O que é Hipocondria: como Superar, sintomas, tratamento, tem cura?

Revisão Clínica: Drª Raquel Pires (Nutricionista - CRN-6 nº 23653). Atualizado: 08/09/24

O que é? Uma pessoa com hipocondria apresenta uma sensação constante de que está doente ou em vias de adoecer a qualquer momento. Podemos dizer que é uma pessoa que tem o medo constante de morrer.

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Com isso, quaisquer sintomas (mesmo os mais simples) são erroneamente correlacionados a patologias sérias.

O Que é Hipocondria, Como Superar, Sintomas, Tratamento, Tem Cura

Esse medo frequente de estar doente faz com que o hipocondríaco se consulte com um médico regularmente. A depender do nível do receio de estar ou ficar doente, o hipocondríaco pode, inclusive, submeter-se a uma série de exames dispensáveis.

Essa é uma patologia psicossomática, em que os falsos problemas são consequência de um transtorno psíquico.

É importante salientar que, mesmo que as preocupações do hipocondríaco sejam ilusórias, os sintomas inerentes a elas são bem reais para o paciente. Por esse motivo, a tarefa de diagnosticar e tratar a hipocondria é algo bem trabalhoso para o médico.

Não se trata de mentir sobre um determinado sintoma, mas sim de exagerá-lo.

Assim, uma mera dor nas costas pode se transformar em um problema lombar mais severo, por exemplo.

Seguindo a mesma lógica (do hipocondríaco, é claro), algumas dores na região do coração podem se tornar um forte indício do risco de um ataque cardíaco. Geralmente, essas dores são ocasionadas por um simples acúmulo de gases.

Em geral, os hipocondríacos costumam relatar problemas ligados às regiões do corpo historicamente vinculadas a problemas graves de saúde, como o tronco e a cabeça.

Os sintomas mencionados são os mais variados possíveis, mas as dores são as mais frequentes. Outros sinais considerados dignos de nota são tonturas, coceiras, febre e diarreia.

Ao contrário do que se imagina, a hipocondria não é um fenômeno necessariamente raro. Afinal, o problema atinge, só no Brasil, aproximadamente 10 milhões de pessoas. Dentre elas, cerca de 1/3 vão ao médico se queixar de sintomas sem conectá-los a nenhuma área física do corpo.

Embora a porcentagem de mulheres hipocondríacas supere a de homens, vale lembrar que ambos precisam se preocupar com o problema.

Essa preocupação se justifica pelo fato de a hipocondria ser um indicativo de que há, realmente, um problema grave, como a ansiedade crônica e o TOC (transtorno obsessivo-compulsivo).

Por fim, nesse primeiro momento também convém relatar que outra nomenclatura usada para a hipocondria é nosomifalia.

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Significado de hipocondria

A palavra hipocondria (hipo + condria) é uma daquelas que sofre derivação prefixal, pois o prefixo hipo (do grego) é unido à palavra-base condria (do grego kondria.

Na Grécia antiga, kondria se referia à cartilagem da região torácica. Logo, a hipocondria seria uma enfermidade que atacava essa área do corpo, mais precisamente uma parte inferior do tórax.

Esse pensamento deriva, por sua vez, da teoria humoral, criada pelo filósofo Hipócrates. Segundo essa teoria, as pessoas teriam 4 humores (a bílis amarela, o sangue, a bílis negra e a fleuma). Uma vez que esses compostos entrassem em desequilíbrio, surgiriam as patologias.

O baço é um órgão situado abaixo da região torácica. De acordo com a mesma teoria de Hipócrates, esse órgão seria o encarregado de sintetizar a bílis negra, que em excesso levaria ao desenvolvimento da melancolia.

As pessoas melancólicas eram caracterizadas por desenvolver várias doenças, além de se preocuparem excessivamente com a saúde do próprio organismo.

Com o passar do tempo, a palavra hipocondria estabeleceu uma associação direta entre as pessoas supostamente mais suscetíveis ao desenvolvimento de determinadas patologias.

Causas: por que alguém se torna hipocondríaco?

Causas Da Hipocondria

A causa exata que leva alguém a se tornar um hipocondríaco ainda não foi descoberta. No entanto, acredita-se que as origens do problema sejam bem parecidas com aquelas ligadas ao início de outros transtornos mentais.

Logo, as causas podem ter tanto uma base ambiental quanto genética, dentre outros fatores. Evidentemente, existem algumas hipóteses a esse respeito, conforme as que serão abordadas na sequência.

Falta de informação

A escassez de informação sobre determinados sintomas pode acarretar muitos equívocos, pois o indivíduo se torna incapaz de diferenciar os sinais simples daqueles realmente graves. Desse modo, ele pode acreditar que está com algo grave, mesmo que esteja apenas manifestando os sintomas de uma indigestão, por exemplo.

Alterações perceptivas

Mudanças de percepção podem acentuar os sintomas, tornando-os aparentemente mais sérios do que seriam. Nesses casos, uma dor no peito pode parecer mais intensa do que realmente é. Do mesmo modo, um enjôo comum pode se transformar em uma crise de náusea.

Crenças

Existem determinadas crenças que também influenciam a hipocondria. Por acreditarem que as doenças seriam uma punição merecida, muitas pessoas fantasiam o desenvolvimento de patologias graves. Esse sentimento de culpa tende a estar atrelado a ações nocivas provocadas por essas pessoas.

Geralmente, elas imaginam que ficarão doentes a qualquer momento. Com isso, mantém um estado de vigília, sempre à espera da doença punitiva. Cada sintoma diferente do corpo já coloca o indivíduo em estado de alerta.

Benefícios

O ato de ficar doente pode, de certa forma, gerar alguns benefícios, como se ausentar de um ou mais dias do trabalho, escola ou universidade. Além disso, o “enfermo” costuma receber generosas doses de afeto e cuidado das pessoas que lhes são próximas, como familiares e amigos.

Por essas razões, uma teoria defende que a hipocondria é um transtorno mental ligado a um tipo de condicionamento.

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Esse condicionamento pode se iniciar ainda na infância. Se uma criança tem pais extremamente ausentes, ela pode se queixar de problemas físicos. O intuito se resume a atrair a atenção dos pais para ela, que se sente solitária e abandonada.

Ao obter um ganho no recebimento de afeto, a criança cresce com essa sensação fixada inconsciente dela. Ao chegar ao início da fase adulta, o indivíduo começa a buscar ações que possam recuperar aquela atenção recebida durante a infância. E eis que a hipocondria pode se apresentar como um dos meios.

Outros transtornos mentais

Os quadros de depressão e a ansiedade descontrolada são dois outros transtornos mentais normalmente vinculados à hipocondria.

Vale frisar que essa simultaneidade é significativa, já que mais de 70% das pessoas hipocondríacas apresentam algum outro transtorno.

A hipocondria pode tanto ser uma evidência de um problema psíquico grave e que estava, até então, desconhecido, quanto uma consequência desse mesmo transtorno.

Um bom exemplo seria aquela pessoa muito ansiosa, a qual é submetida a um trauma muito forte, como a morte de um membro da família devido ao ataque de uma dada enfermidade.

Com o passar das semanas, é possível que essa mesma pessoa ansiosa reproduza os mesmos sintomas da patologia responsável pela morte do querido familiar.

O próprio receio de ter a mesma doença (o hipocondríaco pode achar que ela está presente nos genes da família, por exemplo) é o suficiente para que os sintomas característicos dela se manifestem.

Fatores de risco

Apesar de algumas suposições acerca das causas da hipocondria, nenhuma delas possui uma evidência científica consolidada. Contudo, existem alguns fatores de risco (devidamente detectados) que devem ser considerados, como:

  • Enfermidades graves no decorrer da infância;
  • Histórico de abuso sexual infantil;
  • Histórico familiar da doença;
  • Excesso de preocupação;
  • Episódios causadores de um pico de estresse, como o falecimento de algum amigo ou parente muito próximo;
  • Erro de diagnóstico de uma doença — esse tipo de equívoco médico pode criar um trauma, fazendo a pessoa a pensar sempre no pior, caso apresente algum novo sintoma;
  • Existência de transtornos mentais, como depressão, ansiedade crônica, distúrbios de personalidade e TOC;
  • Excesso de proteção na infância.

Quais são as doenças que o hipocondríaco acredita ter?

Não há, de fato, uma lista das enfermidades mais alegadas pelas pessoas hipocondríacas. Na verdade, basta que o hipocondríaco conheça alguns sintomas associados a uma determinada doença para que, então, ele passe a acreditar que está manifestando os mesmos sinais.

O que existe é a preferência pelas patologias críticas. Com hipocondria, a pessoa dificilmente será convencida de que está somente com um resfriado, quando acredita piamente estar com uma gripe, por exemplo.

Hipocondria e o vício em remédios

Hipocondríaco é Viciado Em Tomar Remédios E Medicamentos

O grande problema da hipocondria é um dos efeitos imediatos: a automedicação, prática bem comum entre os hipocondríacos.

Esse hábito é acompanhado pelo auto diagnóstico da suposta doença. Feito isso, o indivíduo seleciona quais seriam os melhores medicamentos para tratar o caso.

Tudo isso costuma ser realizado sem a menor consulta a um especialista médico. A decisão de evitar o consultório tem lógica, já que o hipocondríaco seria “desmascarado”. Mesmo diante de tal situação, a probabilidade de que ele deduza que o médico está equivocado é considerável. Logo, a visita ao médico pode ser insuficiente para que o hipocondríaco seja dissuadido da ideia de continuar se medicando.

Caso sejam impossibilitados de comprar algum remédio devido à falta de receita médica, os hipocondríacos recorrem, inclusive, às receitas de outras pessoas.

A grande questão que se coloca é o risco de se ingerir remédios sem uma orientação e acompanhamento médicos devidos. E nem é preciso ingerir remédios que recebam tarja vermelha ou preta para que algumas complicações, como disfunções gástricas e intoxicações, apareçam.

O consumo livre de medicamentos vendidos sob controle, principalmente quando exigem a apresentação de receita médica, demonstra ser um hábito ainda mais arriscado.

Isso se deve ao elevado número de reações adversas que podem resultar da ingestão desse tipo de remédio. Some-se a isso um problema mais grave: a interação medicamentosa.

Conforme o nível dessa interação, os efeitos colaterais podem ser potencializados.

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O antibiótico, por exemplo, pertence a uma classe de medicamentos que jamais deve ser ingerida sem as devidas prescrição e orientação médicas.

Essa medicação é desenvolvida com a missão de eliminar infecções bacterianas. O tratamento envolve a morte de diversas bactérias, o que deve ser feito com o maior controle possível, a fim de se evitar complicações.

Basta lembrar que as populações bacterianas passam por um processo de evolução extremamente rápido. Logo, não demora muito tempo para que elas consigam desenvolver um mecanismo de defesa bem eficaz contra a ação antibiótica.

Conclusão: o consumo desordenado de antibióticos contribui para o fortalecimento das bactérias-alvo, e não para o extermínio delas, o que inviabilizaria a continuidade do tratamento com aquele antibiótico, que não surtiria mais o efeito esperado.

Além disso, sempre é bom lembrar que o organismo também é habitado por uma série de bactérias benéficas — com destaque para aquelas que habitam a flora intestinal e a região da vagina.

Uma queda muito brusca e acentuada destas populações pode acarretar problemas, como a candidíase vaginal e um distúrbio no funcionamento do intestino.

Sintomas de Hipocondria

Sintomas De Hipocondria

Na ampla maioria dos casos, a hipocondria causa sintomas comportamentais. Isso significa que os sintomas aparentemente físicos do hipocondríaco são, na verdade, reflexos comportamentais. Eis alguns sintomas atrelados ao referido transtorno:

  • Manter uma preocupação exagerada e contínua sobre o próprio estado de saúde;
  • Confundir sintomas leves com os sinais de doenças graves;
  • Ter um medo frequente de desenvolver alguma enfermidade mais séria;
  • Medo de sofrer perda de memória — mais comum em pessoas idosas; possivelmente ligado ao receio de adquirir doenças degenerativas cerebrais, como o Mal de Alzheimer;
  • Desacreditar os diagnósticos negativos dos médicos com relação à enfermidade que se acreditar ter;
  • Afiançar-se em argumentos frágeis para justificar o diagnóstico adverso — quando contrariado, o hipocondríaco costuma duvidar da capacidade do médico (alegando que ele é supostamente inexperiente) e a qualidade dos exames (supostamente mal realizados);
  • Medo de ser acometido por uma doença presente no histórico familiar;
  • Excesso de estresse em decorrência do medo de ficar doente, o que resulta em uma rotina fora do normal;
  • Fazer exames com frequência em busca de sinais de doenças;
  • Realizar consultas médicas constantes, a fim de garantir que não há doença alguma;
  • Evitar o consultório médico devido ao medo de receber a notícia de alguma doença grave;
  • Evitar a prática de atividades e o convívio com pessoas que possam ampliar o risco de se contrair alguma doença;
  • Tornar as doenças como principal tópico das conversas;
  • Pesquisar diariamente os possíveis novos sintomas de determinadas doenças;
  • Acreditar que a morte é iminente.

Dentre todos esses sintomas, merece destaque o péssimo hábito de pesquisar sintomas com o fim de se autodiagnosticar.

Embora a internet proporcione um vasto campo de informações úteis, ela não substitui, em momento algum, a avaliação médica de um especialista.

Nunca é demais lembrar que os milhares de sites que publicam conteúdo diário sobre saúde têm o único intuito de informar, principalmente as pessoas já diagnosticadas com determinada doença. Tanto o diagnóstico como o tratamento só podem ser indicados por um médico.

Como é feito o diagnóstico da hipocondria?

Como Diagnosticar A Hipocondria

Como as pessoas desconhecem o fato de que a hipocondria é classificada como um transtorno mental, o diagnóstico se torna um tanto quanto complicado.

Com isso, é natural que elas busquem a ajuda de somatopatologistas, que são os médicos especializados em patologias de origem física.

Diferentemente do que acontece no continente europeu, os brasileiros não costumam ter o hábito de ter uma espécie de médico da família. Trata-se daquele médico específico, que visita as casas das famílias periodicamente ou diante de alguma urgência.

No Brasil, as pessoas marcam consultas de acordo com a região dos sintomas, os profissionais disponibilizados pelos planos de saúde e as indicações de amigos ou familiares. As recomendações também são frequentes nas consultas com especialistas do SUS (Sistema Único de Saúde).

Depois de várias consultas com diferentes especialistas, não se chega à nenhuma conclusão, pois a causa da hipocondria é mental, e não física. Logo, o indivíduo vai de um médico e acaba se submetendo a diversos exames desnecessários.

Depois de um tempo, os próprios familiares e pessoas próximas começam a notar que há algo errado naquele fascínio do indivíduo por problemas de saúde. Normalmente, os amigos começam a avaliar a situação e, assim, definem que é melhor incentivar o possível hipocondríaco a se consultar com um terapeuta especializado em saúde mental (psicólogo ou psiquiatra).

Como não há qualquer exame físico que possa auxiliar no diagnóstico da hipocondria, a análise deve ser feita com base no histórico clínico da pessoa e nos sintomas alegados por ela.

Critérios para diagnóstico

O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-DV) prevê quais são os critérios a serem adotados durante o diagnóstico da hipocondria. Confira cada um deles a seguir!

  1. Primeiramente, o médico deve avaliar se o paciente apresenta uma preocupação seguida do receio de possui alguma doença grave. É preciso verificar se essa crença é embasada em sintomas físicos;
  2. Também é necessário identificar se a preocupação mencionada anteriormente se sustenta, mesmo após a conclusão médica de que não há problema físico algum;
  3. Também é preciso distinguir essa preocupação do chamado transtorno delirante, além de confirmar que não se trata de algo puramente associado aos aspectos estéticos (aparência) — algo que acontece em casos de transtorno dismórfico;
  4. Em seguida, é necessário averiguar se a mesma preocupação chega a comprometer a socialização com outras pessoas (particular e pessoalmente) ou a provocar alguma dor clínica relevante;
  5. O médico deve constatar se o transtorno já persiste há 6 meses;
  6. Por fim, cabe ao especialista confirmar se a preocupação manifestada pelo paciente possui vínculo com algum episódio associado a:
  • Transtorno somatoforme;
  • Depressão;
  • Síndrome do pânico;
  • Ansiedade generalizada;
  • Ansiedade causada por alguma separação;
  • Transtorno obsessivo compulsivo.

A Hipocondria tem cura?

Uma vez que a hipocondria tende a ser uma causa secundária de outros distúrbios mentais, como a ansiedade crônica, a cura dependeria do tratamento desses mesmos distúrbios. Ocorre que nem sempre há cura, propriamente dita, para o transtorno que originou a hipocondria.

Mesmo que o tratamento consiga inibir completamente os sintomas, pode haver reincidência devido a alguns aspectos (episódios estressantes, por exemplo).

Um bom exemplo é aquela pessoa hipocondríaca que efetua um tratamento bem sucedido para controlar a ansiedade há vários anos.

Ela não está livre do risco de vir a exibir sintomas da hipocondria quando estiver idosa. Isso acontece porque é nessa faixa etária que algumas doenças graves costumam se manifestar.

Tratamento da hipocondria: como superar?

Terapia Cognitivo Comportamental

Por ser um transtorno mental, a hipocondria é tratada, na maioria das vezes, por um psicólogo — especialista no assunto. Em meio a diferentes abordagens, o psicólogo consegue analisar os mecanismos que regem os pensamentos e os sentimentos expostos por cada indivíduo.

A terapia cognitivo-comportamental é uma dessas abordagens. A seguir, confira as principais características dela!

Terapia cognitivo-comportamental (TCC)

Com base em uma avaliação bem desenvolvida sobre o padrão que guia o pensamento do paciente, o psicólogo que utiliza essa terapia consegue ajudar no processo de transformação comportamental e reflexiva do indivíduo.

As sensações físicas de uma pessoa com hipocondria são acompanhadas de pensamentos que lhe escapam ao consciente. Esses pensamentos são os responsáveis por alterar o efeito dessas mesmas sensações.

Cabe ao psicólogo auxiliar o paciente a, em primeiro lugar, identificar a existência desses pensamentos e analisar o seu teor. Feito isso, o indivíduo poderá buscar formas de realizar uma mudança comportamental.

O tempo necessário a esse tipo de terapia, convém salientar, varia muito de uma pessoa para outra. Há pessoas que comparecem às sessões, mas demoram para colaborar com o tratamento.

Enquanto isso, outros pacientes simplesmente preferem não realizar a psicoterapia ou faltam em muitas sessões. Todos esses problemas comprometem muito a eficácia e o resultado final proporcionado pelo tratamento.

Desde que o paciente se comprometa com a terapia cognitivo-comportamental, ela poderá usufruir de vários benefícios, como:

  • Descobrir novas formas de notar e interpretar as sensações corporais e, com isso, alterar os pensamentos nocivos;
  • Detectar os receios e convicções associadas ao aparecimento de patologias que apresentam um risco elevado à saúde;
  • Conscientizar-se da má influência do medo e da apreensão sobre o comportamento;
  • Perceber algumas maneiras de controlar o estresse e as crises de ansiedade;
  • Diminuir a necessidade de examinar o corpo à procura de sinais ou sintomas de doenças;
  • Tratar outros distúrbios mentais — ansiedade, depressão e TOC, por exemplo;
  • Aprimorar o convívio social em todos os ambientes frequentados — escritório, escola, faculdade, residência, etc.

Tratamento psiquiátrico

É compreensível que a psicoterapia seja acompanhada de um tratamento psiquiátrico. A principal diferença entre ambas consiste no objeto de tratamento.

Enquanto a psiquiatria foca a terapia na patologia, o psicólogo mantém o foco sobre o próprio indivíduo. Evidentemente, uma ação está vinculada à outra. No entanto, essa particularidade resulta em abordagens distintas.

As consultas psiquiátricas costumam manter intervalos mais longos entre si. Já as sessões com um psicólogo podem ser até diárias, embora a frequência mais comum seja uma vez por semana.

Outra diferença entre psicologia e psiquiatria diz respeito à prescrição de remédios, realizada pela segunda. A psicologia atua no processo de reabilitação emocional.

Com relação ao tratamento medicamentoso, os antidepressivos surgem como um recurso bem interessante. Existem vários tipos, sendo que cada um pode agir sobre um ou mais neurotransmissores.

Os antidepressivos ISRS, por exemplo, são utilizados com o intuito de ampliar a concentração de serotonina, que está ligada à regulação da libido, do sono e do humor.

O equilíbrio da disponibilidade de serotonina no cérebro se mostra bem benéfico para tratar a hipocondria. Outra alternativa são os medicamentos ansiolíticos, indicados para amenizar a ansiedade — o excesso de ansiedade é uma característica marcante entre pessoas hipocondríacas.

Conforme a quantidade de transtornos mentais coexistentes, será necessário realizar tratamentos medicamentosos simultâneos e, naturalmente, com remédios diferentes. A combinação entre remédios deve ser feita com o máximo cuidado e, ainda assim, dependerá das reações apresentadas por cada organismo.

Medicamentos para hipocondria

A seguir, uma lista com os principais remédios usados nos tratamento de hipocondria.

  • Sertralina — Zoloft;
  • Fluoxetina — Prozac;
  • Lorazepan — Lorax;
  • Diazepan — Valium;
  • Paroxetina — Pondera.

Prognóstico

Por um ser um problema crônico, a hipocondria demanda bastante tempo para ser tratada. Não raro, é necessário aprender a controlar e a viver com os sintomas do transtorno pelo resto da vida.

Além disso, nenhum tratamento garante a não reincidência do problema — mesmo após um longo período de controle e equilíbrio.

De qualquer modo, é importante enfatizar que as terapias psicológica e psiquiátrica são extremamente benéficas para as pessoas com hipocondria.

Após um curto período de tratamento, já é possível perceber que os sintomas do transtorno começam a perder a habitual frequência.

Além disso, muitos pacientes conseguem atingir o nível da remissão, quando os sintomas passam a ficar totalmente inativos.

Como sempre existe a probabilidade de retorno dos sintomas — mesmo que tenham alcançado a remissão —, o paciente com hipocondria jamais deve interromper a terapia. Caso ele pretenda suspender a ingestão de algum medicamento, ele deve abordar o assunto em um consulta com seu médico.

Complicações

As complicações atreladas à hipocondria costumam se relacionar ao convívio com outras pessoas.

Ataques de pânico

Ao ser tomado por um ataque de pânico, o indivíduo começa suar frio, além de sentir dores e uma dificuldade para respirar. Simultaneamente, ele passa a manifestar um medo súbito e uma ansiedade descontrolada. Todos esses sintomas estão correlacionados à sensação de que a morte é iminente.

Vale reforçar que a pessoa hipocondríaca manifesta uma versão mais suave dos verdadeiros sintomas dos ataques de pânico. Geralmente, essas crises (em pessoas não hipocondríacas) são mais rápidas e profundas.

Problemas no trabalho

Como acredita que realmente está ficando doente, o hipocondríaco começa a se ausentar do trabalho ou a chegar muito atrasado.

Problemas com familiares e amigos

O medo constante de uma pessoa com hipocondria resulta em um modo de vida bem estressante. Isso pode, com o tempo, dificultar ou até mesmo impossibilitar que haja qualquer relação afetiva. Afinal, a tendência é que o hipocondríaco fale quase que exclusivamente sobre os sintomas da doença que tanto o aflige.

Ao passo que o hipocondríaco não busca auxílio médico, os problemas de convivência só pioram.

Efeitos colaterais frequentes

As reações adversas decorrem da automedicação. Além disso, há ainda o risco de se desenvolver a esofagite por irritação, já que a mucosa do estômago sofre bastante com o consumo constante de medicamentos orais.

Incapacidade

Ao reunir sentimentos altamente destrutivos, como insegurança, necessidade de atenção, apreensão excessiva e ansiedade crônica, o hipocondríaco pode desenvolver uma incapacidade de ter uma vida normal.

Problemas financeiros

Esses problemas provêm dos gastos contínuos do hipocondríaco com as consultas médicas e os medicamentos. Ao término de certo período, é possível que ele se veja na difícil situação de estar gastando um dinheiro que, de fato, não tem.

Essa circunstância é caracterizada pelo consumo de um dinheiro anteriormente reservado para pagar uma conta. Mesmo que haja um plano de saúde, vale lembrar que muitos exames não fazer parte da cobertura utilizada.

Submeter-se a riscos desnecessários

Qualquer processo efetuado pela área médica prevê algum risco. Até mesmo uma radiografia ou uma mera coleta de sangue não estão livres de apresentar riscos ao paciente. No caso de um hipocondríaco, ele realiza diversos exames em intervalos muito curtos.

Possibilidade de desenvolver uma doença séria e não ser diagnosticado

Há o outro lado da questão: aqueles hipocondríacos que evitam o consultório médico a qualquer custo. Esse distanciamento também é prejudicial, pois impede o diagnóstico de alguma condição médica relevante.

Cabe ressaltar que muitas patologias extremamente graves e com risco de morte atuam no organismo de forma bem silenciosa.

Geralmente, essas doenças exibem algum sinal quando atingem um nível irreversível. Logo, elas estão naquele grupo de enfermidades que precisam ser constatadas o quanto antes.

Possibilidade de desenvolver outro transtorno mental

Alguém que convive diariamente com uma apreensão profunda sem qualquer apoio, seja de amigos ou familiares, está em constante contato com a possibilidade de desenvolver a depressão ou qualquer outro transtorno mental.

Hipocondria na cultura popular

Personagens hipocondríacos já foram — e são — explorados por diversos filmes, seriados de TV, revistas em quadrinhos e livros. Eis alguns exemplos do transtorno em produções da cultura pop:

The Big Bang Theory — além de muito engraçado, Sheldon Cooper é um personagem que relaciona vários sintomas da hipocondria;

O Fabuloso Destino de Amélie Poulain — nesse caso, a personagem é Georgette. Ela interpreta uma hipocondríaca mais exagerada, já que passa o filme todo preocupada com seus remédios;

Vida Bandida — o personagem Terry é um celebrado assaltante de bancos, mas também precisa conviver com suas crises de hipocondria;

Madagascar — nessa animação, a girafa Melman consome remédios com frequência e sempre se preocupa com seu estado de saúde;

Le Malade Imaginaire — peça do famoso escritor Molière, O Doente Imaginário aborda a complexa relação entre um hipocondríaco e um paciente;

Conviver com o transtorno

Conviver com a hipocondria é uma tarefa árdua, principalmente pela falta de controle sobre o transtorno. No entanto, é possível amenizar o problema. Acompanhe algumas dicas!

Pratique técnicas de relaxamento

Como você já sabe, o estresse e a hipocondria caminham lado a lado e de mãos dadas. Assim, você precisa encontrar formas de diminuir essa carga de estresse emocional, que é nociva em vários aspectos e a todo o organismo.

Uma dessas maneiras são as práticas de meditação e de relaxamento. Elas aliviam o estresse e ajudam a acalmar os pensamentos.

Faça check-ups anuais

Fazer check-up anualmente é recomendação que se aplica a todas as pessoas, independentemente de apresentarem ou não algum transtorno mental, como a hipocondria.

Esse conjunto de exames de rotina ajuda no tratamento de várias patologias, essencialmente aquelas que precisam ser diagnosticadas rapidamente.

Acupuntura

Técnica oriental milenar, a acupuntura é uma excelente alternativa para lidar com os sintomas da hipocondria.

Basicamente, a técnica atua sobre determinados pontos do corpo, exercendo pressões sobre eles por meio de agulhas específicas.

A acupuntura é uma maneira bem mais interessante e relaxante de se combater dores. No caso de um hipocondríaco, ele estará tratando dores que não são ocasionadas por um problema físico real. Mas a eficácia será a mesma.

Como prevenir a hipocondria?

Como se trata de um transtorno mental, a hipocondria integra aquele conjunto de doenças que dificilmente podem ser prevenidas. No caso da hipocondria, ela também é uma doença de causas ainda misteriosas.

Diante disso, o que se pode fazer é manter o foco sobre os fatores de risco, mantendo-os sob controle. Conheça algumas dicas:

  • Aprofunde o conhecimento que você tem do próprio corpo. É preciso saber como os eventos estressantes o afetam. Desse modo, será possível reconhecer um sintoma psicossomático;
  • Adote hábitos de vida saudáveis, embasados na prática regular de atividade física e em uma dieta bem equilibrada;
  • Trate as crises de ansiedade com um especialista. Dessa forma, você evitará que elas se tornem ainda mais frequentes e intensas;
  • Abandone o hábito de pesquisar patologias e sintomas o tempo todo, pois muitas doenças (leves ou graves) possuem sintomas em comum;
  • Não fume, consuma bebidas alcoólicas ou use outras drogas recreativas, já que esses hábitos agravam os quadros típicos de um transtorno mental.

O termo hipocondria é relativamente bem conhecido, mas as pessoas não sabem muito bem do que se trata.

Como você pode notar, a hipocondria é um problema sério e que precisa de tratamento, assim como qualquer outro transtorno mental.

Referências

https://pt.wikipedia.org/
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/
https://www.health.harvard.edu/
https://www.pmrjournal.org/
https://www.sciencedirect.com/
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/
https://estudogeral.sib.uc.pt/

Nota: Este conteúdo, desenvolvido com a colaboração de profissionais médicos licenciados e colaboradores externos, é de natureza geral e apenas para fins informativos e não constitui aconselhamento médico. Este Conteúdo não pretende substituir o aconselhamento médico profissional, diagnóstico ou tratamento. Consulte sempre o seu médico ou outro profissional de saúde qualificado sobre a sua condição, procedimento ou tratamento, seja um medicamento prescrito, de venda livre, vitamina, suplemento ou alternativa à base de ervas.
Autores
Drª Raquel Pires (Nutricionista - CRN-6 nº 23653)

Nutricionista Clínica - CRN-6 nº 23653

A Drª Raquel Pires é Nutricionista, Health Coach e Personal Diet, com grande experiência em atendimento em consultório e Idealizadora do Projeto ESD (Emagrecimento sem Dor).

Formação Acadêmica

- Graduada pela Universidade Santa Úrsula. - Pós Graduada em Nutrição Clínica. - Pós Graduada em Prescrição de Fitoterápicos e suplementação Nutricional Clínica e Esportiva. - Pós Graduada em Nutrição Aplicada ao Emagrecimento e Estética.

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Marcação de consultas 85-99992-2120

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    Última atualização da página em 08/09/24