O que é, sintomas e como tratar a Gardnerella

Revisão Clínica: Drª Camille Rocha Risegato. Atualizado: 09/09/24

O principal sintoma de Gardnerella é um corrimento fino e abundante, com forte odor a peixe, na vagina. A secreção liberada normalmente é branca, cinza, esverdeada ou espumosa. O mau cheiro normalmente é mais perceptível após a relação vaginal e, além desses sinais, é comum a mulher apresentar coceira ou ardor ao urinar. O tratamento é realizado através de antibióticos (orais ou pomadas que serão aplicadas na vagina), sendo os mais comuns o metronidazol e a clindamicina. Saiba mais.

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O corpo humano é habitado por milhões de micro-organismos. A convivência entre o organismo e esses seres vivos costuma ser harmônica, ou seja, sem grandes prejuízos às pessoas. No entanto, existem alguns desequilíbrios que podem resultar no desenvolvimento de algumas doenças. Uma delas decorre da presença excessiva da bactéria Gardnerella vaginalis na região vaginal.

Vale frisar que esse é um micro-organismo presente na microbiota vaginal de todas as mulheres saudáveis. No entanto, assim como acontece com outras bactérias, a proliferação desenfreada da Gardnerella vaginalis tende a causar problemas. O mesmo se aplica ao aumento reprodutivo da espécie bacteriana Gardnerella mobiluncus sp, dentre outras.

No caso das duas bactérias mencionadas, a síntese descontrolada delas aumenta as chances de a mulher desenvolver vaginose bacteriana, patologia que pode ser identificada por alguns sintomas, como a liberação de um corrimento de tonalidade cinzenta. Outro sintoma bem característico é o odor exalado pela vagina da paciente, que passa a ser bem intenso e desagradável.

As mulheres afetadas pela Gardnerella podem ser tratadas com medicamentos antibióticos (Metronidazol ou Clindamicina por exemplo), via oral ou tópica. No segundo caso, a mulher precisa aplicar uma pomada específica na região vaginal. Em alguns quadros, a melhora é obtida com uma simples mudança dos hábitos de higiene associados à vagina. Conheça 10 Regras para Fazer a Higiene Íntima e evitar doenças.

Apesar da vaginose bacteriana ser uma infecção tipicamente feminina, nada impede que os homens também sejam acometidos por ela. A contaminação ocorre após a prática sexual sem a proteção adequada.

O Que é, Sintomas E Como Tratar A Gardnerella

Sintomas da Gardnerella

Quando a multiplicação da Gardnerella fica descontrolada, os organismos masculino e feminino emitem sinais específicos. Na mulher os sintomas incluem:

  • formação de pequenas bolhas na região vaginal;
  • liberação de corrimento vaginal amarelo ou cinza;
  • dores durante o ato sexual com penetração peniana;
  • mau cheiro na vagina — o odor fica ainda mais acentuado se a mulher tem uma relação sexual sem camisinha.

No homem os sinais incluem:

  • coceira na região peniana;
  • a cabeça do pênis se torna avermelhada;
  • liberação de uma secreção amarela;
  • dores durante a excreção de urina.

Convém salientar que, nos homens, a infecção causada pela bactéria Gardnerella costuma ser assintomática, ou seja, não exibe sintomas. Seja como for, o homem deve realizar o tratamento em conjunto com a sua respectiva parceira.

Dessa forma, é possível diminuir as chances de reincidência do problema. Caso contrário, a mulher pode ser curada, mas voltar a exibir um excesso de população bacteriana devido à transmissão do parceiro. O tratamento simultâneo de ambos assegura que os dois estejam com os organismos realmente recuperados.

No caso das mulheres, a ausência de um tratamento adequado pode originar complicações graves. Uma das principais complicações está ligada à dificuldade de engravidar, consequência de possíveis inflamações nas trompas uterinas ou no próprio útero. Esse quadro mais sério também está correlacionado ao excesso concomitante de outras espécies bacterianas na região afetada.

O que causa a infecção por Gardnerella

A causa da infecção não possui uma origem específica. Sabe-se que a contaminação tende a ser mais frequente em pacientes que mantêm determinado estilo de vida. Por exemplo, as mulheres que lavam a vagina em excesso, fumam, usam DIU ou tenham múltiplos parceiros sexuais são mais propensas a uma infecção causada pela Gardnerella.

Por ter origem no desequilíbrio da população de bactérias, a infecção não é classificada como doença sexualmente transmissível. Além disso, é importante observar que os sintomas, se aparecerem, podem se manifestar somente após cerca de 20 dias. Esse é o período máximo de latência associado à atividade das bactérias envolvidas na infecção.

Diagnóstico da Gardnerella

Mesmo que não haja sintomas, o ginecologista pode identificar a bactéria através de exames de rotina. A confirmação é obtida após a coleta e análise apurada de uma amostra de secreção vaginal. Para entender melhoro exame consulte o artigo Exame de Cultura de Secreção Vaginal: para que serve e o que significam os resultados.

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Como é feito o tratamento

O maior fator de risco ligado à infecção causada pela Gardnerella é justamente a negligência da mulher quanto à necessidade de tratamento. Desde que o problema não seja ignorado, a terapia é simples e extremamente eficaz. Basta que a paciente siga todas as recomendações do ginecologista (no caso das mulheres), e urologista (no caso dos homens).

O período de tratamento varia conforme o método de uso dos antibióticos. Se o medicamento em forma de pomada para aplicação tópica na vagina, a terapia deve se estender por até 5 dias. Se houver a necessidade de ingestão de comprimidos via oral, esse prazo pode se prolongar por 7 dias. Caso a paciente esteja grávida, a utilização de antibióticos deve ser ainda mais cuidadosa.

Tratamento caseiro

Existem algumas soluções naturais que podem ser usadas como complemento ao tratamento médico. Elas visam fortalecer o sistema imunológico e aumentar a resposta do corpo a infecções. Os probióticos, seja na forma de iogurtes ou óvulos, são um excelente exemplo de remédio caseiro. Para beneficiar deles basta incluir na dieta, leites fermentados, iogurtes, coalhadas, chucrute, missô, queijo, kefir, molho shoyu, ou, comprá-los em forma de suplemento, geralmente disponível em cápsulas.

É importante que, no decorrer de todo o período de tratamento, a mulher cuide bem dos hábitos higiênicos relacionados à vagina. Basicamente, ela só deve lavar, de fato, a área situada no entorno da genitália. O sabonete deve ser neutro ou especialmente desenvolvido para esse tipo de limpeza. Em caso de dúvida, é aconselhável pedir que o médico indique alguns produtos.

A infecção provocada pelo excesso da bactéria Gardnerella na vagina é um transtorno de fácil solução. Para isso, basta que a mulher inicie o tratamento adequado o quanto antes. Igualmente recomendável é a visita regular ao consultório ginecológico. Afinal, essa e outras infecções podem muitas vezes não apresentar sintomas.

Com uma frequência anual de 2 consultas ginecológicas, a mulher consegue ficar melhor informada sobre qualquer anormalidade apresentada na sua região íntima, facilitando assim o sucesso no tratamento de qualquer micro-organismos.

O que acontece se eu não receber tratamento?

Se não for tratada a infecção pode causar alguns problemas graves na saúde, que incluem:

Contrair o vírus do HIV com maior facilidade e consequentemente transmiti-lo para outras pessoas.

Se a mulher estiver grávida durante a infecção, é provável que dê à luz mais cedo (parto prematuro), o bebê pode nascer muito abaixo do peso, e é importante saber que existe a possibilidade de aborto.

Os indivíduos infetados pela Gardnerella, estão sujeitos a ser contagiados com maior facilidade por DSTs, como a clamídia, herpes e gonorreia, e desenvolverem uma doença inflamatória pélvica, que pode dificultar ou impossibilitar a mulher de ter filhos.

Nota: Este conteúdo, desenvolvido com a colaboração de profissionais médicos licenciados e colaboradores externos, é de natureza geral e apenas para fins informativos e não constitui aconselhamento médico. Este Conteúdo não pretende substituir o aconselhamento médico profissional, diagnóstico ou tratamento. Consulte sempre o seu médico ou outro profissional de saúde qualificado sobre a sua condição, procedimento ou tratamento, seja um medicamento prescrito, de venda livre, vitamina, suplemento ou alternativa à base de ervas.
Autores
Drª Camille Rocha Risegato

Ginecologista e Obstetra - CRM SP-119093

Dra Camille Vitoria Rocha Risegato - CRM SP nº 119093 é formada há 14 anos pela Fundação Técnico Educacional Souza Marques, Rio de Janeiro.

> Consultar CRM (Fonte: https://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_medicos&Itemid=59)

Dra Camille mudou-se para São Paulo onde realizou e concluiu residência médica em Ginecologia e Obstetrícia (RQE nº 25978) no Centro de Referência de Saúde da Mulher no Hospital Pérola Byington em 2007.

Em 2008 se especializou em Patologia do Trato Genital Inferior nesse mesmo serviço. Ainda fez curso de ultrassonografia em ginecologia e obstetrícia na Escola Cetrus.

Trabalha em setor público e privado, atendendo atualmente em seu consultório médico particular situado na Avenida Leoncio de Magalhães 1192, no bairro do jardim São Paulo, zona norte de São Paulo.

Também pode encontrar a Dra Camille no Linkedin, Facebook e Instagram

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Bibliografia
  • Gardnerella – Asociación Española de Ginecología y Obstetricia
    https://www.aego.es/enfermedades/vulvovaginitis/gardnerella
  • Bacterial Vaginosis – 2015 STD Treatment Guidelines – CDC
    https://www.cdc.gov/std/tg2015/bv.htm
  • Bacterial Vaginosis (Gardnerella Vaginitis) – Harvard Health
    https://www.health.harvard.edu/a_to_z/bacterial-vaginosis-gardnerella-vaginitis-a-to-z
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    Última atualização da página em 09/09/24