A cultura de secreção vaginal, ou esfregaço vaginal, é um exame ginecológico realizado através da retirada do muco (corrimento) vaginal para posterior análise citológica. Os resultados do teste podem ajudar no diagnóstico da vaginite (termo usado para descrever uma série de infecções e outros problemas que a cometem a vagina).
O ginecologista geralmente recomenda a cultura de secreção vaginal quando a mulher relata sintomas vaginais, que incluem:
- coceira;
- mau odor;
- dor;
- corrimento anormal.
Neste guia educativo, explicamos passo a passo como é realizado o exame, e que problemas ele pode ajudar a diagnosticar. Também descrevemos como a mulher se deve preparar, o que esperar durante o teste, e que resultados podem ser exibidos. Por fim, indicamos o tratamento e a prevenção dos vários tipos de vaginite.
Por que é realizado o esfregaço vaginal?
Quando existe suspeita de vaginite, este é um dos exames exigidos pelo ginecologista. No entanto, esta coleta também pode ser realizada para rastrear algumas infecções sexualmente transmissíveis (DST) e recolher evidências relacionadas a agressões sexuais.
Um estudo publicado em 2015 revela que o exame de cultura de secreção vaginal é mais eficaz no diagnóstico da vaginose do que os métodos mais simples e rápidos, como o teste de pH e os testes de cultura padrão.
Os autores do estudo concluíram ainda que os resultados da microscopia do líquido vaginal são mais eficientes a determinar o melhor tratamento e a prevenir infecções recorrentes.
Sintomas de vaginite
A vaginite é uma condição ginecológica que causa inflamação da vagina, o que geralmente é resultado de uma infecção ou desequilíbrio nas bactérias vaginais.
Outras possíveis causas de vaginite incluem:
- níveis reduzidos de estrogênio após a menopausa;
- flutuações hormonais durante e após a gravidez;
- agentes de contato irritantes;
- algumas doenças da pele, incluindo dermatite.
Os sintomas da vaginite incluem:
- coceira, irritação, sensação de ardor ou inchaço na vagina ou vulva;
- dor durante a relação sexual;
- dor ao urinar;
- sangramento vaginal leve (sangramento de escape);
- alterações no corrimento vaginal.
Algumas mudanças na quantidade, odor ou cor do corrimento vaginal, podem ajudar o médico a identificar o tipo de vaginite. Algumas dessas mudanças são descritos abaixo.
Infecção bacteriana
Também referida de vaginose bacteriana, esta infecção pode causar corrimento vaginal cinza ou leitoso com odor de peixe. O mau odor ocorre quando o nível de pH vaginal aumenta, e geralmente é mais intenso após as relações. No entanto, algumas mulheres desenvolvem a vaginose bacteriana sem apresentarem quaisquer sintomas.
Para mais informações, consulte o artigo Tratamentos naturais para Vaginose Bacteriana.
Infecção por fungos
Também denominada por candidíase, uma infecção por fungos leva à presença de corrimento vaginal grosso e branco, semelhante ao queijo cottage. O corrimento geralmente não tem odor.
Tricomoníase
O parasita que provoca esta doença sexualmente transmissível recebe o nome de Trichomonas vaginalis. Os principais sintomas incluem corrimento vaginal espumoso, amarelo-esverdeado, com cheiro desagradável.
A tricomoníase também pode levar ao desenvolvimento de feridas vermelhas nas paredes vaginais e no colo do útero, que o médico pode observar durante o exame pélvico.
Para mais informações sobre mau odor na região íntima, consulte o artigo Remédios Caseiros para Odor Vaginal Intenso.
Atrofia vaginal
Esta atrofia refere-se ao afinamento das paredes vaginais e afeta as mulheres que estão entrando na menopausa. Ela pode levar ao desenvolvimento da vaginite atrófica, e, geralmente envolve coceira, irritação, secura vaginal e dor durante a relação.
Como é diagnosticada a vaginite?
Analisar os sintomas e realizar exames físicos e pélvicos, bem como examinar o histórico médico da mulher, faz parte do procedimento de diagnóstico. Durante o exame pélvico, o médico geralmente procura por locais inflamados e corrimento anormal.
Também podem ser realizados testes de pH vaginal, uma vez que, níveis de PH elevados podem indicar vaginose bacteriana ou tricomoníase.
Este teste envolve a aplicação de uma amostra de muco (corrimento) a uma tira de pH. De seguida a tira de papel mudará de cor, e os números atribuídos a cada cor indica o nível de pH da vagina.
O pH da vagina para estar nos níveis normais deve permanecer entre 3,8 a 4,5. No entanto, não é um teste conclusivo e deve ser realizado juntamente com outros métodos, incluindo o esfregaço vaginal.
Ele também não é usado para diagnosticar infecções fúngicas porque geralmente as mulheres com a infecções vaginais tendem a ter níveis de PH normais.
Preparação para o Exame de Cultura de Secreção Vaginal
A preparação para o exame não exige grandes mudanças no dia a dia. No entanto, é importante a mulher não usar cremes ou outros medicamentos na vagina durante pelo menos 2 dias antes do exame.
Os médicos também não recomendam a realização de duchas, uma vez que elas podem levar a infecções e irritações. A ducha vaginal envolve lavar a vagina com água e outras misturas fluidas.
Como é realizado o exame?
1- A mulher despe-se da cintura para baixo e deita-se na mesa de exame.
2 – De seguida o médico insere um instrumento chamado espéculo, na vagina, permitindo que ela se mantenha aberta e que o médico veja o seu interior. O procedimento não é doloroso, mas o espéculo pode causar algum desconforto.
Não existem quaisquer riscos associados ao exame.
3 – De seguida, o médico com o uso de um cotonete úmido e esterilizado retira uma amostra do corrimento vaginal, remove o espéculo, e dá-se o procedimento como terminado.
Análise
Depois da clínica enviar a amostra de corrimento vaginal para laboratório, inicia-se a análise. No laboratório, a amostra é misturada com uma solução salina e colocada em um slide, sendo de seguida examinada através de microscópio para verificar evidências de uma infecção.
Resultados do exame, o que eles significam
Quando existe a necessidade de enviar a amostra para para laboratório, os resultados geralmente estão prontos em 1 a 2 dias. O exame pode ajudar a detectar os seguintes tipos de infecção:
- vaginose bacteriana;
- tricomoníase;
- uma infecção por fungos.
Quando o teste não detecta nenhuma destas infecções, é sinal que existe algo diferente causando os sintomas. Pode sempre ser uma atrofia vaginal por exemplo.
Resultados Normais
Nenhuma levedura, bactéria, tricomoníase ou células indicadoras presentes no slide. Também não existe a presença de glóbulos brancos ou o número é muito reduzido.
Resultados Anormais
1 – Números elevados de glóbulos brancos geralmente é indicador de infecção vaginal.
2 – Células de levedura encontradas no muco recolhido significam a presença de infecção vaginal por fungos.
3 – A presença do parasita trichomonas vaginalis no material recolhido indica a presença de tricomoníase.
4 – A presença de clue cells significa vaginose bacteriana.
5 – A presença de muitas bactérias “Gardnerella vaginalis” pode igualmente significar vaginose bacteriana.
Quais são as opções de tratamento?
Abaixo indicamos os tratamentos recomendados para os diferentes tipos de vaginite:
Vaginose bacteriana
Geralmente é prescrito o metronidazol para tratar infecções bacterianas. O medicamento está disponível em forma de comprimido ou gel vaginal. Outra medicação prescrita para a vaginose bacteriana é a clindamicina, um creme que pode ser aplicado na vagina.
Infecções fúngicas
As infecções fúngicas podem ser tratadas com cremes anti-fúngicos de venda livre, que incluem o miconazol (Monistat).
Quando necessário, o médico prescreve cremes mais fortes, sendo o anti-fúngico fluconazol (Diflucan) um dos indicados, e disponível em forma de pílula.
Tricomoníase
O Metronidazol (Flagyl) e o tinidazol (Tindamax) são os medicamentos geralmente utilizados para tratar a tricomoníase. Ambas estão disponíveis em forma de pílula.
Uma vez que a tricomoníase é transmitida através de contato sexual, ambos os parceiros precisam ser tratados para evitar a reinfecção.
Atrofia vaginal
A atrofia vaginal é tratada com a administração de estrogênio. O hormônio pode ser suplementado através de:
- comprimidos;
- cremes;
- anéis vaginais.
O controle dos níveis de estrogênio pode ajudar a reduzir os sintomas de vaginite atrófica.
Vaginite não infecciosa
Quando a responsável pela vaginite não é uma infecção, o ginecologista após determinar a causa, recomenda algumas formas de prevenção.
A má higiene, alguns sabonetes, os produtos de lavanderia e os absorventes higiênicos perfumados e tampões, todos eles podem causar sintomas de vaginite.
Conclusão
A prática de uma boa higiene pode muitas vezes ajudar a prevenir alguns tipos de vaginite, incluindo a vaginose bacteriana. A mulher também será capaz de prevenir a vaginite não infecciosa, evitando alguns gatilhos e irritantes vaginais.
Após a lavagem íntima, é essencial remover completamente o sabonete e secar bem a região.
A prática de relações seguras e o uso de preservativos, pode ajudar a prevenir a tricomoníase.
Lembre-se de realizar exames ginecológicos anuais para detetar problemas antecipadamente e garantir que os órgãos reprodutivos e sexuais estejam de boa saúde.
Ginecologista e Obstetra - CRM SP-119093
Dra Camille Vitoria Rocha Risegato - CRM SP nº 119093 é formada há 14 anos pela Fundação Técnico Educacional Souza Marques, Rio de Janeiro.
> Consultar CRM (Fonte: https://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_medicos&Itemid=59)
Dra Camille mudou-se para São Paulo onde realizou e concluiu residência médica em Ginecologia e Obstetrícia (RQE nº 25978) no Centro de Referência de Saúde da Mulher no Hospital Pérola Byington em 2007.
Em 2008 se especializou em Patologia do Trato Genital Inferior nesse mesmo serviço. Ainda fez curso de ultrassonografia em ginecologia e obstetrícia na Escola Cetrus.
Trabalha em setor público e privado, atendendo atualmente em seu consultório médico particular situado na Avenida Leoncio de Magalhães 1192, no bairro do jardim São Paulo, zona norte de São Paulo.
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