idade mais globoso. Também se aproveitam os frutos da espécie Diospyros virginiana, cujo cultivo não é frequente e por isso os frutos são apanhados de árvores silvestres.
As folhas apresentam uma cor que vai de verde a vermelho-alaranjado. São caducas, ovadas e pilosas na página inferior. O sistema reprodutivo do dióspiro é peculiar. Existem árvores que dão flores masculinas e femininas, outras dão apenas um tipo de flores (masculinas ou femininas), enquanto que outras dão flores hermafroditas. As flores agrupam-se geralmente em número de três. As femininas são grandes, têm pétalas esverdeadas e estão dispostas individualmente. Atualmente só se plantam árvores femininas.
Origem e produção
Os dióspiros são originários de três zonas: China, Japão e Estados Unidos, segundo a espécie. A variedade chinesa expandiu-se pela Ásia e depois para todo o mundo. Atualmente esta variedade de dióspiro produz-se praticamente em toda a Ásia, principalmente na China, Coreia e Japão.
As três espécies de dióspiro tiveram origem na China, Japão e Estados Unidos. A variedade chinesa chegou ao Japão no século VIII, onde se converteu num alimento muito apreciado. Daí expandiu-se ao resto do mundo, chegando aos Estados Unidos em 1870. Os primeiros dióspiros introduzidos na Europa foram os americanos.
Quase toda a produção de dióspiro concentra-se na Ásia, atingindo os 96% da produção mundial. Na Europa e América do Sul produz-se cerca de 2% do total, e na Oceânia e América do Norte quase nada, como se pode observar no quadro seguinte.
Continente | Toneladas | % |
Ásia | 2.196.408 | 96 |
Europa | 41.907 | 2 |
América do Norte | 450 | – |
América do Sul | 53.000 | 2 |
Oceânia | 1.850 | – |
Total | 2.293.615 | 100 |
Fonte::Anuário FAO de produção (2000)
O principal produtor, com produções muito superiores aos demais países, é a China, seguida da Coreia e do Japão, também países asiáticos,. No quadro seguinte encontram-se os principais países produtores de dióspiro do mundo.
País | Toneladas |
China | 1.648.962 |
Coreia | 273.846 |
Japão | 258.800 |
Brasil | 53.000 |
Itália | 41.907 |
Israel | 13.800 |
Nova Zelândia | 1.200 |
Irão | 1.000 |
Austrália | 650 |
México | 450 |
Fonte: Anuário FAO de produção (2000)
No quadro em baixo mostram-se os principais países exportadores de dióspiro. É de destacar o volume de Israel que é o principal país exportador, com grande diferença para o do Japão, Brasil e China, embora produza pouco.
País | Toneladas |
Israel | 6.439 |
Japão | 874 |
Brasil | 371 |
China | 171 |
Fonte: Anuário FAO de Comércio (2000)
Mês de colheita – Disponibilidade nos mercados
O dióspiro é uma fruta delicada que só se pode comercializar nas zonas produtoras. O seu consumo concentra-se em poucos meses.
O dióspiro é um fruto de temporada, que se encontra disponível apenas durante alguns meses. Por exemplo, no mercado do Reino Unido pode-se consumir desde Fevereiro a Maio. Neste caso os dióspiros provêm do Chile. No entanto, como é um fruto muito delicado não é frequente a sua comercialização fora das zonas produtoras.
Em Portugal a campanha de comercialização decorre normalmente de Outubro a Dezembro.
Embalagens
Os dióspiros são distribuídos em caixas de madeira ou de cartão com alvéolos contendo de 2 a 6 unidades, ou em cestas tapadas de plástico transparente com buracos para a circulação do ar.
Regulamentos de comercialização
A qualidade do dióspiro depende de vários fatores: cor, calibre, danos e nível de sólidos solúveis.
Os dióspiros a comprar devem ter uma coloração adequada, sem colorações verdes, devem estar intactos e conservar o cálice.
O fruto deve ser amarelo-laranja, de acordo com as variedades. O tamanho também determina a qualidade, sendo melhores os frutos de maior calibre. Devem estar livre de fendas, danos mecânicos e podridões. A percentagem de sólidos solúveis deve ser de 21-23% para a variedade ‘Hachiya’ e de 18-20% para a variedade ‘Fuyu’ e variedades semelhantes, não adstringentes.
Não existe uma norma europeia específica para o dióspiro, apenas uma norma genérica para frutas e hortaliças que pode ser consultada em: ( www.europa.eu.int/eur-lex/é/lif/dat/1996/é_396R2200.html), Regulamento (CE) nº 2200/96 do Conselho de 28 de Outubro de 1996 que estabelece a organização comum de mercados para o sector das frutas e hortaliças
Diário Oficial n° L 297 de 21/11/1996 P. 0001 – 0028
Critérios de qualidade
Gestão atmosférica pós colheita
Os dióspiros devem conservar-se aproximadamente a 0ºC. A humidade deve ser alta, entre 90% e 95%. O etileno usa-se para eliminar a adstringência, mas produz um amolecimento excessivo que dificulta a sua comercialização. Para se eliminar a adstringência mantendo a firmeza, pode-se enriquecer o ar com 80% de dióxido de carbono, durante 24 horas a 20ºC.
Os dióspiros respondem à utilização de atmosferas controladas. As condições adequadas são um nível de oxigénio de 3-5%, um nível de dióxido de carbono de 5-8% e um ambiente livre de etileno. Nestas condições e com uma temperatura e humidade ótimas, os dióspiros podem conservar-se durante 3 e 5 meses.
Pós Colheita
O transporte e a distribuição deste fruto deve efetuar-se com cuidado, pois trata-se de um produto frágil. A temperatura deve ser baixa e o arejamento deve ser adequado, para evitar danos causados pelo etileno.O dióspiro é um fruto muito frágil, pelo que o seu transporte deve fazer-se com muito cuidado. A temperatura deve manter-se o mais baixa possível e o arejamento deve ser adequado para reduzir os níveis de etileno. Não devem fazer-se cargas mistas com substâncias produtoras deste gás. Durante a distribuição também se deve controlar a temperatura e a ventilação.
Problemas pós colheita
Entre os problemas que podem ocorrer durante o armazenamento do fruto, referem-se os danos causados pelo etileno, pelo frio e por níveis baixos de oxigénio e altos de anidrido carbónico.
O dióspiro pode sofrer determinados problemas fisiológicos durante o seu armazenamento:
Danos por etileno: se a concentração deste gás é elevada, produz-se um envelhecimento prematuro do fruto que amolece e perde qualidade.
Danos por frio: as variedades não adstringentes, como a ‘Fuyu’, são sensíveis às temperaturas entre 5 e 15ºC, podendo apresentar acastanhamento da polpa e amolecimento. Estes problemas são agravados em presença de etileno.
A exposição dos dióspiros a atmosferas com níveis de oxigénio abaixo de 3% durante mais de um mês, provocam problemas de maturação e perda de sabor.
A exposição a níveis de carbono acima de 10% durante mais de um mês pode produzir acastanhamento da polpa e perda de sabor.
Benefícios do dióspiro para a saúde
Do ponto de vista nutricional, o dióspiro (caqui) fornece 70 kcal/100 g, devidas principalmente aos hidratos de carbono, 10 mg de vitamina C por 100 g de dióspiro (cerca de 1/6 da dose diária recomendada) e também alguns carotenóides.
A vitamina C pode influir numa série de estados fisiológicos, como a supressão da formação de nitrosamina no intestino. O nitrito, presente nos alimentos e na água, pode reagir com as aminas dos alimentos para produzir nitrosaminas, cujo carácter carcinogénico foi demonstrado.
Também se indica a capacidade antioxidante da vitamina C que protege do câncer (1) e intensifica as funções imunológicas. As dietas ricas em carotenóides estão relacionadas com uma diminuição do risco de contrair cancro e doenças cardiovasculares.
Tradições Populares
Podem-se usar diversas partes do dióspiro para fins medicinais. Pode-se aproveitar o fruto, as folhas, a casca da árvore e até as flores. Reduz a tensão, acalma a tosse e previne a arterioesclerose, entre outras propriedades.
Quando não está maduro, contém uma quantidade abundante de iodo que ajuda a evitar o bócio. Nos últimos anos descobriu-se que as folhas do dióspiro baixam a tensão, previnem a arterioesclerose, purificam o sangue e lubrificam o intestino.
Além disto, o dióspiro é tranquilizante, estimula os fluídos corporais e acalma a sede. Fortalece o baço e combate a diarreia, o sangue nas fezes e as hemorroidas.
As flores são usadas para tratar o sarampo, enquanto que a casca da árvore se usa para tratar queimaduras.
O dióspiro é recomendável para pessoas débeis e deprimidas, graças ao seu teor em vitaminas do grupo B.
Dois nomes, o mesmo significado:
Fruto
– Caqui (português brasileiro)
– Dióspiro (português europeu)
Arvore
– Caquizeiro (português brasileiro)
– Diospireiro (português europeu)
Leia » Dióspiro (Caqui): Quem tem Diabetes pode consumir? Aumenta o Colesterol?
Nutricionista - CRN-6 Nº 25902
A Drª Adriely da Silva Vicente é Graduada em Nutrição pela Faculdade Estácio do Rio Grande do Norte no ano de 2018. Com registro no Conselho Regional de Nutricionistas CRN-6 Nº 25902.
Atualmente trabalha com Home Care e atende em clínica particular no Brasil.
Contato para marcação de consultas: (84) 99175-5907
Também pode encontrar a Drª Adriely no Linkedin.
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