O que é Hiperplasia Prostática Benigna e Como tratar

Revisão Clínica: Dr Nilo Jorge Leão Barretto (Urologista - CRM-BA 22237). Atualizado: 08/09/24

A hiperplasia benigna da próstata é um aumento fisiológico da glândula, que ocorre naturalmente em homens com o avançar da idade, geralmente a partir dos 40 anos. Não deve ser confundida com o câncer de próstata, nem aumenta o seu risco. Fluxo de urina fraco, incontinência urinária, gotejamento no final da micção, esvaziamento incompleto da bexiga, com uma sensação de desejo de urinar novamente depois de já ter terminado, micção dolorosa ou urina com sangue, são alguns sinais a que o homem deve estar atento. Saiba mais.

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A próstata é uma glândula pequena do tamanho de uma castanha que se situa abaixo da bexiga, á frente do reto e forma parte do sistema reprodutor masculino, uma vez que produz um líquido que se combina com o esperma para formar o sêmen.

No nascimento, a glândula é pequena. Quando os níveis de testosterona aumentam durante a puberdade, a próstata cresce de forma rápida, dobrando o seu tamanho aos 20 anos de idade. O crescimento desacelera a sua evolução durante as duas décadas seguintes e geralmente não causa problemas durante muitos anos.

A hiperplasia prostática benigna é um aumento não cancerígeno da glândula prostática, cuja prevalência aumenta progressivamente com a idade. Na verdade, são menos de 10% os homens de 30 anos que têm a próstata aumentada. Aos 40 anos, o homem experimenta um segundo crescimento. 50% dos homens tem a próstata aumentada aos 60 anos e, aos 85, 90% dos homens possui a glândula aumentada.

À medida que a glândula cresce, obstrui a passagem de urina na uretra, aumentando o trabalho da bexiga para eliminar a urina. Com o tempo, o problema piora e, muitas vezes, a bexiga não chega a esvaziar completamente quando o homem urina.

Hiperplasia Prostática Benigna

O que causa a hiperplasia prostática

As causas mais comuns são o envelhecimento e a presença de andrógenos ou hormônios sexuais masculinos.

Sintomas

O crescimento da próstata é muitas vezes acompanhado por sintomas obstrutivos, como micção hesitante ou intermitente, diminuição da força do jato e redução do fluxo urinário. Também podem ocorrer sintomas irritativos como disúria (dor, desconforto ou sensação de urgência que ocorre ao urinar), aumento da frequência urinária, noctúria (aumento da frequência urinária durante a noite) e urgência em ir ao banheiro.

O aumento da próstata pode dificultar a micção. No entanto, nem todos os homens com a próstata maior experimentam sintomas.

Os sintomas são leves quando o músculo da bexiga é capaz de compensar a pressão do aumento da próstata sobre a uretra. A pressão da próstata na uretra também pode provocar o interrompimento ou o enfraquecimento do fluxo da urina. Outros sintomas incluem:

  • Dificuldade em iniciar a micção.
  • Sensação de não ter esvaziado completamente a bexiga.

A gravidade desses sintomas ocorre quando a urina que se encontra na bexiga produz irritação. Esses sintomas incluem:

  • Micção dolorosa
  • Necessidade de esvaziar a bexiga constantemente, especialmente à noite.
  • Sensação de urgência que acompanha a necessidade de urinar.
  • Perda de controle da bexiga (incontinência).

As complicações graves normalmente ocorrem quando a bexiga não se esvazia completamente. A urina acumulada na bexiga pode produzir o crescimento de bactérias, que podem originar infecções no trato urinário. Além disso, pode ocorrer a formação de cálculos renais devido ao acúmulo de detritos e produtos químicos no revestimento da bexiga.

O rompimento dos vasos sanguíneos pode produzir sangue na urina, provocado pelas veias rasgadas ou dilatadas na superfície interna da próstata. O sangue na urina também pode ser produzido pelo alongamento da parede da bexiga. Se não for tratada, a urina retida na bexiga pode viajar para os rins e dar origem a lesões e insuficiência renal.

Prevenção

Atualmente não é possível prevenir o desenvolvimento da hiperplasia benigna da próstata nem os problemas urinários associados á doença.

Tipos

Não existem diferentes padrões desta patologia.

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Como confirmar o diagnóstico

O médico pode suspeitar de um caso de hiperplasia benigna da próstata com base nos sintomas após um exame físico. Ao apalpar a próstata durante um exame retal, o médico geralmente consegue identificar se ela está aumentada. Neste exame o médico também procura por nódulos, que podem indicar a presença de câncer e verificar se existe dor, o que pode indicar uma infecção.

Durante a consulta o médico responsável pelo diagnóstico (urologista) realiza algumas perguntas ao paciente para avaliar a gravidade dos sintomas urinários. Realiza um exame retal através de toque retal para determinar o tamanho, forma e consistência da glândula da próstata e finaliza com um exame de urina para determinar se existe algum tipo de infecção na urina.

Ocasionalmente, o médico pode realizar outros testes, tais como ecografia, para medir a quantidade de urina acumulada na bexiga, ou cistoscopia, no qual é inserido um tudo fino através do pênis para o interior da bexiga. Também podem ser realizados exames específicos para avaliar os músculos e nervos da bexiga, especialmente se o paciente estiver sofrendo perda de urina.

Como é feito o tratamento

Atualmente existem várias formas de tratar a doença dependendo do tamanho da próstata, idade do indivíduo e os sintomas presentes. Alguns dos tratamentos mais usados são:

Remédios

Bloqueadores alfa: Os medicamentos chamados bloqueadores alfa ajudam a relaxar os músculos localizados na base da bexiga e aumentam a capacidade do homem urinar. 70% dos homens apresentam melhorias nos sintomas dias ou semanas após começarem a usar esses medicamentos. A única desvantagem dos bloqueadores alfa é poderem causar tontura, fadiga ou hipotensão. Os bloqueadores alfa mais comuns incluem a alfuzosina, doxazosina, tansulosina e terazosina.

Inibidores da 5-alfa-redutase: Em alguns homens, os remédios que bloqueiam a testosterona podem reduzir o tamanho da próstata e aumentar o fluxo de urina. As desvantagens deste tipo de medicamentos são a demora do seu efeito, geralmente de três a seis meses, e poderem causar impotência em cerca de 4% dos homens que o tomam. Os bloqueadores de testosterona mais prescritos, também conhecidos como inibidores da 5-alfa-redutase, incluem a finasterida e a dutasterida.

Estudos recentes sugerem que a combinação de bloqueadores alfa com bloqueadores de testosterona pode oferecer melhores resultados do que quando tomados de forma isolada.

Tadalafila: Apesar de ser um medicamento usado geralmente no tratamento da disfunção erétil, também está aprovado para uso em homens com sintomas de hiperplasia prostática.

Extratos de plantas (fitoterapia): Este grupo inclui fármacos com mecanismos de ação pouco conhecidos. Os mais usados são derivados de plantas como a Pygeum africanum e a Serenoa repens.

Cirurgia

A cirurgia é a opção que oferece a melhor via para melhorar os sintomas, mas também a que traz o maior risco de complicações. O tratamento cirúrgico está indicado quando ocorrem os seguintes sintomas:

  • Incontinência urinária
  • Sangue na urina recorrentemente
  • Retenção urinária
  • Infecções recorrentes no trato urinário
  • Diminuição da função renal
  • Cálculos renais
  • Sintomas irritantes que não respondem aos medicamentos.

O vários procedimentos disponíveis incluem:

Ressecção transuretral de próstata (RTUP): Este é o procedimento realizado com maior frequência. O cirurgião introduz um telescópio e um circuito elétrico através da uretra para a próstata. De seguida o circuito elétrico queima o tecido prostático em excesso para abrir o canal uretral. O procedimento dura cerca de 90 minutos. Requer anestesia geral ou raquianestesia e permanência hospitalar durante um dia. Os efeitos colaterais mais comuns do procedimento são a ejaculação retrógrada, em que o sêmen flui para a bexiga (para trás) em vez de ir até o final do pênis, originando orgasmos “secos”.

Incisão transuretral da próstata (ITU-P): O objetivo da cirurgia é alargar a uretra, fazendo pequenos cortes na abertura da bexiga, em vez de remover o tecido da próstata. Este procedimento tem a vantagem de produzir poucas complicações e não é necessário permanência hospitalar. No entanto, os resultados a longo prazo não são tão bons quanto a ressecção transuretral da próstata.

Termoterapia transuretral por micro-ondas: Neste procedimento é inserida uma pequena antena de micro-ondas na uretra para aquecer a próstata e destruir a parte da glândula que está em excesso. É mais simples que a ressecção transuretral da próstata e não é necessária permanência hospitalar. No entanto, cerca de metade dos homens necessita de tratamento adicional após quatro anos.

Ablação transuretral da próstata por agulha: Este procedimento usa uma agulha aquecida para queimar pequenas quantidades de tecido da próstata. Tal como a incisão transuretral da próstata, este procedimento também custa menos que a ressecção transuretral e envolve menos complicações. Não é necessária internação hospitalar.

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Prostatectomia Transuretral Induzida por Laser Guiada por Ultrassom: Usando o ultrassom como guia, o cirurgião remove o tecido da próstata em excesso através de um laser. Existe uma variação do procedimento que usa uma câmera telescópica em vez de ultrassom.

Cirurgia aberta: Por vezes o aumento excessivo da próstata exige uma cirurgia convencional, realizada através de uma incisão em redor do osso púbico para acessá-la e remover o tecido excessivo da glândula.

Tratamento em casa

Com o objetivo de reduzir os sintomas o paciente deve seguir algumas regras simples:

  • Urinar logo que sinta o desejo.
  • Aproveite a oportunidade para ir ao banheiro, mesmo se não sentir vontade de urinar.
  • Evite o álcool e a cafeína, especialmente depois do jantar.
  • Evite beber quantidades excessivas de líquidos de uma só vez.
  • Distribua a ingestão de líquidos ao longo do dia.
  • Evite beber líquidos cerca de duas horas antes de ir para a cama.
  • Evite o uso de medicamentos sem receita médica, incluindo descongestionantes ou anti-histamínicos, pois estes medicamentos podem piorar os sintomas.
  • Realize atividades físicas regularmente e evite o frio no corpo, pois isso e a inatividade também pioram os sintomas.
  • Aprenda e pratique exercícios de Kegel para fortalecer a pélvis.
  • Reduza o estresse, pois o nervosismo induz a sensação de urinar com mais frequência.

Riscos para a saúde

A hiperplasia benigna da próstata é um crescimento localizado da parte central da próstata. No entanto, ao redor desta hiperplasia continua existindo tecido prostático periférico.

Nesta periferia da próstata, pode se desenvolver um crescimento maligno em pacientes que já têm uma hiperplasia prostática. Por esse motivo, é fundamental realizar exames anuais para detectar a presença de câncer. Para saber mais consulte o Guia Principais sintomas e como curar o câncer de próstata.

Nota: Este conteúdo, desenvolvido com a colaboração de profissionais médicos licenciados e colaboradores externos, é de natureza geral e apenas para fins informativos e não constitui aconselhamento médico. Este Conteúdo não pretende substituir o aconselhamento médico profissional, diagnóstico ou tratamento. Consulte sempre o seu médico ou outro profissional de saúde qualificado sobre a sua condição, procedimento ou tratamento, seja um medicamento prescrito, de venda livre, vitamina, suplemento ou alternativa à base de ervas.
Autores
Dr Nilo Jorge Leão Barretto (Urologista - CRM-BA 22237)

Urologista - CRM-BA 22237

Consultar > Currículo Lattes.

O Dr. Nilo Jorge é Graduado em Medicina pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Publica- 2010. Além disso possui:

- Especialização em Urologia e Cirurgia Geral na Universidade de São Paulo – 2013/2015.

- Título de especialista em Especialização em Fellowship em UroOncologia, Laparoscopia e Cirurgia Robótica.

Fundação Antônio Prudente- AC Camargo Câncer Center, AC CAMARGO, Brasil.

Título: Cirurgias Laparoscópicas e Robótica em Urologia. - Orientador: Dr. Gustavo Cardoso Guimarães – 2017.

- Coordenador do Núcleo de Uro-Oncologia do Hospital Santo Antônio- Obras Sociais Irmã Dulce. Preceptor do núcleo de Urologia do Hospital São Rafael. Uro-oncologista do Grupo OncoClinicas do Brasil e sócio do grupo Uroclinica da Bahia.

Membro titular da Sociedade Brasileira de Urologia, cirurgião geral e urologista pela Universidade de São Paulo (USP- RP). Fellowship em Uro oncologia, laparoscopia e cirurgia robótica no AC Camargo Câncer Center.

Cirurgião robótico certificado pela Intuitive/Strattner. "International Member" da European Association of Urology (EAU) e da "American Urological Association" (AUA). Possui trabalhos publicados em congressos, periódicos e livros em Urologia.

Endereço: Rua Anita Garibaldi, 1815 CME Federação, Salvador/BA - Telefone: (70) 3235-0867 / 2626-3030

Também pode encontrar o Dr. Nilo Jorge na sua página www.nilojorge-leaobarretto.com, ou no Linkedin e Instagram.

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    Última atualização da página em 08/09/24