A esporotricose é uma infecção fúngica da pele, granulomatosa e indolor, produzida pelo fungo schenb Sporothrix dimorphic, cujo reservatório são plantas onde se desenvolve como uma saprófita. Também conhecido como “doença do jardineiro ou tratador de rosas“, o fungo pode ser encontrado não apenas em plantas como também no solo circundante. A forma cutânea da infecção geralmente manifesta-se nos membros superiores (braços, mãos e dedos), formando uma lesão nodular ou inchaço na pele, que pode variar de vermelho, rosa ou roxo.
Embora seja uma ocorrência rara e geralmente não apresente risco de vida, a infecção pode levar a complicações sérias quando deixada sem tratamento.
Fotos de esporotricose
Quais são os sintomas
Os sintomas da infecção geralmente começam leves nas primeiras semanas de exposição.
O paciente geralmente experimenta um pequeno inchaço que pode ser vermelho, rosa ou roxo. Este inchaço aparece no local da exposição, geralmente no braço ou na mão, e pode ou não ser doloroso ao toque.
Pode levar de 1 a 12 semanas antes que a esporotricose apresente qualquer sintoma. À medida que a infecção progride, o inchaço pode se transformar numa úlcera.
O paciente pode desenvolver uma erupção cutânea grave ao redor da área afetada, bem como novos inchaços. Por vezes, a erupção pode afetar os olhos e até causar conjuntivite.
O que causa a infecção
A esporotricose é causada pelo fungo Sporothrix. Este tipo de fungo é prevalente em todas as regiões do mundo, sendo mais comum na América Central e América do Sul.
De acordo com o Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA, o fungo pode ser encontrado em roseiras, feno e musgo.
As pessoas que manuseiam qualquer uma dessas plantas ou o seu solo circundante regularmente, podem estar em risco de exposição ao fungo. Ainda assim, a exposição não significa automaticamente que o indivíduo irá desenvolver a infecção fúngica.
Esporotricose cutânea
Ter um corte ou ferimento aberto na pele pode colocar qualquer pessoa em risco de esporotricose cutânea. Isso significa que o fungo entra através da pele.
Algumas pessoas são infectadas após serem cortadas por uma planta que contém o fungo – dai os espinhos de rosa serem os principais culpados pela transmissão do fungo.
Esporotricose pulmonar
Em casos raros, o fungo entra através dos pulmões depois do indivíduo respirar os esporos presentes no ar. Este subtipo é chamado de esporotricose pulmonar. Pode causar dificuldades respiratórias, dor no peito, tosse, febre, fadiga e perda de peso involuntária.
A esporotricose também pode ser transmitida para o ser humano pelo contato com animais infectados (especialmente gatos), através de arranhões e ou mordidas. Felizmente, a doença não pode ser transmitida entre pessoas.
Segundo o BMJ Case Reports, as taxas mais altas de infecção tendem a ocorrer em pessoas com idades entre os 16 e 30 anos.
Como identificar?
Para diagnosticar corretamente a esporotricose, o indivíduo precisa consultar o dermatologista para a realização de exames. Durante os exames são retiradas amostras de pele (biópsia) e enviadas para laboratório, onde são avaliadas.
Quando o médico suspeita de esporotricose pulmonar, geralmente pede para o paciente realizar um exame de sangue.
Os exames de sangue também podem ajudar a identificar formas graves de esporotricose cutânea. O tratamento realizado vai depender dos resultados destes testes.
Como tratar a esporotricose
Infecções fúngicas como a esporotricose dependem de tratamentos médicos para eliminar o fungo do corpo. No entanto, existem alguns tratamentos caseiros que podem ajudar a reduzir a propagação da infecção.
Para infecções da pele, é importante o paciente ter a certeza de que a ferida é mantida limpa e enfaixada. Este simples ato pode ajudar a evitar que a erupção piore. O paciente deve também evitar coçar a área.
Antifúngicos, tratamento intravenoso e cirurgia
As infecções de pele causadas por este tipo de fungo são tratadas com antifúngicos, como o itraconazol oral (Sporanox) e o iodeto de potássio supersaturado. A medicação deve ser tomada durante vários meses até que a infecção tenha sido totalmente curada.
Os casos mais graves de esporotricose podem necessitar de tratamentos intravenosos (IV), como a anfotericina B.
De acordo com o CDC, pode ser necessário o paciente tomar itraconazol por até um ano após a conclusão do tratamento intravenoso. Este tempo ajuda a garantir que o fungo esteja completamente fora do corpo.
Quando a infecção se originou nos pulmões, o indivíduo pode precisar de cirurgia. O processo cirúrgico envolve cortar e eliminar o tecido pulmonar infectado.
A esporotricose pode causar complicações?
Na maioria dos casos a infecção não é mortal. No entanto, se o paciente não a tratar, poderá ter os inchaços e feridas durante muitos anos – Que em alguns casos podem se tornar permanentes.
Quando não tratada, este tipo de infecção pode evoluir para esporotricose disseminada – levando a infecção fúngica a expandir para outras regiões do corpo.
Algumas dessas regiões incluem os ossos ou o sistema nervoso central, levando o paciente a experimentar:
- dor nas articulações
- dores de cabeça severas
- confusão
- convulsões
Um sistema imunológico enfraquecido pode colocar qualquer pessoa em risco, especialmente em pacientes com HIV. No caso das mulheres grávida, os medicamentos antifúngicos podem prejudicar o bebê. Neste caso, certifique-se de discutir a possibilidade de gravidez com o seu médico antes de tomar qualquer antifúngico recomendado.
Qual é a perspectiva da doença?
No geral, o risco de ser infectado pela esporotricose é raro.
Segundo o CDC, a maioria dos casos não apresenta risco de vida. Ainda assim, dados os sintomas e as possíveis complicações, não vale a pena arriscar quando se trabalha ao ar livre.
Use sempre luvas quando estiver trabalhando com plantas e árvores. O uso de mangas compridas e calças também oferece alguma proteção e ajudar a diminuir o risco de transmissão.
Em caso de ferida, certifique-se de que ela esteja bem enfaixada e coberta com roupas antes de manusear qualquer planta.
Dermatologista - CRM-SP 195965 / RQE 73850
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O Dr. Pedro Secchin é Graduado em Medicina pela Universidade Gama Filho (UGF) – 2011. É Mestrado em Medicina pela Fundação Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). Além disso o Dr. também possui:
- Especialização em Dermatologia no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho da Universidade Federal do Rio de Janeiro (HUCFF/UFRJ) - 2018.
- Título de especialista em Dermatologia pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e Associação Médica Brasileira (AMB).
- É membro titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
Endereço: Rua Inglês de Sousa, 449. CEP: 01546-010 - Jardim da Glória São Paulo - São Paulo Telefone: (11) 4301-9931
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