Antes de analisarmos os 7 remédios caseiros que a pesquisa mostra serem eficazes na prevenção ou como complemento ao tratamento da candidíase, é importante esclarecermos alguns pontos importantes sobre a sua origem e como a identificar.
A candidíase é uma infecção desencadeada pelo aumento do fungo Candida albicans. Também afeta os homens (que geralmente não apresentam sintomas claros da doença), mas é mais comum em mulheres, já que a fora vaginal possui características que proporcionam uma maior proliferação do fungo.
Apesar da presença da Candida albicans na flora vaginal ser uma situação completamente normal, a candidíase ocorre quando existe um crescimento excessivo desse fungo, causando um estado de irritabilidade, coceira e corrimento anormal. O principais sintomas incluem: Coceira; Dor; Vermelhidão na região afetada; Corrimento vaginal espesso e branco, e Incomodo na região genital durante as relações sexuais.
Apesar de existir uma predisposição ao desenvolvimento da doença, outros fatores envolvidos incluem: Sedentarismo; Tipos de vestuário íntimo; Muito tempo com a mesma roupa íntima; Alimentação; Higiene pessoal; Uso excessivo de corticoides; Sistema imunológico fraco; Presença de gravidez; Entre outros.
Como é feito o diagnóstico
As especialidades médicas encarregues do diagnóstico da candidíase variam dependendo do local onde ela se origina. No caso da candidíase vaginal o Ginecologista e Clínico geral são os eleitos.
A única forma de confirmar a presença do fungo é realizando um exame de cultura da região afetada. Veja como é realizado o diagnóstico de alguns tipos de candidíase:
Vaginal: Além de ser avaliado o histórico da paciente (infecções vaginais anteriores ou alguma DST, é também realizado um exame físico. Durante o exame o ginecologista usa um espéculo para visualizar o interior da vagina e colo do útero. Quando necessário, é recolhida uma amostra de corrimento que será enviada para análise laboratorial.
Peniana: Tal como no caso anterior, a consulta inicia-se com uma análise ao histórico do paciente. De seguida são realizados exames específicos para observar o pênis.
Oral ou esofágica: É necessário realizar um exame de cultura de escarro e da boca para avaliar a presença de microorganismos.
Intertrigo: Geralmente é realizado com a ajuda de alguns exames que podem incluir: Raspagem da pele e exame KOH (hidróxido de potássio); Lâmpada de Wood (luz negra); Biopsia da pele, que pode ser necessária quando existe dificuldade em confirmar o diagnóstico. Por vezes é necessário realizar um exame de sangue para verificar a presença de diabetes, já que o intertrigo pode ser um dos primeiros sintomas da doença.
Candidíase invasiva: Nestas situações é preciso realizar exames de cultura do fungo no sangue, fluido pericárdio ou analisar tecidos recolhidos em biópsias para confirmar o diagnóstico.
Reconhecendo uma candidíase em casa
O corrimento – devido à sua textura, cor e odor, é uma boa forma de avaliar a proliferação do fungo. No entanto, é importante perceber que a presença de alterações na cor, textura e cheiro não significam que a mulher tem candidíase, já que essas secreções podem variar bastante de uma mulher para outra.
Essas alterações geralmente são decorrentes da alimentação, imunidade, genética, uso de medicamentos, entre outros fatores. Seguido do corrimento (normalmente de cor branca), a coceira na região vaginal é outro sinal comum, bem como o aparecimento de ardência, dor e possivelmente desconforto nas relações sexuais. Outros sintomas que não devem ser descartados, mas aparecem tardiamente incluem: inchaço, vermelhidão e possíveis escoriações. Apesar do homem muitas vezes não apresentar sintomas, pode ocorrer coceira, incômodos e também ardor na região do pênis.
Tratamento farmacológico
Apesar de causar muita irritabilidade na mulher e no homem, e consequentemente alterar o seu estado de saúde, o tratamento farmacológico usado no tratamento da candidíase é bem simples e eficaz. Os remédios mais comuns incluem:
- Flucanozol
- Itraconazol
- Cetonazol
A maioria deles é administrado em dose única e os resultados são bastante satisfatórios. Podem ser utilizados sozinhos (geralmente por via oral) ou ainda associados a outros fármacos, com o objetivo de potencializar os seus efeitos (soluções tópicas).
Tratamentos caseiros
A candidíase tem cura. Apesar dos tratamentos farmacológicos serem satisfatórios, também podem ser usadas soluções caseiras preventivas ou complementares ao tratamento médico. Confira!
Remédio caseiro para candidíase feminina
A utilização de iogurte natural é um tratamento muito eficaz contra o fungo Candida albicans. De acordo com uma revisão de 2006 as pesquisas indicam que, devido os probióticos contidos no iogurte e à alcalinidade presente no mesmo, pode diminuir a acidez da vagina, levando a uma diminuição no crescimento do fungo (pois eles preferem um ambiente ácido). Além disso, pode ser utilizado na gravidez, uma que as mulheres grávidas possuem maior disposição para o crescimento do fungo. A utilização de iogurte não compromete o desenvolvimento do bebê.
Ingredientes:
- 1 embalagem de iogurte natural
- 1 seringa sem agulha
- 1 absorvente interno
Como aplicar:
Com auxilio de uma seringa (sem agulha), introduza o iogurte no interior da vagina. Utilize o absorvente para evitar a umidade na calcinha. Repita o procedimento durante 3 dias (duas vezes ao dia). Caso haja incômodo ou receio de utilizar a seringa, outra forma de utilizar o iogurte será mergulhar um absorvente interno no iogurte natural e introduzir na vagina por um período médio de 3 horas.
Camomila seca
Outro ingrediente eficaz contra a candidíase é a utilização da Camomila seca, pois pode ajudar no equilíbrio da flora vaginal e equilibrar a acidez da vagina, além de diminuir o crescimento anormal de alguns microrganismos.
Ingredientes:
- Camomila seca
- Água filtrada e morna
Modo de preparo:
Misture quatro colheres (de sopa) de camomila a um litro de água morna e filtrada. Para a candidíase genital: faça um banho de assento com o conteúdo e aguarde por cinco a dez minutos. Seque bem toda a região com papel toalha ou tolha convencional (neste caso, não reutilize a mesma toalha nos próximos banhos). Para candidíase oral: Use o chá de camomila como um enxaguante bucal. Uma lavagem de camomila também pode ser usada para limpar uma erupção de fralda ou para candidíase oral em seu bebê
Bicarbonato de sódio
Além do iogurte e camomila, outra medida caseira é o preparo da solução de 5% de bicarbonato de sódio. De acordo com um estudo publicado em 2014, por ser uma solução alcalina, o bicarbonato apresenta bastante eficácia, pois ajuda a mudar o pH da flora vaginal reduzindo a acidez, dificultando assim o hábitat do fungo e sua possível proliferação.
Ingredientes:
• Bicarbonato de sódio 5%
• 1 litro de água morna
Modo de preparo:
Misture 2 colheres de sopa em 1 litro de água morna. Faça um banho de assento com o conteúdo e aguarde por dez a quinze minutos. Seque toda a região com papel toalha ou tolha convencional (neste caso, não reutilize a mesma toalha nos próximos banhos).
Remédio caseiro para candidíase masculina
O tratamento com chá de uva-ursina pode ser utilizado tanto por homens, quanto por mulheres. O chá de uva-ursina ou uva-de-urso pode ser encontrado em lojas de produtos naturais e feiras livres. A principal ação do chá é reduzir a reprodução do fungo.
Ingredientes:
- 1 xícara de água quente
- 2 colheres (de chá) de folhas de uva-ursina
Modo de preparo:
Coloque a água quente sobre as folhas e deixe descansar por 5 minutos. Após esfriar (ainda morno) beba em seguida. Recomenda-se beber o chá cerca de 3 vezes por dia.
Remédio caseiro para candidíase na boca
Muito popular na medicina alternativa, o poejo é uma planta com muitos benefícios para a saúde. Em outros países conhecida como “hortelã dos pulmões”, tem como principal ação combater doenças respiratórias, tais como gripe, asma e bronquite. Apesar dessa ação nas vias respiratórias, o chá de poejo tem sido alvo de investigação contra a Candidíase, pois apresenta propriedades que reduzem o crescimento do fungo.
Ingredientes:
• 1 xícara de água quente
• 1 colher (sopa) de flores ou folhas de poejo
Modo de preparo:
Coloque a água quente sobre as folhas ou flores de poejo e deixe descansar por 15 minutos, coando de seguida. Após esfriar, umedeça um pedaço de algodão no chá e passe na boca. Recomenda-se a aplicação 3 a 4 vezes ao dia.
O chá de neem
O neem, também conhecido como nim (Azadirachta indica), é uma árvore originária da Índia. Utilizada em diversos problemas alérgicos e inflamatórios, o chá de Neem também apresenta muita eficácia contra a proliferação de fungos.
Ingredientes:
- Folhas de neem (50 – 100g)
- 500 ml de Água filtrada quente
Modo de preparo:
Coloque água quente sobre as folhas de Neem e deixe descansar por 5 minutos. Após esfriar e coar, lavar a área afetada uma vez ao dia.
Cápsulas de Lactobacillus acidophilus
Outra opção para reduzir o aparecimento da Candidíase é a utilização de cápsulas de Lactobacillus acidophilus. Estudos sugerem que tomar cápsulas de Lactobacillus acidophilus pode ajudar a prevenir a infecção.
Encontrado também em estabelecimentos de produtos naturais e algumas farmácias, as cápsulas de Lactobacillus acidophilus podem ser consumidas uma vez por dia ou até mesmo introduzidas diretamente na vagina. Assim, é possível, além de combater a Candidíase vaginal, combater o fungo em outras regiões, tais como a boca e intestino. Além de ajudarem no combate ao fungo, as cápsulas também ajudam a restabelecer a flora intestinal.
Apesar de fácil tratamento, a candidíase é um problema que afeta milhares de mulheres e homens e causa vários incômodos. Além da dor e irritabilidade presente na região, causa desconforto, corrimento e mau odor. Apesar dos protocolos descritos serem naturais e de fácil procedimento é importante consultar o ginecologista caso a mulher esteja grávida, tenha sido exposta a uma infecção sexualmente transmissível, ou quando a infecção é recorrente (quando ocorre 4 ou mais vezes por ano).
O que comer e alimentos a evitar
O equilíbrio intestinal ajuda a determinar a qualidade da nossa saúde. Na verdade, as disfunções do microbioma estão ligadas a uma lista impressionante de problemas de saúde, desde problemas de ganho de peso, saúde mental e doenças autoimunes. Abaixo listamos os alimentos recomendos – e quais devemos evitar.
Vegetais sem amido: Alimentos vegetais como a couve, espinafre, acelga e bok choy oferecem muitos nutrientes sem superalimentar o supercrescimento de fungos.
Carnes limpas: Carne alimentada com capim, peixe selvagem e carne de órgãos (como o fígado) são ricos em nutrientes lipossolúveis biodisponíveis, como as vitaminas A, D e K2, todos necessários para a saúde imunológica e microbioma.
Gorduras Saudáveis: Óleo de coco, azeite e óleo de abacate são todos excelentes curativos para o intestino, já que transportam gorduras saturadas e monoinsaturadas com um efeito anti-inflamatório no revestimento intestinal. O óleo de coco, em particular, é rico em ácido caprílico, que tem demonstrado inibir o crescimento excessivo de candida.
Alimentos fermentados: Alimentos fermentados, como o kimchi, chucrute ou kefir ajudão a reinocular um microbioma estressado com bactérias benéficas. É importante inseri-los na dieta com moderação no início e ir aumentando lentamente a sua ingestão, pois podem causar o efeito oposto.
Ervas medicinais e especiarias: Ervas como o orégano, gengibre e pau d’arco, têm demonstrado efeitos antimicrobianos. Podem ser usados em receitas, chás ou em forma de suplementos.
Adoçantes saudáveis: Adoçantes não açucarados, como a stevia verde e o xilitol são as melhores alternativas ao açúcar, que podem ser prejudiciais ao intestino. Mesmo sendo melhores, devem igualmente ser usados com moderação.
Chá: Estudos mostram que os taninos encontrados no chá preto podem ajudar a matar a Candida. Chás calmantes, como o gengibre, podem ajudar a aliviar o delicado revestimento intestinal.
Caldo de osso: Trata-se de uma receita de cura antiga que voltou aos tempos modernos – e por boas razões. O colágeno oferecido pelo caldo ajuda a manter o revestimento intestinal saudável. Como não contém açúcar, também pode ajudar a reduzir os crescimentos fúngicos e reduzir a inflamação.
Alimentos a evitar na dieta
Açúcar: O açúcar – em todas as suas formas – alimenta a Candida albicans. Certifique-se de ler os rótulos cuidadosamente, pois o açúcar tem muitos pseudônimos. Tenha igualmente cuidado para evitar adoçantes artificiais, pois eles podem alterar o equilíbrio da flora intestinal.
Fruta: É chamada o “doce da natureza” por um motivo. Caso a pessoa seja diagnosticada com candidíase é importante limitar ou evitar o consumo de frutas enquanto cura o intestino. No mínimo, tente manter apenas o consumo de frutas com menos frutose, como as bagas e frutas cítricas como o limão, lima e toranja. Além de serem pobres em açúcar, as frutas cítricas também possuem propriedades antimicrobianas.
Grãos: Os grãos são outra forma de açúcar e também deve ser evitada. Especialmente os que contêm glúten. Farinhas sem grão, como a amêndoa, avelã e coco, podem ser usadas com moderação.
Álcool: O álcool fragiliza o revestimento intestinal e está ligado à síndrome do intestino permeável. Além disso, prejudica a desintoxicação, que precisa ser otimizada ao curar o microbioma.
Leite: A maioria dos leites podem ser considerados “Junk food” (comida lixo). As vacas recebem hormônios e antibióticos, alimentam-se de organismos geneticamente modificados (OGM) em vez de capim, e vivem em condições insalubres. O leite é então pasteurizado e homogeneizado, e a gordura, com todas as suas vitaminas, é removida. As vitaminas sintéticas são então adicionadas de volta porque o leite é desprovido de nutrição.
Além disso, muitas pessoas com candidíase têm síndrome do intestino permeável, o que pode torná-las mais sensíveis à caseína, uma proteína presente no leite.
A única exceção são os alimentos lácteos “alimentados com capim”, gordos e fermentados, como o kefir e o iogurte.
Alimentos vegetais ricos em amido: Vegetais ricos em amido, como batata, inhame e beterraba podem alimentar o crescimento de leveduras. Enquanto cura de uma candidíase é também importante evitar legumes como feijão preto, lentilha, amendoim, castanha de caju e grão-de-bico.
FODMAPS: São uma categoria específica de alimentos que muitas vezes não é mencionada quando ocorrem problemas intestinais. FODMAP significa “Oligo-, Di-Fermentable, Mono-sacarídeos e Polyols” e refere-se aos carboidratos que não são facilmente digeridos pelo intestino. Quando ingeridos em excesso, também podem alimentar o supercrescimentos de microbiomas, como a candida e o supercrescimento bacteriano do intestino delgado.
Alguns dos alimentos ricos em FODMAPS incluem: cebola, alho, repolho e maçã. Os legumes também são ricos em FODMAPS. É importante evitá-los ou limitá-los enquanto o organismo recupera da infecção.
Café: O café em excesso é conhecido como um irritante do revestimento intestinal. Também pode conter mofo/bolor, o que pode fragilizar o sistema imunológico. O descafeinado pode ainda ser pior que o café normal quando se trata de bolores e acidez. Certifique-se de comprar grãos de café orgânicos de alta qualidade e o beber com moderação.
Ginecologista e Obstetra - CRM SP-119093
Dra Camille Vitoria Rocha Risegato - CRM SP nº 119093 é formada há 14 anos pela Fundação Técnico Educacional Souza Marques, Rio de Janeiro.
> Consultar CRM (Fonte: https://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_medicos&Itemid=59)
Dra Camille mudou-se para São Paulo onde realizou e concluiu residência médica em Ginecologia e Obstetrícia (RQE nº 25978) no Centro de Referência de Saúde da Mulher no Hospital Pérola Byington em 2007.
Em 2008 se especializou em Patologia do Trato Genital Inferior nesse mesmo serviço. Ainda fez curso de ultrassonografia em ginecologia e obstetrícia na Escola Cetrus.
Trabalha em setor público e privado, atendendo atualmente em seu consultório médico particular situado na Avenida Leoncio de Magalhães 1192, no bairro do jardim São Paulo, zona norte de São Paulo.
Também pode encontrar a Dra Camille no Linkedin, Facebook e Instagram
.- Falagas, M. E., Betsi, G. I., & Athanasiou, S. (2006, June 21). Probiotics for prevention of recurrent vulvovaginal candidiasis: A review. Journal of Antimicrobial Chemotherapy, 58(2), 266-272. Retrieved from https://academic.oup.com/jac/article/58/2/266/721575/Probiotics-for-prevention-of-recurrent
- Aggag, M. E., and R. T. Yousef. “Study of antimicrobial activity of chamomile oil.” Planta medica 22, no. 06 (1972): 140-144.
- Mabey, Richard, Anne McIntyre, and Michael McIntyre. The New Age Herbalist: How to use herbs for healing, nutrition, body care, and relaxation. Simon and Schuster, 1988.
- McIntyre, Anne. Herbal treatment of children: Western and Ayurvedic perspectives. Elsevier Health Sciences, 2005.
- Formic Acid and Acetic Acid Induce a Programmed Cell Death in Pathogenic Candida Species
https://link.springer.com/article/10.1007%2Fs00284-014-0585-9 - WomensHealth.gov: Vaginal Yeast Infections Fact Sheet
https://www.womenshealth.gov/a-z-topics/vaginal-yeast-infections
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