A fenilcetonúria é uma doença hereditária autossômica recessiva, ou seja, para que a doença ocorra, tanto a mãe quanto o pai devem ser portadores da doença. Ela ocorre quando o nível de uma substância chamada fenilalanina no sangue aumenta e, se não tratada, pode levar a níveis prejudiciais de fenilalanina no corpo, o que pode levar à deficiência mental e outros problemas graves de saúde.
O que é fenilcetonúria?
A doença é causada por um distúrbio no metabolismo da fenilalanina, um aminoácido necessário ao nosso corpo. A fenilalanina é o bloco de construção das proteínas dietéticas e está presente em todas as proteínas e em alguns adoçantes artificiais.
Embora este aminoácido deva ser convertido em tirosina pela enzima fenilalanina hidroxilase no nosso corpo e realize as suas funções necessárias desta forma, como resultado de um erro neste ciclo, o nível de fenilalanina no sangue aumenta e ocorre fenilcetonúria (PKU).
Em Bebês, com o aumento dos níveis de fenilalanina no sangue, a fenilalanina atravessa a barreira hematoencefálica e causa comprometimento do desenvolvimento do cérebro e danos neurológicos.
Se esses bebês não forem diagnosticados e tratados no período inicial, podem ocorrer danos cerebrais irreversíveis, retardo mental, atraso no desenvolvimento, convulsões, contrações involuntárias, distúrbios da marcha, hiperatividade, automutilação, distúrbios de comportamento autista, explica o Dr André Luiz Santos Pessoa, neurologista do Hospital Infantil Albert Sabin, em Fortaleza (CE).
A urina dessas crianças tem um odor muito forte devido aos metabólitos da fenilalanina. As crianças com fenilcetonúria não tratada diminuem gradualmente a pigmentação do cabelo, pele e olhos, tornando-se loiras, com cabelos finos e olhos azuis.
Quais são os sintomas de fenilcetonúria?
Os bebês com fenilcetonúria são completamente normais ao nascer. Se o diagnóstico não for feito e os cuidados não forem tomados, podem ocorrer dificuldades na alimentação, vômitos e erupções cutâneas nos meses seguintes.
Se a doença não for tratada, o acúmulo excessivo de fenilalanina no cérebro pode levar a achados neurológicos e deficiência intelectual.
As pessoas com fenilcetonúria geralmente têm um QI abaixo de 50, e como indicado acima, como resultado da interação da fenilalanina com o pigmento melânico desses bebês, a cor da pele, dos olhos e do cabelo torna-se mais clara.
Os sintomas leves ou graves de fenilcetonúria incluem:
- Odor de mofo no hálito, pele ou urina
- Problemas neurológicos em convulsões
- Erupções cutâneas (eczema)
- Pele clara e olhos azuis
- Cabeça anormalmente pequena (microcefalia)
- Hiperatividade
- Deficiente mental
- Desenvolvimento atrasado
- Problemas comportamentais, emocionais e sociais
- Transtornos psicológicos
Quem contrai a doença?
A doença ocorre em pessoas que carregam uma mutação homozigótica no gene que codifica a enzima fenilalanina. Os pais com o gene defeituoso transmitem a fenilcetonúria para os seus filhos. Este padrão de herança é denominado autossômico recessivo.
Se apenas um dos pais tiver o gene defeituoso, não existe risco de transmitir a doença para a criança, mas a criança pode ser portadora.
A fenilcetonúria é muitas vezes transmitida aos filhos por pais que são portadores da mutação, mas não sabem disso.
Como é diagnosticada a doença?
O diagnóstico da doença é facilmente realizado pela detecção do aumento do nível de fenilalanina no sangue em testes de triagem neonatal. Para isso, algumas gotas de sangue são retiradas do calcanhar de bebês recém-nascidos (teste do pezinho), antes que o bebê receba alta hospitalar.
Como é feito o tratamento?
O ponto mais importante do tratamento é a sua detecção precoce em crianças, e realizar uma dieta restrita de fenilalanina desde os primeiros dias de vida. Saiba mais sobre a dieta aqui.
O princípio geral do tratamento é manter o nível de fenilalanina no sangue dentro dos limites normais, reduzindo a quantidade de fenilalanina ingerida através dos alimentos.
Para o tratamento dietético, é necessário o uso de fórmulas especiais e farmacêuticas com níveis de fenilalanina muito reduzidos. O tratamento deve continuar durante os primeiros 8 a 10 anos, período em que o tecido cerebral da criança se desenvolve mais rapidamente.
Quem deve receber tratamento?
Bebês: Os bebês recém-nascidos são examinados através de testes de triagem. Se a fenilcetonúria for detectada no teste, o tratamento com uma dieta para problemas de longo prazo deve ser iniciado imediatamente sob o controle de um médico.
Futuras mulheres: As mulheres em idade fértil com histórico familiar de fenilcetonúria devem planejar e manter uma dieta controlada de fenilcetonúria com o médico antes e durante a gravidez para minimizar o risco dos níveis elevados de fenilalanina prejudicarem o feto.
Adultos: Os pacientes com fenilcetonúria devem receber tratamento durante toda a vida. Os adultos que interrompem a dieta de fenilcetonúria em qualquer momento das suas vidas (por algum motivo) devem começar novamente planejando a sua dieta com o médico o mais rápido possível.
Os pacientes com fenilcetonúria podem ser alimentados com leite materno?
Sim, através de fórmulas sem fenilalanina na sua composição e monitorando de perto os níveis de fenilalanina no sangue.
Que produtos devem ser evitados?
Quando o bebê tiver idade suficiente para ingerir alimentos sólidos, é importante evitar alimentos ricos em proteínas. Esses alimentos incluem:
- Alimentos feitos de leite e laticínios, exemplo (queijo)
- Ovo
- Carnes e produtos derivados (carne vermelha, frango, peixe, carne de peru, salame, salsicha, salsicha, pastrami, carne assada, marisco, mexilhão, etc.)
- Órgãos internos do animal (cérebro, fígado, rim, etc.)
- Pão normal (pão de trigo, centeio, aveia, milho)
- Nozes secas (avelãs, amendoins, grão de bico, variedades de sementes, amêndoas, nozes)
- Legumes (feijão, grão-de-bico, lentilha, feijão, soja, feijão-roxo)
- Alimentos preparados (bolachas, biscoitos, bolos, bolachas, pastéis e todos os alimentos feitos com proibições)
- Todas as bebidas, gomas de mascar, alimentos que contenham aspartame e fenilalanina.
É possível prevenir a doença?
Por ser uma doença hereditária, não pode ser prevenida, mas com tratamento as sequelas neurológicas podem ser evitadas e pode ser mantida uma vida saudável.
PERGUNTAS FREQUENTES
Que doenças a fenilcetonúria pode originar?
A fenilcetonúria pode ser diagnosticada com um simples exame de sangue. Pode ser mantida sob controle com tratamento vitalício, no entanto, se não tratada ela pode causar:
- Doenças neurológicas
- Problemas de comportamento
- Depressão
- Problemas dermatológicos
- Pode causar doenças de pele.
As mulheres com fenilcetonúria podem engravidar?
Sim, mas correm um maior risco durante a gravidez. A dieta indicada deve ser seguida antes e durante a gravidez. Caso contrário os níveis de fenilalanina no sangue podem aumentar e prejudicar o feto em desenvolvimento, causando até aborto espontâneo.
Os problemas de saúde que os bebês nascidos após uma gravidez descontrolada correm incluem:
- Baixo peso ao nascer
- Crescimento lento
- Anormalidades faciais
- Cabeça anormalmente pequena
- Defeitos cardíacos e outros problemas cardíacos
- Deficiente mental
- Problemas comportamentais
A fenilcetonúria é dominante ou recessiva?
A fenilcetonúria é uma doença autossômica recessiva.
A doença é genética?
A fenilcetonúria é uma doença de origem genética que varia de acordo com grupos étnicos e regiões geográficas em todo o mundo.
É fatal?
A fenilcetonúria pode ser diagnosticada e tratada quando o bebê nasce. Ela não resulta em morte se não for tratada. No entanto, pode causar doenças graves.
Que especialista devo procurar?
O processo de tratamento é realizado por especialistas em metabolismo pediátrico, neurologistas, nutricionistas e geneticistas.
O que pode/deve ser feito para prevenir a doença?
A fenilcetonúria é uma doença hereditária transmitida de pais para filhos. Devendo por isso os pais estarem bem conscientes para proteger a criança.
A única forma de proteger o feto é descobrir se no casal ambos são portadores genéticos, o que pode ser determinado por um teste genético através de uma amostra de sangue.
Se ambos os pais forem portadores, eles devem ter um filho por separação genética usando o método de fertilização in vitro. Através deste método a doença não é transmitida à criança que vai nascer. Saiba mais sobre a fertilização in vitro.
Pediatra, Alergologista e Pneumologista Infantil - CRM/SP: 116541
A Dra Gizele Ferreira Cunha é Graduada em Medicina pela Universidade de Ribeirão Preto - SP - 2004. Além disso possui:
- Especialização em Alergia e Imunologia Infantil pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (HCRP - FMRP - USP) – 2009.
- Especialização em Pneumologia Infantil pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (HCRP - FMRP - USP) – 2007.
- Especialização em Pediatria pela Universidade de Ribeirão Preto - 2006 .
Endereço: Avenida Senador César Vergueiro, 571 - Ribeirão Preto - SP - Email: cviver@bol.com.br - Telefone: (16) 33291337
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