Dióspiro (Caqui)

Revisão Clínica: Drª Adriely Silva (Nutricionista - CRN-6 Nº 25902). Atualizado: 08/09/24

O dióspiro ou caqui é um fruto tropical, de cor mais ou menos alaranjada, com a pele lisa e um sabor muito doce. Consome-se como fruta fresca, embora se possa utilizar no fabrico de pasteis ou marmeladas. É uma fonte importante de vitaminas A e C.

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Consomem-se sobretudo três espécies de dióspiro, a da China, a do Japão e a da Virgínia. As variedades tradicionais eram adstringentes, mas nas novas esta característica foi eliminada, em menor ou maior medida.

De um modo geral consome-se como fruta fresca. Deve-se consumir quando está mole, com a pele transparente, pelo que se come com colher. Também se pode comer desidratado ou sob a forma de pudins, pasteis ou marmeladas.

A sua importância nutritiva reside sobretudo na sua riqueza em vitaminas, sobretudo vitamina A e vitamina C. Também fornece pequenas quantidades de vitaminas B1, B2 e B3.

Fruto

Tipos e variedades de dióspiro

Existem três espécies de dióspiro, a da China, a do Japão e a da Virgínia. A primeira é a mais cultivada, enquanto que a americana cresce no estado silvestre. As variedades de dióspiro diferenciam-se em ‘adstringentes’ e ‘não adstringentes’. As primeiras são as tradicionais e as segundas, mais modernas, são as mais consumidas actualmente.

Como se indicou, o caqui engloba três espécies diferentes do género Diospyros, que se diferenciam pelo tamanho e sabor do fruto.

O dióspiro da China (D. kaki) é a espécie mais cultivada e que se consome crua, como fruta fresca, e cozinhada de diferentes maneiras. O seu fruto possui um diâmetro de 3-9cm e pesa entre os 80g e os 250g, segundo a cultivar. É vermelho, alaranjado ou amarelo, com uma polpa alaranjada, doce e sumarenta, embora com um ligeiro sabor áspero.

O dióspiro do Japão (D. lotus) é semelhante à espécie anterior e cultiva-se sobretudo no Extremo Oriente e em Itália.

O dióspiro americano ou dióspiro de Virgínia (D. virginiana) mede 2-5cm de diâmetro e é amarelo ou alaranjado. Não é cultivado e a colheita faz-se de árvores silvestres.

No que respeita às variedades, estas classificam-se, em função da adstringência, em ‘adstringentes’ e ‘não adstringentes’. As primeiras são as tradicionais, e algumas destas variedades são a ‘Hachiya’, ‘Tanenashi’, ‘Rojo de Carlet’ e ‘Formatero’. Dentro do segundo grupo, que é atualmente o de maior consumo, estão a ‘Sharon’ e a ‘Fuyu’. Esta variedade consome-se como uma maçã.

Em Portugal as variedades adstringentes cultivadas são a Coroa de Rei e Kaki tipo e as variedades não adstringentes são a Sharon, Fuyo, Hana Fuyo, O Gosho, Giro, Cal Fuyo e Fau-fau.

Independentemente das características genéticas da adstringência que se detetam nas diferentes variedades, esta pode ser controlada, em certa medida, pelas técnicas de pós-colheita.

Outra forma de classificação é a dureza da polpa. Alguns dióspiros colhem-se maduros e a sua polpa é mole e suave, até ao ponto de ser necessário colher para os comer. Outros têm a polpa mais dura e a sua textura firme faz com que se comam com garfo e se possam pelar com maior facilidade.

A dureza e a adstringência estão relacionadas em algumas variedades; as consideradas não adstringentes mantêm a dureza da polpa quando a adstringência baixa e podem-se comer à dentada, como se fossem maçãs.

Em Espanha, a variedade mais consumida é a Rojo Brillante, produzida na comarca da Ribera del Xúquer, na província de Valência. Esta variedade distingue-se pela sua qualidade, tamanho, cor, sabor e ausência de sementes. Pode ser degustada de duas maneiras diferentes: a ‘Classic’, colhe-se maduro e come-se a polpa mole com uma colher; a ‘Persimon’, o fruto tem uma cor alaranjada e a sua textura mais firme permite que se coma com faca e garfo. Consell Regulador da D.O. Kaki Ribera del Xúquer, ( http://www.kakifruit.com ).

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Árvore do dióspiro – Diospireiro (caquizeiro)

O diospireiro ou caquizeiro chega a medir 18m de altura e tem poucas ramificações. As folhas são caducas, ovadas e ligeiramente pilosas na página inferior. Forma vários tipos de flores, femininas, masculinas e hermafroditas. Podem aparecer árvores com um só tipo de flores ou com mais do que um.

Existem dois tipos de dióspiros cultivados: o Diospyros kaki e o Diospyros lotus, que se utiliza como porta-enxerto. É uma árvore que pode alcançar os 18m de altura, embora quando é cultivada não se deixa ultrapassar os 5-6m. Ramifica muito pouco e o porte é mais ou menos piramidal, tornando-se com a idade mais globoso. Também se aproveitam os frutos da espécie Diospyros virginiana, cujo cultivo não é frequente e por isso os frutos são apanhados de árvores silvestres.

Cidade Nanyo, Yamagata – Japão. Outubro de 2005.

As folhas apresentam uma cor que vai de verde a vermelho-alaranjado. São caducas, ovadas e pilosas na página inferior. O sistema reprodutivo do dióspiro é peculiar. Existem árvores que dão flores masculinas e femininas, outras dão apenas um tipo de flores (masculinas ou femininas), enquanto que outras dão flores hermafroditas. As flores agrupam-se geralmente em número de três. As femininas são grandes, têm pétalas esverdeadas e estão dispostas individualmente. Atualmente só se plantam árvores femininas.

Origem e produção

Os dióspiros são originários de três zonas: China, Japão e Estados Unidos, segundo a espécie. A variedade chinesa expandiu-se pela Ásia e depois para todo o mundo. Atualmente esta variedade de dióspiro produz-se praticamente em toda a Ásia, principalmente na China, Coreia e Japão.

As três espécies de dióspiro tiveram origem na China, Japão e Estados Unidos. A variedade chinesa chegou ao Japão no século VIII, onde se converteu num alimento muito apreciado. Daí expandiu-se ao resto do mundo, chegando aos Estados Unidos em 1870. Os primeiros dióspiros introduzidos na Europa foram os americanos.

Quase toda a produção de dióspiro concentra-se na Ásia, atingindo os 96% da produção mundial. Na Europa e América do Sul produz-se cerca de 2% do total, e na Oceânia e América do Norte quase nada, como se pode observar no quadro seguinte.

  Continente  Toneladas  %
  Ásia  2.196.408  96
  Europa  41.907  2
  América do Norte  450  –
  América do Sul  53.000  2
  Oceânia  1.850  –
  Total  2.293.615  100

Fonte::Anuário FAO de produção (2000)

O principal produtor, com produções muito superiores aos demais países, é a China, seguida da Coreia e do Japão, também países asiáticos,. No quadro seguinte encontram-se os principais países produtores de dióspiro do mundo.

  País  Toneladas
  China  1.648.962
  Coreia  273.846
  Japão  258.800
  Brasil  53.000
  Itália  41.907
  Israel  13.800
  Nova Zelândia  1.200
  Irão  1.000
  Austrália  650
  México  450

Fonte: Anuário FAO de produção (2000)

No quadro em baixo mostram-se os principais países exportadores de dióspiro. É de destacar o volume de Israel que é o principal país exportador, com grande diferença para o do Japão, Brasil e China, embora produza pouco.

  País  Toneladas
  Israel  6.439
  Japão  874
  Brasil  371
  China  171

Fonte: Anuário FAO de Comércio (2000)

Mês de colheita – Disponibilidade nos mercados

O dióspiro é uma fruta delicada que só se pode comercializar nas zonas produtoras. O seu consumo concentra-se em poucos meses.

O dióspiro é um fruto de temporada, que se encontra disponível apenas durante alguns meses. Por exemplo, no mercado do Reino Unido pode-se consumir desde Fevereiro a Maio. Neste caso os dióspiros provêm do Chile. No entanto, como é um fruto muito delicado não é frequente a sua comercialização fora das zonas produtoras.

Em Portugal a campanha de comercialização decorre normalmente de Outubro a Dezembro.

Embalagens

Os dióspiros são distribuídos em caixas de madeira ou de cartão com alvéolos contendo de 2 a 6 unidades, ou em cestas tapadas de plástico transparente com buracos para a circulação do ar.

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Regulamentos de comercialização

A qualidade do dióspiro depende de vários fatores: cor, calibre, danos e nível de sólidos solúveis.

Os dióspiros a comprar devem ter uma coloração adequada, sem colorações verdes, devem estar intactos e conservar o cálice.

O fruto deve ser amarelo-laranja, de acordo com as variedades. O tamanho também determina a qualidade, sendo melhores os frutos de maior calibre. Devem estar livre de fendas, danos mecânicos e podridões. A percentagem de sólidos solúveis deve ser de 21-23% para a variedade ‘Hachiya’ e de 18-20% para a variedade ‘Fuyu’ e variedades semelhantes, não adstringentes.

Não existe uma norma europeia específica para o dióspiro, apenas uma norma genérica para frutas e hortaliças que pode ser consultada em: ( www.europa.eu.int/eur-lex/é/lif/dat/1996/é_396R2200.html), Regulamento (CE) nº 2200/96 do Conselho de 28 de Outubro de 1996 que estabelece a organização comum de mercados para o sector das frutas e hortaliças
Diário Oficial n° L 297 de 21/11/1996 P. 0001 – 0028

Critérios de qualidade

Gestão atmosférica pós colheita

Os dióspiros devem conservar-se aproximadamente a 0ºC. A humidade deve ser alta, entre 90% e 95%. O etileno usa-se para eliminar a adstringência, mas produz um amolecimento excessivo que dificulta a sua comercialização. Para se eliminar a adstringência mantendo a firmeza, pode-se enriquecer o ar com 80% de dióxido de carbono, durante 24 horas a 20ºC.

Os dióspiros respondem à utilização de atmosferas controladas. As condições adequadas são um nível de oxigénio de 3-5%, um nível de dióxido de carbono de 5-8% e um ambiente livre de etileno. Nestas condições e com uma temperatura e humidade ótimas, os dióspiros podem conservar-se durante 3 e 5 meses.

Pós Colheita

O transporte e a distribuição deste fruto deve efetuar-se com cuidado, pois trata-se de um produto frágil. A temperatura deve ser baixa e o arejamento deve ser adequado, para evitar danos causados pelo etileno.O dióspiro é um fruto muito frágil, pelo que o seu transporte deve fazer-se com muito cuidado. A temperatura deve manter-se o mais baixa possível e o arejamento deve ser adequado para reduzir os níveis de etileno. Não devem fazer-se cargas mistas com substâncias produtoras deste gás. Durante a distribuição também se deve controlar a temperatura e a ventilação.

Problemas pós colheita

Entre os problemas que podem ocorrer durante o armazenamento do fruto, referem-se os danos causados pelo etileno, pelo frio e por níveis baixos de oxigénio e altos de anidrido carbónico.

O dióspiro pode sofrer determinados problemas fisiológicos durante o seu armazenamento:

Danos por etileno: se a concentração deste gás é elevada, produz-se um envelhecimento prematuro do fruto que amolece e perde qualidade.

Danos por frio: as variedades não adstringentes, como a ‘Fuyu’, são sensíveis às temperaturas entre 5 e 15ºC, podendo apresentar acastanhamento da polpa e amolecimento. Estes problemas são agravados em presença de etileno.

A exposição dos dióspiros a atmosferas com níveis de oxigénio abaixo de 3% durante mais de um mês, provocam problemas de maturação e perda de sabor.

A exposição a níveis de carbono acima de 10% durante mais de um mês pode produzir acastanhamento da polpa e perda de sabor.

 

Benefícios do dióspiro para a saúde

Do ponto de vista nutricional, o dióspiro (caqui) fornece 70 kcal/100 g, devidas principalmente aos hidratos de carbono, 10 mg de vitamina C por 100 g de dióspiro (cerca de 1/6 da dose diária recomendada) e também alguns carotenóides.

A vitamina C pode influir numa série de estados fisiológicos, como a supressão da formação de nitrosamina no intestino. O nitrito, presente nos alimentos e na água, pode reagir com as aminas dos alimentos para produzir nitrosaminas, cujo carácter carcinogénico foi demonstrado.

Também se indica a capacidade antioxidante da vitamina C que protege do câncer (1) e intensifica as funções imunológicas. As dietas ricas em carotenóides estão relacionadas com uma diminuição do risco de contrair cancro e doenças cardiovasculares.

Tradições Populares

Podem-se usar diversas partes do dióspiro para fins medicinais. Pode-se aproveitar o fruto, as folhas, a casca da árvore e até as flores. Reduz a tensão, acalma a tosse e previne a arterioesclerose, entre outras propriedades.

Quando não está maduro, contém uma quantidade abundante de iodo que ajuda a evitar o bócio. Nos últimos anos descobriu-se que as folhas do dióspiro baixam a tensão, previnem a arterioesclerose, purificam o sangue e lubrificam o intestino.

Além disto, o dióspiro é tranquilizante, estimula os fluídos corporais e acalma a sede. Fortalece o baço e combate a diarreia, o sangue nas fezes e as hemorroidas.

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As flores são usadas para tratar o sarampo, enquanto que a casca da árvore se usa para tratar queimaduras.

O dióspiro é recomendável para pessoas débeis e deprimidas, graças ao seu teor em vitaminas do grupo B.

Dois nomes, o mesmo significado:

Fruto
– Caqui (português brasileiro)
– Dióspiro (português europeu)

Arvore
– Caquizeiro (português brasileiro)
– Diospireiro (português europeu)

Leia » Dióspiro (Caqui): Quem tem Diabetes pode consumir? Aumenta o Colesterol?

Nota: Este conteúdo, desenvolvido com a colaboração de profissionais médicos licenciados e colaboradores externos, é de natureza geral e apenas para fins informativos e não constitui aconselhamento médico. Este Conteúdo não pretende substituir o aconselhamento médico profissional, diagnóstico ou tratamento. Consulte sempre o seu médico ou outro profissional de saúde qualificado sobre a sua condição, procedimento ou tratamento, seja um medicamento prescrito, de venda livre, vitamina, suplemento ou alternativa à base de ervas.
Autores
Drª Adriely Silva (Nutricionista - CRN-6 Nº 25902)

Nutricionista - CRN-6 Nº 25902

A Drª Adriely da Silva Vicente é Graduada em Nutrição pela Faculdade Estácio do Rio Grande do Norte no ano de 2018. Com registro no Conselho Regional de Nutricionistas CRN-6 Nº 25902.

Atualmente trabalha com Home Care e atende em clínica particular no Brasil.

Contato para marcação de consultas: (84) 99175-5907

Também pode encontrar a Drª Adriely no Linkedin.

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    Última atualização da página em 08/09/24