Tipos de foliculite: superficial e profunda

Revisão Clínica: Dr Pedro Secchin (Dermatologista CRM-SP 195965). Atualizado: 08/09/24

A foliculite pode assumir duas classificações: superficial e profunda. Dentro desses dois tipos, pode-se encontrar subgrupos da doença, com seus respectivos agentes motivadores e sintomas. Conheça melhor cada um deles.

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Foliculite superficial

A foliculite superficial é a que mais se difunde entre a população. Apesar de incomoda, como qualquer outra lesão cutânea, ela acomete apenas a parte superior do folículo piloso e, por esse motivo, não exige tratamentos muito complexos. Esse tipo de foliculite pode ser divida em:

  • Pseudofoliculite da barba;
  • Foliculite estafilocócica;
  • Foliculite pitirospórica;
  • Foliculite por pseudomonas;
  • Tinea barbae.

Foliculite estafilocócica

As bactérias são seres microscópicos presentes em grande parte do organismo. Apesar de desempenharem atividades essenciais ao corpo, quando fora de controle elas podem trazer alguns riscos à saúde. É o caso da bactéria Staphylococcus aureus, a qual está presente na pele da maior parte dos indivíduos.

Quando restrita à pele, sua interferência é mínima. Porém, ao entrar em nosso corpo, a situação tende a mudar. Seja por meio de um singelo corte ou de uma lesão significativa, a Staphylococcus é capaz de gerar uma infecção.

As pessoas que têm o hábito de se depilar geralmente apresentam a foliculite estafilocócica, já que estão mais suscetíveis a se ferirem com o atrito das lâminas. Os homens que cultivam barba estão entre os mais afetados pela condição. Nesse último caso, a infecção atende pelo nome de “coceira do barbeiro”.

Estão inclusos nos sintomas: a coceira e a formação de esferas purulentas, sendo que as lesões são limitadas às regiões com incidência de pelos.

Como citado anteriormente, devido à superficialidade da situação a foliculite estafilocócica não demanda cuidados complexos. Os medicamentos podem variar entre antibióticos de uso tópico e oral — em determinados casos, combinam-se os dois. Além disso, o recomendável, segundo especialistas, é que a depilação seja interrompida até que o problema seja resolvido.

Foliculite por pseudômonas (foliculite da banheira quente)

O nome “foliculite da banheira” não é dado por acaso. A Pseudomona aeruginosa se desenvolve perfeitamente em ambientes aquáticos. Piscinas e banheiras de hidromassagem que estejam com o pH e o nível de cloro desregulados são os locais mais favoráveis para essa bactéria se instalar e se proliferar. É por esse motivo que a manutenção de casas de banho e piscinas são essenciais.

Os sintomas não são instantâneos. O indivíduo só descobre que foi infectado num período entre 8 e 120 horas após o contato com a água contaminada. Os primeiros sinais se dão pela aparição de erupções vermelhas, que além de ocasionarem uma coceira ainda se tornam bolhas purulentas.

Para infecções como essa, dificilmente são prescritos antibióticos. O enfermo deve fazer uso de loções específicas que visam amenizar a coceira da região.

Para além disso, é importante secar bem o corpo toda vez que sair de uma banheira ou uma piscina, a fim de evitar a propagação da Pseudomona. Checar os níveis de cloro e o pH também são tarefas que nunca devem ser dispensadas.

Foliculite pitirospórica

Foliculite Pitirospórica

Embora as bactérias contribuam com a maior parte dos quadros de foliculite, os fungos, ainda que em menor quantidade, também atacam o corpo que não esteja sendo bem cuidado.

A foliculite pitirospórica é causada por fungos pertencentes ao gênero Malassezia e atinge, em sua totalidade, adolescentes e homens adultos. Normalmente, as inflamações e o prurido se concentram na região do peito e das costas. Entretanto, existem indivíduos que as manifestam também nos braços, nos ombros, no pescoço e no rosto.

Para essa variação da inflamação do folículo capilar (muitas vezes confundida com a acne vulgar) o tratamento mais indicado é feito à base de antifúngicos tópicos e/ou orais, dependendo do grau das lesões.

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Pseudofoliculite da barba

Esse é mais um dos problemas vivenciados pelos homens que possuem barba. A pseudofoliculite da barba se dá por diferentes meios, que vão de uma simples remoção dos pelos com uma lâmina ou pinça até procedimentos mais complexos, como a eletrólise.

Independentemente da origem do problema, ao ser raspado, o pelo, em vez de crescer naturalmente, curva-se e se volta para o interior da pele. O resultado é a perfuração dos folículos pilosos e uma consequente inflamação.

Para evitar situações desse tipo, é aconselhável umedecer o rosto com água morna e massagear suavemente a área dos pelos. A depilação deve ser feita sempre seguindo o sentido de crescimento dos pelos, jamais o contrário. Também é recomendável substituir as lâminas convencionais por um barbeador elétrico. Hidratar a pele após o processo também ajuda a minimizar os estragos provocados pela depilação.

Tinea barbae

Segundo os termos médicos, a Tinea é classificada como uma dermatofitose, ou seja, uma micose superficial motivada pela presença de fungos dermatófitos. O nome que a doença assume vai de acordo com o gênero pertencente ao fungo — os mais recorrentes são o Microsporum, o Epidermophyton e o Trichophyton.

A Tinea barbae é causada por fungos originários do gênero Trichophyton. Em um primeiro momento, é fácil confundi-la com outros tipos de foliculite, tendo em vista que seus sintomas são muito parecidos. Ela pode se manifestar de três formas:

  • Tipo inflamatória — com lesões avermelhadas e cheias de pus;
  • Tipo herpes circinado — com lesões aneliformes ao redor da região afetada;
  • Tipo sicosiforme — com lesões que se assemelham às estimuladas pela foliculite bacteriana.

Há pouca novidade quanto ao tratamento. Quando em seu estado inflamatório e sicosiforme, emprega-se o uso de antimicótico e antibiótico aliado à pomada de corticosteroide. Já para aqueles que exibem o tipo herpes circinado, recomenda-se apenas soluções e pastas antifúngicas.

Foliculite profunda

Em linhas gerais, a foliculite profunda é um agravamento dos sintomas já apresentados pela inflamação superficial do folículo. Sua ocorrência é rara e, se não medicada, pode levar ao aparecimento de furúnculos. Podemos desmembrá-la em:

  • Sycosis barba;
  • Foliculite eosinofílica;
  • Foliculite gram-negativo;
  • Furúnculos e carbúnculos.

Sycosis barba

Sycosis Barba

Se antes somente a parte superior do folículo piloso era afetada, agora toda sua totalidade está comprometida pela sycosis barba. Quanto mais o indivíduo se barbear, maiores serão as chances dele manifestar essa condição médica.

O que se percebe após o processo é o aparecimento de pequenos focos de inflamações na região do lábio superior, queixo e mandíbulas. Em um grau mais grave, as inflamações podem ceder lugar às cicatrizes.

Na tentativa de amenizar os sintomas e evitar as temidas cicatrizes, são receitados antibióticos locais e compressas.

Foliculite gram-negativo

É necessário muita perícia na hora de ministrar antibióticos. Ingeri-los sem que haja um motivo concreto acabará prejudicando o organismo, em vez de melhorá-lo. Ainda que sejam de extrema importância para tratar doenças, eles podem ocasionar reações adversas, como a foliculite gram-negativo.

O uso contínuo de antibióticos, principalmente aqueles destinados ao tratamento da acne, altera o equilíbrio da pele. Sendo assim, enquanto algumas bactérias ficam mais propensas à eliminação, outras são estimuladas a se desenvolverem, como é o caso das bactérias gram-negativas.

Como o uso de antibióticos não é para sempre, o problema acaba por desaparecer assim que se suspende a utilização do fármaco. Todavia, é imprescindível ficar atento a possíveis lesões que possam surgir na região da face.

O melhor jeito de tratar esta variante da inflamação é por meio de medicamentos tópicos, que são aplicados diretamente no local atingido.

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Foliculite eosinofílica

A causa exata dessa doença ainda é desconhecida, mas sabe-se que sua incidência é maior em portadores de HIV. De modo geral, os sintomas são parecidos com os dos demais tipos de foliculite. No entanto, além das feridas purulentas e do prurido há a presença de manchas inflamadas que, conforme se espalham, tendem a deixar a pele do indivíduo mais escura.

Para os pacientes com HIV, o tratamento é feito por meio de esteroides — os quais são aplicados propriamente na região necessitada — e anti-histamínicos via oral. Já para os demais enfermos, prefere-se o uso de corticoides e outros medicamentos orais.

Furúnculos e carbúnculos

Em suma, ambos são propiciados pela bactéria Staphylococcus aureus. Quando infectado pela Staphylococcus, o indivíduo passa a manifestar um quadro febril acompanhado de pequenas pápulas avermelhadas e cheias de pus ao longo da epiderme.

O que difere os furúnculos dos carbúnculos é a quantidade. Tome-se como exemplo um furúnculo como uma única e grande esfera purulenta. Ao aglomerado de furúnculos se atribui a denominação carbúnculo. É da natureza dos carbúnculos serem mais agressivos do que os furúnculos. Por esse mesmo motivo, as chances de se formarem cicatrizes são maiores.

O tratamento pode ou não ser invasivo, dependendo do tipo de corpúsculo. Quando se trata de um carbúnculo (por sinal, bem dolorido), o ideal é iniciar o processo com o uso de antibióticos. Em casos de furúnculo, o médico poderá optar por drenar o local, a fim de expurgar o líquido decorrente do processo infeccioso.

Nota: Este conteúdo, desenvolvido com a colaboração de profissionais médicos licenciados e colaboradores externos, é de natureza geral e apenas para fins informativos e não constitui aconselhamento médico. Este Conteúdo não pretende substituir o aconselhamento médico profissional, diagnóstico ou tratamento. Consulte sempre o seu médico ou outro profissional de saúde qualificado sobre a sua condição, procedimento ou tratamento, seja um medicamento prescrito, de venda livre, vitamina, suplemento ou alternativa à base de ervas.
Autores
Dr Pedro Secchin (Dermatologista CRM-SP 195965)

Dermatologista - CRM-SP 195965 / RQE 73850

Consultar > Currículo Lattes.

O Dr. Pedro Secchin é Graduado em Medicina pela Universidade Gama Filho (UGF) – 2011. É Mestrado em Medicina pela Fundação Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). Além disso o Dr. também possui:

- Especialização em Dermatologia no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho da Universidade Federal do Rio de Janeiro (HUCFF/UFRJ) - 2018.

- Título de especialista em Dermatologia pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e Associação Médica Brasileira (AMB).

- É membro titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

Endereço: Rua Inglês de Sousa, 449. CEP: 01546-010 - Jardim da Glória São Paulo - São Paulo Telefone: ‪(11) ‬4301-9931

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Bibliografia
  • https://www.semanticscholar.org/paper/Special-types-of-folliculitis-which-should-be-from-Sun-Chang/b7281de765e069f8280c7a4f34818af71622e743
  • https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29138059
  • http://www.sbd.org.br/dermatologia/pele/doencas-e-problemas/foliculite/7/
  • https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5821164/
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    Última atualização da página em 08/09/24