O que é? Popularmente chamada de infecção urinária, a infecção do trato urinário (ITU) é causada devido à ação de determinados micro-organismos no sistema urinário.
Geralmente, o agente etiológico responsável pelo problema é a bactéria Escherichia coli, a qual pode comprometer o funcionamento dos rins e bexiga, além da uretra e dos ureteres.
Que profissional devo procurar?
Embora o especialista no tratamento das infecções do trato urinário seja o nefrologista, um clínico geral está apto a solucionar a maior parcela das ocorrências.
Como identificar?
O diagnóstico pode ser obtido mediante um simples exame de urina. Em alguns casos, pode ser necessário realizar uma cistoscopia (também conhecida como uretrocistoscopia). Trata-se de uma endoscopia efetuada nas vias urinárias.
Exame de urina
Ao analisar a urina, o médico é capaz de descobrir a carga bacteriana contida nela. Para que uma urina seja considerada saudável (do ponto de vista bacteriano,) ela deve apresentar, no máximo, 100.000 bactérias por ml.
Como de praxe em outros casos, o tratamento envolverá a adoção de antibióticos, que irão variar conforme o tipo de bactéria em questão.
Exame de cultura de urina (urocultura)
A urocultura é usada como um complemento do resultado obtido pelo exame anterior. No caso, trata-se da coleta e colocação de uma amostra de urina sobre um meio propício ao desenvolvimento de determinados germes. O processo facilita a identificação das bactérias.
Citoscopia
O objetivo dessa endoscopia é a visualização dos segmentos da uretra e da parte interna da bexiga. Antes de se submeter ao exame, o indivíduo deve jejuar por 4 horas. Além disso, a ingestão de quaisquer medicamentos anticoagulantes precisa ser suspensa com uma antecedência de 7 dias.
Além de auxiliar no diagnóstico de infecções urinárias, a uretrocistoscopia também é muito usada para:
- Identificação de tumores na bexiga;
- Tratamento de cálculo presente na bexiga;
- Biópsia da uretra.
Exame de imagem (tomografia, ultrassom de abdômen e da pelve, urografia excretora e cintilografia renal)
Ao suspeitar de uma infecção urinária, o encarregado da análise também pode solicitar a realização de diversos exames de imagem, como:
- Tomografia;
- Ultrassonografia — do abdômen e pelve;
- Urografia excretora;
- Cintilografia renal.
A seguir, conheça alguns detalhes sobre cada um deles.
Tomografia computadorizada
Atualmente, a tomografia computadorizada é um dos principais exames radiológicos. Capaz de detectar alterações muito pequenas em ossos, tecidos e órgãos, o exame auxilia na identificação de nódulos, tumores e até vasos pulmonares e cerebrais.
Embora a tomografia possa ser efetuada em qualquer região do corpo, ela se mostra particularmente útil na área do tórax, pulmões e coração (a fim de avaliar a condição das vias coronárias). Além disso, o exame é muito colaborativo para o estudo do abdômen e da pelve.
Após o pedido do médico, o preparo do exame é simples. Basta que o paciente esteja em jejum, já que o uso do contraste pode ser necessário. No caso das mulheres, elas precisam ter certeza de que não estão grávidas.
Ultrassonografia
Outro exame que faz parte da rotina médica atual é a ultrassonografia. Em se tratando da análise de infecções urinárias, os órgãos buscados são o abdômen e a pelve. As ondas sonoras emitidas pelo aparelho chegam até os órgãos, que refletem um “eco”, enviado ao equipamento de ultrassom. Por fim, esses “ecos” se transformam em imagens, exibidas em um monitor.
Urografia excretora
Mediante o uso de um contraste iodado na veia, a urografia excretora é tipo especial de raio X, que incide nos rins, ureteres e bexiga. O contraste é absorvido pelos rins e descartado através da urina. O trajeto do contraste pelo organismo possibilita a avaliação dos órgãos que constituem o aparelho urinário.
Cintilografia renal
Já a cintilografia renal é uma ressonância magnética. Após a aplicação via intravenosa de um composto radioativo, o médico consegue analisar o funcionamento renal. Isso só é possível porque essa mesma substância exibe uma coloração peculiar nas imagens geradas.
O que causa a infecção urinária?
Ao penetrar no sistema urinário através da uretra, a bactéria encontra um ambiente propício ao seu desenvolvimento e proliferação. Ao término, o processo provoca uma infecção urinária.
Dentre outras atribuições, cabe ao aparelho do trato urinário eliminar corpos estranhos instalados no organismo. No entanto, problemas de funcionamento nos mecanismos de defesa do corpo prejudicam a exclusão de micro-organismos nocivos. Isso aumenta o poder de resistência da bactéria, que passa a se multiplicar.
A origem de cada infecção depende da área atacada. Geralmente, as infecções urinárias são causadas por uma concentração bacteriana no sistema digestivo ou devido à atividade sexual. Uma vez que estejam no trato gastrointestinal, as bactérias se deslocam para a bexiga. Há também um tipo de infecção urinária que se manifesta pelo sangue, mas se trata de um caso extremamente insólito.
O tamanho inferior da uretra é preponderante para a expansão da colônia bacteriana e, consequentemente, para o início de uma infecção. Essa característica anatômica explica o motivo de as mulheres serem tão propensas a terem infecção urinária. Afinal, quanto menor a uretra, menor é o trajeto a ser percorrido pelas bactérias até a bexiga.
Além disso, a manutenção de uma vida sexualmente ativa amplifica as chances de infecção. Outros fatores que contribuem para a infecção urinária são:
- Enfraquecimento da imunidade do organismo;
- Utilização de cateter durante a micção;
- Uso de espermicida;
- Crescimento da próstata, o que obstrui o trato urinário;
- Desenvolvimento do cálculo renal.
Bactérias envolvidas na infecção
- Escherichia coli;
- Klebsiella;
- Proteus mirabilis;
- Pseudomonas aeruginosa;
- Staphylococcus saprophyticus;
- Enterococcus faecalis (estreptococos do grupo D);
- Streptococcus agalactiae (estreptococos do grupo B);
- Enterobacter;
- Serratia;
- Enterococcus faecalis;
- Staphylococcus aureus;
Quais os tipos de infecção urinária?
As variedades mais frequentes de infecção urinária são as chamadas cistite e uretrite, que atingem a bexiga e a uretra, respectivamente.
Há ainda a pielonefrite, que acomete os rins (apenas um ou ambos). Esse último tipo de infecção urinária merece mais atenção, pois o não tratamento pode provocar a falência renal e de outros órgãos.
Quando as bactérias se avolumam descontroladamente na urina, mas não causam algum sintoma, tem-se a denominada bacteriuria assintomática. É importante destacar que aproximadamente 20% das mulheres grávidas que negligenciam o tratamento dessa infecção urinária podem ser acometidas pela temida e perigosa pielonefrite aguda.
Quais os sintomas?
O sintoma mais clássico de uma infecção do trato urinário é a disúria, ou seja, aquela sensação de ardência dolorosa durante o ato de urinar. Contudo, vale observar alguns outros sinais, como:
- Sensação dolorosa na região pélvica e no reto;
- Polaciúria — aumento da frequência urinária;
- Sensação de urgência para urinar novamente, mesmo após urinar há pouco tempo;
- Impressão de que a bexiga ainda precisa ser esvaziada após urinar;
- Noctúria — necessidade de se levantar da cama à noite para ir ao banheiro urinar;
- Urina com uma tonalidade mais escura;
- Urina com odor intenso;
- Presença de um filamento de sangue na urina — ocorre somente na última porção de urina e é um sintoma bem incomum.
Como acontece com outras patologias, os sintomas mudam conforme o tipo de infecção urinária. Nos quadros mais preocupantes, é possível que a pessoa manifeste um estado febril, o qual pode ser acompanhado de dores nas costas e uma sensação de desconforto.
A Infecção urinária tem cura?
Apesar de a infecção urinária ser plenamente curável, isso só acontece após a realização de uma bateria de exames e do tratamento apropriado. Uma vez identificada a infecção, o esforço médico caminha no sentido de impedi-la de se alastrar para outros órgãos essenciais para o organismo humano, como os rins. Caso o problema se agrave, há o risco de a infecção urinária se transformar em pielonefrite.
Como tratar?
A terapia é feita conforme cada variante da infecção do trato urinário. A grande maioria dos tratamentos é embasada em antibióticos bem efetivos. Com o intuito de amenizar as dores, os medicamentos com efeito analgésico também são ministrados.
Remédios para infecção urinária
Abaixo estão listadas as principais substâncias usadas em remédios / medicamentos para o tratamento dos vários tipos de infecções urinárias:
- Cefalor;
- Doxiciclina;
- Cefanaxil;
- Amoxicilina;
- Amicacina;
- Cetoprofeno;
- Bactrim;
- Hincomox;
- Cefalotina;
- Quinoform;
- Cystex;
- Nitrofen;
- Clordox;
- Ceclor;
- Monuril.
No caso de ardência, ela costuma ser aliviada com a toma de Pyridium (Fenazopiridina).
Vale destacar que a infecção do trato urinário pode igualmente ser tratada e prevenida com alguns tratamentos caseiros. Nesse quesito, alguns chás merecem menção:
- Carqueja;
- Aroeira;
- Java,
- Salsa;
- Alfazema;
- Tomilho;
- Barba de milho
- Vara de ouro;
- Camomila;
- Cavalinha
- Flor de quebra-pedra;
- Flor de abacateiro.
O tratamento caseiro com vinagre orgânico através da realização de um banho de assento, também se tem mostrado eficaz em alguns casos.
Infecção urinária na gravidez, existe, quais os perigos?
O tamanho diminuto da uretra feminina e a proximidade dela do ânus aumentam consideravelmente as chances de as mulheres desenvolverem uma infecção do trato urinário. Isso se deve ao fato de a região anal acolher uma ampla concentração de bactérias.
Esse tipo de infecção também é recorrente em mulheres grávidas. Para se ter uma ideia da frequência do problema, a infecção urinária em gestantes ocupa a terceira colocação no ranking das complicações registradas durante o período de gestação do bebê.
Em se tratando da ocorrência da pielonefrite, o não tratamento pode, inclusive, fazer com que a o bebê nasça prematuramente. Na sequência, confira mais detalhes sobre os dois tipos de pielonefrite:
- Pielonefrite aguda;
- Pielonefrite crônica.
Pielonefrite aguda
Essa vertente da pielonefrite atinge aproximadamente 2% das mulheres grávidas. O problema costuma ocorrer na fase final da gestação (no decurso dos três últimos meses) e pode prejudicar esse restante do processo. Os sintomas manifestados pela gestante são os seguintes:
- Náuseas — acompanhadas ou não de vômitos;
- Fortes dores na região lombar;
- Estado febril ou febre;
- Arrepios pelo corpo.
O risco de parto prematuro se deve à ampliação da frequência das contrações do útero, o que pode até culminar em um aborto ou no aumento da pressão arterial. Caso a infecção atinja um grau mais severo, tanto a gestante como o bebê podem falecer.
Esse tipo de infecção urinária costuma ser assintomático e acomete cerca de 5% das mulheres grávidas. Entre aquelas que contraíram a infecção antes de engravidar, o índice de incidência oscila entre 18% e 20%.
O risco também é elevado entre as mulheres diabéticas, ficando em torno de 20%. Embora o início da infecção seja assintomático, é importante frisar que alguns sintomas surgem conforme a aproximação do fim da gravidez.
Pielonefrite crônica
A pielonefrite crônica se torna crônica quando os rins já haviam sido lesionados. Apesar de quase assintomática, essa variação da pielonefrite provoca hipertensão na gestante. Isso compromete a saúde tanto da mãe quanto do bebê.
O bebê pode ter infecção urinária?
De fato, o recém-nascido pode apresentar infecção do trato urinário. Estatisticamente, o problema atinge apenas 2% dos meninos, e 8% das meninas. A probabilidade de consequências sérias é mais significativa ainda durante a infância — até aproximadamente os 2 anos de idade.
Esse levantamento justifica a importância de se diagnosticar o problema com a máxima antecedência possível.
Em crianças, os sintomas relacionados à infecção do trato urinário são mais imperceptíveis. De um modo geral, os pais devem suspeitar desse tipo de infecção se as crianças apresentarem febre acompanhada dos seguintes sintomas:
- Vômitos;
- Perda do apetite;
- Refluxos — aproximadamente 35% das infecções urinárias em bebês são acompanhadas de refluxo;
- Impaciência súbita;
- Urina com forte odor ou resquícios de sangue;
- Perda de peso;
- Dificuldade para engordar;
- Micção seguida de choro ou irritação — nesses casos, uma dica consiste em verificar se a criança chora exatamente ao urinar. Nos bebês, basta constatar se a fralda está com urina.
Geralmente, a infecção urinária em crianças é avaliada mediante um exame de urocultura. No entanto, é bem frequente a solicitação de outros testes, que variam conforme o caso de infecção.
A prevenção depende uma boa fase de amamentação (a Organização Mundial da Saúde recomendam que o bebê seja alimentado somente com leite materno até os seis meses de vida) e do incentivo para a criança ingerir muito líquido.
Sou homem, posso ter infecção urinária?
Embora a infecção do trato urinário em homens seja algo razoavelmente incomum, eles também podem ser vítimas do problema. Neles, os casos mais frequentes costumam ocorrer durante a transição da fase adulta para a terceira idade (depois dos 50 anos, aproximadamente).
Nessa etapa da vida, a próstata tende a se expandir, o que pode obstruir a passagem da urina. Caso o homem adote os péssimos hábitos de não esvaziar totalmente a bexiga ao urinar e de beber pouco líquido, as chances de ele desenvolver uma infecção do trato urinário aumentam.
Como prevenir? É transmissível?
Apesar de a transmissão da infecção do trato urinário não ser tão comum, ela pode, sim, acontecer através do sexo. Nesses casos, a infecção é ocasionada pelo agente etiológico denominado Chlamydia trachomatis.
Trata-se do mesmo germe causador da clamídia, uma doença sexualmente transmissível. O problema é que esse agente pode prejudicar o fluxo urinário, levando ao desenvolvimento de infecções de elevada gravidade.
No se que se refere aos cuidados para se evitar uma infecção do trato urinário, basta adotar algumas medidas simples, como:
- Diminuir bastante o consumo de bebidas gaseificadas, alcoólicas, cítricas ou que contenham cafeína. Todas elas irritam significativamente a bexiga;
- Não usar roupas íntimas extremamente justas;
- Não aplicar substâncias perfumadas na área íntima;
- Adotar o hábito de urinar após a atividade sexual;
- Ingerir muito líquido, essencial para dissolver a urina e acelerar o processo de excreção das bactérias. Vale observar que o aumento da ingestão líquida (principalmente água) garante a eficácia do tratamento em cerca de 80% dos quadros;
- Priorizar o uso de absorventes externos — o ideal é que eles sejam substituídos após todas as vezes em que a mulher urinar;
- Evitar a utilização de compostos destinados à eliminação de espermatozóides;
- Jamais prender a urina — ao sentir vontade de urinar, é necessário esvaziar a bexiga o mais rapidamente possível.
Conforme demonstrado, a negligência quanto ao tratamento da infecção do trato urinário pode gerar graves complicações em algumas partes do organismo. Os cuidados são válidos para todas as pessoas, sejam mulheres ou homens, crianças ou idosos.
Em todo o caso, a mulher sempre deve ser mais precavida devido à alta propensão que ela possui a respeito desse tipo de infecção. Após a menopausa, inclusive, essa tendência aumenta.
Diante disso, é preciso consumir água com bastante regularidade e preservar o bom funcionamento do sistema imunológico.
Ginecologista e Obstetra - CRM SP-119093
Dra Camille Vitoria Rocha Risegato - CRM SP nº 119093 é formada há 14 anos pela Fundação Técnico Educacional Souza Marques, Rio de Janeiro.
> Consultar CRM (Fonte: https://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_medicos&Itemid=59)
Dra Camille mudou-se para São Paulo onde realizou e concluiu residência médica em Ginecologia e Obstetrícia (RQE nº 25978) no Centro de Referência de Saúde da Mulher no Hospital Pérola Byington em 2007.
Em 2008 se especializou em Patologia do Trato Genital Inferior nesse mesmo serviço. Ainda fez curso de ultrassonografia em ginecologia e obstetrícia na Escola Cetrus.
Trabalha em setor público e privado, atendendo atualmente em seu consultório médico particular situado na Avenida Leoncio de Magalhães 1192, no bairro do jardim São Paulo, zona norte de São Paulo.
Também pode encontrar a Dra Camille no Linkedin, Facebook e Instagram
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