Desenvolver candidíase durante a gravidez não é uma situação incomum para muitas mães.
Como qualquer infecção durante esse momento delicado da vida, é importante saber tudo sobre o problema.
A Candidíase vulvovaginal, muitas vezes referida como uma infecção por fungos, é uma doença ginecológica extremamente comum, que afecta 3 em cada 4 mulheres durante as suas vidas.
Mais de 40% das mulheres afetadas terá 2 ou mais episódios e a infecção ocorre mais frequentemente em mulheres grávidas.
Acredita-se que os níveis mais altos de estrogênio e um maior conteúdo de glicogênio nas secreções vaginais durante a gravidez aumente o risco de desenvolver a infecção na mulher.
Sendo uma patologia tão comum na mulher durante os seus anos férteis, é importante entender a patologia da doença, bem como a segurança, eficácia ou os possíveis riscos dos medicamentos usados para tratá-la durante a gestação.
O que é uma candidíase?
Uma candidíase nada mais é do que uma consequência do desequilíbrio da concentração de fungos e ácidos na vagina.
Isso resulta no supercrescimento do fungo chamado Candida albicans, na mucosa vaginal.
A infecção por Candida albicans ocorre na grande maioria dos casos (80% a 90%) de candidíase vulvovaginal diagnosticados, enquanto a infecção por outras espécies, como a Candida glabrata ou a Candida tropicalis, ocorre de forma menos frequentemente.
Aproximadamente 75% das mulheres desenvolverão uma candidíase em algum momento de suas vidas.
E embora estas infecções possam ser facilmente resolvidas mediante o tratamento adequado, elas ainda podem causar uma variedade de sintomas incômodos, como coceira, ardência, corrimento vaginal ou dores durante a micção ou relação sexual.
A presença de uma candidíase na vagina durante a gravidez causa preocupação em muitas mulheres, particularmente nos casos de gravidez tardia, quando alguns sinais, como o excesso de corrimento vaginal ou dor durante a micção pode indicar a existência de problemas mais graves.
Dito isso, a candidíase vaginal é bastante comuns devido às enormes oscilações hormonais, que podem alterar o equilíbrio do pH da vagina, tornando-a mais suscetível a esses tipos de infecções.
Elas são particularmente comuns durante o segundo trimestre de gravidez.
A boa notícia é que as candidíases costumam ser inofensivas, tanto para a mãe como para a criança, particularmente se elas forem diagnosticadas e tratadas rapidamente.
Se houver uma candidíase, no momento do parto é possível que ela seja seja transmitida para o bebê.
Porém, ainda poderá facilmente ser tratada com um medicamento antifúngico, especialmente desenvolvido para o bebê.
Sintomas de candidíase durante a gravidez
Devido às alterações hormonais presentes durante a gravidez, as infecções fúngicas são bem comuns e podem ser identificadas por uma série de sintomas razoavelmente óbvios.
O primeiro sintoma típico são as sensações de coceira, ardência ou desconforto ao redor dos lábios vaginais, acompanhada de um corrimento vaginal anormal.
Esse corrimento pode ser branco ou leitoso, mas também assumir outras cores, como o amarelo ou o verde.
O cheiro é geralmente fermentado, como o do pão.
Outro sintoma comum é uma sensação dolorosa ou ardência durante a micção e nas relações sexuais.
Causas de candidíase durante a gravidez
Como mencionado acima, a principal causa da candidíase na gravidez são os altos níveis de hormônios no organismo, o que tende a desequilibrar a concentração natural de fungos na vagina.
No entanto, esse desequilíbrio pode também pode ser impulsionado por outros fatores, como o consumo de antibióticos ou de certos medicamentos esteroides.
Além disso, o risco de candidíase aumenta se você tiver diabetes, que culmina no aumento dos níveis de açúcar no sangue.
Se você for sexualmente ativa, isso também pode mudar o equilíbrio de fungos na vagina, acarretando no desenvolvimento excessivo de fungos.
As principais causas
A infecção por leveduras pode ser causada por uma ou mais das seguintes situações:
- Alterações hormonais que vêm com a gravidez ou antes do período
- Tomar hormônios ou pílulas anticoncepcionais
- Tomar antibióticos ou esteróides
- Açúcar elevado no sangue, como na diabetes
- Relações sexuais
- Ducha vaginal
- Sangue ou sêmen na vagina
O Diagnóstico deu negativo
Se o médico descartou a hipótese de ser uma infecção fúngica existe a hipótese de ser uma Doenças sexualmente transmissíveis (DST), como a tricominíase, herpes vaginal, gonorréia e clamídia, ou um evento infeccioso com o nome de vaginose bacteriana.
Vaginose bacteriana
Tal uma infecção por fungos, esta também acontece quando a flora vaginal fica fora de controle, mas é causada por um crescimento excessivo de más bactérias na vagina em vez de levedura.
Embora a vaginose bacteriana possa causar ardor e prurido como uma infecção por fungos, normalmente vem com um forte odor de peixe podre e um corrimento vaginal cinza fino, branco, ou verde.
Tricomoníase
Tricomoníase é uma DST causada por um parasita chamado Trichomonas vaginalis. De acordo com os Centros para Controle e Prevenção de Doenças, os sintomas incluem prurido, queimação, vermelhidão, dor e desconforto durante a micção.
Muitos destes sintomas sobrepõem-se com as [infecções fúngicas], sendo necessária uma cultura vaginal para diferenciar a patologia.
A tricomoníase pode vir com um corrimento com mau odor, claro, branco, amarelo ou verde, que não são sintomas que iria experimentar numa infecção por fungos.
Herpes vaginal
Esta doença sexualmente transmissível bastante comum pode causar ardor e coceira no início, antes de se formarem as bolhas dolorosas, fazendo você pensar que está lidando com uma infecção por levedura. Porém, a herpes não causa corrimento.
Clamídia e gonorréia
São duas DSTs bastante comuns, e muitas vezes são assintomáticas.
Quando mostram sintomas, eles podem apresentar ardor ao urinar e mudanças no corrimento (branco, amarelo ou verde e com potencialmente mau cheiro no caso de ser clamídia, e branco ou amarelo, se for gonorréia).
Complicações
No caso uma infecção por fungos durante o trabalho de parto, é possível passá-lo para o bebê, uma vez que o fungo causador da infecção vaginal também causar aftas na boca.
Nestes casos, o bebê recém nascido pode desenvolver manchas brancas na boca, que também a podem afetar quando amamentar.
Felizmente, as aftas são facilmente tratadas com remédios antifúngicos indicados para o bebê e cremes antifúngicos para a mãe.
Tratamentos
O tratamento mais confiável para a candidíase na zona íntima inclui o uso do Monistat (Miconazol), de medicações orais ou de vários cremes.
Na maioria dos casos, esses cremes antifúngicos precisam ser aplicados no interior da vagina (e na pele situada ao redor da área afetada) por 5 a 7 dias.
Cada medicamento gera um efeito diferente, mas existem versões que podem ser adquiridas com ou sem receita médica.
Embora você possa comprar cremes para a candidíase sem receita médica, é melhor falar com o seu médico sobre uma suspeita desse tipo de infecção, principalmente se você estiver grávida.
A candidíase pode ser um sinal de problemas subjacentes mais graves e, portanto, vale a pena fazer uma visita ao médico.
Na maioria dos casos, a candidíase não é uma ameaça para o nascimento do seu filho, mas sempre é melhor prevenir do que remediar.
Os medicamentos usados para o tratamento de infecções fúngicas são seguros para uso durante a gravidez?
As pesquisas existentes indicam que a exposição aos antifúngicos orais e tópicos, anti-sépticos tópicos, ou corticosteróides durante a gravidez não está associado ao aumento do risco de malformações.
Os Antifúngicos tópicos são o tratamento recomendado durante a gravidez, durante pelo menos 7 dias, devido a um aumento da sua eficácia.
Para alívio sintomático da vermelhidão ou coceira, o uso a curto prazo de um corticosteróide tópico de baixa potência é considerado seguro para uso durante a gravidez.
Prevenção
Se quiser prevenir a candidíase, terá que rever e melhorar a escolha do seu vestuário, os hábitos de higiene, a ingestão alimentar e o uso de produtos cosméticos.
Vestuário – use peças íntimas folgadas, de algodão e que permitam que a sua vagina “respire”, permanecendo seca durante toda a noite.
Higiene – lave regularmente as regiões sensíveis e, depois de ir ao banheiro, sempre limpe da vagina em direção ao ânus.
Cosméticos – evite o uso de xampus, sabonetes ou hidratantes perfumados, pois eles podem irritar a pele ou desequilibrar a flora vaginal.
Dieta – coma mais iogurte, pois isso ajuda a manter o equilíbrio bacteriano e fúngico em todo o organismo.
Referências
http://www.sciencedirect.com/
http://onlinelibrary.wiley.com/
https://academic.oup.com/
http://www.bmj.com/
https://jamanetwork.com/
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/
Enfermeiro - Coren nº 491692
O Reinaldo Rodrigues formou-se em agosto de 2016, pela Universidade Padre Anchieta, em Jundiai. Fez curso de especialização em APH (Atendimento Pré-Hospitalar), pela escola 22Brasil Treinamentos, em Barueri, curso de 200 horas práticas, com foco em acidentes de trânsito.
Trabalha como Cuidador de Idosos há 5 anos, e possui experiência em aspiração de vias aéreas, banho de aspersão, curativos, tratamento e prevenção de Lesão por Pressão, gerenciamento de Equipe de cuidadores com elaboração de escalas. Treinamento e acompanhamento de cuidadores nas casas dos pacientes.
Também pode encontrar o Reinaldo no Linkedin.
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