A dor na ovulação é considerada uma dor relativamente normal, que acomete a mulher em idade fértil e costuma afetar apenas um dos lados da região baixa do abdômen, mas, também pode afetar ambos os lados. É denominada também como mittelschmerz ou “dor do meio”, pelo fato de acontecer no meio do ciclo menstrual.
Habitualmente, é uma dor mais comum em mulheres que tomam remédios (Clomid) para induzir a ovulação, em tratamentos de infertilidade, pois os ovários tendem a ficar mais inchados.
Tendo em vista ocorrer no meio da menstruação, muitas vezes esta dor presente no ovário acaba sendo confundida com dores menstruais, devendo a mulher ficar sempre muito atenta caso a dor persista ou fique mais forte, pois poderá ser um sinal de alerta para doenças mais graves, como cistos nos ovários, endometriose, apendicite ou gravidez ectópica. Veja aqui os principais sintomas da gravidez ectópica.
Quando ocorre a ovulação?
O ciclo menstrual dura cerca de 28 dias e a ovulação costuma acontecer no 14º dia antes do início da menstruação, ou seja, na metade do ciclo menstrual, que é quando o óvulo se solta do ovário e então, a mulher ovula. Com toda a atividade hormonal estrogênica e do hormônio luteinizante, os ovários acabam aumentando de tamanho. Medindo eles normalmente, 45 centímetros cúbicos (30 mm x 15 mm x 15 mm), no período da ovulação podem atingir até 90 centímetros cúbicos. Veja o que pode ser a dor no ovário.
As três fases da ovulação
A ovulação é dividida em três fases, sendo elas: folicular, ovulatória e pós- ovulatória.
- Folicular: inicia no 1º dia da menstruação e é quando crescem os folículos que são as bolsas (pequeno envoltório) onde ficará o óvulo. Esta bolsa quando desenvolvida, ativa a produção de estrogênio.
- Ovulatória: acontece nas 36 horas após, quando a taxa de estrogênio está mais alta e produz a secreção de enzimas. Com isso, ocorre a liberação do óvulo que já está maduro. Nessa segunda fase, começam as dores da ovulação, provenientes das contrações do útero.
- Pós-ovulatória: depois que ocorre a ovulação, o corpo lúteo (uma glândula que libera progesterona) se desenvolve. Caso o óvulo não seja fecundado, a glândula se destrói e se inicia então, um novo ciclo menstrual com o rompimento dos vasos.
Quais os sinais e sintomas
A dor na ovulação se assemelha a uma pontada, uma cólica mais forte que pode ser acompanhada também de câimbras, fisgadas e puxões mais intensos e muitas vezes são confundidas com gases. Pode durar de minutos até dias e acompanhar outros desconfortos semelhante à dor pré-menstrual, como dor na mama, cabeça, rim ou barriga. Algumas mulheres também experimentam um leve sangramento.
20% das mulheres sente essa dor, sendo na maioria das vezes um desconforto considerado leve.
As dores têm origem no aumento da taxa de hormônios e também na movimentação das trompas de Falópio, onde as mulheres mais sensíveis reclamam de sentir esses movimentos de maneira dolorida.
A dor pode ser sentida em ambos os lados, sendo mais comum senti-la apenas em um dos ovários, podendo também vir acompanhada de enjoos e até mesmo, sangramento vaginal.
Esses sintomas podem ser mais fortes em mulheres que induzem a ovulação com a administração de medicamentos, como por exemplo o Clomid, pois os ovários acabam ficando mais inchados e a dor pode ficar tão intensa a ponto de ser confundida com uma hiperestimulação ovariana.
No caso de mulheres que possuem o ciclo menstrual irregular, esses sintomas são o principal meio de identificar que a mulher está entrando no período fértil.
Outros sintomas desta fase incluem:
- Dor na região lombar ao nível dos rins
- Dor nas pernas
- Desconforto no quadril
- Gases
- Dor muscular
- Dor de estômago
- Dor óssea
- Inchaço
Quanto tempo duram os sintomas? Normalmente, a dor dura em torno de uma semana, com variações de intensidade e costuma ser mais fácil de identificar com a mulher deitada, apalpando a região do abdômen. Caso a dor ultrapasse o período de uma semana e seja forte demais a ponto de ter que modificar toda a rotina, a mulher deverá procurar um ginecologista para ser avaliada e receber o diagnóstico correto.
Possíveis causas
A dor na ovulação pode ser provocada pela irritação na região abdominal que acontece no contato do fluido e do sangue que é dispensado pelo óvulo rompido com a cavidade peritoneal. Caso a dor perdure por um longo tempo, ou seja mais forte, trazendo grande incômodo, a mulher deve ficar atenta, pois, poderá se tratar de outras patologias como:
- DST’s – Doenças Sexualmente Transmissíveis: pode causar inflamações e feridas em torno das trompas uterinas. Clamídia, gonorreia e HPV) são alguns exemplos.
- Endometriose: doença inflamatória que atinge as trompas e os ovários.
- Apendicite: inflamação no apêndice.
- Cistos no ovário: sacos sólidos ou com liquido localizado dentro ou na superfície de um ovário.
- Gravidez ectópica: gravidez que o óvulo fertilizado é implantado fora do útero.
As dores na ovulação também podem ocorrer no pós-parto de uma cesárea ou em um pós-operatório de uma cirurgia de apêndice, pois o tecido da cicatriz pode envolver os ovários, gerando esse desconforto.
O que tomar para aliviar a dor
Como a dor costuma causar algum incômodo, o médico poderá prescrever medicamentos analgésicos (paracetamol por exemplo) ou anti-inflamatórios (naproxeno e ibuprofeno por exemplo) para aliviar o desconforto. O uso de pílulas anticoncepcionais também pode ser prescrito pelo médico, como forma de prevenir dores na ovulação recorrentes.
Importante: Nos casos em que a mulher esteja tentando engravidar, não deve usar anti-inflamatórios, pois eles costumam afetar a ovulação, prejudicando a fertilidade.
Remédios caseiros para aliviar o desconforto
Algumas mudanças no dia a dia podem ajudar a aliviar a dor presente nesta fase, e incluem:
- Relaxar: diminua a tensão, pois com isso, as dores só pioram.
- Exercícios físicos: a prática de exercícios físicos de alongamento alivia a ovulação dolorosa e proporciona sensação de bem-estar.
- Aplicação de compressas quentes na região do abdômen durante 20 minutos: alivia a tensão, relaxa os músculos e aumenta a circulação.
- Ingerir bastante liquido.
- Chá de camomila: possui propriedades anti-inflamatórias.
- Banho quente: o calor da água, alivia as tensões e age nas terminações nervosas do corpo, liberando endorfina.
- Evite a cafeína: ela aumenta a sensação de dor, tendo em vista a contração dos vasos sanguíneos.
Quando procurar um médico?
Inchaço, sangramento leve, dor nas costas ou dor no peito são alguns dos sintomas mais comuns da ovulação. É importante notar que apenas 20% das mulheres sofrem este tipo de desconforto durante a expulsão do óvulo no meio do ciclo. Portanto, a dor na ovulação é considerada uma dor normal. Apenas vale a pena procurar um médico se houver outros sintomas que acompanham a dor, como por exemplo:
- Dor e incômodo ao urinar
- Febre
- Enjoo
- Vômito
- Náuseas
- Vermelhidão ou queimação na região do abdômen ou na pélvis
- Inchaço abdominal
- Corrimento vaginal atípico
- Sangramento vaginal intenso
- Dores que já persistem por vários dias
Nesses casos, o médico irá analisar se a dor está dentro da normalidade ou não, avaliando o histórico médico da paciente, solicitando exames de laboratório, exames físicos, amostras de muco vaginal e exames de imagem da região abdominal ou vaginal.
Ginecologista e Obstetra - CRM SP-119093
Dra Camille Vitoria Rocha Risegato - CRM SP nº 119093 é formada há 14 anos pela Fundação Técnico Educacional Souza Marques, Rio de Janeiro.
> Consultar CRM (Fonte: https://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_medicos&Itemid=59)
Dra Camille mudou-se para São Paulo onde realizou e concluiu residência médica em Ginecologia e Obstetrícia (RQE nº 25978) no Centro de Referência de Saúde da Mulher no Hospital Pérola Byington em 2007.
Em 2008 se especializou em Patologia do Trato Genital Inferior nesse mesmo serviço. Ainda fez curso de ultrassonografia em ginecologia e obstetrícia na Escola Cetrus.
Trabalha em setor público e privado, atendendo atualmente em seu consultório médico particular situado na Avenida Leoncio de Magalhães 1192, no bairro do jardim São Paulo, zona norte de São Paulo.
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