Muitas vezes confundida com outras especialidades, nomeadamente a Fisioterapia, a terapia ocupacional reclama um espaço próprio na reeducação e reorientação de doentes com problemas físicos, psicológicos, mentais e sociais.
A Terapia Ocupacional é uma forma de tratamento através da ocupação. Não se trata de uma ocupação aleatória, mas antes de uma ocupação analisada, cuidada e estruturada, em que se avaliam actividades e se intervém junto do paciente em diversas áreas, usando sempre a actividade como estratégia. É com estas palavras que a Dr.ª Ana Margarida Lopes, terapeuta ocupacional, define o campo de actuação desta modalidade que possibilita cuidados a nível físico, psicológico, social e profissional.
Quanto ao tipo de actividades proporcionadas pela terapia ocupacional, Ana Margarida Lopes adianta que são «bastante heterogéneas e podem variar desde jogos muito simples, ou jogos específicos, para problemas concretos a nível cognitivo, passando por actividades artesanais».
Como acontece noutros campos da saúde, cada doente é um doente e, nesta área, as especificidades são mais do que evidentes. «Se for um doente mental, por exemplo, o trabalho que tem de ser feito pode centrarse, por exemplo, no estímulo à iniciativa, na capacidade e desenvolvimento de métodos para a realização de trabalhos, mas sempre», relembra a terapeuta, «com uma intervenção centrada na actividade significativa».
A componente social é uma das mais importantes nesta modalidade e muitas das vezes o trabalho pode mesmo procurar a recuperação de competências pessoais básicas, como sejam hábitos de higiene, comunicação, interacção e participação social, ou até mesmo necessidades mais triviais, como andar de transportes públicos ou ir às compras. Em muitos casos, em que há uma perda total de tudo o que se aprendeu, reconhece a terapeuta, «o que fazemos é criar um novo projecto de vida que permite ao doente voltar à actividade o mais próxima possível da normalidade, recuperando tanto quanto possível a sua qualidade de vida», acrescentando que, frequentemente, estes «são treinos e aprendizagens que têm de ser feitas no terreno.
Esta é a verdadeira essência da Terapia Ocupacional e é algo que só se faz com paixão», admite Ana Margarida Lopes. Num trabalho que não é realizado apenas para o efeito, mas que se concentra também na causa, é igualmente comum surgirem lesões devido ao trabalho que as pessoas executam no seu dia-a-dia. Tratam-se lesões profissionais específicas, nas quais se procura tratar, para além dos efeitos, as causas, de modo a poderem ser extintas ou aliviadas.
Aqui falamos de uma intervenção na prevenção, menor consumo energénico, facilitação da actividade profissional, mais uma vez, que só é possível aprofundando o conhecimento da ocupação humana.
A terapia ocupacional é essencialmente isto: procura-se abranger a pessoa num todo, ajudar a família, orientar o doente, ir ao local profissional e ver o que é preciso adaptar e quais são as evoluções que têm de ser criadas para diminuir os efeitos. Tudo isto, obviamente, a par do tratamento da lesão que já se sabe existir. Normalmente, estes são processos que resultam muito bem e em que são evidentes claras melhorias.
Assim, a terapêutica ocupacional pode também ser definida pela ida ao local, a deslocação até ao ambiente natural, mudando, se necessário, as características envolventes e ajudando quem intervém com o paciente. A pretensão é a de «ajudar a criar um ambiente mais favorável, sendo que muitas vezes somos nós que fazemos um trabalho mais directo e de contacto com os pacientes. Normalmente, estabelecem-se ligações positivas e às vezes
criam-se mesmo amizades com as pessoas que ajudamos», acentua Ana Margarida Lopes.
A Médis como parceira
Na luta pela divulgação da Terapia Ocupacional, a Médis é uma aliada preciosa. Numa relação que dura há já seis anos, a terapeuta Ana Margarida Lopes recorda que a chegada a um acordo partiu de uma iniciativa sua, para um serviço que a Médis tinha também interesse em começar a oferecer aos seus clientes.
«Eu tenho a pós-graduação em terapia da mão, pelo que o acordo que tenho com a Médis também diz respeito a esta valência, para além, logicamente, da Terapia Ocupacional.» Consciente de que a grande dificuldade da Terapia Ocupacional é a falta de conhecimento por parte dos outros, a terapeuta reconhece que a procura é escassa, num cenário em que mesmo a classe médica nem sempre está verdadeiramente esclarecida, para que o paciente seja encaminhado, quando necessário, a esta modalidade.
«Combater esse desconhecimento é um grande cavalo de batalha da Terapia Ocupacional », explica Ana Margarida Lopes, acrescentando que «só quem experimenta e convive com esta prática percebe a diferença e sente os resultados. É um tratamento do qual as pessoas não desistem e ocorrem casos em que, ao constatarem os ganhos que adquirem, decidem manter e prolongar a sua ligação.»
Actividades – Procedimentos Terapêuticos Ocupacionais – Atos Privativos
» Consulta, Avaliação e Entrevista (Individual ou Coletiva)
» Intervenção 1 Referencial Teórico
» Análise de Atividades: Procedimento próprio e exclusivo do Terapeuta Ocupacional, que avalia o movimento como um todo, e suas partes componentes, identificando as operações motoras realizadas e suas estruturas morfofisiológicas. Analisa todos os aspectos da vida cotidiana de uma pessoa, ou seja, autocuidados, trabalho e lazer, bem como a gama de movimentos que se referem à complexidade das atividades e suas especificidades. Ë realizada com o objetivo de selecionar os meios como utilizá-las.
A escolha da técnica a ser utilizada e sua indicação devem observar as necessidades, interesses e vocações do cliente e as exigências do modelo teórico ou da abordagem. As atividades devem ser previamente selecionadas, analisadas e adaptadas de forma individualizada para cada cliente, visando um objetivo terapêutico definido. A Análise de Atividades compreende a divisão da atividade em fases definidas, operacionalizadas e de forma seqüencial.
Devem ser observados os componentes estáveis e situacionais, avaliando ainda o tipo de desempenho necessário para realizar a atividade prescrita dentro dos enfoques cognitivo, motor, afetivo e perceptivo, O grau de complexidade da atividade terapêutica envolve a definição do instrumental, dos materiais permanente e de consumo utilizados, bem como o ambiente, aspectos de segurança e fatores de risco.
Atividades da Vida Diária (AVDs): dizem respeito ao cuidado de si próprio e da sua comunicação (alimentação, higiene, cuidado pessoal, vestuário, comunicação escrita, verbal, gestual e locomoção).
» Atividades da Vida Prática (AVPs): actividades domiciliares, do cotidiano.
» Atividades da Vida de Trabalho (AVTs): dizem respeito às atividades laborativas, das mais simples às mais complexas, em diferentes postos de trabalho, respeitando-se os limites biomecânicos.
» Atividades da Vida de Lazer (AVLs): atividades que envolvem a satisfação, o descanso, o interesse do indivíduo, tais como: esporte, jogos, jogos de salão, dança, teatro, leitura, cinema, música, grupos de atividades recreacionais, entre outros.
» Órteses: aparelhos que promovem o posicionamento adequado de uma ou mais articulações, visando prevenir e/ou corrigir a instalação de deformidades e/ou favorecer a funcionalidade, cabendo ao Terapeuta Ocupacional planejar, prescrever, confeccionar, orientar e treinar. E um procedimento que utiliza, comumente, materiais termomoldáveis e seu objetivo é prevenir deformidades, preservando e favorecendo a capacidade funcional.
» Próteses: aparelhos que substituem funcional e esteticamente segmentos do corpo, órgão ou membro ou parte deles, por um sucedâneo artificial, cabendo ao Terapeuta Ocupacional prescrever, orientar e treinar.
» Adaptações e dispositivos: recursos terapêuticos que facilitam a realização das atividades, promovendo a independência pessoal e a melhora da funcionalidade e a qualidade de vida, cabendo ao Terapeuta Ocupacional planejar, prescrever, confeccionar, orientar e treinar.
» Atendimentos: Individual; em Grupo; Integrado; Assistência Domiciliar (Home Care) e Comunitário.
Benefícios da Terapia Ocupacional para a saúde
A Terapia Ocupacional traz muitos benefícios para a saúde, como por exemplo: estimula os seus interesses, os seus pensamentos, as suas reflexões, sendo esta uma forma de tratamento mais durável e eficaz, levando em conta, principalmente, as necessidades físicas, mentais e sócio-culturais de cada indivíduo.
Em Portugal
Actualmente existem duas escolas em Portugal (ESSA e a ESTSP) a ministrar o curso de Terapia Ocupacional com a duração de quatro anos. Enquanto profissional da área de saúde, o terapeuta ocupacional em Portugal, encontra-se integrado na carreira de Técnico de Diagnóstico e Terapêutica, regulada pelo Dec.-Lei n.º 384-B/85, de 30 de Setembro, e cujo conteúdo funcional e competências Técnicas são definidos pela Portaria n.º 256-A/86, de 28 de Maio.
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