Síndrome da Imunodeficiência Adquirida – SIDA (infecção com vírus da imunodeficiência humana VIH)

Revisão Clínica: Reinaldo Rodrigues (Enfermeiro - Coren nº 491692). Atualizado: 08/09/24

SIDA significa síndrome da imunodeficiência adquirida. Para ter SIDA, tem que estar infectado com o vírus da imunodeficiência humana (VIH). A infecção por este vírus será, provavelmente, para toda a vida. Contudo, têm havido muitos progressos no tratamento da infecção por VIH, pelo que as pessoas afectadas estão a viver mais e com melhor qualidade de vida.

Continua depois da Publicidade

Causas da síndrome da imunodeficiência adquirida

O VIH enfraquece o seu sistema imunitário (de defesa) danificando as células T/ CD4+, que são um tipo de glóbulos brancos. Estas células ajudam o seu organismo a combater infecções e neoplasias (cancros). Com a SIDA, as células T são lentamente destruídas, não podendo participar no combate a estas doenças, que se designam oportunistas.

Sinais e sintomas da síndrome da imunodeficiência adquirida

Em Portugal, considera-se que tem SIDA quem tiver um teste positivo para VIH e pelo menos uma doença oportunista. Nos EUA, basta ter o teste positivo e uma contagem de CD4 inferior a 200, para se classificar como SIDA. A contagem das células CD4+ de um adulto saudável deverá ser superior a 500. Poderá ter VIH no seu sangue durante muito tempo sem o saber. É frequente a existência de um ou mais dos seguintes sintomas:

  1. Alterações na sua capacidade de raciocínio.
  2. Alterações no seu sistema nervoso.
  3. Diarreia.
  4. Febres.
  5. Dores nas articulações.
  6. Dores na boca, garganta, vagina ou ânus.
  7. Suores nocturnos.
  8. Erupções cutâneas.
  9. Gânglios inchados no pescoço, nas axilas ou nas virilhas.
  10. Perda de peso.

Com a SIDA, o seu organismo tem dificuldade em combater infecções ou cancro. Por esse motivo, as infecções comuns são mais frequentes e mais graves. Pode ainda ter infecções graves por microrganismos que não prejudicam a maioria das pessoas. É o caso, por exemplo, da pneumonia por Pneumocystis carinii (PPC), uma infecção dos pulmões, e da toxoplasmose cerebral. O Sarcoma de Kaposi (SK), uma forma de cancro, é também frequente.

Diagnóstico

O diagnóstico é feito pela pesquisa de anticorpos para VIH no sangue (serologia). Consiste de um teste rápido, seguido de outro mais preciso, de confirmação.É também possível pesquisar o material genético do vírus, através de PCR (polimerase chain reaction), mas esta análise só é feita em situações particulares.A cultura de vírus é muito demorada e as suas indicações para diagnóstico são muito limitadas.

Prevenção da síndrome da imunodeficiência adquirida

O VIH transmite-se através do sangue e de alguns fluidos corporais (esperma, secreções vaginais, leite). Por este motivo, deve usar sempre preservativo de látex nas relações sexuais e não deve partilhar material de injecção (sobretudo de drogas). Não deve partilhar o seu material de higiene íntima, nomeadamente lâminas e escova de dentes.

Uma mulher infectada pode transmitir o vírus ao filho durante a gravidez, o parto ou a amamentação, pelo que deverá evitar a gravidez; caso contrário, deverá ter uma vigilância médica frequente. Uma superfície suja com sangue infectado deverá ser limpa com lixívia.

Actualmente, o risco de infecção por transfusão de sangue ou derivados é mínimo nos países desenvolvidos. Não se apanha SIDA no contacto social (tocar, espirrar, tossir, loiça, comida, roupa, lençóis), nas piscinas ou através de picadas de insectos.

Riscos e Complicações

São várias as infecções e formas de cancro que podem surgir num doente com SIDA, como:

A tuberculose, causada por uma bactéria designada Mycobacterium tuberculosis, é das infecções mais frequentes nos doentes com VIH em Portugal. Neste contexto, a infecção é muitas vezes disseminada, atingindo não só o pulmão mas qualquer outro órgão. São habituais manifestações como febre, suores nocturnos, perda do apetite, emagrecimento, falta de forças, tosse, aumento dos gânglios linfáticos, do fígado e do baço. O diagnóstico faz-se por identificação da bactéria.

A infecção por Complexo Mycobacterium avium (MAC) é frequente na SIDA. As queixas podem ser tosse prolongada (por vezes com emissão de sangue), dores abdominais, diarreia, febre, suores nocturnos, perda de peso, falta de apetite ou fadiga. O diagnóstico baseia-se na identificação da bactéria.

A pneumonia por Pneumocystis carinii (PPC) é uma infecção primariamente pulmonar, mas que pode disseminar a todo o organismo. Febre, problemas respiratórios (tosse, sensação de falta de ar) ou fadiga são alguns dos sintomas habituais.

A toxoplasmose é uma infecção do sistema nervoso (cérebro e espinal medula). Pode manifestar-se por fadiga, dores de cabeça, crises epilépticas (convulsões), paralisia de um lado do corpo ou outros problemas neurológicos.

O citomegalovírus (CMV) é um vírus que pode provocar cansaço, febre, aumento dos gânglios linfáticos e dores musculares ou na garganta. Infecta frequentemente o fígado (hepatite), os pulmões (pneumonia), os olhos (retinite) e os intestinos (colite). Diarreia ou cegueira podem constituir problemas a longo prazo.

Continua depois da Publicidade

O sarcoma de Kaposi (SK) é um cancro comum nos doentes com SIDA. Manifesta-se na pele ou nas mucosas (na boca, por exemplo) como uma ou mais lesões púrpura/ arroxeadas, que tendem a aumentar em dimensões e número. Podem existir lesões nos órgãos profundos do organismo. O diagnóstico faz-se por biópsia da lesão. Ver foto abaixo:

O linfoma não-Hodgkin é uma forma de cancro que pode afectar doentes com SIDA. Pode ser encontrado no cérebro, na espinal medula, na medula óssea, no aparelho gastrintestinal, no fígado, nos pulmões ou em qualquer outro local. As manifestações dependem do órgão afectado. O diagnóstico faz-se por biópsia.

Tratamento da síndrome da imunodeficiência adquirida

Ainda não há cura para a SIDA. Procure um médico, que o irá acompanhar regularmente durante muitos anos e a quem deverá pedir informações sobre a infecção. Para que não se sinta confundido, poderá solicitar material escrito ou anotar a informação dada.

Poderá ser útil ter alguém consigo durante as consultas. O médico vai vigiar regularmente a contagem das suas células CD4 e a quantidade de vírus no sangue (carga viral). Com o tempo, irá necessitar de diferentes medicamentos, cuja eficácia e toxicidade terão que ser vigiadas.

É fundamental que os tome correctamente, devendo manter o seu médico informado acerca da tolerância e adesão ao tratamento só assim se poderá ajudar a si próprio. Siga um estilo de vida saudável para ajudar o seu sistema imunitário.

Desta forma, poderá evitar algumas doenças frequentes em pessoas com SIDA. Coma alimentos saudáveis (dieta com reforço proteico e calórico, pobre em gorduras), comida bem cozinhada, legumes bem lavados, fruta descascada. Evite ovos crus. Faça exercício regularmente.

Descanse bastante. Evite as infecções. No caso de ser fumador, tente deixar o tabaco. Não deverá ingerir álcool ou drogas de rua.

A SIDA altera a forma de vida, sendo uma situação difícil de aceitar. É comum sentir-se zangado, assustado, confuso e/ou deprimido. Partilhar os seus sentimentos com o médico e com os amigos pode ajudá-lo a lidar com a realidade. Peça ao seu médico informações sobre grupos de apoio a pessoas com SIDA.

Estatísticas no mundo – Mapa

Estimativa de pessoas portadoras que vivem com o HIV/AIDS por país:

A fita vermelha é um símbolo da solidariedade pelas pessoas infectadas com o HIV e por aquelas que têm de viver com SIDA.

Nota: Este conteúdo, desenvolvido com a colaboração de profissionais médicos licenciados e colaboradores externos, é de natureza geral e apenas para fins informativos e não constitui aconselhamento médico. Este Conteúdo não pretende substituir o aconselhamento médico profissional, diagnóstico ou tratamento. Consulte sempre o seu médico ou outro profissional de saúde qualificado sobre a sua condição, procedimento ou tratamento, seja um medicamento prescrito, de venda livre, vitamina, suplemento ou alternativa à base de ervas.
Autores
Reinaldo Rodrigues (Enfermeiro - Coren nº 491692)

Enfermeiro - Coren nº 491692

O Reinaldo Rodrigues formou-se em agosto de 2016, pela Universidade Padre Anchieta, em Jundiai. Fez curso de especialização em APH (Atendimento Pré-Hospitalar), pela escola 22Brasil Treinamentos, em Barueri, curso de 200 horas práticas, com foco em acidentes de trânsito.

Trabalha como Cuidador de Idosos há 5 anos, e possui experiência em aspiração de vias aéreas, banho de aspersão, curativos, tratamento e prevenção de Lesão por Pressão, gerenciamento de Equipe de cuidadores com elaboração de escalas. Treinamento e acompanhamento de cuidadores nas casas dos pacientes.

Também pode encontrar o Reinaldo no Linkedin.

A informação foi útil? Sim / Não

Ajude-nos a melhorar a informação do Educar Saúde.

Encontrou um erro? Está faltando a informação que está procurando? Se ficou com alguma dúvida ou encontrou algum erro escreva-nos para que possamos verificar e melhorar o conteúdo. Não lhe iremos responder diretamente. Se pretende uma resposta use a nossa página de Contato.


    Nota: O Educar Saúde não é um prestador de cuidados de saúde. Não podemos responder a questões sobre a sua saúde ou aconselhá-lo/a nesse sentido.
    Última atualização da página em 08/09/24