As 17 DSTs mais comuns e como identificá-las

Revisão Clínica: Drª Camille Rocha Risegato. Atualizado: 09/09/24

As doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) mais comuns incluem o HPV (papilomavírus humano) – o vírus causador de verrugas genitais. As infecções bacterianas mais frequentes são a clamídia e a gonorreia, enquanto as infecções virais mais populares são o HIV e a sífilis.

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Dá-se o nome de DST a qualquer doença disseminada principalmente por contato sexual, em que o parceiro transmite o organismo causador da doença para o outro durante o sexo (oral, vaginal ou anal).

O maior problema das DSTs e o motivo por serem tão comuns, é por não apresentarem muitos sintomas. 4 em cada 5 mulheres com clamídia não apresentam sintomas. E o mesmo ocorre com o HIV e a sífilis. Daí a importância de exames regulares em caso de suspeita. (1)

As Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs) Mais Comuns E Como Identificá Las

Quais os sintomas mais comuns das DSTs?

Apesar do corrimento vaginal ser um evento normal, pois trata-se de uma excreção fisiológica, em alguns casos, quando a mulher tem uma DST, pode ocorrer o chamado corrimento vaginal patológico – uma descarga anormal acompanhada de um cheiro desagradável, textura e cor diferentes (amarelado, cinza, verde).

Algumas mulheres experimentam alterações nos períodos menstruais, enquanto em outras ocorre sangramento após a relação ou entre os períodos. A dor durante ou após a relação também é indicador de uma DST.

Nos homens, os sintomas são um pouco diferentes. O indivíduo pode experimentar corrimento no pênis, queimação ou dor ardente durante a micção. Ocasionalmente, ocorre a presença de sangue no esperma, dor durante a ejaculação ou dor e desconforto testicular.

Dependendo do tipo de sexo que o homem realize, ele também pode experimentar sintomas retais se estiver praticando sexo anal, ou um corrimento no ânus, que pode ser verde ou conter sangue. Outro sintoma de DST é a dor de garganta, no caso de sexo oral desprotegido.

Abaixo listamos as doenças sexualmente transmissíveis mais comuns. Conheça melhor cada uma delas.

Clamídia

A clamídia é a DST curável mais comum. Ela infecta o colo do útero (nas mulheres) e a uretra peniana (nos homens). Os seus sintomas mais frequentes são dor durante a relação e corrimento no pênis ou na vagina. A maioria das pessoas com clamídia não apresenta sintomas durante semanas, meses ou mesmo anos. Em outras palavras – trata-se de uma doença bacteriana assintomática.

Apesar da falta de sintomas, é importante o indivíduo realizar a triagem e o tratamento sempre que suspeite ter sido exposto à clamídia.

Os preservativos de látex são eficazes na prevenção da doença .

Gonorreia

A gonorreia é outra DST bacteriana bem comum. Geralmente infecta os mesmos órgãos que a clamídia e tem efeitos similares a longo prazo.

Os sintomas da gonorreia incluem ardor ao urinar e, nos homens, corrimento branco, amarelo ou verde no pênis. Assim como na clamídia, muitos indivíduos com gonorreia não apresentam sintomas. Entenda que, a gonorreia também pode infectar a garganta e ser transmitida por via oral.

Uma das maiores preocupações sobre a gonorreia é tratá-la, já que por vezes a bactéria causadora é resistente aos antibióticos.

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Sífilis

A sífilis é causada pela bactéria Treponema pallidum, pode originar complicações graves se não tratada. Ela é transmitida por contato direto com as feridas da sífilis, que podem aparecer nos genitais externos e na boca, bem como na vagina ou no reto. Isso significa que ela pode ser transmitida pelo sexo oral, bem como pelo sexo vaginal ou anal.

Os preservativos apenas reduzem a probabilidade de transmissão, mas não a eliminam totalmente. As pequenas feridas causadas pela sífilis podem curar sozinhas, mas isso não significa que a doença tenha curado.

Mycoplasma Genitalium

Em 2007, um estudo descobriu que uma DST pouco conhecida, chamada Mycoplasma genitalium, havia superado a prevalência de gonorreia. A Mycoplasma genitalium, tal como a gonorreia e a clamídia, são uma das principais causas de cervicite em mulheres e uretrite não gonocócica em homens.

A maioria dos casos de Mycoplasma genitalium não causa sintomas e são difíceis de identificar. Acredita-se que a Mycoplasma genitalium esteja associada a sérias consequências a longo prazo, incluindo a infertilidade, causada pela doença inflamatória pélvica.

Tricomoníase

A tricomoníase é uma infecção mais comum em mulheres que em homens. Algumas mulheres confundem-na com a candidíase vaginal ou com a vaginose bacteriana, já que os sintomas são semelhantes: corrimento espumoso, odor vaginal forte, dor durante a relação sexual, irritação e coceira.

Os homens também podem desenvolver tricomoníase, mas não costumam apresentar sintomas. Portanto, se você é mulher e foi diagnosticada com a doença, certifique-se do seu parceiro também realizar o tratamento.

Vírus do Papiloma Humano (HPV)

O HPV pode ser conhecido como “o vírus do câncer do colo do útero “, no entanto, apenas alguns tipos (cepas) de HPV estão ligados ao câncer. Alguns vírus do HPV causam verrugas genitais (condiloma acuminado frequentemente causado pelo HPV-6 e HPV-11), outros não causam nenhum sintoma. Saiba como tratar as verrugas genitais em casa.

Embora seja considerado incurável, os sintomas do HPV podem ser tratados. Recomenda-se que as crianças entre os 11 e os 12 anos recebam a vacina contra o HPV para proteger homens e mulheres jovens das quatro estirpes mais comuns do vírus.

HIV / AIDS

O HIV é o vírus associado à AIDS. Ele só pode ser transmitido pela troca de fluidos corporais, incluindo sêmen, secreções vaginais, leite materno e sangue. O vírus não pode ser transmitido por contato casual.

A maioria das pessoas com HIV é tratada com uma combinação de medicamentos (terapia antirretroviral altamente ativa  – HAART , ou terapia anti-retroviral combinada – cART ). Embora nenhuma das terapias possam curar a doença, elas reduzem a probabilidade da infecção progredir para a AIDS.

Pediculose pubiana (chato)

O piolho-da-púbis (Phthirus pubis), também conhecido como chato ou  piolhocaranguejo, são uma espécie de piolho que vive nos pelos da área genital e, ocasionalmente, em outras áreas do corpo com os pelos mais grossos, como as axilas ou as sobrancelhas.

Geralmente são transmitidos por contato sexual, embora também possam ser transmitidos pelo contato com roupas de cama e vestuário interior.

Os sintomas incluem coceira na região genital e a presença de piolhos ou ovos. Entenda que, o piolho-da-púbis não é o mesmo que geralmente infesta os pelos da cabeça.

Sarna

A sarna é uma doença de pele contagiosa que nem sempre é transmitida via sexual. Causada pelo parasita Sarcoptes scabei, a sarna causa erupções extremamente pruriginosas que piora durante a noite. A erupção é mais frequente nas dobras da pele, como entre os dedos, nos punhos e tornozelos, e na área genital.

Ela é incrivelmente contagiosa, e o parasita consegue viver dias fora do corpo humano. Não é transmitida apenas por contato pessoal próximo, mas também pelo contato pele com pele, roupas compartilhadas, toalhas e roupas de cama.

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Herpes / vírus da herpes simples

A herpes é outra DST viral e apresenta-se em duas formas – VHS-1 e VHS-2 . O VHS-1 está geralmente associado ao herpes labial enquanto que o VHS-2 está ligado á presença de úlceras genitais. No entanto, é possível transmitir o herpes da boca para os genitais e vice-versa.

Os sintomas do herpes podem ser tratados com a administração de remédios antivirais, mas o vírus não tem cura. Embora o uso do preservativo possa reduzir o risco de transmissão, o contraceptivo não é 100% eficaz, uma vez que o herpes é transmitido por contato pele a pele.

Hepatite B / HBV

Existem vários tipos de hepatite. Todos eles causam danos no fígado. O tipo de hepatite mais frequentemente associado à transmissão sexual é a hepatite B (HBV). No entanto, a hepatite C também pode ser transmitida pela mesma via.

Com o tempo, a infecção crônica causada pela hepatite B pode levar a cicatrizes no fígado, cirrose e câncer de fígado. Felizmente, existe uma vacina que pode proteger o indivíduo contra infecções.

Cancroide / cancro mole

O cancroide é uma úlcera genital causada pela bactéria Haemophilus ducreyi e um fator de risco importante para o desenvolvimento de HIV. As úlceras causadas pelo cancroide são geralmente maiores e mais dolorosas que as associadas à sífilis, embora os sinais iniciais possam ser confundidos.

Vaginose bacteriana

A vaginose bacteriana é uma condição em que as bactérias saudáveis presentes ​​na vagina desaparecem e são substituídas por organismos diferentes. Os sintomas incluem ardor e prurido ao redor da vagina, corrimento branco ou cinza e odor forte a peixe, particularmente perceptível após a relação.

A mulher pode tomar antibióticos para combater as bactérias, mas muitas vezes ocorre novamente, mesmo após o tratamento bem sucedido. A infecção pode aumentar o risco da mulher desenvolver HIV, doença inflamatória pélvica e parto prematuro (quando o bebê nasce antes das 37 semanas de gestação).

Uretrite não gonocócica

Ao contrário da maioria das DSTs já mencionadas, a uretrite não gonocócica não é causada por uma bactéria ou vírus específico. Ela é definida como qualquer tipo de uretrite que não seja causada por gonorreia. As duas causas mais comuns de uretrite não gonocócica são a clamídia e o Mycoplasma genitalium. Os sintomas incluem queimação ao urinar e corrimento que sai da cabeça do pênis. No entanto, como acontece em muitas DSTs, a maioria dos casos é assintomática.

Molusco contagioso

O molusco contagioso é uma doença de pele, que afeta principalmente crianças pequenas e adultos com o sistema imunológico enfraquecido. É transmitido por contato direto com a pele, portanto, também pode ser transmitido durante o contato sexual entre os adultos.

Staphylococcus Aureus Resistente à Meticilina (MRSA ou SARM)

O Staphylococcus aureus resistente à meticilina embora não seja pensado como uma DST, algumas pesquisas indicam que também pode ser transmitido sexualmente. A maioria dos casos de MRSA é adquirido no hospital ou em outros ambientes médicos, embora também possa ser transmitido por contato direto com a pele.

Linfogranuloma venéreo (LGV)

O linfogranuloma venéreo é uma DST que costumava afetar indivíduos em países em desenvolvimento. Atualmente está presente em todo o mundo. Causada por um tipo de Chlamydia trachomatis, a infecção crônica está intimamente associado à infecção pelo HIV. (2)

Há consequências a longo prazo se as DSTs não forem tratadas?

É importante lembrar que muitas doenças sexualmente transmissíveis não apresentam sintomas, e quando não tratadas elas podem resultar em consequências negativas para a saúde, tanto para homens como para mulheres.

As mulheres podem desenvolver uma infecção chamada “doença inflamatória pélvica” – doença que infecta as tubas uterinas e o útero. A longo prazo também pode levar à infertilidade. Os homens podem desenvolver infecções como a epididimite (inflamação do epidídimo) e infecções testiculares, que podem ter uma ligação à infertilidade se não tratadas. (3)

É importante a mulher e o homem realizarem exames, na presença de algum sintoma genital incomum, como corrimento ou sangramento anormal, ou dor na região genital. Recomenda-se também o usuário a realizar testes sempre que presenciar nódulos e inchaços na área genital, e o mesmo para a presença de erupções cutâneas.

Nota: Este conteúdo, desenvolvido com a colaboração de profissionais médicos licenciados e colaboradores externos, é de natureza geral e apenas para fins informativos e não constitui aconselhamento médico. Este Conteúdo não pretende substituir o aconselhamento médico profissional, diagnóstico ou tratamento. Consulte sempre o seu médico ou outro profissional de saúde qualificado sobre a sua condição, procedimento ou tratamento, seja um medicamento prescrito, de venda livre, vitamina, suplemento ou alternativa à base de ervas.
Autores
Drª Camille Rocha Risegato

Ginecologista e Obstetra - CRM SP-119093

Dra Camille Vitoria Rocha Risegato - CRM SP nº 119093 é formada há 14 anos pela Fundação Técnico Educacional Souza Marques, Rio de Janeiro.

> Consultar CRM (Fonte: https://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_medicos&Itemid=59)

Dra Camille mudou-se para São Paulo onde realizou e concluiu residência médica em Ginecologia e Obstetrícia (RQE nº 25978) no Centro de Referência de Saúde da Mulher no Hospital Pérola Byington em 2007.

Em 2008 se especializou em Patologia do Trato Genital Inferior nesse mesmo serviço. Ainda fez curso de ultrassonografia em ginecologia e obstetrícia na Escola Cetrus.

Trabalha em setor público e privado, atendendo atualmente em seu consultório médico particular situado na Avenida Leoncio de Magalhães 1192, no bairro do jardim São Paulo, zona norte de São Paulo.

Também pode encontrar a Dra Camille no Linkedin, Facebook e Instagram

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    Última atualização da página em 09/09/24