Muco na urina: o que pode ser e o que fazer

Revisão Clínica: Dr Nilo Jorge Leão Barretto (Urologista - CRM-BA 22237). Atualizado: 09/09/24

O aumento do muco na urina pode representar um sinal de uma patologia que afeta o trato urinário (uretra, bexiga, pelve renal e rim). Para identificar a causa exata desse excesso é necessário realizar uma cultura de urina para posterior análise citológica. A coleta deve ser realizada com o estômago vazio, após o indivíduo ter realizado uma higiene íntima precisa e, no caso das mulheres, é vantajoso que o exame seja realizado durante o período menstrual.

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No caso das mulheres, a liberação de corrimentos é algo perfeitamente esperado. No entanto, essas secreções devem ser inodoras e transparentes. A percepção de cores ou cheiros estranhos indica que alguma coisa está errada com o organismo. De forma semelhante, a presença de muco na urina, em princípio, é um evento normal e necessário, pois impede a passagem de substâncias ácidas, como a urina, de danificar a uretra, a bexiga e os rins.

As pessoas só se devem preocupar se houver um aumento da concentração desse fluido viscoso na urina, pois pode ser um alerta do corpo para complicações graves, como:

  • infecções bacterianas do trato urinário;
  • doenças sexualmente transmissíveis (tais como gonorreia, a tricomoníase ou clamídia);
  • síndrome do intestino irritável;
  • pedras nos rins;
  • colite ulcerativa;
  • tumor maligno na bexiga.

Quando há excesso de muco no fluxo urinário, o líquido se torna opaco ou turvo. Assim, durante a análise de uma amostra de urina é comum que haja alguns vestígios de filamentos mucóides. Nessa avaliação, os indícios que determinam uma anomalia são a presença de:

  • concentração de bactérias;
  • cristais ou excesso de piócitos;
  • cilindros;
  • conjuntos de células epiteliais;

Todos esses elementos apontam para a existência de alguma doença que esteja afetando o organismo, e exigem uma análise médica cuidadosa.

A abordagem terapêutica dependerá da causa identificada. Algumas formas de tratar o problema incluem mudanças na dieta e o uso de medicação antibiótica. Embora seja raro, alguns casos exigem que o paciente seja submetido a uma cirurgia.

Muco Na Urina, O Que Pode Ser E O Que Fazer

1) Gravidez

Apesar de ser uma fase bem especial na vida da mulher, o período de gestação é marcado por uma série de transformações corporais. Uma delas pode ser visualizada exatamente na urina da gestante.

Isso acontece porque a gestação promove o enriquecimento da urina com compostos minerais e nutricionais. Todo esse acúmulo de substâncias deixa a urina com uma aparência opaca. Nos últimos dias ou semanas do 3º trimestre da gravidez, é comum que haja um aumento na quantidade de muco liberado através da urina.

O que fazer: Caso a grávida desconfie que a concentração de muco está acima do normal, ela deve comunicar o fato imediatamente ao obstetra ou ginecologista. Se o distúrbio for acompanhado por sintomas típicos de uma infecção do trato urinário, a procura por atendimento médico deve ser ainda mais rápida.

2) Infecções urinárias

A elevada concentração de muco na urina também é um forte indicativo de infecção urinária. Embora pareça inofensiva, uma simples infecção urinária pode evoluir e chegar aos rins. Nessa última etapa, a condição acompanha alguma preocupação. Afinal, ela pode levar o indivíduo à morte. Os 3 tipos de infecção urinária incluem:

  • uretrite — aqui, a infecção se restringe à uretra;
  • cistite — nesse caso, as bactérias já alcançaram a bexiga;
  • pielonefrite — denominação da infecção que acomete os rins.

Quando o paciente tem realmente uma infecção do trato urinário, a amostra da urina deve apresentar excesso de:

  • muco;
  • células epiteliais;
  • concentração bacteriana;
  • glóbulos brancos (piócitos).

Some-se a esses sintomas a sensação de ardência ou dores durante a liberação da urina.

Como tratar: O excesso de muco deve levar o paciente ao consultório ginecológico (no caso das mulheres) ou urológico (no caso dos homens). A cura do problema é realizada com a administração de remédios antibióticos. Nesses casos, a amoxicilina e o ciprofloxacino costumam reproduzir resultados satisfatórios.

3) Doenças sexualmente transmissíveis

A clamídia e a gonorreia, entre outras DSTs, também são responsáveis pela síntese excessiva de muco. Para tentar identificar uma DST na mulher, basta a paciente ficar atenta ao seguinte conjunto de sintomas:

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  • sensação de ardência durante a saída da urina;
  • dores na região do abdômen;
  • dores após a penetração peniana, no decorrer do ato sexual;
  • corrimento com coloração amarelada ou esbranquiçada;
  • sangramentos nos intervalos entre uma menstruação e outra.

No caso dos homens, eles devem estar atentos quando:

  • a bolsa escrotal fica inchada e inflamada;
  • ocorrem inflamações no exterior do pênis.

Como tratar: Após um diagnóstico correto, o médico geralmente receita ceftriaxona ou azitromicina — dois medicamentos antibióticos bem comuns. É importante que o parceiro ou parceira também receba tratamento. Após isso, é necessário ter o hábito de praticar relações protegidas para evitar novos contágios ou recorrências da infecção. Saiba mais sobre a clamídia.

4) Colite ulcerativa

Muito mais comum em mulheres do que em homens, a colite ulcerativa é assinalada pelo desenvolvimento de lesões nas extremidades dos intestinos. Com isso, há uma transformação do tecido interno que recobre o intestino. Uma das consequências é justamente a síntese exagerada de um fluido viscoso, posteriormente eliminado através na urina.

O que fazer: Para facilitar a identificação da colite ulcerativa, é preciso notar se o paciente exibe:

  • febre;
  • perda de peso;
  • dor no abdômen;
  • diarreia.

O tratamento é conduzido por um gastroenterologista, onde geralmente o especialista estabelece algumas diretrizes alimentares, além de indicar o consumo de suplementos alimentares. No que diz respeito à dieta, o paciente deve aumentar a ingestão de alimentos ricos em fibras. Caso o paciente esteja sofrendo de diarreia o gastroenterologista pode prescrever remédios direcionados ao alívio do transtorno. O loperamida é um deles.

5) Síndrome do intestino irritável

Este síndrome pode provocar muco na urina por inflamar as saliências vasculares que passam pelo intestino. Essas vilosidades compõem a infraestrutura da mucosa intestinal, a qual exerce a função de permitir a passagem de nutrientes para o sangue.

A síndrome ocorre com maior frequência em mulheres devido à proximidade entre o ânus e a vagina. Característica anatômica que facilita o encontro das secreções oriundas dos dois orifícios, que por sua vez aumenta o risco de infecções.

O resultado é a presença de um líquido opaco de textura grossa. Para diagnosticar a síndrome do intestino irritável, é fundamental considerar outros sintomas, além do muco na urina, como:

  • constipação intestinal;
  • dores constantes na região abdominal;
  • presença de um fluido viscoso nas fezes;
  • diarreia;
  • excesso de gases no intestino;
  • inchaço no abdômen.

O que fazer: O especialista responsável pela avaliação clínica de diagnóstico e tratamento é o gastroenterologista. O tratamento inicial consiste em mudar os alimentos que compõem o cardápio alimentar do paciente. Nos casos mais graves, caracterizados pelo agravamento dos sintomas, é comum a prescrição de medicamentos com ação antibiótica ou até mesmo de remédios laxantes.

6) Câncer de bexiga

Infelizmente, uma urina com quantidades excessivas de muco também pode ser indício de um tumor maligno, neste caso, na bexiga. A boa notícia é que é um tipo de câncer razoavelmente incomum. A identificação do problema envolve os seguintes sintomas:

  • diminuição do apetite;
  • emagrecimento corporal;
  • excesso de idas ao banheiro para urinar;
  • dores na região do abdômen.

O que fazer: Como o risco está associado a uma doença extremamente severa, a menor suspeita deve ser o suficiente para motivar o indivíduo a realizar uma avaliação oncológica. O sucesso do tratamento é a abordagem terapêutica varia de acordo com o estágio do câncer.

7) Pedra nos rins

Os cálculos renais são caracterizados pela formação de cristais que obstruem a saída natural da urina. Na tentativa de restabelecer a normalidade, o organismo aumenta a produção de muco. Geralmente, o muco provocado pelos cálculos renais deixa a urina com:

  • odor intenso e fétido;
  • aparência opaca;
  • uma tonalidade escura e amarelada.

O que fazer: O urologista é o especialista que deve ser consultado sempre que o paciente passar a sentir mais vontade de urinar, dores durante a micção e dor na região lombar. Na hora de eliminar os cálculos, é preciso identificar as dimensões dessas pedras.

O tratamento conservador é usado para a remoção de pequenas pedras e reside no aumento do consumo diário de água. No caso de cálculos maiores é comum a necessidade de intervenção cirúrgica a laser. As dores também podem ser aliviadas com a ingestão de analgésicos.

As Principais Causas De Muco Na Urina

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Quando ir ao médico

No geral, o muco na urina costuma ser acompanhado por uma série de outros sinais, como os descritos anteriormente. É importante a população estar atenta a todas as alterações exibidas pela urina, sejam elas relacionadas à cor mais escura, consistência, cheiro, e até mesmo ao inchaço dos genitais.

Não se autodiagnostique nem se automedique. Na presença de sintomas estranhos é essencial que o paciente seja avaliado por um médico especializado.

Beba muita água para limpar o trato urinário

Como deu para entender, o muco excessivo é um alerta para uma série de doenças. No entanto, uma sugestão que a maioria dos especialistas em patologias do trato urinário fornecem aos seus pacientes em caso de inflamação ou infecções é de beber entre 1,5 a 2 litros de água por dia, pois é uma forma de ajudar a eliminar os resíduos que causam dor e inflamação do próprio sistema urinário.

Nota: Este conteúdo, desenvolvido com a colaboração de profissionais médicos licenciados e colaboradores externos, é de natureza geral e apenas para fins informativos e não constitui aconselhamento médico. Este Conteúdo não pretende substituir o aconselhamento médico profissional, diagnóstico ou tratamento. Consulte sempre o seu médico ou outro profissional de saúde qualificado sobre a sua condição, procedimento ou tratamento, seja um medicamento prescrito, de venda livre, vitamina, suplemento ou alternativa à base de ervas.
Autores
Dr Nilo Jorge Leão Barretto (Urologista - CRM-BA 22237)

Urologista - CRM-BA 22237

Consultar > Currículo Lattes.

O Dr. Nilo Jorge é Graduado em Medicina pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Publica- 2010. Além disso possui:

- Especialização em Urologia e Cirurgia Geral na Universidade de São Paulo – 2013/2015.

- Título de especialista em Especialização em Fellowship em UroOncologia, Laparoscopia e Cirurgia Robótica.

Fundação Antônio Prudente- AC Camargo Câncer Center, AC CAMARGO, Brasil.

Título: Cirurgias Laparoscópicas e Robótica em Urologia. - Orientador: Dr. Gustavo Cardoso Guimarães – 2017.

- Coordenador do Núcleo de Uro-Oncologia do Hospital Santo Antônio- Obras Sociais Irmã Dulce. Preceptor do núcleo de Urologia do Hospital São Rafael. Uro-oncologista do Grupo OncoClinicas do Brasil e sócio do grupo Uroclinica da Bahia.

Membro titular da Sociedade Brasileira de Urologia, cirurgião geral e urologista pela Universidade de São Paulo (USP- RP). Fellowship em Uro oncologia, laparoscopia e cirurgia robótica no AC Camargo Câncer Center.

Cirurgião robótico certificado pela Intuitive/Strattner. "International Member" da European Association of Urology (EAU) e da "American Urological Association" (AUA). Possui trabalhos publicados em congressos, periódicos e livros em Urologia.

Endereço: Rua Anita Garibaldi, 1815 CME Federação, Salvador/BA - Telefone: (70) 3235-0867 / 2626-3030

Também pode encontrar o Dr. Nilo Jorge na sua página www.nilojorge-leaobarretto.com, ou no Linkedin e Instagram.


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    Última atualização da página em 09/09/24