Antes de apresentarmos as principais opções de tratamento para a herpes genital, é importante lembrar que se trata de uma doença que ainda não tem uma cura definitiva. No entanto, o tratamento com remédios antivirais pode minimizar os sintomas da infecção e, principalmente, impedir o avanço do vírus pelo resto do corpo.
É importante combater a disseminação do Herpes Simplex – HSV (vírus da herpes simples) para que as lesões causadas pela infecção viral sejam de menor gravidade e que as chances de transmissão reduzam significativamente.
Aciclovir (Zovirax), famciclovir (Famvir) e valaciclovir (Valtrex) são três exemplos de medicamentos recomendados para tratar os sintomas da herpes genital. Os casos mais graves podem ser melhorados com a administração de medicação intravenosa.
Para uma boa eficácia do tratamento é importante que a administração do remédio seja iniciada pelo menos cinco dias após o aparecimento dos primeiros sinais de herpes na região genital. Tal como referido anteriormente, os casos mais críticos podem necessitar de medicação por via intravenosa (injeção na veia).
Para minimizar a dor causada pelas bolhas (uma das característica desta infecção), podem ser aplicados cremes e pomadas indicados para o efeito.
Por último, antes de iniciar a terapia, é importante que seja realizado um diagnóstico preciso, que pode envolver a necessidade de exames de sangue e a análise laboratorial de amostras das feridas causadas pelo HSV.
É comum que as primeiras manifestações demorem alguns dias. Portanto, sintomas como febre, mal-estar, cansaço, dores musculares, ardência, coceira na região genital, e vesículas (bolhas com líquidos), podem demorar até 15 dias para serem percebidos, dificultando a realização de um diagnóstico rápido.
Neste guia educativo do Educar Saúde vai ficar a conhecer melhor os dois tipos de HSV, e entender quais são os tratamentos disponíveis.
Tipos de Herpes genital
São dois os tipos de herpes simples observados. O primeiro deles, o Herpes Simples Tipo 1 (HSV-1), normalmente afeta o rosto do indivíduo, causando lesões nos lábios, interior da boca e em outras regiões da face, como os olhos. É um vírus comum, e grande parte da população tem contato com ele logo na infância, sendo transmitido através do beijo dos próprios familiares contaminados.
O Herpes Simples Tipo 2 (HSV-2) está mais associado a infecções sexuais. Geralmente costuma provocar danos na área genital, sendo característico o aparecimento de bolhas e úlceras nas genitálias masculinas e femininas. Veja o que pode significar bolhas na vagina.
Tratamento para herpes genital recorrente
Após as primeiras lesões aparentes causadas pelo vírus, o HSV pode se manter silencioso durante vários meses. A recorrência em até 18 meses após a infecção inicial atinge cerca de 90% dos indivíduos infectados. E, ainda que as lesões sejam menos dolorosas que as causadas no primeiro episódio, alguns pacientes podem apresentar até 10 recorrências em menos de um ano.
Nestes casos, muitas vezes o médico (ginecologista, urologista ou infectologista) vê o benefício em prescrever o uso diário de Aciclovir comprimido por até 12 meses sem interrupção. A administração continua do medicamento é fundamental, pois, além de dar mais qualidade de vida ao paciente, também diminui as chances de transmissão.
Veja Aqui as recomendações terapêuticas para adultos, fornecidas pelo Centro de Controle de Doenças (CDC). No entanto, cabe ao médico decidir a melhor abordagem para cada caso.
Pomadas para herpes genital
Os cremes e pomadas com propriedades anestésicas podem ser usados para diminuir a dor causada pelas lesões na pele. Normalmente são formulações tópicas com lidocaína na sua composição, um anestésico muito usado na medicina. Por outro lado, medicamentos compostos por benzocaína, outro tipo de anestésico, podem piorar o quadro das feridas. Veja o que pode significar feridas no pênis.
Por fim, existem pomadas antivirais específicas para o combate da herpes genital. No entanto, elas não devem ser usadas como forma principal e inicial de tratamento. Por não penetrarem de forma profunda na pele, podem não apresentar o resultado desejado.
Portanto, os comprimidos continuam sendo o principal método terapêutico, deixando as pomadas para um segundo estágio de intervenção, com foco em cicatrizar as feridas de forma mais rápida. A maioria das pomadas disponíveis contêm Aciclovir na sua composição, e, caso instrução em contrário, devem ser administradas na região lesionada até cinco vezes ao dia.
Cuidados a ter durante o tratamento
Tomar alguns cuidados durante o tratamento pode ajudar não só a diminuir a chance de contágio para outras pessoas, como também facilitar a cicatrização das feridas e trazer mais conforto ao paciente. Existem medidas simples que podem ser realizadas em casa:
Urinar com o pênis ou vagina mergulhados em água morna é uma atitude que pode ser tomada em casa para diminuir a dor. Outra ação que pode ser usada pela mulher é, durante o ato de urinar, separar os pequenos lábios para evitar que a urina infeccione as lesões.
Durante o banho, é importante lavar a região genital com soro fisiológico ou sabonetes íntimos (sem perfumes). Além disso, o uso de cuecas e calcinhas de algodão ajudam na respiração da pele no local, evitando a propagação de umidade e, consequentemente, facilitando a cicatrização.
A ingestão de líquidos em abundância também auxilia na recuperação, principalmente água, água de coco e chá.
Por último, é fundamental evitar relações sexuais de qualquer tipo enquanto as lesões estão aparentes, mesmo com o uso de preservativo.
Tratamento natural
Assim como em outras doenças, os tratamentos caseiros nunca devem ser usados como forma principal de tratamento. Podem, no entanto, ser tomadas algumas medidas que sirvam como complemento ao tratamento indicado pelo médico. O extrato de própolis, por exemplo, possui propriedades cicatrizantes, o que é importante para acelerar o processo de cicatrização das feridas.
Para combater infecções secundárias causadas pelo vírus da herpes, o óleo de melaleuca também oferece características antibacterianas, antifúngicas, antissépticas, germicidas e parasiticidas.
Para o alívio da dor existem boas opções como o banho de assento de manjerona ou hamamélis, duas plantas com propriedades analgésicas. Já o alivio da ardência, podem ser aplicadas compressas de chá de camomila.
Nota: Embora existam estudos que comprovem a eficácia destes extratos, óleos e plantas, é importante consultar o médico para que seja indicada a melhor forma de uso.
Tratamento durante a gravidez
Os casos de herpes genital durante a gravidez devem ser tratados por um médico obstetra. Existem algumas situações que podem influenciar no tratamento escolhido, já que se o caso for negligenciado, a mulher pode infectar o bebê.
Quando ocorrem casos de recorrência do vírus durante a gravidez, a mulher geralmente pode ser tratada com comprimidos de Aciclovir a partir da 36ª semana de gestação até o parto. Nestes casos, o parto pode ser normal (pela vagina) se não houver feridas na região genital.
Quando a gestante é infectada durante a gestação, o tratamento deve ser iniciado imediatamente após o diagnóstico, e dependendo da indicação do obstetra, pode haver a necessidade de cesárea para evitar a transmissão do vírus ao bebê.
Sinais de melhora
Geralmente, o alívio da dor e a cicatrização das feridas causadas pelo vírus, assim como os outros sintomas produzidos pela infecção, melhoram até cessar por completo após cinco dias corridos de tratamento.
Sinais de piora
Geralmente, o sinal mais evidente de que o tratamento não está fazendo o efeito esperado é a presença de inchaço na região genital acompanhado de vermelhidão. O agravamento das feridas, juntamente com o aparecimento de pus, é outra característica da piora da herpes genital. Por último, a disseminação do vírus para outros locais também mostra que o tratamento não está sendo efetivo.
Complicações da herpes genital
Além de afetar outras regiões do corpo, se não tratadas, as feridas abertas causadas pela doença facilitam a proliferação de outros vírus transmitidos sexualmente e até mesmo o HIV. Fora isso, é importante perceber que a infecção das próprias feridas pode igualmente originar complicações quando não são seguidos alguns cuidados básicos durante o tratamento, exigindo por vezes a necessidade de intervenção médica para a administração antibiótica.
Ainda seja raro, foram observados alguns casos de meningite asséptica – condição que representa a inflamação das meninges (sistema de camadas que reveste e protege o cérebro).
É possível prevenir a herpes genital?
Sim. O uso de camisinha durante o contato íntimo não garante por completo a proteção contra o vírus HSV, mas é o método preventivo mais aconselhado. Mesmo em relações monogâmicas, é importante realizar exames frequentes para assegurar que não existe a presença de herpes ou outras doenças sexualmente transmissíveis.
Ginecologista e Obstetra - CRM SP-119093
Dra Camille Vitoria Rocha Risegato - CRM SP nº 119093 é formada há 14 anos pela Fundação Técnico Educacional Souza Marques, Rio de Janeiro.
> Consultar CRM (Fonte: https://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_medicos&Itemid=59)
Dra Camille mudou-se para São Paulo onde realizou e concluiu residência médica em Ginecologia e Obstetrícia (RQE nº 25978) no Centro de Referência de Saúde da Mulher no Hospital Pérola Byington em 2007.
Em 2008 se especializou em Patologia do Trato Genital Inferior nesse mesmo serviço. Ainda fez curso de ultrassonografia em ginecologia e obstetrícia na Escola Cetrus.
Trabalha em setor público e privado, atendendo atualmente em seu consultório médico particular situado na Avenida Leoncio de Magalhães 1192, no bairro do jardim São Paulo, zona norte de São Paulo.
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