Embora o conhecimento sobre os benefícios associados aos probióticos tenha aumentado na última década, muitas pessoas ainda desconhecem os prebióticos e os simbióticos, e como eles funcionam.
Os probióticos são as bactérias “boas” (ou “amigáveis”) que colonizam o sistema digestivo e realizam inúmeras funções no sistema imunitário.
Os prebióticos “alimentam” essencialmente os probióticos, ajudando-os a sobreviver e se reproduzir através do processo de fermentação.
E o que são os simbióticos? Os simbióticos são produzidos como um subproduto do processo de fermentação realizado pelos probióticos. Alguns exemplos incluem, os ácidos orgânicos, as bacteriocinas, as substâncias carbônicas e as enzimas.
Um relatório publicado em 2014 no Journal of Gastroenterology afirma que: (1)
Os probióticos são microorganismos vivos não-patogénicos, presentes na flora intestinal que conferem benefícios para a saúde do hospedeiro.
Alguns destes efeitos benéficos são derivados de fatores probióticos que foram recentemente identificados como mediadores simbióticos.
Os investigadores acreditam agora que, para certas pessoas que sofrem de doenças inflamatórias, o uso de simbióticos pode ser uma alternativa inteligente ao uso de bactérias completas (na forma de probióticos).
Devido à sua habilidade de reduzir a inflamação e ajudar a manter a homeostase do cólon e do intestino, os simbióticos podem ser a próxima “tendência de suplementos” usados para promover uma melhor saúde intestinal.
O que são Simbióticos?
Os simbióticos (do Inglês Postbiotics) são subprodutos da fermentação bacteriana probiótica. (2)
Quando os probióticos se alimentam de certos tipos de moléculas de fibras para prosperar, eles deixam para trás “produtos residuais” que são coletivamente chamados de simbióticos. (3)
A microbiota, por conseguinte, libera naturalmente os simbióticos, que por sua vez ajudam a regular a composição do microbioma.
Ser um produto residual pode não soar “impressionante”, mas as mais recentes investigações demonstram agora que os simbióticos podem realmente ter um papel essencial na saúde intestinal.
De acordo com o website Postbiotica, uma organização que está afiliada à Universidade de Milão, “a maioria das atividades imunomoduladoras das bactérias estão associadas aos seus metabólitos”. (4)
Os benefícios associados aos simbióticos incluem a ajuda no tratamento de:
- Doenças inflamatórias, incluido Doença do Intestino Irritável ou Síndrome do Intestino Irritável
- Efeitos secundários devida à obesidade
- Reações alérgicas, tais como dermatite ou conjuntivite
- Problemas relacionados com o intestino, tais como a Síndrome do Intestino com Vazamento, disbiose ou sobrecrescimento de pequenas bactérias intestinais.
- Dor nas Articulações (devido à inflamação)
- Diabetes e pré-diabetes
- Problemas nos olhos, incluindo conjuntivite alérgica
- Problemas na pele, incluindo acne e eczema
- Utilizações veterinárias
Embora continuem a existir muitas mais coisas a aprender e descobrir sobre a forma exata como os simbióticos contribuem para a homeostase, eles parecem ajudar a regular a flora intestinal através de atividade anti-patogénica e e suporte no crescimento de bactérias benéficas.
Parecem também ajudar na adaptação do sistema imunológico às mudanças nas bactérias intestinais, tendo efeitos regulatórios.
Os investigadores da Probiótica explicam que, em comparação com a toma de probióticos, utilizar simbióticos pode ter algumas vantagens.
Estas incluem o fato de que os simbióticos não contém nenhum componente bacterial nocivo; são considerados bastante seguros; não necessitam de crescimento bacterial ou colonização no hospedeiro (a pessoa que toma o produto); podem ser utilizados em concentrações mais baixas e mesmo assim conter grandes quantidades de componentes ativos.
Alguns exemplos de Simbióticos incluem:
- Ácidos gordos de cadeia curta, tais como acetato, butirato e propionato de etilo. Estes são produzidos pela fermentação de carboidratos não digeridos no intestino. Estes ácidos gordos providenciam uma grande fonte de energia ao cólon e têm um papel importante no crescimento e diferenciação intestinal. Eles impactam muitos processos metabólicos.
- Lipopolissacarídeos, incluindo: polissacarídeos A e exopolissacarídeos.
- Muramildipeptídeo
- Indol, derivados do triptofano
- Ácido teicóico
- Lactocepin
- Molécula p40
A conexão entre prebióticos, probióticos e simbióticos
O nosso corpo alberga triliões de bactérias intestinais, que juntas são chamadas de microbioma.
Outro nome para esta comunidade bacteriana é microbiota, a grande coleção de microorganismos que vive em simbiose dentro do corpo humano.
Existem 3 categorias principais de componentes/substâncias bacterianas que ajudam a manter a microbiota em equilíbrio. Estes são:
- Prebióticos
- Probióticos
- Simbióticos
As bactérias que compõem o microbioma são capazes de enviar sinais inflamatórios para o cérebro e qualquer outra parte do corpo, mudando a forma como a comida é digerida, como as hormonas são produzidas, o quão capaz a insulina é de reduzir a glucose no sangue, entre muitas outras funções. (5)
Quando os patogénos dominam o microbioma, ocorre a disbiose intestinal. Este evento está associado a problemas como diarreia, alergias, Síndrome do Intestino Irritável, entre muitos outros.
Muitas vezes, estes problemas são tratados com medicação, incluindo anti-inflamatórios ou imunomoduladores. No entanto, estes podem causar efeitos secundários.
Os prebióticos são tipos de moléculas de fibra solúvel presentes em alguns carboidratos, especialmente aqueles ricos em amido.
O seu papel principal é o de nutrir/alimentar os probióticos, fornecendo-lhes energia, uma vez que os probióticos se alimentam dos prebióticos através do processo de fermentação.
Eles são indigestíveis pelos seres humanos, o que significa que passam pelo sistema digestivo humano sem serem absorvidos, até chegarem à parte inferior do intestino grosso.
Os tipos de prebióticos incluem os oligossacarídeos, arabinogalactanas, frutooligossacarídeos e inulina.
As melhores fontes alimentares de prebióticos são os vegetais, como os vegetais de raiz, alguns tipos de frutos verdes, grãos e leguminosas. (6)
Aumente a ingestão de alimentos ricos em fibra na sua dieta para aumentar a ingestão de compostos prebióticos, tais como o alho cru, Helianthus tuberosus (alcachofra-girassol), jícama (Pachyrhizus erosus), dente-de-leão verde, cebola crua, aspargo cru e banana ligeiramente verde (perto da maturação).
Os probióticos são suplementos ou alimentos que contém microorganismos viáveis que alteram a microflora do hospedeiro.
Alguns exemplos são as bifidobactérias, o lactobacilos e bacteróides. As bactérias probióticas têm diversas funções, algumas das quais incluem promover o funcionamento da barreira intestinal, regular inflamações, gerar espécies reativas de oxigénio, regular a morte celular (apoptose), e ajudar na produção de hormonas e neurotransmissores.
As Bactérias probióticas vivas podem ser tomadas através de suplementos, inclusivamente na forma de comprimidos, cápsulas, pó ou liquidos.
Além disso, existem alguns alimentos fermentados que contém probióticos naturalmente, incluindo o iogurte, kefir e vegetais como chuchutre ou o kimchi.
Quando combinados com prebióticos, são muitas vezes chamados de simbióticos. Estes “produtos” podem oferecer muitos benefícios, devido à forma como os prebióticos suportam o crescimento dos probióticos.
5 Benefícios dos Simbióticos
Ajudam no crescimento das “boas” bactérias probióticas
Os Simbióticos são produzidos durante os processos metabólicos produzidos pela bactéria do ácido lático.
Elas podem simular as atividades dos probióticos de algumas formas, em adição à sua capacidade de ajudar os probióticos a se desenvolverem.
As bactérias de ácido lático que são suportadas pelos simbióticos possuem muitos benefícios dentro do microbioma, incluindo ajudar a remover metais pesados do corpo e diminuir a presença de viroses e toxinas. (7)
Um dos benefícios mais promissores sobre o uso de simbióticos em vez dos probióticos é a forma como os simbióticos mantém os benefícios e efeitos terapêuticos dos probióticos, enquanto evitam os riscos da administração de microorganismos vivos a pacientes que não os conseguem tolerar, tais como aqueles que possuem barreiras intestinais imaturas ou defesas imunitárias reduzidas.
Adicionalmente, existem algumas evidências que apontam para a possibilidade das bactérias probióticas que são mortas devido ao calor no trato gastrointestinal possam ainda ser utilizadas enquanto simbióticos.
Estes microorganismos parecem manter a sua estrutura e continuam a ter efeitos benéficos no hospedeiro, tal como acelerar a maturação das barreiras intestinais e a cura. (8)
Reduzem a presença de agentes patogénicos nocivos
O nosso corpo é o lar tanto para bactérias boas como ruins. Algumas substâncias naturais – incluindo algumas ervas e plantas – têm propriedades anti-microbianas, permitindo-lhes diminuir a presença de bactérias nocivas, ajudando assim a prevenir infecções e doenças futuras.
Os investigadores acreditam que os simbióticos podem ter essa mesma habilidade, sendo essa a razão pela qual é especula-se que os simbióticos possam ser a próxima grande fronteira no suporte ao sistema imunológico contra agentes patogénicos.
Alguns dos agentes patogénicos que podem ser travados pelos simbióticos incluem a Listeria monocytogenes, Clostridium perfringens, Salmonella enterica, e a Escherichia coli.
Ajudam a reduzir doenças inflamatórias e estresse oxidativo
Alguns estudos demonstram que algumas bactérias probióticas incluindo o Lactobacillus casei DG (LC-DG) produzem subprodutos simbióticos benéficos que, juntos, ajudam a modular as respostas inflamatórias/imunológicas. (9)
Em alguns estudos, os simbióticos – tais como os ácidos gordos chamados de acetato, butirato e propionato – têm sido associados à supressão inflamatória, geração reduzida de espécies reativas de oxigénio e regulação da apoptose.
Devido à sua habilidade em reduzir a inflamação, os probióticos e os simbióticos juntos podem ser úteis no tratamento de sintomas de doenças como a síndromes do intestino irritável, além de muitas outras condições inflamatórias.
Algumas investigações realizadas mostram até que, em alguns casos em que os probióticos não são úteis ou necessariamente seguros para serem administrados a pacientes com tecidos inflamados, “os simbióticos podem ser uma alternativa segura para o tratamento de pacientes com síndrome do intestino irritável na fase de inflamação aguda.” (10)
Podem ajudar a baixar o açúcar no sangue e prevenir diabetes
Um estudo recente desenvolvido na Universidade McMaster, no Canadá, inferiu que o uso de simbióticos está associado à redução dos níveis de açúcar no sangue em indivíduos obesos com pré-diabetes.
Os simbióticos parecem ter efeitos anti-diabéticos porque melhoram o uso da insulina pelo corpo. (11)
Algumas investigações sugerem que os mecanismos de ação dos simbióticos incluem a redução da inflamação derivada de gordura e diminuição da resistência do fígado à insulina.
Os ratinhos que foram injetados com um tipo de simbiótico chamado muramildipeptídeo, experienciaram uma redução na inflamação da adipose (gordura) e na intolerância à glucose, ainda que não tenham perdido peso significativo.
Tendo por base os resultados do estudo, alguns simbióticos são portanto considerados como sendo “sensibilizadores de insulina” com vários efeitos protetores em pacientes obesos e diabéticos.
São bem tolerados por pessoas com sistemas imunológicos suprimidos (incluindo crianças)
Alguns estudos demonstram que os probióticos são eficazes na redução da Enterocolite necrosante (ENC), uma doença grave que é uma das principais causas de complicações e morte em recém-nascidos.
A enterite necrotizante é caracterizada por lesões e inflamações intestinais. Desenvolve-se em cerca de 1 em cada 10 crianças recém-nascidas e é considerada uma emergência médica.
Embora os probióticos sejam considerados “a terapia mais promissora no horizonte desta doença devastadora”, os investigadores estão agora a direcionar-se para os prebióticos e simbióticos como potenciais alternativas ou terapias adjuntas aos probióticos.
As bactérias probióticas e simbióticas são essenciais para a digestão das crianças, absorção, alojamento de nutrientes, desenvolvimento e imunidade (tal como em adultos).
Algumas crianças não toleram a suplementação com microorganismos vivos (bactérias probióticas), mas podem responder positivamente aos prebióticos e simbióticos.
Um relatório publicado em 2014 no Clinics in Perinatology explica: “A criança/hospedeiro providencia um ambiente habitável, com temperatura estável e rica em nutrientes para as bactérias. Elas, por sua vez, devolvem o favor com todos os seus benefícios.” (12)
Os simbióticos podem ajudar o intestino das crianças a autoproteger-se dos agentes patogénicos bacterianos que causam inflamação, encorajam o crescimento de bactérias “boas”, controlam as respostas imunológicas epiteliais e mantém a homeostase intestinal.
Alimentos Ricos em Simbióticos
Os suplementos simbióticos continuam largamente indisponíveis no mercado, especialmente em comparação com a quantidade de produtos probióticos disponíveis.
Procure por produtos simbióticos que incluam diferentes tipos de simbióticos, especialmente ácidos gordos de cadeia curta. Um dos tipos de ácidos gordos de cadeia curta mais investigados é o butirato.
Pode também aumentar naturalmente a produção de simbióticos no seu organismo, ao adicionar à sua dieta alguns alimentos, especialmente aqueles com prebióticos e probióticos (mencionados acima).
Algumas das melhores fontes de alimentos e suplementos para aumentar a concentração de simbióticos são:
- Spirulina e chlorella – São algas que ajudam a desintoxicar o corpo, reduzir a inflamação, nutrir as bactérias benéficas e possivelmente ajudar a aumentar a imunoglobulina secretora A, que melhora a saúde intestinal.
- Micélio, que produz cogumelos – contém várias enzimas, agentes anti-microbianos, componentes anti-virais, em adição à sua capacidade de suportar o crescimento bacteriano no microbioma.
- Bagaço de uva – Os restos sólidos das uvas, azeitonas ou outros frutos que contém peles, polpa, sementes e caules do fruto. Estes fornecem energia aos probióticos, que por sua vez impulsionam os simbióticos.
- Aloe vera fermentado – Ajuda na desintoxicação, suporte digestivo e na produção de beta-glucanos que estimulam o sistema imunológico.
- Vinagre de Cidra/Maçã e Vinagre de Coco
- Ácidos húmicos e fúlvicos
- Protease bacteriana – Um conjunto de enzimas que suportam o sistema imunológico, ajudam a reduzir os agentes patogénicos e ajudam o corpo a lidar com o estresse, além de melhorarem a saúde intestinal.
- Enzimas Saccharomyces – Dão suporte a uma digestão saudável, muitos processos metabólicos, e quebram as gorduras, carboidratos e proteínas.
- Shilajit – Uma erva antiga com compostos anti-inflamatórios, atividade antiviral e alto teor de ácido fúlvico.
- Iogurtes com culturas vivas – Fornecem culturas de lactobacilos, que ajudam a melhorar a digestão de forma proprietária que é altamente biodisponível e resistente ao calor.
Precauções a Ter
Embora a utilização de prebióticos, probióticos e simbióticos pode certamente fazer uma grande diferença no melhoramento da saúde digestiva e de outros sintomas, simplesmente tomá-los na forma de suplementos não deverá ser o suficiente para resolver os seus problemas.
Estes tratamentos funcionam melhor quando combinados com mudanças no estilo de vida, especialmente uma dieta saudável, redução na ingestão de toxinas, medicamentos desnecessários, e controlar o estresse.
Lembre-se que, no que toca a suportar o microbioma e manter o intestino saudável, é importante que se foque no “quadro geral”.
Mantenha uma dieta rica em nutrientes, limite ou evite comidas processadas e considere outras mudanças no estilo de vida que possam melhorar a sua saúde.
Nutricionista Clínica e Estética - CRN-3 nº 37006
A Drª Caroline Vallinhos é graduada em ciências da nutrição pela Universidade de Guarulhos/SP. Possui 7 anos de experiência em Nutrição clínica e estética. Forte atuação em coaching de emagrecimento e qualidade de vida para pessoas em busca de melhoria alimentar e enfermos com necessidade de melhoria de quadro clínico.
Vasta experiência com consultoria para empresas do ramo alimentício, tais como grandes indústrias de alimentos, cozinhas experimentais e mercado de food service.
Com registro no Conselho Regional de Nutricionistas CRN-3 (Brasil) nº 37006
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