Existem vários tipos de medicamentos usados no tratamento de miomas uterinos. Alguns deles são direcionados para os hormônios, agindo sobre a produção de estrogênio e progesterona, levando posteriormente ao alívio de sintomas como o sangramento menstrual intenso e a dor desencadeada pela pressão pélvica. É preciso entender que estes fármacos não eliminam os miomas, apenas reduzem o seu tamanho.
Este guia educativo tem o objetivo de escarecer de forma clara e em linguagem acessível os principais remédios usados para tratar miomas uterinos e as alternativas naturais disponíveis (que alimentos incluir e eliminar da dieta, ingestão de vitaminas…) Saiba mais.
A presença de miomas uterinos é um evento bem recorrente em mulheres, fazendo parte da lista de diagnósticos mais levantados em consultórios de ginecologia. Tratam-se de tumores benignos que se desenvolvem no útero, de forma benigna, desenvolvendo-se na parede muscular.
Um tumor benigno é um tipo de neoplasia que não apresenta a malignidade dos tumores cancerígenos. Por definição, não crescem desproporcional ou agressivamente, não invadem os tecidos adjacentes e não metastizam para tecidos ou órgãos distantes.
A localização exata do mioma no útero pode variar, bem como o seu tamanho, podendo ser de tamanhos microscópios ou muito grandes.
Apesar de boa parte das mulheres com miomas não apresentar sintomas, entenda que a presença de cólicas, sangramento intenso e a dificuldade em engravidar são alguns dos sinais da condição. Outros sinais de alerta aos quais a mulher deve estar atenta incluem:
- Períodos menstruais que duram mais de uma semana
- Pressão ou dor pélvica
- Necessidade de urinar com frequência
- Dificuldade em urinar
- Dor nas costas ou nas pernas
Geralmente não causam grandes complicações, no entanto, é importante a mulher seguir uma terapia adequada, normalmente realizada com a administração de medicamentação por via oral.
Os remédios usados para a redução dos miomas geralmente atuam sobre os hormônios responsáveis por regular o ciclo menstrual; na redução do sangramento; e na redução da dor. Como a presença de sangramentos excessivos pode levar a paciente a desenvolver quadros de anemia, em alguns casos está também indicado o uso de suplementação vitamínica preventiva. Os remédios mais usados são:
1. Dispositivo intrauterino liberador de progestagênios
Para além de liberar progestagênios, o DIU (dispositivo intrauterino) também atua na redução de sangramentos fortes, comuns em mulheres que sofrem com a presença de miomas. O dispositivo, no entanto, alivia os sintomas, mas não é capaz de diminuir ou eliminar o tumor completamente.
Como se trata de um método contraceptivo, possui a vantagem de também proteger a mulher de uma possível gravidez indesejada, juntamente ao tratamento do mioma.
Importante: o dispositivo intrauterino não atua contra doenças sexualmente transmissíveis. O uso de preservativo é igualmente recomendado para garantir a saúde da mulher, sobretudo para não agravar ainda mais o quadro do mioma com outras doenças uterinas. Saiba mais sobre o dispositivo intrauterino Mirena.
2. Agonistas do hormônio liberador de gonadotrofinas
Os agonistas do hormônio liberador de gonadotrofinas (Exemplo: Lupron, Synarel) são compostos atuam na inibição da menstruação, agindo sobre a produção de estrogênio e progesterona. Quando esses hormônios são inibidos, o período menstrual é interrompido, fazendo com que, consequentemente, o tamanho dos miomas seja reduzido. Também é uma solução benéfica para evitar que a mulher desenvolva um quadro grave de anemia, visto que, ao evitar ou reduzir o sangramento, o quadro anêmico tende a melhorar.
Além disso, podem também ser prescritos em alguns casos pré-operatórios – para que o tamanho dos miomas seja reduzido antes da intervenção cirúrgica de remoção.
Efeitos colaterais: O seu uso prolongado está contraindicado, pois pode levar ao enfraquecimento dos ossos, fazendo com que surjam outras doenças associadas.
3. Ácido tranexâmico
O ácido tranexamico é um remédio que funciona apenas para diminuir o sangramento intenso provocado pelos miomas. Os mais conhecidos são o Transamin ou Trexacont. É utilizado somente nos dias de maior sangramento, visto que possui alguns efeitos colaterais que devem ser levados em consideração.
4. Anti-inflamatórios não esteroides
Os medicamentos anti-inflamatórios não esteroides, tais como o ibuprofeno e o diclofenaco, podem auxiliar muito no alívio do desconforto. Não atuam diretamente sobre o sangramento, mas fazem com que alguns efeitos colaterais desconfortáveis, como as cólicas e dores pélvicas, diminuam.
Importante: Não se automedique. O uso de anti-inflamatórios deve ser sempre indicado por um especialista, já que uma má administração ou de forma prolongada pode originar efeitos colaterais.
5. Anticoncepcionais
Além do seu conhecido efeito contraceptivo, alguns anticoncepcionais podem ser indicados pelo ginecologista quando existe a presença de miomas. Ainda que não reduzam o mioma e nem o tratem de modo definitivo, os anticoncepcionais podem auxiliar no controle dos sangramentos.
Importante: Vale ressaltar que somente um especialista poderá prescrever o melhor anticoncepcional, realizando exames prévios e percebendo qual é o melhor para cada mulher, já que alguns também podem oferecer riscos e efeitos colaterais graves, como por exemplo a trombose.
6. Suplementos vitamínicos
Para prevenir a anemia causada pelo sangramento excessivo frequente em alguns casos de mioma, alguns suplementos vitamínicos podem ser indicados. É o caso, por exemplo, dos suplementos que possuem em sua composição ferro e vitamina B12, duas vitaminas úteis no tratamento de pessoas anêmicas.
Alimentação
É importante perceber que, sobretudo nos casos de mulheres que apresentam sangramento excessivo como consequência do mioma, a alimentação pode atuar como complemento ao tratamento farmacológico – para a prevenção de anemias e desidratações. A perda sanguínea implica diretamente na perda de nutrientes e líquidos. Portanto é fundamental que a mulher siga uma dieta saudável e consuma bastante líquido diariamente.
Além disso, é importante evitar carnes e alimentos altamente calóricos. Opte por alimentos ricos em flavonóides, vegetais verdes, chá verde e peixes de água fria, como o atum ou salmão.
Tratamentos naturais
Apesar de alguns websites promoverem tratamentos alternativos, como terapias magnéticas, acupuntura, ioga, massagens, aplicação de calor, Gui Zhi Fu Ling Tang, cohosh preto, preparações de ervas ou homeopatia, entenda que não existem evidências científicas que suportem ou apoiem a eficácia de tais terapias.
A importância do acompanhamento médico
Cada caso exige medidas e tratamentos específicos que apenas o especialista poderá tomar. Por isso é fundamental que, para além do diagnóstico, a mulher continue um acompanhamento a longo prazo para ter a certeza de que o mioma não oferece grandes riscos à sua saúde. A escolha do tratamento é influenciada por muitos fatores, como por exemplo:
- Sintomas relatados no consultório.
- Histórico de doenças prévias da paciente.
- Idade da paciente.
- Tamanho do mioma.
O sucesso do tratamento dependerá do acompanhamento e do comprometimento de cada paciente juntamente ao seu médico.
Ginecologista e Obstetra - CRM SP-119093
Dra Camille Vitoria Rocha Risegato - CRM SP nº 119093 é formada há 14 anos pela Fundação Técnico Educacional Souza Marques, Rio de Janeiro.
> Consultar CRM (Fonte: https://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_medicos&Itemid=59)
Dra Camille mudou-se para São Paulo onde realizou e concluiu residência médica em Ginecologia e Obstetrícia (RQE nº 25978) no Centro de Referência de Saúde da Mulher no Hospital Pérola Byington em 2007.
Em 2008 se especializou em Patologia do Trato Genital Inferior nesse mesmo serviço. Ainda fez curso de ultrassonografia em ginecologia e obstetrícia na Escola Cetrus.
Trabalha em setor público e privado, atendendo atualmente em seu consultório médico particular situado na Avenida Leoncio de Magalhães 1192, no bairro do jardim São Paulo, zona norte de São Paulo.
Também pode encontrar a Dra Camille no Linkedin, Facebook e Instagram
.- Ferri FF. Uterine fibroids. In: Ferri’s Clinical Advisor 2016. Philadelphia, Pa.: Mosby Elsevier; 2016. https://www.clinicalkey.com. Acessado em Maio, 2016.
- Stewart EA. Epidemiology, clinical manifestations, diagnosis, and natural history of uterine leiomyomas (fibroids). https://www.uptodate.com/contents/search. Acessado em Maio, 2016.
- Stewart EA. Uterine fibroids. New England Journal of Medicine. 2015;372:1646.
- Cunningham FG, et al. Pelvic mass. In: Williams Obstetrics. 24th ed. New York, N.Y.: The McGraw-Hill Companies; 2014. http://accessmedicine.mhmedical.com. Acessado em Maio, 2016.
- Stewart EA. Overview of treatment of uterine leiomyomas (fibroids). https://www.uptodate.com/contents/search. Acessado em Maio, 2016.
- Uterine fibroids. Natural Medicines. https://naturalmedicines.therapeuticresearch.com/. Acessado em Maio, 2016.
Ajude-nos a melhorar a informação do Educar Saúde.
Encontrou um erro? Está faltando a informação que está procurando? Se ficou com alguma dúvida ou encontrou algum erro escreva-nos para que possamos verificar e melhorar o conteúdo. Não lhe iremos responder diretamente. Se pretende uma resposta use a nossa página de Contato.