Caracterizado pelas baixas temperaturas, o inverno é uma estação do ano que também traz consigo alguns problemas de saúde bem comuns.
Nessa época, muitas pessoas se tornam vulneráveis a sofrerem desde um simples resfriado a uma gripe persistente.
O problema fica ainda mais complicado quando se tem doenças mais graves, como a asma e a bronquite, que tendem a se agravar durante os dias mais frios do ano.
A sensação de mal estar sentida no inverno está intimamente ligada a uma maior perda de calor do corpo para o ambiente.
Quanto maior o frio, mais intenso será esse processo.
Caso o corpo perca mais calor do que aquele que ele consiga produzir, tem-se um quadro de hipotermia.
Trata-se de uma condição médica ainda negligenciada pela ampla maioria das pessoas. Geralmente, o indivíduo desconhece tanto as causas da hipotermia como as formas de tratamento do problema.
Continue a leitura e confira os principais detalhes relacionados à hipotermia e suas consequências!
O que é Hipotermia?
Uma das principais características do organismo humano é a homeotermia, ou seja, a capacidade de manter a temperatura corporal constante.
No nosso caso, estamos falando de algo por volta dos 37º C.
Quando e se ocorrem, as oscilações de temperatura do corpo são insignificantes.
Por outro lado, quedas intensas devem receber atenção, já que pode se tratar de um caso de hipotermia, situação na qual a temperatura corporal fica inferior aos 35º C.
Essa referência de temperatura se deve ao fato de ela ser aquela apresentada por alguns órgãos extremamente vitais, como os pulmões, o encéfalo (que abrange o tronco encefálico e o cerebelo) e o próprio coração.
Isso explica o motivo por que a hipotermia não deve ser negligenciada. Não raro, a morte é a consequência fatal da ausência de tratamento.
As fases da Hipotermia
Normalmente, a hipotermia é dividida em três fases, que serão abordadas na sequência.
Primeira etapa
O início de uma hipotermia é caracterizado por uma queda de até 2º C na temperatura do corpo.
Nessas circunstâncias, é comum que o indivíduo sinta uma dormência nas mãos, além de acelerar o ritmo respiratório.
Tudo isso é acompanhado por calafrios e dificulta até a realização de atividades corriqueiras.
Segunda etapa
Na segunda fase, o evento é identificado por uma diminuição de 2º a 4º C de temperatura.
Nesse ponto, aqueles calafrios se acentuam e os membros passam a se mover lentamente.
Por fim, as pontas dos dedos ganham uma coloração ligeiramente azul.
Embora essa etapa não proporcione uma perda de consciência, o indivíduo exibe um estado de confusão mental.
Terceira etapa
Em uma terceira fase, os calafrios desaparecem, mas surgem evidências de uma amnésia.
Além disso, os sistemas respiratório e cardiovascular ficam bem comprometidos, o que interfere na realização de algumas funções celulares, como o transporte de oxigênio para várias partes do organismo.
O resultado final pode ser a morte.
Quais são os tipos?
O evento é classificado conforme o grau de intensidade da condição.
Hipotermia Aguda
Uma hipotermia aguda indica uma queda abrupta do calor corporal, resultado de uma exposição violenta do corpo a baixas temperaturas.
Nesses casos, a reposição de calor realizada pelo organismo é insuficiente diante da extrema perda para o ambiente externo.
Hipotermia Subaguda
Nessa situação, a queda do calor corporal acontece de forma gradativa e no decurso de intervalos prolongados.
Hipotermia Crônica
Assim como diversas condições médicas, a hipotermia também pode se tornar crônica, situação em que o problema pode perdurar por um longo período.
Hipotermia Não-Intencional ou Acidental
Embora a hipotermia acidental seja frequente em regiões acostumadas com o frio rigoroso, ela ainda pode acometer pessoas de outras áreas, desde que o ambiente reúna as condições para tanto.
Essa variação do evento está ligado à perda do calor por convecção, ou seja, devido à passagem do calor corporal para um líquido, principalmente a água.
Logo, um bom exemplo é a submersão do corpo em um lago de água gelada, o que decorre de um excesso de descuido ou cautela.
Outra forma comum de hipotermia acidental se manifesta após a aplicação de determinados anestésicos antes de cirurgias.
Hipotermia Terapêutica ou Induzida
A hipotermia já era usada com fins terapêuticos desde os anos de 1950, aproximadamente.
Apesar de a indução da hipotermia gerar uma significativa conservação neurológica, altas intensidades ampliam a ocorrência de sequelas, como:
- Ocorrência de um efeito rebote quanto à queda de temperatura;
- Aumento da concentração de açúcar na corrente sanguínea;
- Amplificação da resistência vascular sistêmica;
- Arritmias;
- Pneumonia e outras infecções;
- Risco de sepse;
- Queimaduras na pele devido à baixa temperatura.
Os objetivos mais comuns desse tipo de tratamento são:
- Proteger os neurônios depois de um procedimento de ressuscitação cardiopulmonar;
- Tratar a elevação da pressão sanguínea intracraniana refratária.
Além disso, a hipotermia terapêutica também é usada nas intervenções cirúrgicas de alta complexidade que incidam sobre os sistemas cardíaco ou neurológico.
O que causa a Hipotermia
Ao saírem de casa em um dia muito frio e sem estarem devidamente agasalhadas, as pessoas correm um sério risco de sofrerem o evento.
O mesmo se aplica à manipulação de água gelada durante certo tempo. As chances dessa condição se desenvolver aumentam em alguns grupos de risco, como:
- Indivíduos com transtornos mentais;
- Crianças e pessoas da terceira idade — ambos apresentam organismos frágeis e com uma homeotermia instável;
- Indivíduos que sejam usuários de drogas, Opioides (Opiáceos) Abuso e Dependência
ou alcoólatras; - Pessoas que utilizem remédios antidepressivos.
Vale lembrar que o evento também pode ser influenciado pela presença de alguns problemas ou patologias que aflijam o organismo, como:
- Danos sobre a medula espinhal;
- Mal de Parkinson;
- Septicemia;
- Choque Séptico;
- Anorexia Nervosa;
- Hipotireoidismo;
- Escassez nutricional;
- Diabetes.
- Doenças da tireóide,
- alguns medicamentos,
- trauma grave.
Fatores de risco
- Idosos, crianças e bebês sem aquecimento, roupas ou alimentos adequados correm um risco acrescido.
- Pessoas com doença mental
- Pessoas expostas ao frio por longos tempos sem a devida preparação.
Os sintomas da Hipotermia
A classificação dos tipos de hipotermia é embasada em aspectos climáticos e corporais específicos.
Logo, os sintomas também variam de acordo com cada nível dessa condição médica.
De qualquer modo, alguns sintomas são comuns entre todos os tipos:
- Voz trêmula ao falar;
- Sensações de arrepios;
- Sensação de frio na pele;
- Movimentação lenta;
- Temperatura do corpo inferior aos 35º C;
- Respiração mais lenta;
- Fadiga;
- Movimentos descoordenados.
Além dos sintomas comuns, existem aqueles que são inerentes a cada tipo, como esses que serão mencionados a seguir.
Sintomas da Hipotermia Aguda
- Contrações dos músculos;
- Movimentos trêmulos;
- Temperatura do corpo abaixo de 35º C — até 33º C;
- Calafrios;
- Pontas dos dedos com tonalidade cinza;
- Desorientação mental;
- Estado de torpor.
Sintomas da Hipotermia Subaguda
- Endurecimento muscular;
- Sensação de sono;
- Comprometimento da memória;
- Temperatura do corpo abaixo de 33º C — até 30º C;
- Dificuldades de fala.
Sintomas da Hipotermia Crônica
- Dilatação das pupilas;
- Diminuição da frequência dos batimentos cardíacos;
- Temperatura do corpo abaixo dos 30º C;
- Perda da consciência;
- Perda dos movimentos corporais.
Como pode ser diagnosticada?
Pode ser diagnosticada através de alguns sintomas, como tremores ou respiração lenta ou superficial.
Existe também um termômetro especifico que pode ajudar a detetar temperaturas corporais muito baixas e confirmar o diagnóstico.
Tratamento
Existem alguns procedimentos que devem ser adotados diante de uma pessoa que esteja com os sinais de hipotermia.
Caso você se encontre nessa situação, execute essas ações nessa ordem:
- Ligue para o serviço de atendimento médico de urgência;
- Enquanto os paramédicos não chegam, mantenha a vítima afastada do frio e forneça alguma bebida morna — evite dar um líquido quente, pois isso pode causar uma mudança brusca de temperatura no organismo;
- Sem perder tempo, retire as roupas molhadas (se houver), já que elas dificultam o processo de retomada da homeotermia;
- Use cobertas ou bolsas térmicas para aumentar a temperatura das pernas e regiões das axilas.
Tratamento médico
Após o diagnóstico de uma hipotermia crônica, o indivíduo terá de passar por um tratamento.
Geralmente, os procedimentos incluem a utilização de líquidos quentes, além da injeção intravenosa de uma solução salina.
Tanto o sangue como o corpo (por meio de máscaras), em si, são reaquecidos.
Pode causar complicações?
Quando não tratada, o tipo crônico pode causar uma série de complicações, como:
- Desaceleração das funções celulares em decorrência do resfriamento do organismo, o que pode culminar em óbito;
- Lesões nos vasos sanguíneos e sistema nervoso;
- Dermatofitose (a popular frieira), que consiste em uma infecção fúngica da epiderme;
- Interrupção da circulação sanguínea, o que tende a deteriorar os tecidos, levando-os à morte.
Como prevenir?
Existem algumas medidas simples que ajudam bastante na prevenção da hipotermia, como:
- Conservar o calor presente na região da cabeça, já que aproximadamente 20% da perda de calor ocorre nessa área do corpo;
- Jamais sair de casa mal agasalhado durante os dias frios. O ideal é estar minimamente agasalhado de acordo com a temperatura de cada dia;
- Em casos de chuvas ou tempestades inesperadas, por exemplo, retirar as roupas molhadas assim que possível;
- Manter uma prática regular de exercícios físicos, a fim de colaborar para a circulação sanguínea.
A hipotermia é um problema razoavelmente comum e que pode se manifestar com intensidades diferentes.
Cabe a você ficar atento às diferenças e buscar ajuda médica se necessário — no caso de uma hipotermia crônica.
Referências
https://www.mayoclinic.org/
https://medlineplus.gov/
https://www.nhs.uk/
Enfermeiro - Coren nº 491692
O Reinaldo Rodrigues formou-se em agosto de 2016, pela Universidade Padre Anchieta, em Jundiai. Fez curso de especialização em APH (Atendimento Pré-Hospitalar), pela escola 22Brasil Treinamentos, em Barueri, curso de 200 horas práticas, com foco em acidentes de trânsito.
Trabalha como Cuidador de Idosos há 5 anos, e possui experiência em aspiração de vias aéreas, banho de aspersão, curativos, tratamento e prevenção de Lesão por Pressão, gerenciamento de Equipe de cuidadores com elaboração de escalas. Treinamento e acompanhamento de cuidadores nas casas dos pacientes.
Também pode encontrar o Reinaldo no Linkedin.
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