Feridas no Colo do Útero Podem Causar Câncer? Conheça as Causas, Sintomas e Tratamento

Revisão Clínica: Reinaldo Rodrigues (Enfermeiro - Coren nº 491692). Atualizado: 08/09/24

São poucas as mulheres que sabem realmente o que são essas tais feridinhas no colo do útero.

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Uma questão realmente frequente no consultório de ginecologia é essa história da ferida, que é muito mal nomeada, por que a ferida dá uma impressão à paciente de que realmente é um problema, uma doença, e na verdade essas feridas na grande parte das vezes, elas são fisiológicas.

As Feridas No Colo Do Útero Podem Causar Câncer, Conheça As Causas, Sintomas E Tratamento

Então o que é que acontece?

O colo do útero, é a parte do útero que fica em contato com a vagina. O que recobre o colo do útero, ou o tipo de célula que recobre o colo do útero, é um tipo celular estratificado, ou seja, tem várias camadas.

E o canalzinho que comunica com o interior do colo do útero, tem umas células que são mais glandulares, elas são mais húmidas. É como se fosse a nossa boca.

A parte externa da nossa boca que está em contato com o ambiente, é mais grossa, e a parte interna é mais molhadinha. O colo do útero é exatamente a mesma coisa!

A ferida é quando essa parte interna se exterioriza para a parte externa, ficando uma área mais húmida, uma área com um epitélio diferente, um epitélio glandular, como ilustra a imagem abaixo.

Ferida No Colo Do útero

Porque tem que se cauterizar?

Antigamente usava-se muito a cauterização, mas atualmente só em algumas situações especiais.

Causas

A grande causa desses ectrópios, dessas máculas, dessas feridas no útero são as alterações hormonais.

Por exemplo, nas adolescentes, onde se dão os distúrbios hormonais, as modificações hormonais mais frequentes; nas gestantes; nas usuárias de pílula anticoncepcional; na grande maioria das vezes elas são fisiológicas.

Tratamento

Quando é que a gente trata essas feridas, esses ectrópios?

Como essa parte glandular fica para fora, uma queixa constante das pacientes que têm extensos esses ectrópios é a ocorrência de corrimento mucoso em grande quantidade.

Então se a paciente tem uma queixa de que o corrimento não passa, que fica muito húmida, ou pega infecções vaginais de repetição, sim porque isso acaba sendo uma predisposição para pegar algumas infecções vaginais, como por exemplo o HPV (Vírus do Papiloma Humano), a Clamídia etc…, que são doenças sexualmente transmissíveis.

Nas situações descritas acima, ou quando a mulher tem relação sexual, e durante a relação tem um sangramento, porque essa área como é mais sensível, acaba sangrando mais, ai a ginecologista preconiza o tratamento.

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Só nessas situações específicas é que se realiza tratamento. Na grande maioria das vezes o médico não faz absolutamente nada.

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Mitos e verdades

Fazer sexo com frequência pode causar feridas no útero?

Não, isso é apenas um mito. Tal como já referimos na matéria, as feridas do colo do útero são basicamente alterações hormonais. Agora, se você fizer sexo sem proteção e tiver um ectrópio, isso torna-a mais suscetível a alguns tipos de infecção, como já falamos, o HPV e a Clamídia.

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A ferida no colo do útero pode atrapalhar a mulher na gravidez?

É mais um mito, só que por exemplo, a clamídia, como referimos, que é uma doença sexualmente transmissível, quando a mulher pega esta doença (absolutamente assintomática), ela não dá sintoma nenhum.

E o que é que acontece? Se essa bactéria (Chlamydia trachomatis) vai para as trompas de Falópio, podendo causar danos muito graves nas tubas uterinas e, consequentemente provocar a infertilidade.

Então, não é propriamente o ectrópio que vai causar a infertilidade, mas se você tiver uma infecção decorrente de uma infecção sexualmente transmissível vai estar mais predisposta a pegar essa infecção, e dai sim, pode causar infertilidade.

Como saber se tenho clamídia? É fácil, ou é necessário fazer um exame ginecológico?

É necessário realizar um exame ginécológico. Existe um teste realizado em ginecologia, em que se passa um tipo de cotonete na vagina e colo do útero, e consegue saber se a mulher tem ou não clamídia.

Caso tenha é facilmente tratado com o tratamento antibiótico. Então é sempre importante ir ao ginecologista, porque na suspeita dessas infecções o médico consegue fazer um exame adequado e tratar adequadamente, evitando futuras consequências como a infertilidade.

Não se limpar corretamente pode causar feridas no colo do útero?

Não, é mais um mito, na verdade, não se limpar corretamente pode originar muita infecção urinária, ou corrimento.

Nas meninas, adolescentes, crianças, a principal causa de corrimento é em grande parte por limpar-se inadequadamente.

A ferida no colo do útero pode causar câncer?

Não, é um mito. Na verdade o que pode causar câncer do colo do útero é o HPV. Existem os HPV de alto risco, por isso é muito importante levar as meninas para se vacinar em relação ao HPV.

A ferida no útero (o ectrópio), pode favorecer e levar à infecção se você não usar preservativo como método de se proteger em relação às doenças sexualmente transmissíveis, mas usando o preservativo não.

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As Perguntas mais comuns

Tenho candidíase com frequência. Só este ano tive 6 infecções. Isso pode ocasionar uma ferida no útero?

Não. Na verdade a candidíase recorrente é um problema chato de ser tratado. É importante procurar o ginecologista porque muitas vezes é necessário associar medicações via oral com medicação por via vaginal.

E além disso a paciente tem que tomar alguns cuidados para evitar esse ambiente propício ao desenvolvimento de candidíase, que são fungos.

Nestes casos é necessário usar absorventes diários, e não ficar de biquíni molhado. Na época de praia, sempre que voltar da praia troque para uma calcinha ou durma sem calcinha. Tudo isso para poder melhorar o ambiente e evitar que se tenha candidíase.

O consumo excessivo de açúcar pode proporcionar também o desenvolvimento de candidíase.

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O ambiente onde a Candida albicans está alojada é no intestino. Dai ser necessário muitas vezes associar um comprimido antifúngico para a poder tratar.

O estresse, e o uso de antibióticos também também promovem o desenvolvimento de candidíase, porque quando a mulher faz uso de antibióticos devido a uma sinusite, problema na garganta, ou pulmonar, isso reduz a sua imunidade e é um prato cheio para os fungos se proliferarem.

Há 3 anos cauterizei uma ferida no útero. Ela pode surgir novamente?

Pode sim. Na verdade os ectrópios, eles são na grande parte das vezes causados por alterações hormonais.

Então por exemplo, se você usa algum método contraceptivo hormonal, seja ele pílula anticoncepcional, anel vaginal, adesivos, injeções, isso pode predispor a desenvolver novamente esses ectrópios que são chamados de feridas.

Tenho uma Neoplasia Intra-epitelial de Grau 2 e todos os anos faço Papanicolau.

Meu médico passou uma pomada para usar apenas quando tiver coceira ou candidíase. Qual a gravidade disso?

A Neoplasia Intra-epitelial na verdade é uma lesão que se não tratada pode levar daqui a alguns anos ao câncer de colo de útero.

Não é que seja uma coisa grave mas se não tratada pode virar uma coisa grave que não tem nada a ver com candidíase, mas sim com HPV.

Atenção que, todos estes problemas, para se tornarem um câncer são precisos muitos e muitos anos.

Então, o papanicolau é um exame que tem que ser feito pelo menos a cada dois anos, idealmente a cada ano.

Ele é um rastreador, e essas lesões elas são precursoras, então para se tornarem um câncer, só se você não tratar, ou se você fumar muito.

É importante referir também que o câncer de colo de útero também está associado ao HPV junto com o tabagismo (essas lesões podem-se proliferar muito rapidamente, mas de forma nenhuma é um câncer).

Exames

Existem muitos exames hoje em dia que conseguem diagnosticar com precisão pequenas lesões.

Quando o ginecologista observa alterações no papanicolau, existe um outro exame que normalmente o médico pede que se chama colposcopia.

A colposcopia é um exame para visualizar o colo do útero através de um microscópio. Se tiver alguma área que seja mais suspeita, o médico biópsia e manda avaliar.

Em algumas situações o ginecologista se vale desse exame justamente para ter um diagnóstico mais preciso da lesão.

No passado tive uma ferida grande no colo do útero e, a semana passada acabei de cauterizar outra enorme.

O que pode estar ocasionando estas feridas? O que pode acontecer quando não diagnosticadas a tempo?

Na verdade, como já referido, essas feridas, elas podem por exemplo ser causadas pelo uso de contraceptivos hormonais (pílula anticoncepcional).

Se a paciente fuma, é importante perceber que isso também está associado ao aparecimento de ectrópios (feridas).

Felizmente na grande parte das vezes, elas são benignas e não têm nenhuma consequência a longo prazo, a não ser que o o teste de papanicolau esteja alterado, e daí o médico provavelmente vai pedir um exame complementar, a colposcopia.

Se a colposcopia estiver alterada, ou se houver sintomas como corrimento em grande quantidade ou sangramento para ter relação, aí sim, será preconizado um tratamento.

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Um dos tratamentos pode ser a cauterização elétrica (Eletrocauterização ou eletrocautério), ou a cauterização química, com a aplicação de medicamentos no local.

Fiz a cauterização de uma ferida à uma semana!

Após uma semana está sangrando um pouco e sinto dor no local. É normal isso? Costumo caminhar muito. Isso afeta em alguma coisa? Existe o perigo de a ferida não cicatrizar?

Um dos tratamentos que podemos usar para o ectrópio é a cauterização elétrica, procedimento realizado no consultório médico.

Forma-se como se fosse uma casquinha. Mas, qual a finalidade dessa cauterização?

A finalidade da cauterização é transformar aquele epitélio glandular que saiu para fora, num epitélio como realmente ele deveria ser, mais grosso. Essa é a finalidade, e para isso forma-se uma casquinha.

Essa casquinha, ela pode demorar algum tempo para poder sair, e eventualmente, tal como quando temos um machucado, ele pode por vezes sangrar. Acontece exatamente o mesmo no colo do útero.

Relativamente à dor, ela não é muito frequente.

Se for cólica, ela normalmente surge durante a realização do procedimento, não depois. Neste caso é importante avaliação médica.

Relativamente à caminhada, ela não afeta a cicatrização. Apenas é recomendado que a paciente não tenha relação sexual durante a recuperação, caso contrário a casquinha vai sair e aumentar o sangramento.

Tenho uma lesão no colo do útero. Já fiz duas cauterizações e uma biópsia.

Segundo a ginecologista, o resultado é normal, sem perigos, mas porque essa lesão não cicatriza nunca? O fato de tomar anticoncepcional dificulta a cicatrização?

A cauterização, ela não é só utilizada para os ectrópios. Os médicos utilizam os métodos de cauterização ou excisão, para lesões realmente do colo do útero, ou seja, para neuplasia de Grau 2, Grau 3.

Provavelmente neste caso existe algum tipo de lesão que possa ter sido provocada principalmente pelo HPV.

O HPV é o grande vilão, ele causa estas alterações no colo do útero. Não existe um remédio para o HPV.

O que o médico acaba tratando são as lesões que ele provoca. Então se a paciente ainda estiver infectada pelo HPV pode ser que essas lesões estejam recidivando, ou seja, elas estão aparecendo novamente por conta desse vírus.

Neste caso é o seu ginecologista que conhece o seu histórico, portanto acho que vale a pena ter uma conversa com ele, para ele lhe explicar o que realmente está acontecendo.

… O HPV, por sorte, apesar de ser uma infecção muito prevalente na população, aproximadamente 80% das pessoas já tiveram contato com ele.

No entanto, na maioria dos caso ele vai embora. Ele vai embora porque o nosso organismo vai lá, ataca e combate o vírus. Não existe um remédio para prescrever ao paciente.

É importante referir também que, o fato de um paciente ter HPV, não significa que vai estar sempre infectado pelo vírus.

Na grande maioria das vezes, em 2 anos existe um clareamento desse vírus.

Então, se dormirmos bem, se praticarmos atividade física, se não fumarmos, se praticarmos uma atividade sexual saudável, ou seja, utilizando preservativo, ele vai embora por si só.

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Outro assunto!

Outro assunto que dá muita confusão no casamento… A mulher faz os exames e não dá nada, de repente é diagnosticada uma lesão de HPV. Sabe, aquela história da traição!

É importante perceber que o HPV, ele tem algumas formas de aparecimento. A forma clínica, em que o médico olha o condiloma, que é uma verruga, esta situação é de fácil diagnóstico. Mas existe a forma subclínica e o forma latente.

A forma subclínica é quando o médico faz o papanicolau e vê alteração celular causada pelo vírus. Na forma latente o médico não consegue detetar o problema.

Só é possível saber se a pessoa tem o vírus através da captura híbrida, um exame de recolha de uma amostra que o médico realiza e depois analisa para detetar o vírus.

Ou seja, você pode ter o HPV durante muito tempo, mas só numa situação em que a sua imunidade está baixa, ou porque passou por uma cirurgia, ou porque começou a fumar, ou porque está muito doente, é que ele se vai manifestar. Não significa que você pegou naquele momento o HPV.

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Problema de Mulher!

Nós mulheres, temos um grande problema, que é não tirarmos as dúvidas na hora! Quando chegamos em casa é que começam as dúvidas.

Quando se sentar no consultório, não ache que essa pergunta é boba, que aquela pergunta é tonta. Pergunte ao médico! Nós não estudamos medicina. Quem estudou e continua estudando para o resto da vida são os médicos.

Então, esclareça suas dúvidas, pergunte sempre, anote tudo o que você vai percebendo no seu corpo, e quando chegar na consulta coloque tudo às claras! Informação nunca é demais.

A internet é maravilhosa, tem muita informação, só que, para quem não estuda medicina, os leigos, não existe filtro sobre essa informação. Quem tem esse filtro são os médicos!

Sinónimos: Cientificamente este problema tem a designação de ectopia cervical ou papilar.

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Referências: Ginecologista Dra. Ana Lúcia Beltrame

Nota: Este conteúdo, desenvolvido com a colaboração de profissionais médicos licenciados e colaboradores externos, é de natureza geral e apenas para fins informativos e não constitui aconselhamento médico. Este Conteúdo não pretende substituir o aconselhamento médico profissional, diagnóstico ou tratamento. Consulte sempre o seu médico ou outro profissional de saúde qualificado sobre a sua condição, procedimento ou tratamento, seja um medicamento prescrito, de venda livre, vitamina, suplemento ou alternativa à base de ervas.
Autores
Reinaldo Rodrigues (Enfermeiro - Coren nº 491692)

Enfermeiro - Coren nº 491692

O Reinaldo Rodrigues formou-se em agosto de 2016, pela Universidade Padre Anchieta, em Jundiai. Fez curso de especialização em APH (Atendimento Pré-Hospitalar), pela escola 22Brasil Treinamentos, em Barueri, curso de 200 horas práticas, com foco em acidentes de trânsito.

Trabalha como Cuidador de Idosos há 5 anos, e possui experiência em aspiração de vias aéreas, banho de aspersão, curativos, tratamento e prevenção de Lesão por Pressão, gerenciamento de Equipe de cuidadores com elaboração de escalas. Treinamento e acompanhamento de cuidadores nas casas dos pacientes.

Também pode encontrar o Reinaldo no Linkedin.

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    Última atualização da página em 08/09/24