Na maioria das situações, o tratamento das hemorroidas externas é descomplicado e minimamente invasivo. Uma solução simples e eficiente passa pela realização de um banho de assento em água morna. Porém, nem sempre o problema é solucionado dessa forma, exigindo a adoção de outras abordagens terapêuticas, como o uso de remédios em forma de pomadas ou compostos que exercem ação anti-inflamatória.
Independentemente do tratamento utilizado, o objetivo consiste sempre em reduzir o incômodo e as dores, que por vezes são bem intensas.
A cirurgia fica sempre para último caso, quando todas as alternativas menos invasivas já foram usadas e não ofereceram melhorias.
A deliberação para a intervenção cirúrgica cabe ao proctologista, que levará em consideração o tamanho das hemorroidas e a frequência de reincidência do problema. No entanto, raramente é necessária, já que as abordagens terapêuticas iniciais costumam surtir os resultados desejados.
1) Banho de assento com ervas
O contato da água morna deste banho com a região atingida pelas hemorroidas é crucial para a amenização das dores, além de reduzir o nível de inflamação local.
Os banhos de acento podem ser repetidos ao longo do dia, e a permanência do contato da região anal com a água deve durar até 20 minutos. Um aspecto interessante sobre os banhos de assento é a variedade de ervas com propriedades medicinais que podem ser utilizadas, como:
- arnica;
- hamamélis;
- lavanda;
- camomila
Todas estas plantas, entre outras espécies, são efetivas na redução dos sintomas, que incluem coceira, ardor, inflamação e dor no ânus. Normalmente, as dores causadas pelas hemorroidas desaparecem em alguns minutos.
Contudo, é importante estar atento a alguns cuidados antes de preparar este tratamento caseiro.
Para impedir uma possível infecção na região a ser tratada, o recipiente usado no banho deve ser preferencialmente uma bacia de aço inoxidável.
Antes de adicionar a água e a erva selecionada, a bacia precisa estar totalmente seca e esterilizada com álcool. Esse processo de esterilização deve ser repetido a cada novo banho e, da mesma forma, a água usada também deverá ser totalmente renovada.
2) Incluir mais fibras na dieta e beber mais água
A mudança dos hábitos alimentares é uma medida igualmente importante durante o tratamento das hemorroidas. Alguns alimentos, como as pimentas por exemplo, estão totalmente proibidos, pois pioram o problema ou promovem o desenvolvimento da condição.
É importante o paciente priorizar as fontes alimentares com maior concentração de fibras. Boas opções são as frutas com cascas comestíveis (como a maçã), as hortaliças e os grãos integrais.
Juntamente com o aumento da ingestão diária de água, o aumento da disponibilidade de fibras no intestino favorece o amolecimento das fezes, o que consequentemente facilita a evacuação. O ideal é que o indivíduo beba, pelo menos, 2 L de água por dia. De preferência, gradualmente ao longo do dia.
Boas opções alimentares ricas em fibras incluem:
- lentilha, ervilha e feijão;
- batata, cenoura e couve-flor;
- banana, morango, maçã, limão e mamão;
- cevada, linhaça, soja, chia, farelo de arroz e aveia.
Outra forma de suprir o déficit de fibras no organismo é através do consumo de suplementos alimentares. No caso das fibras solúveis, um desses suplementos é o Benefiber.
Para consumi-lo, é preciso dissolver 1 colher (sopa) do produto em água e beber. Se achar que o suplemento tem um sabor difícil, há a possibilidade de adicioná-lo a sucos, sopas e outros líquidos. O importante é que o paciente tome o suplemento em cada uma das refeições do dia.
É importante referir que o aumento da ingestão de fibras sem o devido acompanhamento de água pode causar o efeito oposto. Isso porque a alta disponibilidade de água no organismo é fundamental para que as fibras causem o efeito esperado.
Sem líquido suficiente, a massa fecal tende a endurecer, em vez de amolecer. O resultado será o aumento da dificuldade na liberação das fezes e uma possível prisão de ventre.
Naturalmente que, fezes mais sólidas e ressequidas agravam as dores e pioram o quadro do paciente com hemorroidas, pois a sua fácil expulsão do organismo fica comprometida.
3) Usar pomada para hemorroida
Apesar da existência de pomadas que podem ser adquiridas ser prescrição médica para o alívio da dor, é importante que o tratamento tópico receba a devida aprovação médica.
Uma das vantagens proporcionadas pelo uso de pomadas é a redução rápida do tamanho das hemorroidas, e o seu efeito analgésico, que atua rapidamente no alívio da dor.
Os principais componentes ativos destas pomadas incluem:
- benzocaína;
- cloridrato de lidocaína;
- lidocaína.
Geralmente apresentam uma associação de anestésicos locais, anti-inflamatórios (corticosteróides, etc.), descongestionantes venosos, etc.
Quando indicado, o tratamento tópico geralmente é realizado em intervalos de, no mínimo, 6 horas, o que corresponde a 4 aplicações diárias, ou seguir as indicações do médico.
As pomadas anti-hemorroidas devem ser usadas por tempo limitado (não mais do que 5-7 dias, pois podem causar ou agravar o sangramento).
4) Remédios caseiros
Apesar dos banhos de assento serem talvez a solução caseira mais eficaz na cura das hemorroidas, esses resultados podem ser maximizados com o uso de uma pomada caseira feita em casa.
Os ingredientes necessários para a preparação tópica são:
- hamamélis — em casca;
- parafina líquida;
- glicerina.
Comece por misturar 60 ml de parafina líquida com 4 colheres (sopa) de hamamélis em uma panela inox. Depois de tampar a panela e deixar a mistura ganhar corpo em lume baixo, basta acrescentar a glicerina (mesma quantidade da parafina) e misturar bem todos os ingredientes.
Para finalizar, passe o líquido por uma peneira, a fim de coar as cascas de hamamélis, e coloque a pomada num recipiente que deverá ser conservado na geladeira.
5) Remédios para hemorroida
O tratamento oral medicamentoso é feito com anti-inflamatórios não esteroides e o acetaminofeno (popularmente conhecido como paracetamol).
Ambos atuam no alívio das dores e do inchaço característico das hemorroidas. No entanto, a toma de medicamentos depende da situação de cada paciente, como por exemplo a presença de diabetes.
Geralmente, os diabéticos com hemorroidas são orientados a usar pomadas, além de seguirem outras recomendações.
O cuidado com a alimentação e a ingestão diária de líquidos também devem fazer parte da rotina do diabético que estiver sofrendo de veias dilatadas no ânus.
Nos casos mais avançados, em que o indivíduo não obtém resultados com o tratamento conservador, por vezes é indicada a remoção cirúrgica.
Outras terapias utilizadas por especialistas incluem:
- 6) Coagulação infravermelha: É um tratamento térmico que coagula as veias e reduz o tamanho da hemorroida.
- 7) Crioterapia: O uso de nitrogênio líquido congela e elimina as veias dilatadas.
- 8) Injeção de produtos esclerosantes: Injetam-se substâncias cicatrizantes no local inflamado para aliviar os sintomas.
- 9) Anopexia Mucosa Circular (AMC) : É um tratamento que utiliza um grampeador circular que impede o fluxo sanguíneo e reduz o prolapso.
10) Cirurgia para hemorroida (Hemorroidectomia)
O sinal mais evidente da necessidade de cirurgia para remover as hemorroidas externas é a retenção delas na região anal.
Durante o período pós-operatório, o paciente precisa manter os cuidados indicados anteriormente. Deve realizar uma alimentação composta por alimentos ricos em fibra, e defecar sem a realização de esforços excessivos. O não cumprimento dessas medidas facilitará o reaparecimento do problema.
Cuidados a ter durante o tratamento
No decorrer do tratamento, o paciente precisa seguir as seguintes orientações à risca:
- evitar o levantamento de objetos pesados;
- utilizar almofadas macias e em aro (forma semelhante a de algumas boias para nado) antes de se sentar;
- evitar o consumo de alimentos com excesso de conservantes;
- evitar a ingestão de pimentas (mesmo os molhos);
- praticar atividade física com moderação — breves caminhadas são recomendadas;
- trocar o tradicional papel higiênico por lenços umedecidos — uma solução ainda mais eficaz consiste em passar a lavar a região anal com água após a evacuação.
Memorize – “o paciente jamais deve forçar a saída das fezes”. Até porque, esse comportamento é uma das causas das hemorroidas. Portanto, manter esse velho hábito só aumenta o risco de reincidência ou piora um problema já existente.
Em vez de forçar a saída das fezes, o indivíduo deve providenciar um apoio para os pés antes de se sentar no vaso sanitário (existem à venda até mesmo em farmácias, apoios para essa finalidade. Esses apoios ajudam o indivíduo a manter as pernas inclinadas na posição ideal, criando um ângulo mais favorável à saída das fezes.
Isso acontece porque essa posição reduz a pressão do músculo puborretal sobre uma parte do intestino. Em situações normais, essa compressão é extremamente útil, já que é ela que evita as evacuações involuntárias. Porém, o corpo numa posição de 90º (normalmente sentado no vaso sanitário) dificulta o processo de liberação das fezes.
Medidas higiênico-dietéticas
É importante adotar uma série de medidas higiênico-dietéticas, tais como:
- Evitar, tanto quanto possível, a prisão de ventre, mediante uma dieta rica em fibras (frutas, legumes, pão, cereais, etc.).
- Aumentar a ingestão de líquidos (de 2 a 3 litros por dia).
- É aconselhável evitar episódios de diarreia, quando estes ocorrerem com frequência.
- Evite alimentos com excesso de picante e o consumo de álcool.
- Pratique algum exercício diariamente.
- Evite forçar a saída das fezes, e tente que ato de evacuar as fezes seja tão espontâneo quanto possível.
- Quando as hemorroidas ficam prolapsadas (quando saem do ânus), é importante colocá-las na sua posição habitual com a ajuda dos dedos.
- Quando existe a presença de hemorroidas, é conveniente evitar o trauma destas durante a limpeza com papel, sendo preferível a realizaçao de lavagem com água morna ou o uso de toalhetes de limpeza umedecidos (sem perfumes).
Sinais de melhora
O indício mais óbvio de melhora é o alívio na intensidade das dores, levando o paciente não sentir tanta dor ao se sentar ou ao tentar defecar.
Outra evidência de melhora é o desaparecimento de vestígios sanguíneos junto com as fezes, além da redução do inchaço na região anal.
Sinais de piora
Na contramão da melhora, os quadros de hemorroidas podem piorar. Uma das consequências imediatas dessa situação é a intensificação das dores, causadas pelo agravamento do inchaço. Outro ponto a ser observado é o excesso de sangue visualizado no vaso sanitário após a liberação das fezes.
Na maioria das vezes, o organismo reage muito bem aos tratamentos mais simples. No entanto, o paciente deve ter em mente que por vezes a situação está tão avançada que existe a necessidade de cirurgia. Tratam-se de procedimentos cirúrgicos com uma boa taxa de sucesso. Resta apenas consultar um especialista de confiança, que deverá ser um proctologista.
Identificação profissional: CRM-RS: 42408
- Médico do trabalho - RQE Nº: 29800
- Médico do tráfego - RQE Nº: 29858
- Médico de família e comunidade - RQE Nº: 29881
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O Dr. Marcelo Henrique Oliveira Amarante é um Médico graduado pela FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DE MINAS GERAIS (FCMMG), uma instituição da FUNDAÇÃO EDUCACIONAL LUCAS MACHADO (FELUMA).
Especializando em Psiquiatria pelo Centro de Estudos Cyro Martins (CCYM), especialização acreditada pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).
Aprovado em prova para obtenção de Título de Especialista em Medicina do Trabalho, aplicada pela Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANAMT), entidade filiada à Associação Médica Brasileira (AMB).
Aprovado em prova para obtenção de Título de Especialista em Medicina de Tráfego, aplicada pela Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (ABRAMET), entidade filiada à Associação Médica Brasileira (AMB).
Aprovado em prova para obtenção de Título de Especialista em Medicina de Família e Comunidade, aplicada pela Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC), entidade filiada à Associação Médica Brasileira (AMB).
Possui especialização em Higiene Ocupacional pela FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DE MINAS GERAIS. Especialização em Atenção Básica em Saúde da Família pela UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS. Especialização Master of Business Administration (MBA) em Auditoria em Saúde. Tem experiência na área de Medicina, com ênfase em Medicina de Família e Comunidade, Clínica Médica, Auditoria/Regulação em Saúde, Perícias Médicas, Higiene Ocupacional, Ergonomia, Medicina do Trabalho e Medicina de Tráfego.
Atuação Profissional:
- Médico da LATAM Airlines;
- Médico da GOL Linhas Aéreas Inteligentes;
- Médico da Proforte, uma empresa do Grupo Protege;
- Superintendente Regulador/Auditor do SUS.
Também pode encontrar o Dr. Marcelo no Linkedin.
- Ministério da Saúde
- Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular
- ACG Clinical Guideline: Management of Benign Anorectal Disorders – The American College of Gastroenterology.
- Practice Parameters for the Management of Hemorrhoids – The American Society of Colon and Rectal Surgeons.
- Hemorrhoids – National Institutes of Health (NIH).
- Hemorrhoids – Medscape.
- Clinical practice: Hemorrhoids – New England Journal of Medicine.
- The prevalence of hemorrhoids in adults – International Journal of Colorectal Disease.
- Hemorrhoids: Clinical manifestations and diagnosis – UpToDate.
- Home and office treatment of symptomatic hemorrhoids – UpToDate.
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