Donovanose: Tratamento, prevenção, pústula ou caroço na região genital + 3 sintomas

Revisão Clínica: Dr Nilo Jorge Leão Barretto (Urologista - CRM-BA 22237). Atualizado: 09/09/24

O que é? Donovanose ou granuloma inguinal é uma infecção crônica e progressiva transmitida principalmente através do contato íntimo (vaginal, anal, e em alguns casos, oral). Acomete maioritariamente a pele e a mucosa da região genital e é originada pela presença da bactéria Gram-negativa Klebsiella granulomatis. Os principais sintomas da infecção manifestam-se através de pequenos caroços e feridas nas regiões anal e genital que, por serem uma área muito vascularizada, facilmente sangram.

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No segundo estágio da doença pode ocorrer a disseminação das lesões para as coxas, região inferior do abdômen, ou região inguinal (virilha). Como se trata de uma doença sexualmente transmissível, a forma mais eficaz de evitar o contágio é mantendo relações sexuais protegidas com o uso de preservativo. O tratamento é feito com a administração de antibióticos. Tetraciclina e eritromicina são 2 exemplos.

Este guia educativo Educar Saúde, compromete-se a esclarecer de forma simples o que deve ser feito nestes casos. Principais manifestações em cada estágio, como é realizado o diagnóstico, formas terapêuticas e como evitar o contágio.

Donovanose, Tratamento, Prevenção, Pústula Ou Caroço Na Região Genital + 3 Sintomas

Sintomas da donovanose

Os sintomas da donovanose têm início lento. Geralmente demora cerca de 7 dias para que o indivíduo perceba as primeiras manifestações, podendo levar até 12 semanas para que os sintomas atinjam o pico. Os principais sintomas incluem:

  • Formação de caroços ou pequenas feridas na região genital, inguinal ou perianal que geralmente não causam dor (Ver fotos (1) e (2);
  • As lesões ou os carocinhos muitas vezes apresentam um aspecto vermelho vivo, crescendo e sangrando facilmente;
  • Existência de úlceras;

Inicialmente aparece uma pequena ferida ou um caroço na pele que não causa dor ao toque e pode não ser notada no início. A infecção geralmente inicia na região genital. As lesões anais ou na boca ocorrem apenas em uma minoria de casos, e somente se o contato íntimo envolver essas áreas.

A lesão na pele progride em três etapas:

Estágio 1: No primeiro estágio, a pequena pústula começa a estender-se e a corroer o tecido circundante. Quando o tecido começa a ficar frágil, fica rosa ou um vermelho leve. Neste estágio as protuberâncias se transformam em nódulos vermelhos volumosos que geralmente ocorrem na região do ânus e genitais. E, embora os nódulos sejam indolores, podem sangrar facilmente se forem feridos.

Estágio 2: No segundo estágio da doença, as bactérias começam a lesionar a pele e desenvolver úlceras superficiais que se espalharão dos órgãos genitais e ânus até as coxas e zona inferior do abdômen, ou região inguinal (virilha). As úlceras por vezes causam mau cheiro.

Estágio 3: Quando o granuloma inguinal avança para o terceiro estágio, as úlceras se tornam mais  profundas e se transformam em tecido cicatricial.

Diagnóstico

A donovanose por vezes é difícil de detectar nos estágios iniciais, pois o indivíduo pode não notar as lesões iniciais.  Além de observar os sintomas relatados pelo paciente – que normalmente chega ao consultório com lesões na região genital – o médico necessita de realizar uma série de exames, como a análise das secreções presentes nas feridas para identificar a bactéria e escolher o medicamento mais adequado ao tratamento.

Quando as úlceras não cicatrizam após um período prolongado, o médico pode solicitar uma biópsia da pele das lesões, em que é removida uma pequena área da úlcera e enviada para análise onde será testada quanto à presença de bactérias Klebsiella granulomatis. Também é possível detectar o agente patológico através da raspagem da lesão.

Como a donovanose é conhecida por aumentar o risco de outras doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), pode ser necessário realizar outros exames de diagnóstico ou culturas para verificar se também estão presentes.

Como é feito o tratamento

O tratamento para a donovanose envolve a utilização de antibióticos, como a Doxicilina, a Eritromicina, o Ciprofloxacina, o Sulfametoxazol e o Tianfenicol, por exemplo. A duração do tratamento, assim como o medicamento indicado, varia de acordo com a análise médica, sintomas relatados pelo paciente e historial médico. De acordo com o CDC estão recomendados os seguintes regimes terapêuticos:

Regime recomendado: Azitromicina 1 g por via oral uma vez por semana, ou 500 mg ao dia por pelo menos 3 semanas e até que todas as lesões tenham cicatrizado completamente.

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Regimes Alternativos:

Doxiciclina 100 mg por via oral duas vezes ao dia por pelo menos 3 semanas e até que todas as lesões tenham cicatrizado completamente ou;

Ciprofloxacina 750 mg por via oral duas vezes ao dia por pelo menos 3 semanas e até que todas as lesões tenham cicatrizado completamente ou;

Eritromicina base 500 mg por via oral quatro vezes ao dia por pelo menos 3 semanas e até que todas as lesões tenham cicatrizado completamente.

Nota: A doxiciclina deve ser evitada no segundo e terceiro trimestres da gravidez, devido ao risco de descoloração dos dentes e ossos, mas pode ser usada durante a amamentação.

É importante que o tratamento seja realizado o quanto antes, para evitar cicatrizes permanentes e o inchaço da região genital, anal e inguinal.

Quando ocorrem úlceras ou lesões maiores ou mais dolorosas, pode ser recomendada uma pequena cirurgia de drenagem a fim de evitar que o processo inflamatório se dissemine.

Se os sintomas não desaparecerem após o período indicado pelo médico, o paciente deverá retornar ao consultório para realizar novos exames para perceber a melhor conduta a ser seguida.

Não é válida a medicação por conta própria, mesmo que seja com o mesmo medicamento já indicado pelo médico, pois somente o especialista poderá julgar se o medicamento fez o efeito pretendido ou não. O uso de antibióticos de forma inadequada pode contribuir para o aumento de bactérias no organismo, que ficam mais resistentes e, consequentemente, exigem antibióticos mais fortes.

Cuidados a ter durante o tratamento

É fundamental, durante o tratamento, administrar o antibiótico de acordo com as instruções indicadas pelo médico, sem a ingestão de bebidas alcoólicas que podem comprometer a eficácia da terapia e realizando consultas de acompanhamento, sobretudo quando o tempo de tratamento é mais longo, para perceber se houve agravamento das lesões.

É importante que a região íntima seja bem higienizada para impedir infecções na lesão e ao mesmo tempo acelerar o processo de cicatrização do local. Deve ser utilizado vestuário leve para garantir o mínimo de sudorese local, já que a umidade pode contribuir para a proliferação de mais bactérias. Além disso, as roupas leves e de tecidos naturais contribuem também para a circulação do ar, facilitando a cicatrização.

O contato íntimo deve ser evitado na fase de tratamento ou usado contraceptivo de barreira para prevenir a transmissão da bactéria até que os sintomas da infecção tenham sido totalmente extintos e a terapia tenha terminado.

Caso tenha havido contato íntimo no passado (últimos 2 meses) antes do diagnóstico da donovanose, é essencial instruir o parceiro ou parceira a consultar um especialista para que sejam realizados exames e o devido tratamento, se necessário.

Sinais de melhora

O sinal mais evidente de melhora é o alívio das feridas e cicatrização das mesmas. Mesmo após ser sido percebida uma melhora, continua a ser importante consultar novamente o especialista para garantir que a bactéria foi erradicada de vez e não haverá reincidência.

Sinais de piora

Por vezes ocorre o agravamento do quadro, tanto por conta do início tardio do tratamento como por conta da utilização equivocada do antibiótico (que pode ocorrer por instruções médicas erradas ou pelo mau uso do próprio paciente, que não segue os horários e as recomendações indicadas).

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O agravamento da donovanose inclui o crescimento das feridas, que não cicatrizam e sangram cada vez mais. Nestes casos a prioridade é retornar ao especialista para que se perceba o que falhou no tratamento, ou para que o tratamento seja iniciado o quanto antes (nos casos que ainda não foram diagnosticados).

Complicações

As possíveis complicações da donovanose incluem alterações neoplásicas, pseudo-elefantíase, disseminação hematogênica, poliartrite, osteomielite, sangramento vaginal e estenose da uretra, vaginal ou ânus. A disseminação da bactéria para a cavidade abdominal é uma complicação rara, mas possível.

Prevenção

A melhor forma de prevenção ocorre com a prática de relações sexuais protegidas – com o uso de preservativo. É importante que a ferida esteja completamente protegida e não entre em contato com o corpo do parceiro, pois é a partir daí que se inicia a transmissão da donovanose.

Para identificar o aparecimento de feridas e outros sintomas da donovanose, é importante que durante a higiene íntima diária seja realizada uma observação detalhada do local, observando possíveis feridas ou lesões, cheiro, cor, ou alterações na pele. É importante não tocar nas feridas nem usar substâncias para tentar curá-las, pois pode agravar o quadro e dificultar o tratamento.

Resumindo

A bactéria tem um período de incubação que pode variar de 8 dias a um ano, com uma média de aproximadamente 50 dias. O paciente médio tem entre 20 a 40 anos de idade e é mais comum em homosexuais. Na mulher geralmente acomete a região da vulva, lábios vaginais, períneo, colo do útero. Nos homens pode ocorrer no prepúcio, glande do pênis e região perianal (ânus).

A donovanose pode ser tratada com antibióticos. Quando não tratada de forma rápida, a infecção pode evoluir para os nódulos linfáticos na região da virilha e aumentar a probabilidade de infecções recorrentes após o término do tratamento. O parceiro sexual deve ser informado, examinado e igualmente tratado. Após a conclusão do tratamento, é essencial consultar o médico uma vez a cada seis meses.

Nota: Este conteúdo, desenvolvido com a colaboração de profissionais médicos licenciados e colaboradores externos, é de natureza geral e apenas para fins informativos e não constitui aconselhamento médico. Este Conteúdo não pretende substituir o aconselhamento médico profissional, diagnóstico ou tratamento. Consulte sempre o seu médico ou outro profissional de saúde qualificado sobre a sua condição, procedimento ou tratamento, seja um medicamento prescrito, de venda livre, vitamina, suplemento ou alternativa à base de ervas.
Autores
Dr Nilo Jorge Leão Barretto (Urologista - CRM-BA 22237)

Urologista - CRM-BA 22237

Consultar > Currículo Lattes.

O Dr. Nilo Jorge é Graduado em Medicina pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Publica- 2010. Além disso possui:

- Especialização em Urologia e Cirurgia Geral na Universidade de São Paulo – 2013/2015.

- Título de especialista em Especialização em Fellowship em UroOncologia, Laparoscopia e Cirurgia Robótica.

Fundação Antônio Prudente- AC Camargo Câncer Center, AC CAMARGO, Brasil.

Título: Cirurgias Laparoscópicas e Robótica em Urologia. - Orientador: Dr. Gustavo Cardoso Guimarães – 2017.

- Coordenador do Núcleo de Uro-Oncologia do Hospital Santo Antônio- Obras Sociais Irmã Dulce. Preceptor do núcleo de Urologia do Hospital São Rafael. Uro-oncologista do Grupo OncoClinicas do Brasil e sócio do grupo Uroclinica da Bahia.

Membro titular da Sociedade Brasileira de Urologia, cirurgião geral e urologista pela Universidade de São Paulo (USP- RP). Fellowship em Uro oncologia, laparoscopia e cirurgia robótica no AC Camargo Câncer Center.

Cirurgião robótico certificado pela Intuitive/Strattner. "International Member" da European Association of Urology (EAU) e da "American Urological Association" (AUA). Possui trabalhos publicados em congressos, periódicos e livros em Urologia.

Endereço: Rua Anita Garibaldi, 1815 CME Federação, Salvador/BA - Telefone: (70) 3235-0867 / 2626-3030

Também pode encontrar o Dr. Nilo Jorge na sua página www.nilojorge-leaobarretto.com, ou no Linkedin e Instagram.


Bibliografia
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    Última atualização da página em 09/09/24