O que é? Damos o nome de foliculite à inflamação que acomete os folículos pilosos — cavidade de onde surgem os pelos e cabelos ao longo da epiderme — causada, na maioria dos casos, por uma bactéria do gênero Staphylococcus, a Staphylococcus aureus.
A umidade natural da pele, o suor e até mesmo as lesões decorrentes de processos mecânicos, como a depilação, compõem o ambiente perfeito para essa bactéria se proliferar. E, embora esse seja o meio mais comum de adquirir a foliculite, ela também pode ocorrer na ausência dessa bactéria.
As lesões originadas pela foliculite se assemelham à acne e, por esse motivo, é comum que haja confusão entre ambas. No entanto, distinguir uma da outra é uma tarefa fácil, pois basta analisar os sinais do local lesionado.
Diferentemente da acne, que aparece mesmo sob a inexistência de pelos encravados, a foliculite só se dá na presença deles, na forma de pequenas pústulas em torno dos folículos pilosos. A pele, então, expressa um aspecto áspero e de irritação devido a essa vermelhidão.
Com exceção das palmas das mãos, sola dos pés e de mucosas, a foliculite pode acometer qualquer área corporal onde haja o amadurecimento dos folículos pilosos, assim como pode afetar qualquer indivíduo, sem distinção de gênero ou idade.
O verão costuma ser uma época de martírio para aqueles que apresentam essa patologia, uma vez que ela se desenvolve melhor em estações tropicais.
A boa notícia é que, normalmente, ela é superficial, o que dificilmente resultará em certos sintomas, como dor e prurido. Mas, ainda assim, existem alguns quadros que merecem uma atenção maior e um tratamento específico, já que o problema pode não desaparecer sozinho.
Locais onde aparecem estas bolhinhas vermelhas
A pessoa pode apresentar foliculite na pele nos seguintes locais:
- Couro cabeludo;
- Coxas;
- Axilas;
- Nádegas;
- Mama;
- Pernas
- Costas
- Nuca
- Braços
- Nariz
- Colo (parte superior do peito)
- Saco escrotal
- Cútis do rosto — principalmente se o indivíduo possuir barba;
- Virilha — uma zona que se encontra em contato direto com umidade, calor, suor e micro-organismos, além de sempre entrar em atrito com tecidos e processos mecânicos.
Em determinados casos, a foliculite é favorecida pelo uso frequente de roupas apertadas — em especial, as calças. O atrito, somado à presença dos seres microscópicos, causado pelo tecido em contato com a pele propicia o aparecimento das lesões nas nádegas e virilhas.
Em comparação aos homens, as mulheres tendem a sofrer mais com esse problema, já que fazem uso constante de calças mais justas.
Bactérias causadoras
Embora as bactérias do gênero Staphylococcus sejam as primeiras a serem lembradas quando o assunto é foliculite, existem outros micro-organismos que devem ser mencionados. São eles:
Pseudomona aeruginosa — bactérias desse tipo são oportunistas e se adaptam a uma variedade de ambientes e temperaturas, além de mostrarem resistência a alguns desinfetantes. Quando motivada por essa bactéria, a foliculite atende pelo nome de foliculite da banheira.
Pytirosporum ovalle — fungos do gênero Malassezia, como é o caso, apreciam áreas úmidas do corpo, sendo o grande causador da foliculite pitirospórica.
Trichophyton — mais uma vez, os fungos merecem destaque. Esse gênero, pertencente ao Reino Fungi, é o grande precursor da Tinea barbae — lesões que afetam a região da barba e do bigode. Geralmente, o diagnóstico é feito por eliminação devido a sua semelhança com outras doenças, como a pseudofoliculite, a foliculite bacteriana e o herpes simplex.
Herpes simplex — as bactérias e os fungos não são os únicos responsáveis pela foliculite. Ainda que seja menos recorrente, alguns indivíduos podem ser infectados pelo Herpes simplex, o vírus causador da foliculite herpética.
Causas
Os folículos pilosos se encontram por toda a extensão corporal, o que pode ser transformado em números: aproximadamente 5 milhões de folículos estão presentes em nosso corpo, salvo a sola dos pés, a palma das mãos e as mucosas.
Seja por infecção bacteriana, fúngica ou viral, esses folículos são predispostos a sofrerem processos inflamatórios. Bastam alguns deslizes para que isso aconteça, como:
- Uso frequente de roupas apertadas — em especial, calças;
- Suor excessivo — em regiões de pouca ventilação, isso pode ser um problema ainda maior;
- Descuidos ao se depilar — o atrito da lâmina com a pele é, de longe, uma das causas mais comuns desse quadro;
- Uso de esparadrapos, fitas adesivas e outros tipos de curativos sobre a pele;
- Exposição constante a ambientes aquecidos e úmidos;
- Contato direto com água quente;
- Lesões já presentes na pele, sendo de cunho inflamatório ou não — incluindo a acne, a dermatite, algumas escoriações e feridas cirúrgicas;
- Uso contínuo de antibióticos — comumente empregado no combate à acne.
- Picadas de insetos, arranhões ou outras lesões da pele.
Contudo, condições mais sérias e, por vezes crônicas, também possibilitam o surgimento da foliculite. São elas:
- Excesso de peso;
- Disfunções hormonais;
- Imunidade deficitária — costumeiramente evidenciada por portadores de leucemia, diabetes e outras imunodeficiências, além daqueles que fazem uso de medicamentos imunossupressores.
Grupos e fatores de risco
Qualquer pessoa pode vir a manifestar um quadro de foliculite. Entretanto, existem aquelas que estão mais propensas a desenvolvê-la. Essas pessoas integram o grupo de risco:
- Pessoas com o sistema imunológico enfraquecido, transplantados e/ou que apresentem alguma imunodeficiência — portadores de diabetes, leucemia crônica, AIDS e soropositivos;
- Negros e asiáticos — em comparação aos caucasianos, negros e asiáticos possuem mais queratina sob a pele. O excesso de queratina impede que os pelos se desenvolvam naturalmente. Logo, ao invés de despontarem, crescem para dentro dos folículos pilosos;
- Pessoas que já demonstram alguma lesão em sua epiderme — acne e dermatite são alguns exemplos;
- Pessoas que possuem algum trauma na pele decorrente de intervenções cirúrgicas ou outras lesões;
- Pessoas que seguem um tratamento para a acne e fazem uso contínuo de antibióticos;
- Pessoas que costumam tomar banhos muito quentes;
- Pessoas que manifestam alterações hormonais constantes;
- Pessoas com excesso de peso.
Quais os tipos de Foliculite?
É importante conhecer o tipo de inflamação e a bactéria causadora, pois alguns sub-grupos não respondem a tratamentos generalizados. Para conhecer melhor cada um desses tipos consulte o artigo: Tipos de foliculite: superficial e profunda
Sintomas
Cada grau ou estágio de foliculite acompanha seus sintomas específicos. As diferenças de um tipo para o outro são mínimas. Poucos aspectos se alteram, exceto a persistência e a agressividade do problema.
Por afetar somente a porção superior do folículo piloso, a foliculite superficial é mais branda, como seu próprio nome deixa claro. Um portador pode vir a manifestar as seguintes ocorrências:
- Pele avermelhada e irritada — devido à inflamação;
- Prurido constante — o que torna o local hipersensível;
- Erupções avermelhadas — purulentas ou não.
Em relação à foliculite profunda, o natural é que os sintomas já apresentados se tornem feridas mais severas, uma vez que todo o folículo piloso é comprometido. O surgimento dos furúnculos — e em alguns casos, carbúnculos — pode se dar através dos seguintes sintomas:
- Persistência da coceira, tornando a epiderme ainda mais sensível;
- Migração da reação inflamatória para áreas maiores;
- Eclosão de feridas amareladas pela presença de pus.
Conforme os sintomas se acentuam, mais dores o portador sentirá. Infelizmente, as chances de se desenvolverem cicatrizes ao longo do processo também se tornam mais sólidas.
Qual médico devo procurar? E quais os métodos para o diagnóstico?
O profissional mais qualificado para tratar a foliculite e as demais patologias da pele é o dermatologista. Cabe a ele estudar o caso e decidir o melhor tratamento a ser seguido.
Alguns quadros se manifestam esporadicamente e, em pouco tempo, deixam de existir, dispensando a necessidade de tratamento. Todavia, as possíveis reincidências devem ser acompanhadas periodicamente pelo médico.
O diagnóstico é construído com base em alguns exames. Os mais requisitados são:
- Exame físico;
- Avaliação do paciente — o médico deverá checar, a olho nu, os ferimentos presentes na epiderme;
- Exames laboratoriais — os testes laboratoriais consistem na extração de uma pequena amostra da secreção presente na lesão.
Tratamento com remédios e pomadas para foliculite
Para garantir sucesso no tratamento, a foliculite deve ser diagnosticada logo no seu início. Desde que a terapia seja feita corretamente, diminui-se as chances de reincidência da doença.
Geralmente, emprega-se o uso de antibióticos e outros medicamentos (como algumas pomadas), sempre considerando a profundidade da lesão e o agente etiológico em questão.
Os medicamentos prescritos são:
- Ceclor (antibiótico via oral);
- Cefalotina (antibiótico injetável);
- Ceftriaxona (sódica ou dissódica);
- Ciprofloxacino (antibiótico via oral);
- Claritromicina (antibiótico via oral);
- Clocef (antibiótico injetável);
- Dicloxacilina (antibiótico via oral);
- Doxiciclina (antibiótico via oral);
- Mupirocina (antibiótico tópico (pomada);
- Cefadroxila (antibiótico via oral);
- Oxacilina (antibiótico injetável);
- Bactroban (antibiótico tópico (pomada);
- Antifúngicos — medicamentos que inibem o desenvolvimento das micoses.
Tratamentos caseiros para foliculite
Outro meio de garantir a cura da foliculite de maneira rápida e eficaz é aliar os tratamentos medicamentosos a tratamentos alternativos. Boa parte deles podem ser feitos em casa.
Tomar banhos diários
Bons hábitos de higiene são a melhor forma de cuidar da pele e evitar que doenças, como a foliculite, manifestem-se. Os banhos diários, acompanhados de sabonete antimicrobiano e outros produtos (incluindo xampus e condicionadores), são essenciais para inibir o crescimento descontrolado de fungos, bactérias e os demais patógenos da epiderme.
Shampoo medicamentoso
Junto do banho diário está a utilização de shampoos medicamentosos que, assim como os sabonetes, contém propriedades antimicrobianas. Esses shampoos são destinados tanto ao couro cabeludo quanto à barba.
Compressas quentes com água salgada
Fácil de fazer, a compressa quente é um mecanismo rápido e prático para atenuar o comichão e a inflamação decorrentes da foliculite. Após o aquecimento da água e a adição de sal, mergulhe uma toalha de rosto no recipiente. Antes de leva-la à pele, torça-a para retirar o excesso de água. Recubra o local afetado e o deixe descansar por alguns minutos.
Chá de alho
O reconhecimento das propriedades antibacterianas do alho é bem antigo. O chá de alho é uma bebida muito recomendável à dieta de indivíduos que estejam com o sistema imunológico enfraquecido.
Tendo em vista esses benefícios já comprovados por estudos, é uma boa opção adiciona-lo à compressa de água quente com sal, como meio de potencializar seus efeitos. Você também pode incrementar o tratamento utilizando babosa sobre os ferimentos, a fim de evitar a formação de novas erupções e futuras cicatrizes.
Esfoliação
Ao se esfoliar a pele, grande parte das células mortas e agentes microscópicos dela é descartada. Por esse motivo, a esfoliação pode ser um procedimento interessante para quem sofre com a foliculite. Contudo, é de extrema importância consultar um dermatologista antes de fazê-la, pois, assim como outros procedimentos estéticos, ela também pode agravar a situação do tecido já lesionado. De modo geral, recomenda-se esfoliar a pele pelo menos 1 vez por semana.
Depilação a laser
Quem tem foliculite pode e deve fazer depilação a laser.
Se você não dispensa a depilação, mas sofre com a inflamação dos folículos pilosos, o laser pode ser uma excelente alternativa. A depilação a laser não é o método mais rápido e prático para lidar com a foliculite, porém com o tempo a pele começa a apresentar alguns sinais de melhora. O laser destrói a maioria dos folículos pilosos, resolvendo o problema de possíveis inflamações.
Complicações e prognóstico da inflamação
Recordando o que já foi dito, nem sempre a foliculite se exibe no seu grau mais severo. Entretanto, em situações mais delicadas, sejam elas ocasionadas por negligência ou não, pode haver sequelas. As complicações mais comuns são:
- Furunculose — surgimento exacerbado de furúnculos;
- Cicatrizes — por tomar conta de todo o folículo piloso, as erupções podem deixar marcas e manchas escuras na pele;
- Queda total de cabelos e pelos — o folículo piloso não suporta a intensidade da patologia e acaba por ser destruído.
Os casos mais leves conseguem responder bem aos tratamentos caseiros. A convivência com a doença pode ser mais amena se o indivíduo tomar as seguintes precauções:
- Evitar depilar a área irritada (principalmente com cera) — se optar por fazê-lo, deve-se utilizar um barbeador elétrico e, ao final do processo, aplicar uma loção pós-barba sobre a região para hidratá-la;
- Lavar a pele afetada 2 vezes ao dia — a lavagem deve ser feita com um sabonete antibacteriano e, após os cuidados, recomenda-se aplicar uma pomada também antibacteriana no local em questão;
- Utilizar cremes e loções — cremes e loções que contenham aveia e/ou hidrocortisona ajudam a minimizar o prurido causado pela foliculite;
- Fazer compressas várias vezes ao dia — a toalha embebida na água quente alivia o desconforto e as dores;
- Evitar compartilhar toalhas — as toalhas devem ser destinadas apenas para uso pessoal. Após manuseá-las, elas necessitam ser bem higienizadas para evitar a proliferação dos micro-organismos.
Prevenção e transmissão
Para prevenir o aparecimento da foliculite e o seu contágio, são fundamentais as seguintes precauções:
- Não depilar as áreas já lesionadas;
- Não compartilhar toalhas;
- Não utilizar roupas e toalhas úmidas;
- Não usar roupas justas com frequência;
- Não ingerir alimentos ricos em gordura;
- Priorizar uma alimentação saudável;
- Manter os bons hábitos de higiene;
- Conservar a pele livre de umidade, limpa e sem lesões;
- Evitar lavar a pele com soluções antissépticas diariamente, uma vez que esse tipo de produto pode interferir na população de bactérias benéficas para o corpo;
- Evitar usar banheiras, hidromassagens e piscinas que não aparentam estar bem higienizadas.
Perguntas Frequentes
Quem tem a inflamação pode tomar sol?
A exposição solar deve ser limitada ao máximo, principalmente se a condição surge na forma actínica, ou por malassezia, uma vez que ambas são agravadas pela luz solar.
Quem tem a condição pode fazer tatuagem?
Nestes casos recomenda-se a consulta com um dermatologista para conhecer todos os riscos associados. É preciso entender que as tatuagens oferecem um risco acrescido de infecção local, apesar de ser usado o melhor equipamento, e realizadas pelo profissional mais competente.
Este risco aumenta nos tatuadores sem licença ou amadores. O Staphylococcus aureus é o principal culpado, causando não só este problema como também o desenvolvimento de:
- Pústulas,
- Abscessos
- Celulite infecciosa.
Quem tem a Inflamação pode pintar o cabelo?
Depende. Quando a condição acomete o couro cabeludo devem ser evitados quaisquer produtos químicos e corantes na área (ambos presentes na maioria dos shampoos, produtos para cabelo e tintura de cabelo).
Posso usar minoxidil?
Os indivíduos mais propensas a irritação, inflamação dos folículos e reações alérgicas na pele, podem ter alguns problemas ao administrar o minoxidil. O propilenoglicol é o principal culpado para muitas destas reações. O dermatologista será a melhor pessoa para o aconselhar nestas situações. Se não conseguir encontrar um produto que não cause “foliculite”, deve procurar tratamentos alternativos, como a finasterida, a laserterapia ou o plasma rico em plaquetas (PRP).
Dermatologista - CRM: 46.608 / RQE: 32.368
O Dr. Daniel Seixas Dourado é Graduado em Medicina pela Universidade Severino Sombra – RJ – 2007. Para além disso possui:
- Especialização em Dermatologia: Hospital Eduardo de Meneses (FHEMIG) – 2009.
- Pós-Graduação Lato-Sensu em Medicina e Cirurgia Aplicada a Estética: CEMEPE – Belo Horizonte – 2010.
- Título de especialista em Dermatologia: Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e pela associação médica brasileira – AMB.
- Especialização em cirurgia da restauração capilar: Facultè de médecine Pierre et Marie de Curie de Paris / France – 2014.
- É membro titular da sociedade brasileira de dermatologia – SBD.
- Membro titular da sociedade brasileira de cirurgia Dermatológica (SBCD).
- Membro da associação brasileira de cirurgia e restauração capilar- ABCRC.
Endereço: Rua Bernardo Guimarães, 2717, sala 903 - Santo Agostinho, Belo Horizonte – MG
Email: atendimento@drdanieldourado.com.br
Telefone: (31) 9 9446 2446
Também pode encontrar o Dr. Daniel no Linkedin, Facebook e Instagram. Pode consultar o Currículo Lattes Aqui.
- http://www.sbd.org.br/
- https://www.ncbi.nlm.nih.gov/
- https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/folliculitis/symptoms-causes/syc-20361634
- https://www.aad.org/public/diseases/bumps-and-growths/folliculitis
- https://bestpractice.bmj.com/topics/en-gb/282
Ajude-nos a melhorar a informação do Educar Saúde.
Encontrou um erro? Está faltando a informação que está procurando? Se ficou com alguma dúvida ou encontrou algum erro escreva-nos para que possamos verificar e melhorar o conteúdo. Não lhe iremos responder diretamente. Se pretende uma resposta use a nossa página de Contato.