Amenorreia: O que pode causar a Ausência da Menstruação

Revisão Clínica: Drª Camille Rocha Risegato. Atualizado: 08/09/24

A ausência da menstruação nem sempre significa que a mulher está grávida. Ela também pode ocorrer devido a mudanças no peso (seja ganho ou perda de peso), desequilíbrios hormonais, amamentação, síndrome do ovário policístico, períodos de estresse extremo, ou após a mulher parar de tomar a pílula anticoncepcional…

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Amenorreia é o nome atribuído aos casos em que a mulher não apresenta fluxo menstrual. As mulheres identificadas nessa situação vivenciam alguns problemas. Um deles se refere ao fato da eterna desconfiança da gravidez. Afinal, a ausência de menstruação é um dos principais indícios do início da gestação.

Falta Da Menstruação Nem Sempre é Sinal De Gravidez

Esse estado de amenorreia pode ser consequência da ausência do consumo de pílulas anticoncepcionais. As elevadas taxas de estresse, os quadros de anorexia, e a prática exagerada de exercícios físicos também são fatores importantes.

Vale frisar que, ao se aproximar da menopausa, a mulher também deixa de menstruar. Além disso, a ausência desse fluxo sanguíneo é normal depois da primeira menstruação da mulher, fase chamada de menarca.

Caso a mulher seja submetida a uma intervenção cirúrgica de remoção ovariana e uterina, ela também deixará de menstruar. De qualquer forma, e embora cause algum desconforto, a falta da menstruação não provoca consequências graves — na maior parte das vezes.

Principais causas da Ausência Menstrual

Na sequência, conheça e entenda melhor as causas mais frequentes desse distúrbio.

Estresse

O estresse elevado é caracterizado por estados de nervosismo exagerados e crises de ansiedade. Esse desequilíbrio reflete diretamente no fluxo da menstruação. A solução consiste na adoção de práticas que proporcionem serenidade e acalmem os ânimos da mulher. Algumas dicas são a realização de atividades relaxantes, como meditação e exercícios corporais da ioga.

Exercício físico intenso

Nem sempre a atividade física intensa pode ser evitada. Esse é o caso das atletas profissionais, como aquelas que disputam campeonatos de natação, maratonas ou ginástica artística.

Essas mulheres precisam manter sessões de treinamentos intensas, visando uma boa preparação para as provas. Uma possível solução seria distribuir melhor as sessões de treinos, o que diminuiria o impacto sobre o organismo. Com isso, é possível estabilizar o fluxo menstrual.

Amamentação

A amamentação pode ser outra razão para os períodos perdidos. Os processos biológicos relacionados à lactação são complexos e fascinantes, mas no contexto da menstruação, é importante a mulher entender que esta fase pode reduzir os níveis de estrogênio. Sem estrogênio para aumentar o hormônio luteinizante, não há ovulação e, consequentemente, não há menstruação.

Alterações da tireoide

Mudanças no funcionamento da glândula tireoide alteram a distribuição de alguns hormônios. Essas transformações podem se refletir na queda da síntese hormonal (hipotireoidismo) ou no aumento dela (hipertireoidismo).

Caso seja necessário, cabe ao médico prescrever remédios específicos para a regulação da tireoide. Tanto o excesso quanto a escassez de hormônios é prejudicial para o corpo da mulher.

Distúrbios alimentares

Não é preciso que a mulher apresente um quadro de bulimia ou anorexia para que ela sofra um distúrbio alimentar. Esses dois casos tendem a ser mais graves. No entanto, o simples fato da mulher manter uma alimentação com déficit nutricional já é o bastante para desencadear o referido distúrbio.

A solução depende de uma readequação alimentar. A mulher deve então, consultar-se com um nutricionista, que se encarregará de criar um plano alimentar customizado para aquela situação. Cada plano objetiva repor a quantidade de vitaminas, minerais e demais substâncias necessitadas por cada paciente.

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Mudanças no peso

Embora não seja claro exatamente quão significativa a mudança de peso tem que ser para causar a ausência da menstruação, entenda que, não só a anorexia como também a obesidade têm sido associadas a esta falha. Uma das principais razões é porque o tecido adiposo está envolvido na produção de hormônios, incluindo estrógenos e outras moléculas envolvidas na inflamação.

Portanto, grandes alterações no peso, seja a perda de uma quantidade significativa de gordura ou o seu ganho, podem resultar em desequilíbrios hormonais importantes, levando á interrupção da fertilidade e da ovulação. (1)

Doenças do aparelho reprodutor

Existem algumas patologias que também acarretam a perda do fluxo menstrual, como:

  • endometriose;
  • cânceres;
  • síndrome dos ovários policísticos;
  • miomas.

Naturalmente, cada caso prevê um tratamento particular. Assim, um ponto importante, aqui, refere-se à precisão do diagnóstico. Desse modo, será possível indicar a terapias apropriadas para que a paciente recupere a regularidade do seu fluxo menstrual.

Uso de medicamentos

Há uma série de tratamentos medicamentosos que interferem no fluxo menstrual. Isso se deve às reações adversas provocadas por diversos compostos químicos presentes nas fórmulas desses remédios. Mais especificamente, a mulher fica sujeita a exibir uma menstruação irregular se estiver sendo tratada com:

  • remédios quimioterápicos;
  • medicamentos corticoides;
  • imunossupressores;
  • remédios reguladores da hipertensão.

Em qualquer um desses casos, é necessário verificar a possibilidade de troca dos medicamentos utilizados. Como última alternativa, é possível rever todo o tratamento, a fim de ponderar o custo-benefício do processo. A decisão final caberá, obviamente, ao médico responsável pela terapia em curso.

Alterações no funcionamento do cérebro

Caso haja alguma disfunção no hipotálamo ou na hipófise, ela também pode ocasionar a interrupção do fluxo menstrual. Porém, trata-se de uma ligação incomum. Por isso, o ginecologista precisa solicitar e avaliar uma bateria de exames peculiares.

Cabe ainda mencionar outras origens da falta da menstruação, como as síndromes de:

  • Turner;
  • Asherman;
  • Cushing.

De um modo geral, todas essas causas estão relacionadas à redução da produção de estrogênio. Sem uma concentração ideal desse hormônio, o desenvolvimento do tecido uterino fica comprometido. A menstruação está ligada à descamação desse tecido. Logo, a falta dele inviabiliza parcial ou totalmente o fluxo menstrual.

Principais causas da menstruação atrasada

O atraso da menstruação é um evento mais relacionado ao uso irregular da pílula anticoncepcional. Nesses casos, a normalização do ciclo pode levar até 2 meses. (2)

Outro fator que também causa uma reviravolta no ciclo menstrual é o consumo da chamada “pílula do dia seguinte”. Conforme cada organismo, a menstruação pode demorar vários dias. Caso haja desconfiança de gravidez, a mulher deve realizar um teste para confirmar ou não essa hipótese.

Quando ir ao ginecologista

Existem muitas condições indicativas de uma visita ao consultório de um ginecologista que estão ligadas a problemas de menstruação. As mais frequentes são:

  • ausência do primeiro fluxo menstrual de uma menina já na segunda metade da adolescência (por volta dos 16 anos de idade);
  • falta de indícios característicos da puberdade em garotas pré-adolescentes (com idade em torno de 13 anos) — entre esses sinais estão o não desenvolvimento dos seios e do pelo pubiano;
  • mulher com idade acima dos 40 anos e sem menstruar por um período superior a 1 ano;
  • fluxo menstrual inexistente e acompanhado de perda de peso, crises de ansiedade, transpiração excessiva e aumento da frequência cardíaca.

Caso a mulher seja identifica em qualquer um desses quadros, ela terá de realizar exames sanguíneos. Existe também a possibilidade de ela se submeter à ecografia. Nesse exame, o ginecologista consegue constatar a concentração hormonal do organismo da paciente. A partir daí, ele pode investigar determinadas disfunções, como aquelas relacionadas à glândula tireoide.

Existem ainda outras razões para a mulher consultar com um ginecologista, como:

  • dores durante a penetração sexual;
  • dores durante a liberação de urina;
  • corrimento vaginal com coloração estranha, seguida ou não de m odor fétido;
  • sangramento através da vagina em intervalos irregulares — tendo em vista o ciclo menstrual normal da mulher.

Como tratar a amenorreia de origem congênita

A terapia será específica, de acordo com o tipo de amenorreia, que pode ser primária ou secundária. No primeiro caso, trata-se das mulheres que atingiram 16 anos e ainda não menstruaram pela primeira vez. No segundo, estão as mulheres que costumam suspender a menstruação durante 3 ciclos.

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Além disso, outro fator relevante é a causa do problema. Considerando uma origem congênita, o tratamento consiste na adoção de um complemento hormonal — seguido ou não de intervenção cirúrgica.

Consequências do não tratamento da amenorreia

A mulher sem um fluxo menstrual regular pode apresentar graves dificuldades para engravidar. Afinal, a menstruação é parte primordial do processo de gestação. Diante da falta de ciclos menstruais, a mulher não conseguirá ovular. Logo, os espermatozoides não encontraram um meio fértil para penetrarem e iniciarem o desenvolvimento do feto.

Outra complicação relevante é o risco de um quadro de osteoporose. Essa doença está intimamente ligada à queda da disponibilidade de estrogênio, uma das características da amenorreia.

Embora não costume representar um perigo à vida da mulher, a amenorreia pode se tornar um grande incômodo para ela. Apenas o fato de ficar em dúvida quanto a uma possível gravidez já basta para comprometer a qualidade de vida.

Portanto, o mais aconselhável é se consultar com um ginecologista. Somente ele poderá tentar solucionar o problema de acordo com as origens, que variam de um caso para o outro. Leia também: 9 sinais de que você deve ir ao ginecologista.

Nota: Este conteúdo, desenvolvido com a colaboração de profissionais médicos licenciados e colaboradores externos, é de natureza geral e apenas para fins informativos e não constitui aconselhamento médico. Este Conteúdo não pretende substituir o aconselhamento médico profissional, diagnóstico ou tratamento. Consulte sempre o seu médico ou outro profissional de saúde qualificado sobre a sua condição, procedimento ou tratamento, seja um medicamento prescrito, de venda livre, vitamina, suplemento ou alternativa à base de ervas.
Autores
Drª Camille Rocha Risegato

Ginecologista e Obstetra - CRM SP-119093

Dra Camille Vitoria Rocha Risegato - CRM SP nº 119093 é formada há 14 anos pela Fundação Técnico Educacional Souza Marques, Rio de Janeiro.

> Consultar CRM (Fonte: https://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_medicos&Itemid=59)

Dra Camille mudou-se para São Paulo onde realizou e concluiu residência médica em Ginecologia e Obstetrícia (RQE nº 25978) no Centro de Referência de Saúde da Mulher no Hospital Pérola Byington em 2007.

Em 2008 se especializou em Patologia do Trato Genital Inferior nesse mesmo serviço. Ainda fez curso de ultrassonografia em ginecologia e obstetrícia na Escola Cetrus.

Trabalha em setor público e privado, atendendo atualmente em seu consultório médico particular situado na Avenida Leoncio de Magalhães 1192, no bairro do jardim São Paulo, zona norte de São Paulo.

Também pode encontrar a Dra Camille no Linkedin, Facebook e Instagram

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    Última atualização da página em 08/09/24