A menstruação é uma situação normal na vida de todas as mulheres. Com exceção de alguns distúrbios que podem influenciar no percurso hormonal, todos os meses a mulher precisa conviver com esse acontecimento, que é normal do corpo feminino. Há situações, no entanto, que fogem um pouco do esperado, por exemplo – quando a menstruação desce com pedaços de pele e sangue em coágulos. Entenda que, mesmo que não seja habitual, a situação geralmente não indica grandes problemas e normalmente ocorre apenas por uma questão hormonal, já que, por conta dessa alteração, as paredes que revestem o útero tornam-se mais grossas, criando um sangramento mais abundante que acaba por envolver coágulos de 5mm a 4cm.
Apesar de ser uma situação comum em boa parte das mulheres, há alguns casos em que a presença de pedaços na menstruação pode indicar problemas, que podem incluir, anemia, endometriose, presença de miomas, aumento do útero, aborto… Quando os coágulos de sangue são frequentes, é importante a mulher consultar o ginecologista para que possa ser avaliada a origem do problema e recomendado o melhor tratamento, caso seja constatada alguma irregularidade.
Este guia mostra quais as possíveis causas para a presença de pedaços na menstruação e o que fazer em cada caso. O seu bem estar é muito importante para nós!
Causas da menstruação com pedaços
Em boa parte dos casos o sintoma da menstruação com maior volume e pedaços não exige preocupações e tampouco tratamento (Ver exemplo). Se forem frequentes, no entanto, podem representar alguma inflamação ou doença, sendo importante que seja consultado um especialista. O ginecologista, após avaliação física, pode necessitar de exames de sangue, para verificar a coagulação, e exames de imagem para verificar a possível presença de miomas.
Se a frequência dos pedaços na menstruação superar dois ciclos menstruais, é possível que o evento esteja relacionado com alguma das condições descritas abaixo.
Aborto
Muitas mulheres engravidam e abortam sem mesmo perceber. A presença de pedaços na menstruação podem indicar um aborto espontâneo no início da gestação. Se os coágulos aparecem juntamente a um líquido de tom amarelo ou cinza, a possibilidade de aborto é ainda mais próxima, sendo necessária atenção médica.
Como agir: somente um médico poderá confirmar se o motivo do sangramento excessivo e com pedaços ocorreu devido a um aborto, por isso, é fundamental consultar um especialista (ginecologista), principalmente se o sangramento for em grandes proporções. Em casos de aborto, a mulher deve ser mantida em observação para evitar a perda de mais sangue. Esses sangramentos são comuns no início da gravidez, pois é a fase de maior fragilidade do feto.
Adenomiose
Em mulheres com adenomiose, o revestimento uterino cresce nas paredes musculares do útero, levando a que o revestimento endometrial e a parede uterina fique muito mais espessa. A presença de um fluxo mais pesado e coágulos sanguíneos é um dos sintomas que ocorre durante a mesntruação.
O que fazer: O tratamento da adenomiose normalmente é feito com o uso de remédios anti-inflamatórios (ibuprofeno) que geralmente devem ser administrados um a dois dias antes do início e durante o período menstrual. Quando o fluxo sanguíneo e as dores são muito intensas o ginecologista pode recomendar a toma de medicamentos hormonais, que podem ser em forma de pílulas anticoncepcionais estrogênicas ou progestínicas combinadas, adesivos ou anéis vaginais. Quando os tratamentos simples não funcionam o médico pode indicar a histerectomia – cirurgia indicada para remover o útero.
Endometriose
Quando o tecido do endométrio cresce fora do útero, surge uma lesão conhecida como endometriose. Comum em muitas mulheres, o problema leva diretamente ao aumento da menstruação, provocando incômodos, dores e a presença de coágulos no sangramento. A doença acomete predominantemente mulheres de meia-idade, na faixa dos 35 anos, no entanto também pode aparecer em outras faixas, embora seja mais raro.
O que fazer: em casos de dores excessivas e fluxo intenso da menstruação deve-se procurar um ginecologista a fim de investigar as causas do problema. Se o médico suspeitar de endometriose, irá realizar exames de sangue e de imagem para que seja possível confirmar o diagnóstico. O tratamento para os casos de endometriose (dependendo do desejo ou não da mulher em engravidar), normalmente envolve a administração de remédios hormonais ou, em casos mais severos, cirurgia.
Mioma
Não se trata de nenhum tipo câncer! O mioma é um tumor que não causa grandes danos, já que é benigno. Cresce no interior do útero e, normalmente, está associado a dores e menstruação intensa que também possui coágulos.
Como tratar: somente o ginecologista poderá confirmar a presença de um mioma, através de um exame de imagem e da observação dos sintomas da paciente. O tratamento é realizado com remédios, nos casos mais simples e, em casos mais graves pode ser necessária a sua remoção cirúrgica.
Útero aumentado
Após a gravidez, o útero normalmente sofre um pequeno aumento. No entanto, esse aumento também pode estar relacionado a outros problemas estruturais, como a presença de miomas. Ao haver espaço adicional para o sangue entrar, pode levar a que ocorra uma maior coagulação antes de sair do corpo. Confira as Causas e Como Tratar.
Anemia ferropriva
O Ferro está diretamente relacionado com a coagulação sanguínea. Por conta disso, as mulheres que possuem um défice neste elemento podem sofrer com problemas na menstruação, já que os coágulos acabam por surgir.
O que fazer: a anemia é diagnosticada através de exames sanguíneos. Por isso, os sintomas menstruais costumam vir associados a outros sintomas em áreas diferentes do corpo. É indicada a consulta com um clínico, para que ele possa avaliar os sintomas coletivamente e tratar a anemia. A anemia ferropriva geralmente é tratada com suplementos de ferro e alimentos ricos no mineral, como por exemplo o feijão e a lentilha.
Perimenopausa
Nas mulheres que estão na perimenopausa, existem grandes flutuações nos níveis de estrogênio. Quando os níveis de estrogênio estão muito baixos em relação aos níveis de progesterona, há um espessamento excessivo do revestimento do útero, o que pode levar a menstruações intensase presença de coágulos. Fique atenta, já que, na perimenopausa as mulheres também costumam apresentar outros sintomas, como ondas de calor, palpitações, alterações de humor e períodos irregulares.
O que fazer: o tratamento geralmente é feito com terapia hormonal, em que é feita a reposição dos hormônios ovarianos. Outras opções incluem o uso de antidepressivos, fitoestrogênios, inibidores de serotonina, prática regular de atividade física, alimentação saudável, e a eliminação de “maus hábitos”, como o tabagismo e a ingestão excessiva de álcool.
Outras doenças que podem afetar o endométrio
Existem ainda outras doenças que podem afetar o endométrio e contribuir para a formação de coagulos na menstruação. A hiperplasia endometrial, por exemplo, que representa o crescimento desordenado do endométrio, pode provocar menstruação com pedaços, originado pelo aumento do útero.
Como tratar: apenas o ginecologista, neste caso, poderá diagnosticar corretamente o problema e indicar o melhor tratamento, que normalmente envolve a curetagem do tecido excessivo ou mesmo o uso de hormônios como a progesterona.
Deficiência de vitaminas e minerais
Existem algumas vitaminas responsáveis por regulamentar a coagulação. As vitaminas C e K, por exemplo, contribuem para a coagulação sanguínea, de modo que a sua deficiência pode contribuir significativamente para a formação de coágulos, inclusive durante o período menstrual.
Como tratar: quando a deficiência de uma dessas vitaminas é constatada através de um exame clínico, é importante incluir na dieta alimentos que sejam ricos na vitamina que está em falta no corpo. Há casos em que também é necessária a suplementação via medicamentosa.
Exames ginecológicos ou parto
A menstruação também pode surgir com pedaços e coágulos após alguns procedimentos ginecológicos mais invasivos. Da mesma forma, em casos de partos, também é comum que as mulheres menstruem no período seguinte de forma mais intensa, com a presença de pedaços.
Como agir: esses casos normalmente não envolvem grandes problemas, já que são esperados. Normalmente os próprios profissionais indicam que possa surgir alguma irregularidade durante o período seguinte aos procedimentos. No entanto, caso os sintomas persistam por muito tempo, é importante o ginecologista ser consultado novamente.
Quando a menstruação vem com pele
A menstruação também pode trazer pequenos pedaços do endométrio, que são muitas confundidos com pedaços de pele. Esses pedaços são naturais. Ocorrem por conta da descamação do endométrio, e não representam riscos à saúde da mulher, a não ser que surjam com muita frequência.
Se o sintoma for perceptível em muitos ciclos menstruais, é importante que a mulher consulte o ginecologista, a fim de confirmar eventuais problemas relacionados ao sintoma.
As consultas de rotina
Os coágulos na menstruação e os pedaços de pele não representam problemas graves, no entanto, é fundamental que existam consultas de rotina com um ginecologista para que ele possa detectar quaisquer alterações hormonais que possam estar associadas ao sintoma. As doenças graves podem ser prevenidas se o médico tiver tempo hábil para detectá-las, por isso, é imprescindível manter consultas anuais para exames mais detalhados.
Ginecologista e Obstetra - CRM SP-119093
Dra Camille Vitoria Rocha Risegato - CRM SP nº 119093 é formada há 14 anos pela Fundação Técnico Educacional Souza Marques, Rio de Janeiro.
> Consultar CRM (Fonte: https://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_medicos&Itemid=59)
Dra Camille mudou-se para São Paulo onde realizou e concluiu residência médica em Ginecologia e Obstetrícia (RQE nº 25978) no Centro de Referência de Saúde da Mulher no Hospital Pérola Byington em 2007.
Em 2008 se especializou em Patologia do Trato Genital Inferior nesse mesmo serviço. Ainda fez curso de ultrassonografia em ginecologia e obstetrícia na Escola Cetrus.
Trabalha em setor público e privado, atendendo atualmente em seu consultório médico particular situado na Avenida Leoncio de Magalhães 1192, no bairro do jardim São Paulo, zona norte de São Paulo.
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.- Hapangama, D.K., and Bulmer, J.N., Pathophysiology of heavy menstrual bleeding, Women’s Health, January 2016, accessed online
- Heavy menstrual bleeding. (2015, August 28). https://www.cdc.gov/ncbddd/blooddisorders/women/menorrhagia.html
- Heavy menstrual bleeding [FAQ]. (2016, June). https://www.acog.org/-/media/For-Patients/faq193.pdf?dmc=1&ts=20180731T1027457779
- Naftalin, J., Hoo, W., Pateman, K., Mavrelos, D., Foo, X., & Jurkovic, D. (2014, March). Is adenomyosis associated with menorrhagia? Human Reproduction, 29(3), 473–479. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24408315
- Rupa Vani, K., Veena, K. S., Subitha, L., Hemanth Kumar, V. R., & Bupathy, A. (2013, November). Menstrual abnormalities in school going girls — are they related to dietary and exercise pattern? Journal of Clinical and Diagnostic Research, 7(11), 2537–2540. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3879880/
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