Mirtilo: Propriedades e Benefícios

Sabia que os mirtilos utilizavam-se antigamente para prevenir e tratar doenças relacionadas com o sistema urinário? É verdade…

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O mirtilo (Vaccinium myrtillus) é um fruto que cresce silvestre em zonas frescas do hemisfério Norte. É uma baga globosa, de cor negra azulada, que mede uns 5mm de diâmetro.

Consume-se sobretudo em marmeladas, tortas ou como acompanhamento de diversos pratos. É um alimento rico em vitaminas e fornece poucas calorias ao organismo.

Mirtilos vermelhos docqman

O mirtilo é um fruto carnoso que cresce silvestre em quase todo o hemisfério Norte. É uma baga globosa, com 5mm de diâmetro e de cor negra azulada. A sua polpa é aromática, sumarenta e de sabor ligeiramente ácido. Contém numerosas sementes pardas de pequeno tamanho. Na parte superior possui uma pequena coroa que o distingue da groselha negra.

O fruto

O mirtilo pode-se consumir como fruta de mesa, apesar do seu uso principal ser a elaboração de diversos produtos derivados, como compotas, marmeladas, purés, geleias e sumos. Também se preparam mirtilos secos e congelados. Em alguns países preparam-se ainda sopas e fritos.

Os mirtilos crus podem-se adicionar a macedónias, cereais e crepes. Podem-se comer com natas, sumo de laranja ou um pouco de licor de laranja Grand Marnier. O mirtilo vermelho é utilizado na confecção de bolos, pães, pasteis, tortas e gelados. Também acompanha pratos de peru.

Os mirtilos são um alimento rico em vitaminas A e C e fornecem poucas calorias, já que contêm poucas gorduras e proteínas. São ricos em antocianinas que são substâncias com efeitos benéficos sobre o aparelho digestivo.

Tipos e Variedades de Mirtilos

Mirtilo

Existem diferentes variedades de mirtilo comum que se diferenciam pela sua época de maturação. Entre as precoces estão a ‘Bluetta’ e a ‘Earliblue’. De meia estação estão a ‘Berkeley’ e ‘Ivanhoe’, enquanto que a ‘Colville’ é tardia. Existem ainda outras espécies do género Vaccinium aproveitadas pelos seus frutos.

Existem diversas variedades de mirtilo negro que se diferenciam pela época de maturação:

Bluetta é uma variedade muito precoce e produtiva, mas de sabor moderado.

Earliblue também é de maturação precoce, dando frutos de grande tamanho e de cor azul pálido.

Blue Crop amadurece no início ou meados da estação e dá abundantes colheitas, de bom sabor.

Berkeley e Ivanhoe são variedades de meia estação, enquanto que a Colville é uma variedade tardia que dá grandes colheitas.

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Para além do mirtilo comum (negro) existem outras espécies do género Vaccinium que produzem frutos semelhantes. Em geral não se consomem crus, servindo para elaborar tortas, marmeladas, bebidas ou molhos. Entre elas encontram-se:

Mirtilo azul: dá frutos de cor negro azulado e de maior tamanho que o mirtilo comum.

Mirtilo americano em arbusto: a baga é de cor negro azulado com um diâmetro entre 6,5 e 12,5mm. O mirtilo ácido ou azeda silvestre é de cor vermelho brilhante, de uns 8mm de diâmetro e de sabor muito ácido.

O mirtilo trepador americano ou azeda americana tem grandes frutos com diâmetros até 18mm.

Por último, o mirtilo vermelho (Vaccinium macrocarpon) dá frutos com uns 8,5mm de diâmetro de cor vermelho intenso. O seu sabor é semelhante ao do mirtilo comum.

A Planta do Mirtilo

O mirtilo negro é uma planta com raízes largas e rasteiras, que emitem numerosos troncos ramificados e que exige climas frescos para se desenvolver correctamente. Produz umas bagas redondas com cerca de 5mm de diâmetro, de cor azul escuro, quase negro.

O mirtilo comum ou mirtilo negro europeu pertence à família das Ericáceas, e o seu nome científico é Vaccinium myrtillus. Esta fruteira apresenta raízes rasteiras serpenteantes, das quais surgem numerosos troncos angulosos e muito ramificados.

As folhas são caducas e alternas. A sua forma é oval ou elíptica, com o ápice pontiagudo e a bordadura dentada. Medem entre 1 e 3cm de comprimento. São de cor verde vivo, um pouco mais claro na página inferior, adquirindo no Outono uma intensa cor vermelha e amarela.

As flores aparecem solitárias ou agrupadas. São em forma de odre de cor branco-rosado-esverdeada e medem entre 5 e 6mm.

O fruto é uma baga globosa de 5mm de diâmetro de cor azul violáceo quase negro. A pele é lisa e apresenta uma cicatriz circular na ponta superior, muito característica.

A polpa é sumarenta, clara e com grande número de sementes minúsculas. É uma planta que requere climas frescos, com chuvas bem distribuídas e com frio suficiente durante o Inverno para que a planta tenha uma boa floração e produção.

A planta do Mirtilo

Classificação científica
Reino:Plantae
Divisão:Magnoliophyta
Classe:Magnoliopsida
Ordem:Ericales
Família:Ericaceae
Género:Vaccinium
Espécie:V. myrtillus
Nome binomial
Vaccinium myrtillus

Origem e produção do mirtilo

O mirtilo é uma planta muito antiga, de origem desconhecida, que cresce espontaneamente no Norte da Europa, Ásia e América. Há quem a considere originária da Europa, Norte de África, Cáucaso e Ásia setentrional.

Em Espanha está muito difundido nos bosques luminosos das zonas montanhosas. O principal continente produtor é a América do Norte, com 96% da produção mundial.

A Europa produz aproximadamente uns 4%, enquanto o resto dos continentes não dão produções assinaláveis.

  Continente  Toneladas  %
  África  50  –
  Ásia  850  –
  Europa  12.500  4
  América do Norte  294.400  96
  Total  307.800  100

Fonte: Anuário FAO de Produção (1998)

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Na base de dados estatísticos da FAO aparecem somente 6 países produtores de mirtilos.

O principal é os Estados Unidos da América, seguido do Canadá e da Letónia:

  País  Toneladas
  Estados Unidos da América  264.900
  Canadá  29.500
  Letónia  8.000
  Bielorrúsia  4.500
  Azerbaijão  850
  Tunísia  50

Fonte: Anuário FAO de Produção (1998)

Entre os países exportadores o primeiro é os Estados Unidos da América, seguido do Chile. Os restantes países exportam quantidades apreciáveis.

  País  Toneladas
  Estados Unidos da América  6.549
  Chile  3.420
  Bielorrúsia  240
  Lituânia  202
  Macedónia  150
  Bélgica-Luxemburgo  129
  Holanda  107
  Azerbaijão  39
  Turquia  38
  Itália:24

Fonte: Anuário FAO de Comércio (1998)

Disponibilidade nos mercados

Os mirtilos podem-se consumir frescos durante grande parte do ano, já que se colhem nos meses de Verão dos dois hemisférios. Além disso podem ser comprados, durante todo o ano, congelados, embalados, enlatados e secos.

A disponibilidade de mirtilos frescos no Reino Unido encontra-se na tabela seguinte. Indicam-se os países exportadores, os meses e as embalagens utilizadas.

  País de origem  Disponibilidade  Peso das embalagens
  Argentina  Novembro-Fevereiro  12x125g
  12x150g
  Áustria  Novembro-Abril  3,2kg
  16x200g
  Bélgica  Agosto-Setembro  Vários

Fonte: Fresh Produce Desk Book (1998)

Embalamento

Os mirtilos vendem-se em embalagens de plástico de 250 ou 500g colocadas em caixas de cartão ondulado, que podem estar impressas a cores, o que melhora a sua apresentação. Também se utilizam pequenas bandejas de plástico com tampa.

Quando se usam embalagens tipo vaso, estas são empilhadas verticalmente utilizando linguetas que se introduzem nas ranhuras do vaso superior para assegurar a sua estabilidade. Estas embalagens podem levar o produto a granel ou em bandejas.

Regulamentos de comercialização

As normas de qualidade da ONU indicam que os mirtilos devem-se comercializar sãos, limpos e sem danos causados por pragas. Classificam-se em três categorias, segundo a qualidade que apresentam. Devem apresentar-se correctamente embalados e com indicações claras sobre a sua origem e categoria.

As normas da ONU referentes à qualidade comercial dos mirtilos baseia-se na norma UN/ECE STANDARD FFV-07. Estas normas são de referência e não são de cumprimento obrigatório. A norma refere-se aos mirtilos destinados ao consumo em fresco e não aos destinados à indústria.

Todos os frutos devem apresentar-se intactos, sãos, limpos, frescos, praticamente livres de pragas e sem danos causados por estas, livres de bagas imaturas e sem humidades anormais, nem odores ou sabores estranhos.

Os frutos devem estar num estado que permita o seu transporte e manipulação de maneira que cheguem ao seu destino em condições adequadas.

Os mirtilos classificam-se em três categorias, segundo a sua qualidade.

Categoria Extra: estes frutos são os de melhor qualidade. Devem estar cobertos de pó ceroso e livres de bagas aglomeradas. Não devem apresentar defeitos, salvo alguns ligeiros e superficiais que não afectem a qualidade do produto.

Categoria I: os mirtilos desta categoria devem estar praticamente cobertos de um pó ceroso e praticamente livres de bagas aglomeradas. São permitidos ligeiros defeitos de coloração e desenvolvimento.

Categoria II: são os frutos de pior qualidade. Podem apresentar defeitos de coloração e desenvolvimento. Podem estar menos túrgidos e apresentar ligeiras perdas de sumo, mas os mirtilos não podem estar esmagados.

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Admite-se que uns 10% dos frutos de uma embalagem não cumpram os requisitos exigidos na sua categoria, exceptuando para o tipo Extra, em que só se admite uns 5%. No que respeita à apresentação, o conteúdo de cada embalagem deve ser homogéneo e conter só mirtilos da mesma origem e qualidade.

Os materiais usados na embalagem devem estar limpos, ser novos e não conter substâncias que possam alterar ou danificar o conteúdo. Os mirtilos apresentam-se em pequenos pacotes, pequenas cestas abertas ou em bandejas. Deve-se indicar claramente o embalador ou distribuidor, a origem, a categoria e opcionalmente o peso líquido.

Critérios de Qualidade

Gestão atmosférica Pós colheita

Os mirtilos podem-se conservar a 0ºC e 90-95% de humidade durante alguns dias. Nas atmosferas modificadas, com 15-20% de dióxido de carbono e 5-10% de oxigénio, os mirtilos conservam-se durante mais tempo.

Os mirtilos, tal como outras bagas, devem-se conservar a uma temperatura próxima de 0ºC e com uma humidade relativa de 90-95%. Nestas condições podem-se aguentar 2 a 5 dias. Esta espécie é sensível ao etileno, e a sua eliminação da câmara reduz a proliferação de possíveis doenças.

O uso de atmosferas modificadas durante a embalagem e o transporte por barco reduz o desenvolvimento do fungo Botrytis cinerea e outros organismos, e reduz a taxa de respiração e o amolecimento dos mirtilos, pelo que se aumenta a vida após a colheita.

Antes de aplicar esta atmosfera tem de se arrefecer os frutos. As condições adequadas são cerca de 15-20% de dióxido de carbono e uns 5-10% de oxigénio.

Problemas pós colheita

Entre os problemas que podem surgir nos mirtilos durante a conservação, podem-se indicar a perda de água, o aparecimento de ‘leakers’ e alterações por mau funcionamento da atmosfera controlada. O principal problema são as doenças provocadas pelos fungos Botrytis cinerea e Rhizopus stolonifer.

Os mirtilos podem sofrer diversos problemas durante o seu armazenamento, tais como alterações fisiológicas e doenças:

Perda de água: as bagas são muito susceptíveis a este problema, que se pode minimizar mantendo uma humidade alta em conjunto com uma temperatura óptima.

Leakers: são os frutos que se descompõem deixando escapar líquido para o exterior, de acordo com a bibliografia inglesa . Este problema pode ser devido a decomposições fisiológicas.

Alterações por atmosferas controladas: se as bagas são expostas a concentrações de oxigénio abaixo dos 2% e/ ou de dióxido de carbono acima dos 25%, ocorre perda de sabor e os frutos ficam pardos.

As doenças são a causa principal de perdas após a colheita dos mirtilos. Entre elas contam-se:

Botrytis cinerea ou podridão cinzenta: este fungo é um patogéneo muito comum das bagas e outros produtos. Pode-se desenvolver até os 0ºC.

Rhizopus stolonifer é outro fungo que ataca as bagas. Pára o seu crescimento a 5ºC e produz uma espécie de algodão branco que cresce sobre o fruto, sobre o qual aparecem uns pontos negros do tamanho da ponta de um alfinete, que são os corpos frutíferos do fungo.

As medidas de controlo destes fungos são uma rápida refrigeração e o uso de atmosferas ricas em dióxido de carbono.

Vaccinium myrtillus

Propriedades e Benefícios do mirtilo para a saúde

Os mirtilos são uma boa fonte de ferro, fibra e vitamina C. Uma porção de 125 g contém cerca de 15% da dose diária recomendada de vitamina C. Os mirtilos não contêm colesterol nem gordura e são baixos em calorias.

mirtilos têm um teor antioxidante incrível

A vitamina C é um poderoso antioxidante e, deste modo, pode proteger o organismo contra diversos tipos de cancro e intensificar as funções imunológicas.

Os mirtilos contêm um bactericida que protege da inflamação da bexiga. O potássio desempenha um papel importante no metabolismo da energia; a sua carência resulta em debilidade muscular e confusão mental e reflecte-se também no mau funcionamento do coração.

os mirtilos protegem o colesterol dos danos oxidativos

Valor nutricional por 100 g (3,5 oz)
Energia239 kJ (57 kcal)
Carboidratos14,5 g
fibra dietética2,4 g
Gordura0,3 g
Proteína0,7 g
vitamina A54 UI
– luteína e zeaxantina80 mg
Tiamina (vitamina B1)0,04 mg (3%)
Riboflavina (vitamina B2)0,04 mg (3%)
Niacina (vitamina B3)0,42 mg (3%)
ácido pantotênico (vitamina B5)0,1 mg (2%)
vitamina B60,1 mg (8%)
Acido folico (vitamina B9)6 mg (2%)
vitamina C10 mg (17%)
vitamina E0,6 mg (4%)
Cálcio6 mg (1%)
Ferro0,3 mg (2%)
Magnésio6 mg (2%)
Fósforo12 mg (2%)
Potássio77 mg (2%)
Zinco0,2 mg (2%)
manganesio 0,3 mg20%
vitamina K 19 mcg24%
As porcentagens são em relação ás recomendações da E.U. para adultos.

Uso Medicinal

Os mirtilos frescos são benéficos no tratamento de diversos problemas gastrointestinais.

O extracto seco combate diversas afecções cardiovasculares e são comercializadas cápsulas de mirtilo para tratamento de problemas dos olhos.

mirtilos ajudam a baixar a pressão arterial

Os mirtilos frescos consomem-se com leite ou açúcar, estimulando as secreções gástricas e intestinais, fundamentalmente do pâncreas.

A riqueza em antocianinas dos mirtilos faz com que tenham um efeito benéfico contra as diarreias, além de actuarem como anti-inflamatórios e antisépticos, pelo que são úteis contra determinadas doenças gastrointestinais.

Utilizam-se diversos derivados destes frutos com fins medicinais, como o extracto seco, que se usa em determinados preparados farmacológicos que actuam em caso de afecções cardiovasculares.

mirtilos previnem problemas cardíacos

Também se comercializam umas cápsulas de mirtilo indicadas para melhorar a microcirculação e melhorar determinados problemas de visão como hemeralopia, miopia e retinite (inflamação da retina no olho).

E você, já experimentou este fruto silvestre maravilhoso? Partilhe connosco os usos culinários e medicinais que dá a esta maravilha da Natureza!

Autores
Drª Caroline Vallinhos (Nutricionista Clínica e Estética - CRN-3 nº 37006)

Nutricionista Clínica e Estética - CRN-3 nº 37006

A Drª Caroline Vallinhos é graduada em ciências da nutrição pela Universidade de Guarulhos/SP. Possui 7 anos de experiência em Nutrição clínica e estética. Forte atuação em coaching de emagrecimento e qualidade de vida para pessoas em busca de melhoria alimentar e enfermos com necessidade de melhoria de quadro clínico.

Vasta experiência com consultoria para empresas do ramo alimentício, tais como grandes indústrias de alimentos, cozinhas experimentais e mercado de food service.

Com registro no Conselho Regional de Nutricionistas CRN-3 (Brasil) nº 37006

Também pode encontrar a Drª Caroline Vallinhos no Linkedin, Facebook: e Instagram.

Telefone: (11) 97670-1909 Atendimento em Guarulhos - SP (Região Jardim Maia)

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    Última atualização da página em 30/10/19