O que é? O Linfogranuloma venéreo (muitas vezes denominado de “mula”) é uma úlcera genital que representa uma infecção sexualmente transmissível originada por cepas específicas (L1, L2 e L3) da bactéria intracelular Chlamydia trachomatis. O sintoma primário ocorre como uma pequena ferida genital ou retal por vezes indolor, que pode ulcerar no local de transmissão após um período de incubação de 3 a 30 dias, e permanecer indetectada no interior da uretra, vagina ou reto. A presença de gânglios linfáticos (linfonodos) aumentados e sensíveis (conhecidos como bubões) nos linfonodos próximos são outra das manifestações.
As diretrizes de tratamento para DSTs do CDC recomendam o uso de Doxicilina 100 mg, duas vezes ao dia, durante 21 dias; ou Eritromicina 500 mg por via oral, quatro vezes ao dia, por 21 dias. No entanto, apenas o profissional de saúde saberá determinar qual a melhor opção.
Este guia educativo do Educar Saúde tem o objetivo de esclarecer os principais sintomas, causas, métodos de prevenção e como é feito o tratamento do linfogranuloma venéreo.
O linfogranuloma venéreo é uma importante causa de proctite em homens que mantêm relações com homens e, assim como em outras DSTs que também causam o desenvolvimento de úlceras, pode facilitar a transmissão e a aquisição do HIV.
A prática de relações sexuais sem o uso de preservativo é um grande mal da sociedade contemporânea. Além de uma gravidez indesejada, são muitas as doenças transmitidas através do contato íntimo que podem ser difundidas por esta via.
Uma delas é o linfogranuloma venéreo, também conhecido de forma popular como mula. Tal como referido anteriormente, a doença é transmitida por meio da contaminação que ocorre através da bactéria Chlamydia trachomatis, quando esta se encontra presente no organismo do parceiro sexual, e é a mesma bactéria que origina a clamídia – uma doença sexualmente transmissível mais recorrente. Compreenda melhor o que é a Clamídia, e como a identificar e Tratar.
A manifestação do linfogranuloma venéreo pode ser silenciosa, já que, muitas vezes as feridas genitais não causam dor nem são visíveis.
Como prevenir
A forma mais segura de evitar a transmissão de doenças sexualmente transmissíveis é abster-se do contato sexual ou estar em um relacionamento monogâmico de longo prazo com um parceiro que tenha sido testado, não apresente sintomas e não esteja infectado.
Os preservativos masculinos de látex, quando usados de forma consistente e correta (mesmo com parceiros de longo prazo), podem reduzir o risco de transmissão. É importante perceber que as úlceras genitais podem ocorrer em áreas genitais masculinas ou femininas que podem ou não estar cobertas (protegidas pelo preservativo). Essa atitude é fundamental para a saúde íntima, pois ajuda a evitar o desenvolvimento de doenças mais graves e consequências mais sérias.
Outros fatores que devem ser levados em conta são a higiene e a observação da região íntima. Á menor manifestação de lesões ou secreções genitais estranhas é importante consultar um especialista para que seja realizado o diagnóstico e garantida a eficácia do tratamento.
Qual especialista devo procurar?
O profissional habilitado na identificação e tratamento do linfogranuloma venéreo é o urologista (no caso dos homens), ginecologista (no caso de mulheres), e o infectologista. Embora inicialmente o paciente também possa consultar um clínico geral que, em seguida, encaminhará o/a indivíduo para o especialista melhor capacitado.
Principais sintomas
A manifestação clínica do linfogranuloma venéreo depende do local de entrada do organismo infeccioso (o local de contato sexual) e do estágio de progressão da doença.
A inoculação no revestimento mucoso dos órgãos sexuais externos (pênis e vagina) pode levar à síndrome inguinal, dando origem à formação de bubões ou abscessos na região da virilha (inguinal) onde os linfonodos drenantes estão localizados. Estes sinais geralmente ocorrem 3 dias a um mês após a exposição à bactéria.
A síndrome retal (proctite de linfogranuloma venéreo) ocorre quando a infecção acomete a mucosa retal (através do sexo anal) e é caracterizada principalmente por proctocolite ou sintomas de proctite.
Fase primária: Ocorre uma úlcera genital indolor (Ver imagem (1) e (2), autolimitada, no local de contato 3 a 12 dias após a infecção. A mulher raramente percebe a infecção primária porque a ulceração inicial muitas vezes está localizada fora da vista, na parede vaginal. Nos homens, apenas menos de 1/3 dos infectados observam as primeiras manifestações.
Fase secundária: O estágio secundário manifesta-se frequentemente 10 a 30 dias após o contato com a bactéria, mas pode ocorrer até seis meses depois. Nesta fase a infecção se dissemina para os linfonodos através de vias de drenagem linfática.
A manifestação clínica mais frequente em homens cuja exposição primária foi genital é linfadenite e linfangite unilaterais (em 2/3 dos casos), frequentemente com linfadenopatia inguinal e/ou femoral. Também pode ocorrer linfangite do pênis.
Se a via de contágio for através de contato anal, o indivíduo infectado pode apresentar a linfadenite e linfangite acima mencionadas e desenvolver proctite, uma inflamação limitada ao reto que pode estar associada à dor anorretal, tenesmo, corrimento retal ou proctocolite, além de diarreia e cólicas abdominais.
Os sintomas podem incluir ainda o envolvimento inflamatório dos tecidos linfáticos perirretais ou perianais. Nas mulheres, pode ocorrer cervicite, perimetrite ou salpingite , bem como linfangite e linfadenite em nódulos mais profundos.
As manifestações sistêmicas que podem ocorrer incluem febre, diminuição do apetite e mal-estar.
Alguns pacientes relatam um quadro sintomatológico mais grave, com a reincidência das feridas inflamadas, temperaturas corporais elevadas, náuseas e vômitos, cefaleia, dores nas articulações e nas costas e desconforto na região do reto e da virilha.
É fundamental consultar um especialista sempre que ocorra algum dos sintomas descritos, mesmo sendo manifestações comuns em muitas outras doenças.
O diagnóstico correto é de grande importância, já que, se a infecção não for devidamente tratada, pode originar complicações graves, como linfedema peniano, hiperplasia intestinal, hipertrofia da vulva e proctite.
Como é feito o diagnóstico
O diagnóstico normalmente é realizado com a observação dos sintomas, através da realização de exames de sangue que ajudam a identificar os anticorpos responsáveis por combater a bactéria Chlamydia trachomatis, bem como a análise da cultura de secreção da lesão, que pode ser útil na detecção do agente patológico e indicar o melhor antibiótico o ser usado como tratamento.
Como é feito o tratamento
O tratamento linfogranuloma venéreo na maioria dos casos é realizado com a administração de antibióticos por via oral. Os principais antibióticos recomendados são a Doxiciclina, a Eritromicina, o Sulfametoxazol e Azitromicina. A duração do tratamento varia de acordo com o antibiótico indicado, que pode ir de 7 a 21 dias. Exemplo:
- Doxiciclina durante 14 a 21 dias;
- Eritromicina durante 21 dias;
- Combinação de Sulfametoxazol + Trimetoprim durante 21 dias;
- Azitromicina durante 7 dias.
Durante o tratamento podem ser indicadas algumas recomendações, como a proibição da ingestão de bebidas alcoólicas e o uso de roupas leves e de tecidos que facilitem a transpiração corporal, para não abafar as possíveis feridas. É também importante que o indivíduo realize exames periódicos para assegurar que o tratamento está sendo benéfico. Além disso, o parceiro deve realizar exames e receber terapia mesmo que não manifeste sintomas, evitando-se assim a reincidência da doença.
Durante a gravidez
As mulheres grávidas e lactantes devem ser tratadas com eritromicina. A doxiciclina deve ser evitada no segundo e terceiro trimestres da gravidez devido ao risco de descoloração dos dentes e ossos, mas é compatível com a amamentação.
Pacientes com HIV
Os indivíduos com linfogranuloma venéreo e infecção por HIV devem receber o mesmo regime terapêutico que aqueles que são HIV negativos. Nestes casos pode haver a necessidade de uma terapia mais prolongada, e a melhora dos sintomas pode demorar mais tempo.
Urologista - CRM-BA 22237
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O Dr. Nilo Jorge é Graduado em Medicina pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Publica- 2010. Além disso possui:
- Especialização em Urologia e Cirurgia Geral na Universidade de São Paulo – 2013/2015.
- Título de especialista em Especialização em Fellowship em UroOncologia, Laparoscopia e Cirurgia Robótica.
Fundação Antônio Prudente- AC Camargo Câncer Center, AC CAMARGO, Brasil.
Título: Cirurgias Laparoscópicas e Robótica em Urologia. - Orientador: Dr. Gustavo Cardoso Guimarães – 2017.
- Coordenador do Núcleo de Uro-Oncologia do Hospital Santo Antônio- Obras Sociais Irmã Dulce. Preceptor do núcleo de Urologia do Hospital São Rafael. Uro-oncologista do Grupo OncoClinicas do Brasil e sócio do grupo Uroclinica da Bahia.
Membro titular da Sociedade Brasileira de Urologia, cirurgião geral e urologista pela Universidade de São Paulo (USP- RP). Fellowship em Uro oncologia, laparoscopia e cirurgia robótica no AC Camargo Câncer Center.
Cirurgião robótico certificado pela Intuitive/Strattner. "International Member" da European Association of Urology (EAU) e da "American Urological Association" (AUA). Possui trabalhos publicados em congressos, periódicos e livros em Urologia.
Endereço: Rua Anita Garibaldi, 1815 CME Federação, Salvador/BA - Telefone: (70) 3235-0867 / 2626-3030
Também pode encontrar o Dr. Nilo Jorge na sua página www.nilojorge-leaobarretto.com, ou no Linkedin e Instagram.
- Lymphogranuloma Venereum (LGV) – 2015 STD Treatment Guidelines
https://www.cdc.gov/std/tg2015/lgv.htm - Lymphogranuloma venereum: diagnostic and treatment challenges
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4381887/ - Lymphogranuloma venereum – UpToDate
https://www.uptodate.com/contents/lymphogranuloma-venereum
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