O que é? Micose que se manifesta na parte inferior da epiderme, a esporotricose atinge animais e seres humanos. O problema é provocado pela ação do fungo Sporothrix schenckii, que costuma afetar os vasos linfáticos adjacentes à região epidérmica.
No entanto, essa infecção fúngica também pode alcançar outras áreas corporais, como as regiões articulares, os pulmões e a massa óssea.
Embora as colônias do fungo em questão existam em todas as partes do mundo, elas são mais frequentes nas regiões marcadas pela predominância de um clima tropical ou temperado.
Logo, os registram de esporotricose tendem a ocorrer na Oceania e nos continentes americano, africano e asiático.
Esse fungo vive sobre as superfícies de madeiras e vegetais, além de também ser encontrado no solo. A esporotricose apresenta uma difusão de ritmo lento.
Os sintomas são determinados pelo aparecimento de nódulos (que podem conter pus) em algumas partes do rosto, das mãos e dos braços.
Como fato histórico, é interessante relatar o primeiro registro da esporotricose. Isso ocorreu em 1898, com a descrição de Benjamin Schenck, nos Estados Unidos.
Já a maior epidemia da doença ocorreu em território brasileiro, no Rio de Janeiro. Na época (entre os anos de 1998 e 2004), cerca de 750 pessoas, 60 cachorros e 1500 gatos foram diagnosticados com esporotricose.
Fotos de Esporotricose
Algumas fotos podem ser fortes para algumas pessoas. Clique nos números para abrir as imagens ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 )
Com a doença é transmitida?
O fungo atinge os corpos de pessoas ou animais através de feridas abertas na pele que sejam expostas a partes de plantas, farpas de madeira ou quaisquer outros materiais contaminados pela presença do fungo.
Em humanos, uma das maneiras mais comuns de contaminação se dá por meio do contato com gatos.
Caso o animal esteja contaminado, os arranhões ou mordidas são suficientes para que ocorra a transmissão da doença.
Outra forma de se contrair a doença é a inalação fúngica. Contudo, esse meio de transmissão é bem insólito e acomete pessoas com um sistema imunológico altamente deficiente.
Por fim, não existem registros de transmissão entre humanos.
Como é a evolução da doença e quais são os seus principais sintomas?
A esporotricose pode evoluir de um modo agudo, mas a maioria dos casos é caracterizada pelo caráter crônico da doença.
A doença costuma ser benigna, restringindo-se à pele. Por outro lado, há o risco de disseminação para outros órgãos e a massa óssea através do fluxo sanguíneo.
Um detalhe importante diz respeito ao tempo de incubação do fungo, o que pode levar até cerca de 6 meses.
Geralmente, esse intervalo de incubação é mais curto, variando de 1 semana a 1 mês depois da infecção.
Os sintomas causados pela esporotricose oscilam conforme a região atingida. Nos pulmões, por exemplo, as manifestações sintomáticas se assemelham às da tuberculose.
Ao atingir as regiões ósseas ou articulares, o fundo provoca transtornos parecidos com os gerados por um quadro de artrite.
De qualquer modo, o primeiro sinal da doença é o surgimento de um nódulo que provoca uma dor similar àquela causada por uma picada de inseto.
Além disso, convém observar que esse nódulo pode (ou não) conter pus. Quanto às cores do nódulo, elas podem variar entre o roxo, o rosa e o vermelho.
Como identificar a esporotricose
Na pele, a doença é caracterizada por 3 diferentes tipos, que serão explicados a seguir.
Forma cutâneo-localizada
Nesse caso, a doença é identificada pela presença de um nódulo vermelho. Ele pode exibir uma consistência rígida, com uma superfície rugosa.
Comum nas partes superiores do corpo, como mãos e rosto, a esporotricose cutâneo-localizada chega a acometer algumas mucosas, como a boca e região ocular.
Forma cutâneo-linfática
Já a esporotricose cutâneo-linfática é a vertente mais frequente da doença.
O nódulo dessa versão do problema causa desintegração tecidual o desenvolvimento de uma espécie de cordão enrijecido.
Esse cordão atinge os gânglios linfáticos através dos vasos que compõem o sistema linfático. Além disso, outros nódulos igualmente ulcerados podem surgir em outras partes do mesmo cordão.
Forma cutâneo-disseminada
Essa versão da esporotricose é mais frequente em pessoas que tenham um sistema imunológico deficitário e é caracterizada pela difusão da doença pela pele.
Qual o diagnóstico? E como é realizado o tratamento da esporotricose?
O diagnóstico da doença deve ser feito por um médico especialista em problemas de pele: o dermatologista, o qual deve ser consultado o mais rapidamente possível.
Inicialmente, o médico fará uma avaliação clínica baseada nos sintomas manifestados pela doença. Posteriormente, ele coletará e examinará os materiais — o pus é um deles — produzidos pelos ferimentos.
Curável, a doença é eliminada naturalmente pelo organismo em cerca de 10% dos quadros.
Contudo, as situações mais graves exigem um tratamento longo, que pode se estender a 1 ano.
Primeiro composto efetivo no tratamento da doença, o iodeto de potássio continua sendo usado.
O problema é que essa droga pode provocar diversas reações adversas.
Como substância alternativa e menos causadora de efeitos colaterais, tem-se o itraconazol, o fluconazol, a anfotericina B e a terbinafina.
É fundamental ressaltar que a determinação pelo uso desse ou daquele medicamento fica a cargo exclusivo do dermatologista responsável pelo caso.
A escolha é embasada nas análises minuciosas feitas pelo mesmo profissional e varia de um paciente para o outro.
Como posso me prevenir da doença? Há alguma complicação se não tratada corretamente?
Seja no decorrer ou depois da finalização da terapia, algumas complicações são previsíveis.
O tipo de complicação depende diretamente da normalidade do sistema imunológico do indivíduo.
No caso de pessoas que apresentem uma imunidade normal, as complicações são:
- incômodo;
- infecções cutâneas secundárias.
Em se tratando dos indivíduos com um sistema imune comprometido, as complicações mais comuns da esporotricose são:
- infecções nos ossos;
- desenvolvimento de quadros de meningite;
- desenvolvimento de quadros de artrite;
- comprometimento do sistema respiratório — a pneumonia é uma das possíveis consequências;
- problemas oriundos da utilização de drogas medicamentosas.
Como não existe um método preventivo realmente eficaz, como uma vacina, o que se pode fazer para evitar a esporotricose é ter cautela durante a manipulação de jardins ou de outros materiais infestados de fungos.
Além disso, é importante manter a saúde dos gatos em dia. Caso haja suspeita de alguma anormalidade, o animal deve ser levado imediatamente a um veterinário.
Uma vez constada a esporotricose, o animal deve ser tratado e ficar isolado do contato humano. E caso, na pior das hipóteses, o animal morra, ele deve ser cremado, e não enterrado.
Esse cuidado é necessário para evitar que o fungo não chegue ao solo, de onde ele pode contaminar outros animais.
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Dermatologista - CRM-SP 195965 / RQE 73850
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O Dr. Pedro Secchin é Graduado em Medicina pela Universidade Gama Filho (UGF) – 2011. É Mestrado em Medicina pela Fundação Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). Além disso o Dr. também possui:
- Especialização em Dermatologia no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho da Universidade Federal do Rio de Janeiro (HUCFF/UFRJ) - 2018.
- Título de especialista em Dermatologia pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e Associação Médica Brasileira (AMB).
- É membro titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
Endereço: Rua Inglês de Sousa, 449. CEP: 01546-010 - Jardim da Glória São Paulo - São Paulo Telefone: (11) 4301-9931
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