Pílula Anticoncepcional e Interações medicamentosas

Revisão Clínica: Reinaldo Rodrigues (Enfermeiro - Coren nº 491692). Atualizado: 08/09/24

A pílula anticoncepcional é um dos – se não for o mais usado – métodos contraceptivos mais utilizados pelas mulheres ao redor do mundo. Amparado na eficácia de 99,9% e na facilidade de uso, o método rapidamente conquistou milhões de mulheres.

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Pílula Anticoncepcional e Interações medicamentosas

Após o lançamento da pílula anticoncepcional, a maioria do público feminino jamais cogitou substituí-la por outro método. Contudo, a porcentagem de mulheres que engravidam mesmo ao tomar a pílula anticoncepcional, cerca de 8%, emite um alerta. Mesmo assim, de acordo com os especialistas o número elevado de gestações concebidas tem maior relação com o uso incorreto do medicamento do que com possíveis falhas de formulação.

Quando se fala em uso incorreto, a menção não se refere apenas à sequência dos dias em que os comprimidos devem ser ingeridos. Por mais que a mulher não se esqueça de tomar a pílula em nenhum dos dias programados, ela precisa se atentar às interações medicamentosas existentes entre a pílula anticoncepcional e outros tipos de medicamentos. Afinal, essas interações podem comprometer, relativamente, o sucesso do método, perdendo a eficácia de 99,9%.

Ao longo desse artigo você saberá distinguir o que é verdade do que é mito, conhecendo as interações entre a pílula anticoncepcional e remédios antibióticos, bebidas alcoólicas, medicamentos controladores da hipertensão, medicamentos anticonvulsivantes, além da erva de São João.

Relação entre pílulas anticoncepcionais e bebidas alcoólicas

Considerando o longo prazo, o consumo de bebidas alcoólicas tende a ampliar as taxas de estradiol, substância que pode amplificar as reações adversas apresentadas pelas pílulas anticoncepcionais, como a neoplasia de mama, e a trombose. Além disso, os processos metabólicos inerentes ao álcool são consideravelmente diminuídos quando o organismo contém doses extras dos hormônios que compõem a fórmula dos remédios contraceptivos. Na prática, isso significa que o tempo de circulação do álcool pela corrente sanguínea será ampliado.

Relação entre pílulas anticoncepcionais e remédios anti-hipertensivos

Medicamentos com a função de evitar a hipertensão não interferem nos efeitos da pílula anticoncepcional.

Quem ingere os anti-hipertensivos lisinopril, ramipril, e enalapril tendem a liberar índices ligeiramente superiores de potássio na corrente sanguínea. Para contornar esse problema, basta rever a dosagem dos medicamentos citados.

Relação entre pílulas anticoncepcionais e erva de São João

Muito utilizada para tratar casos de depressão, a erva de São João é um elemento que diminui a eficiência da pílula anticoncepcional.

Relação entre pílulas anticoncepcionais e remédios anticonvulsivantes

Medicamentos ingeridos para tratamento de crises convulsivas e epiléticas podem sim retardar o efeito das pílulas anticoncepcionais. Dentre os principais medicamentos anticonvulsivantes podemos mencionar: oxcarbazepina, fenobarbital, primidona, fenitoína, carbamazepina, e topiramato.

Mas, nem tudo está perdido, pois existem outros tipos de remédios anticonvulsivantes que podem ser consumidos concomitantemente com as pílulas anticoncepcionais sem que a mulher aumente o risco de gravidez. Dentre os anticonvulsivantes com essa característica vale a pena citar: tiagabina, lamotrigina, ácido valproico, gabapentina, e levetiracetam.

Relação entre pílulas anticoncepcionais e remédios antibióticos

O impacto dos antibióticos sobre os efeitos da pílula anticoncepcional sempre foi amplamente propalado por milhares de pessoas, muitas delas pertencentes à classe médica. Esse foi um equívoco que demorou para ser revisto. O longo período de sustentação da falsa crença se deve a diversos relatos de mulheres que afirmavam terem tomado antibióticos em conjunto com as pílulas, que supostamente falhavam devido aos primeiros.

Diversos cientistas, incomodados com a ausência de evidência científica sobre o caso, resolveram efetuar testes aprofundados a fim de verificar qual era, de fato, a interação entre os antibióticos e as pílulas anticoncepcionais.

Após uma longa série de estudos, os pesquisadores concluíram que somente os antibióticos rifabutina, e rifampicina têm o poder de prejudicar os efeitos proporcionados pelas pílulas contraceptivas. Esses antibióticos costumam ser muito prescritos para tratar a meningite, tuberculose, e a hanseníase.

A rifampicina acaba rebaixando a concentração sanguínea da progestina e do etnil estradiol, os dois hormônios inseridos na fórmula das pílulas anticoncepcionais. Logo, a eficácia do método contraceptivo fica totalmente comprometida. Dessa forma, caso a mulher precisa tratar as doenças mencionadas acima com base no uso de antibióticos da classe rifampicina precisam se precaver quanto à alteração do método contraceptivo.

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Nunca é demais enfatizar que TODOS os demais antibióticos não apresentaram qualquer interação negativa sobre os efeitos do anticoncepcional hormonal. Desse modo, a antiga recomendação para não combinar o uso de pílulas anticoncepcionais com amoxicilina, metronidazol, tetraciclinas, cefalosporinas, ou ainda os antibióticos pertencentes à família das penicilinas, não é mais utilizada. Afinal, não existe qualquer evidência científica que comprove a anulação dos efeitos da pílula por parte de todos esses antibióticos.

Para enfatizar a liberação do uso simultâneo de antibióticos com pílulas anticoncepcionais, vale a pena destacar alguns antibióticos que podem ser usados normalmente com as pílulas: azitromicina, cefuroxime, cefalexina, ciprofloxacino, claritromicina, clindamicina, cefazolina, cefotaxima, fosfomicina, doxiciclina, eritromicina, flucloxacilina, minociclina, gentamicina, levofloxacino, norfloxacino, moxifloxacino, nitrofurantoína.

É interessante observar que todos esses antibióticos podem ser ingeridos não somente com a pílula anticoncepcional, mas igualmente em conjunto com qualquer outra forma de contraceptivo hormonal, seja por meio de injeção implantes, adesivos, ou através da tradicional pílula.

Demais interações da pílula anticoncepcional

O fluconazol, um remédio com função antifúngica, também não anula a eficácia da pílula anticoncepcional. Entretanto, o medicamento acaba ampliando o volume de estrogênio disponível na corrente sanguínea.

Já as medicações oriundas do ácido retinoico diminuem a eficiência da pílula contraceptiva. Logo, mulheres que estejam tomando remédios que tenham isotretinoína como princípio ativo devem reforçar a contracepção através da inclusão de um segundo método.

Enquanto isso, os remédios corticoides (prednisolona, e predinisona são bons exemplos) não chegam a anular ou prejudicar os efeitos da pílula. Entretanto, associação das duas medicações tende a potencializar as reações adversas já esperadas.

Em contrapartida, ritonavir, nevirapine, e nelfinavir, todos medicamentos classificados como antirretrovirais (utilizados para tratamento dos sintomas da AIDS) possuem forte tendência para interromper a ação dos hormônios contidos nas pílulas anticoncepcionais. Em todo o caso, como as relações sexuais efetuadas com pacientes portadores do vírus HIV jamais devem ser concretizadas sem o uso de um preservativo, as chances de uma gravidez não planejada permanecem consideravelmente sob controle.

Existe uma extensa lista composta por medicamentos que não detêm comprovação científica quanto a supostas intervenções sobre os efeitos inerentes às pílulas anticoncepcionais. Dentre esses medicamentos estão: remédios diuréticos, paracetamol, dipirona, omeprazol, sibutramina, sinvastatina (usada no gerenciamento dos níveis sanguíneos de colesterol), insulina, diazepan, antivirais, e antidepressivos (escitalopram, fluoxetina, paroxetina, citalopram, e sertralina).

Nota: Este conteúdo, desenvolvido com a colaboração de profissionais médicos licenciados e colaboradores externos, é de natureza geral e apenas para fins informativos e não constitui aconselhamento médico. Este Conteúdo não pretende substituir o aconselhamento médico profissional, diagnóstico ou tratamento. Consulte sempre o seu médico ou outro profissional de saúde qualificado sobre a sua condição, procedimento ou tratamento, seja um medicamento prescrito, de venda livre, vitamina, suplemento ou alternativa à base de ervas.
Autores
Reinaldo Rodrigues (Enfermeiro - Coren nº 491692)

Enfermeiro - Coren nº 491692

O Reinaldo Rodrigues formou-se em agosto de 2016, pela Universidade Padre Anchieta, em Jundiai. Fez curso de especialização em APH (Atendimento Pré-Hospitalar), pela escola 22Brasil Treinamentos, em Barueri, curso de 200 horas práticas, com foco em acidentes de trânsito.

Trabalha como Cuidador de Idosos há 5 anos, e possui experiência em aspiração de vias aéreas, banho de aspersão, curativos, tratamento e prevenção de Lesão por Pressão, gerenciamento de Equipe de cuidadores com elaboração de escalas. Treinamento e acompanhamento de cuidadores nas casas dos pacientes.

Também pode encontrar o Reinaldo no Linkedin.

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    Última atualização da página em 08/09/24