A inflamação no útero ocorre quando os tecidos do órgão estão irritados, resultando em corrimentos, sangramentos ou dor – provenientes de processos infecciosos, como por exemplo a gonorreia, herpes genital, cândida, clamídia e infecções causadas por bactérias, como a vaginose bacteriana. Porém, também pode ocorrer devido a alterações no pH ou por algum tipo de ferida ou lesão localizada no útero.
Em algumas situações a inflamação do órgão pode não indicar nenhum sintoma, o que acaba levando a uma evolução da doença sem que a paciente perceba o que tem. A inflamação pode acontecer no fundo da vagina (na localização do colo do útero) ou no endométrio (que fica localizado no interior do útero), originando uma endometrite.
Após a confirmação do diagnóstico através do exame preventivo (esfregaço cervicovaginal, colpocitologia oncótica cervical ou Papanicolau) ou colposcopia, o ginecologista prescreve o tratamento que geralmente é feito com medicamentos antibióticos ou anti-inflamatórios, que poderão ser em forma de pomada (para aplicação tópica) ou comprimido (para administração oral).
Como é feito o exame preventivo? O exame preventivo é uma análise ginecológica de citologia cervical realizada como forma de prevenir inflamações, infecções e o câncer do colo do útero. O exame não causa dor à paciente, apenas um desconforto local. O ginecologista analisa toda a região da vagina e ânus, procurando anormalidades como secreções ou feridas. De seguida verifica a parte interna da vagina e colo do útero, utilizando para isso, um instrumento denominado espéculo, vulgarmente conhecido como bico de pato, devido ao seu formato. De seguida o especialista descama um pouco da parte interna e externa do colo do útero, usando uma escovinha e uma pequena espátula e envia o material coletado para laboratório, onde será analisado.
Como é feita a colposcopia? A colposcopia é um exame utilizado para analisar a região da vagina, vulva e colo do útero. O exame é feito com a ajuda de um dispositivo chamado colposcópio e é realizado quando houver alguma suspeita do médico no resultado do exame preventivo, que foi feito anteriormente.
Quais são os sintomas de inflamação?
Os principais sinais de inflamação no útero incluem:
- Inchaço e dor na região inferior da barriga, abaixo do umbigo
- Sensação de inchaço no útero
- Corrimento de cor amarela, amarronzada ou acinzentada com forte odor (leucorreia)
- Sangramento durante o ato sexual, ou logo após a relação
- Dor durante o ato sexual
- Dor e incômodo ao urinar (disúria)
- Dor e câimbra ao menstruar
- Dor na região lombar
- Dor nos nervos da perna
- Dor ao ovular
- Dor ao evacuar
- Sangramento fora do período da menstruação
- Cansaço
- Infertilidade
É importante lembrar que a cervicite (inflamação da cerviz, cérvix ou cérvice, que é a região mais estreita do útero denominada colo uterino), por vezes não apresenta qualquer sintoma, o que pode acabar aumentando os processos inflamatórios e infecciosos, fazendo com que se estendam a outras áreas próximas, como as trompas, os ovários e o endométrio (parte interna que reveste o útero), originando doenças mais graves, como a DIP (Doença Inflamatória Pélvica), que traria outros sintomas, como vômito, náuseas e febre.
Principais complicações
As complicações que podem ocorrer quando a causa da inflamação não é tratada incluem:
- infertilidade;
- peritonite pélvica – infecção pélvica geral;
- presença de pus ou abscessos na pélvis ou no útero;
- septicemia – presença de bactérias no sangue;
- choque séptico – infecção sanguínea que leva a uma redução acentuada da pressão arterial.
Causas da inflamação no útero
A inflamação no útero pode ser devido a:
- Candidíase
- Vaginose bacteriana
- Doenças sexualmente transmissíveis, que incluem o HPV, clamídia, ou a gonorreia
- Algum tipo de alergia, seja ao preservativo, ao diafragma ou a produtos químicos como por exemplo, espermicidas
- Falta ou excesso de higiene na região intima, que faz com que o pH dessa região se modifique, aumentando assim, a presença de micro-organismos
- Algum tipo de ferida ou lesão que possa ter sido ocasionada no parto
É possível engravidar com inflamação no útero
A inflamação no útero pode oferecer dificuldades para uma mulher engravidar, e ainda deixar sequelas no útero que acabam afetando a fertilidade mesmo após o tratamento correto. A inflamação não permite que o embrião se prenda (implante) na parede do útero e se desenvolva, porém, se a inflamação ocorrer já no meio da gravidez e for tratada de forma correta, pode não apresentar riscos para o feto. Caso contrário pode levar a complicações que poderiam ter sido evitadas, como o aborto.
Como é feito o tratamento?
O tratamento da inflamação no útero geralmente é feito com antifúngicos, antibióticos ou antivirais, dependendo da origem do processo inflamatório. São utilizados para esse fim, medicamentos antibióticos em forma de pomadas (para uso tópico) ou comprimidos (para administração oral), e antivirais ou antifúngicos como por exemplo, metronidazol, clindamicina, micozanol e nistatina que devem ser administrados de acordo com as diretrizes indicadas pelo ginecologista.
Na maioria das vezes, o parceiro sexual também deve fazer o tratamento, para evitar um novo contágio.
Na presença de alguma lesão no útero, o médico pode solicitar que seja feita uma cauterização do colo do útero, para auxiliar no processo de cicatrização.
Como é feita a cauterização no colo do útero? A cauterização pode ser realizada no próprio consultório de ginecologia, com anestesia local e é feita com um dispositivo que queima as lesões presentes no local, possibilitando assim, o desenvolvimento de novas células na região. O procedimento dura em média de 10 a 15 minutos.
Opções caseiras
Para complementar o tratamento da inflamação no útero, é importante a mulher evitar o contato íntimo, seguir uma alimentação que beneficie a cicatrização da inflamação – rica em alimentos que contenham ômega-3, como os peixes gordos como o salmão, arenque, sardinha e cavala, e complementar a dieta com frutas, legumes e verduras.
Os remédios caseiros que podem ser usados em casa para potencializar o tratamento prescrito pelo ginecologista incluem:
- Alimentação saudável, rica em ômega 3
- Beber 2 litros de água diariamente
- Chá de tanchagem
- Chá de jurubeba
- Chá de cavalinha
- Chá de gengibre
- Chá de folhas de goiabeira
- Suco de chicória
- Banhos de assento
- Cataplasma de argila no abdômen
- Cremes de progesterona
- Ácidos graxos ômega-3
Antes de incluir algumas destas soluções caseiras ao seu quotidiano, é importante consultar o médico sobre quais as que lhe poderão oferecer maiores benefícios.
A Inflamação no útero pode virar câncer?
Sim. Nos casos em que a inflamação no útero seja originada pelo vírus do HPV, e a terapia não seja realizada de forma adequada, a inflamação pode sim, virar um câncer de colo do útero. A presença de qualquer sintoma diferente do comum como um processo inflamatório, deve ser analisado pelo ginecologista, como forma de prevenir e tratar atempadamente qualquer patologia mais grave.
Conheça quais são os sintomas de câncer no colo do útero, os perigos e o que fazer caso algo não esteja bem.
O que é HPV? O HPV (Papiloma Vírus Humano) é um vírus que infecta as mucosas e a pele, causando por vezes verrugas ou lesões que geralmente antecedem um câncer, como por exemplo o câncer de útero.
O HPV é transmitido através do contato com a pele, principalmente através da relação sexual, por isso é considerado uma DST. Existem cerca de 200 tipos de HPV e pode haver transmissão da doença, mesmo quando o indivíduo não apresenta sintomas. A maioria dos casos são identificados através do exame preventivo de rotina, daí a sua importância.
Medidas preventivas
O risco de desenvolver processos inflamatórios no órgão pode ser reduzido colocando em prática medidas simples como as seguintes:
- Evite o uso de produtos íntimos irritantes. Não são aconselhadas duchas vaginais, tampões perfumados ou desodorantes vaginais.
- Mantenha uma boa higiene sexual e use preservativos em todos os relacionamentos íntimos.
- Certifique-se de que qualquer objeto que tenha sido inserido na vagina seja colocado corretamente e não cause ferimentos.
- Certifique-se de que o parceiro sexual não sofra nenhum tipo de doença sexualmente transmissível.
- Não pratique práticas sexuais de alto risco.
Ginecologista e Obstetra - CRM SP-119093
Dra Camille Vitoria Rocha Risegato - CRM SP nº 119093 é formada há 14 anos pela Fundação Técnico Educacional Souza Marques, Rio de Janeiro.
> Consultar CRM (Fonte: https://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_medicos&Itemid=59)
Dra Camille mudou-se para São Paulo onde realizou e concluiu residência médica em Ginecologia e Obstetrícia (RQE nº 25978) no Centro de Referência de Saúde da Mulher no Hospital Pérola Byington em 2007.
Em 2008 se especializou em Patologia do Trato Genital Inferior nesse mesmo serviço. Ainda fez curso de ultrassonografia em ginecologia e obstetrícia na Escola Cetrus.
Trabalha em setor público e privado, atendendo atualmente em seu consultório médico particular situado na Avenida Leoncio de Magalhães 1192, no bairro do jardim São Paulo, zona norte de São Paulo.
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