O que é e como é feita a Fertilização In Vitro (Passo a passo)

Revisão Clínica: Drª Camille Rocha Risegato. Atualizado: 09/09/24

O que é? A fertilização in vitro (FIV) é uma técnica de laboratório que permite fertilizar um óvulo com um espermatozóide fora do útero. Uma vez fertilizado, o óvulo é novamente inserido no útero da mulher para que se desenvolva. É um método ao qual recorrem muitas mulheres com problemas de esterilidade, pacientes que tenham as trompas de falópio danificadas ou obstruidas, ou mulheres de idade avançada que desejam engravidar. Além disso, também pode ser usada quando existe uma redução na motilidade dos espermatozoides do homem.

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O Que é E Como é Feita A Fertilização In Vitro

Outras indicações

A fertilização in vitro também pode ser indicada quando a mulher ou o parceiro têm algum problema de saúde, como:

  • Danos ou obstrução nas trompas de falópio.
  • Distúrbios da ovulação – Quando a ovulação é rara ou ausente.
  • Insuficiência ovariana prematura – A perda da função ovariana normal antes dos 40 anos de idade.
  • Endometriose – Ocorre quando o tecido uterino é implantado e cresce fora do útero.
  • Miomas uterinos – São tumores benignos localizados na parede do útero, comuns em mulheres entre os 30 e 40 anos de idade.
  • Esterilização ou extração prévia das trompas – Quando as trompas de falópio são cortadas ou bloqueadas para prevenir a gravidez de forma permanente.
  • Produção ou função do sêmen afetada – Quando o espermatozoide tem dificuldade em fertilizar o óvulo.
  • Infertilidade sem causa aparente.
  • Distúrbios genéticos – Quando a mulher ou o homem correm o risco de transmitir um distúrbio genético ao bebê, pode haver a necessidade de realizar um teste genético pré-implantacional.
  • Preservação da fertilidade perante um câncer ou outras doenças – Quando o indivíduo está prestes a iniciar um tratamento oncológico, como radiação ou quimioterapia, que pode afetar a sua fertilidade.

Tipos

Existem 4 possibilidades de FIV: a FIV com os próprios óvulos e sêmen do parceiro, a FIV com os próprios óvulos e sêmen de um doador, a FIV com óvulos de um doador e sêmen do parceiro e a FIV com óvulos de um doador e o sêmen de um doador.

É usada há alguns anos de forma rotineira a microinjeção intracitoplasmática (ICSI), que tem sido um grande avanço no tratamento de problemas de fertilidade de origem masculina. A técnica consiste na inseminação de um óvulo através da microinjeção de um espermatozoide no seu interior.

Com o uso da ICSI apenas é necessário um espermatozoide por cada óvulo, que uma vez fertilizado, converte-se num pré-embrião que é transferido para o útero onde continuará o seu desenvolvimento. Dependendo da situação estão disponíveis quatro opções, cada uma delas com a sua taxa de sucesso. Veja a tabela abaixo.

Taxas de sucesso e preços indicativos dos tratamentos FIV

As diretrizes médicas proibem o médico de divulgar preços dos procedimentos, sem antes avaliar as necessidades reais do paciente. Sabendo isso, entenda que os preços indicados na tabela abaixo são apenas um complemento ao texto, e não devem ser encarados como uma realidade absoluta.

TécnicaTaxa de sucessoPreço indicativo
FIV com óvulos próprios e sêmen do parceiroAté 64%4,500 EUR
FIV com óvulos própios e sêmen de um doadorAté 64%5,000 EUR
Ovodoação93%6,000 EUR
FIV com óvulos de doador e sêmen de doador93%6,500 EUR

Requisitos necessários

Para poder submeter-se a a uma fertilização in vitro, tanto o homem como a mulher precisam atender a uma série de requisitos para que o procedimento possa ser realizado com sucesso.

No caso do homem, a sua qualidade seminal deve conter espermatozoides, com uma Contagem de Espermatozoides Móveis de pelo menos 3 milhões de espermatozoides por mililitro. No caso da mulher, ela deve ser capaz de produzir óvulos e não apresentar alterações no útero.

Fertilização In Vitro Passo A Passo

Como é feito o procedimento passo a passo

A fertilização in vitro é um processo indolor que não requer anestesia, não apresentando grandes riscos ou dor para o paciente que recorre ao tratamento.

1) Estimulação ovariana: Na primeira etapa a mulher passa por um processo de estimulação ovariana através da administração de diferentes medicamentos que auxiliam na produção de óvulos. Embora normalmente a mulher produza apenas um óvulo por mês, com o uso destes medicamentos geralmente esse número aumenta, o que facilita a seleção de um deles para a fertilização.

A medicação hormonal é administrada através de injeções subcutâneas.

A estimulação inicia durante os primeiros dias do período menstrual e dura entre 8 e 11 dias. Durante esse período o crescimento dos folículos é monitorado através de exames de ultrassom para se perceber quando estarão maduros e, portanto, quando a ovulação ocorrerá.

Quando os folículos atingem o tamanho ideal, programa-se a punção ovariana para 36 horas depois.

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2) Aspiração folicular: De seguida realiza-se uma punção ou aspiração folicular, um pequeno procedimento que serve para extrair os óvulos, com a duração de cerca de 15 minutos. Geralmente este processo não apresenta complicações, embora em alguns casos seja necessária uma laparoscopia pélvica para extrair os óvulos.

Após a intervenção, a paciente permanecerá em repouso durante uma ou duas horas podendo depois retornar ao seu domicilio. O resto do dia não exige repouso, mas devem ser evitados esforços excessivos.

3) No laboratório: Uma vez que os óvulos tenham sido extraídos, são selecionados os de melhor qualidade (de acordo com a sua morfologia e capacidade de divisão) e juntam-se aos espermatozoides, esperando que um deles fecunde o óvulo. Normalmente, depois de algumas horas, o espermatozoide consegue inseminar o óvulo. Se o espermatozoide apresentar dificuldades em realizar essa ação, ele pode ser injetado diretamente no óvulo através da injeção intracitoplasmática (ICSI).

Normalmente, os embriões são transferidos para o útero entre 3 e 5 dias após a aspiração.

4) Transferência de embriões: Quando o óvulo inseminado começa a dividir-se e é considerado um embrião, os especialistas de laboratório mantêm a vigilância para comprovar que se desenvolve em boas condições. Passados 3 a 5 dias, o embrião já está pronto para ser colocado no útero da mulher.

Com o uso de um cateter, ele é inserido e implantado na parede uterina, dando inicio ao processo de gravidez. O procedimento é simples, indolor e rápido, sem sedação.

A mulher pode optar por implantar mais de um embrião, se assim o desejar. Também podem ser congelados os embriões que não forem implantados, para serem usados no futuro, se necessário.

5) Adsministração de progesterona: Uma vez iniciada a gravidez, a mulher deve receber injeções ou pílulas de progesterona durante as próximas 8 a 10 semanas para facilitar a implantação do embrião. Além disso, 12 a 14 dias após a implantação do embrião, a mulher deve voltar novamente à clínica para realizar um teste de gravidez.

Que resultados posso esperar

Dependendo da idade da mulher, podem haver mais ou menos hipóteses de que a gestação ocorra com normalidade e que o nascimento do bebê ocorra sem qualquer tipo de problema. Quanto mais jovem for a mulher maior será a probabilidade de sucesso na gravidez:

  • Menos de 35 anos: taxa de sucesso de 41 a 43 por cento
  • Dos 35 aos 37 anos: taxa de sucesso de 33-36 por cento.
  • Dos 38 aos 40 anos: taxa de sucesso de 23-27 por cento.
  • Mais de 41 anos: taxa de sucesso de 13-18 por cento.

Qual é o limite de idade?

Embora a maioria dos países autorize tratamentos de reprodução assistida em todas as mulheres que estejam de boa saúde até uma idade considerada apropriada, de acordo com as melhores práticas médicas, geralmente as clínicas de maior prestigio estabelecem os 50 anos como a idade limite para a mulher iniciar um tratamento de reprodução assistida.

Riscos e efeitos sedundários

A ingestão de medicamentos que facilitem o processo de fertilizar um óvulo pode originar alguns efeitos colaterais que incluem, inchaço e dor abdominal, altos e baixos no estado de humor ou dores de cabeça. Também pode ocorrer hiperestimulação ovariana, que tem entre os principais sintomas, dor abdominal, aumento rápido de peso, náuseas e dificuldades respiratórias.

Uma vez produzida a gravidez através desta técnica, existem maiores possibilidades de ocorrer uma gravidez múltipla ou de a mulher ter um parto prematuro.

A probabilidade da mulher ter um aborto nas primeiras semanas de gravidez é de 20%. Além disso, entre 2 a 5% das mulheres que se submetem à fertilização in vitro estão sujeitas a sofrer uma gravidez ectópica. Para entender que tipo de gestação é este consulte o guia Gravidez Ectópica: Causas, Sintomas e Tratamentos.

Nota: Este conteúdo, desenvolvido com a colaboração de profissionais médicos licenciados e colaboradores externos, é de natureza geral e apenas para fins informativos e não constitui aconselhamento médico. Este Conteúdo não pretende substituir o aconselhamento médico profissional, diagnóstico ou tratamento. Consulte sempre o seu médico ou outro profissional de saúde qualificado sobre a sua condição, procedimento ou tratamento, seja um medicamento prescrito, de venda livre, vitamina, suplemento ou alternativa à base de ervas.
Autores
Drª Camille Rocha Risegato

Ginecologista e Obstetra - CRM SP-119093

Dra Camille Vitoria Rocha Risegato - CRM SP nº 119093 é formada há 14 anos pela Fundação Técnico Educacional Souza Marques, Rio de Janeiro.

> Consultar CRM (Fonte: https://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_medicos&Itemid=59)

Dra Camille mudou-se para São Paulo onde realizou e concluiu residência médica em Ginecologia e Obstetrícia (RQE nº 25978) no Centro de Referência de Saúde da Mulher no Hospital Pérola Byington em 2007.

Em 2008 se especializou em Patologia do Trato Genital Inferior nesse mesmo serviço. Ainda fez curso de ultrassonografia em ginecologia e obstetrícia na Escola Cetrus.

Trabalha em setor público e privado, atendendo atualmente em seu consultório médico particular situado na Avenida Leoncio de Magalhães 1192, no bairro do jardim São Paulo, zona norte de São Paulo.

Também pode encontrar a Dra Camille no Linkedin, Facebook e Instagram

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