Vasectomia é um dos muitos métodos contraceptivos (técnicas para prevenção da gravidez) que o homem pode realizar. Trata-se de uma intervenção cirúrgica considerada simples, barata e eficaz. Consiste, basicamente, em impedir que os espermatozoides sejam liberados juntos ao sêmen durante a ejaculação. Para isso, os ductos deferentes são cortados. Estes canais (ductos) estão ligados ao epidídimo, local onde os espermatozoides são armazenados após serem produzidos pelo testículo.
A cirurgia é recomendada, geralmente, em homens que não desejam ter mais filhos. No entanto, existem algumas exigências para que a cirurgia seja permitida.
Neste guia educativo o Educar Saúde vai responder às dúvidas mais comuns sobre o procedimento. Que exames são necessários, como é feita a cirurgia, vantagens e sua eficácia, riscos associados, quanto custa a intervenção, e se é possível a reversão para voltar a ter filhos novamente no futuro.
Quem pode fazer e partir de que idade é indicada?
Por motivações éticas, a cirurgia de vasectomia é destinada aos homens com mais de 25 anos de idade que não desejam ter mais filhos. No entanto, alguns profissionais acreditam que a idade ideal seja após os 40 anos. Recomenda-se que o paciente tenha no mínimo dois filhos vivos.
Após a manifestação da vontade de realizar a cirurgia serão contados 60 dias, período em que o paciente será instruído por uma equipe médica multidisciplinar sobre outros métodos contraceptivos menos radicais, além de ser alertado sobre as dificuldades que uma reversão de vasectomia pode apresentar.
Como se trata de um procedimento que envolve várias questões familiares, é essencial que a realização da cirurgia seja de vontade de ambos cônjuges.
Pode ser feita pelo SUS?
Sim! A vasectomia é uma das muitas intervenções cirúrgicas cobertas pelo SUS. Outro método contraceptivo também oferecido gratuitamente pelo sistema de saúde é a laqueadura de trompas, neste caso, destinado às mulheres. De acordo com as regras estabelecidas pelo SUS, é necessário ter pelo menos 35 anos e dois filhos vivos.
Preço
Em clínicas particulares, o preço da cirurgia geralmente varia entre R$ 500 a R$ 3.000, dependendo da localização da clínica, do médico escolhido, e todos os equipamentos necessários.
Quais os exames necessários para realização da cirurgia?
Ao optar pela cirurgia alguns exames serão solicitados pelo médico urologista após uma primeira consulta. De forma geral são exames básicos, pedidos também em muitas outras cirurgias, como exames de sangue e coagulação, eletrocardiograma e raio X do tórax. Nos casos em que o paciente apresenta problemas específicos de saúde já devidamente diagnosticados, devem ser requisitados outros exames.
Quais são os cuidados necessários antes da cirurgia?
Além de levar o resultado dos exames solicitados, como é de praxe em todas as intervenções cirúrgicas, o paciente deve evitar a ingestão de bebidas alcoólicas e manter jejum de sólidos e líquidos por, no mínimo, oito horas antes do procedimento. Não é recomendada a depilação caseira antes da cirurgia, já que os traumas produzidos na pele por objetos indevidamente esterilizados podem implicar em infecções posteriores ao procedimento.
Como funciona a vasectomia?
O procedimento é feito por um médico urologista, com anestesia local ou geral, e dura em média entre 25 e 35 minutos. Não é necessário internação após a vasectomia e, normalmente, o homem é liberado para casa.
Existem duas técnicas cirúrgicas utilizadas, com incisão ou sem cortes. Ambas têm o mesmo objetivo – realizar um corte bilateral de cerca de 1 cm (nos dois testículos) no ducto deferente, canal que serve de trajeto para os espermatozoides saírem do epidídimo, onde estavam armazenados, e se juntarem ao esperma produzido pela próstata. No método sem bisturi, o corte é feito por meio de pressão externa produzida por pinças.
Quando começa a fazer efeito?
É recomendado que o casal use outros métodos contraceptivos por até 90 dias (3 meses) após a realização da vasectomia. Ainda que os espermatozoides tenham o trajeto interrompido imediatamente após a intervenção, existem espermatozoides que permanecem no canal uretral, assim como em outras partes do órgão genital masculino.
São necessárias cerca de vinte ejaculações para eliminar por completo o restante dos espermatozoides. Para se assegurar de que o esperma não contém mais células reprodutivas, o homem pode realizar um espermograma.
Quais são os cuidados necessários após a vasectomia?
É necessário manter repouso por 48 horas, evitando esforço físico e, consequentemente, relações sexuais. Atividades físicas como musculação e esportes de contato também devem ser interrompidos por uma semana. É importante que a incisão seja mantida limpa, lavando-a com água e sabão, e secando a área com cuidado. Estes pequenos cuidados contribuem para uma recuperação mais rápida e eficaz.
A recuperação
De forma geral os incômodos causados após a vasectomia não são muito intensos. Em alguns casos pode ocorrer a inflamação da área e o aumento da sensibilidade na bolsa testicular, originando dor, principalmente ao caminhar e sentar. No entanto, o incômodo diminui com o passar dos dias e, normalmente, é possível voltar a realizar tarefas cotidianas após três dias.
A eficácia da vasectomia
São observadas taxas de falha inferiores a 1%. Esse baixo índice pode ser influenciado pela experiência do cirurgião responsável pelo procedimento. Este número faz da vasectomia uma opção mais eficaz que as pílulas anticoncepcionais e os preservativos. Para manter a eficácia do procedimento é importante o homem usar outros métodos contraceptivos durante três meses após a cirurgia.
O que acontece com os espermatozoides? O homem deixa de produzir esperma?
Ao contrário do que se acredita, o homem continuará a ejacular. A única diferença é que os espermatozoides não farão mais parte da ejaculação, já que o caminho por onde eles passam foi interrompido. É importante lembrar que o esperma é formado não somente pelos espermatozoides, mas também por fluidos produzidos na próstata e na vesícula seminal.
É possível a reversão da vasectomia e voltar a ter filhos?
Sim. No entanto, existem diversos fatores que irão influenciar na chance de uma cirurgia de vasectomia ser revertida com sucesso. Quanto menor o tempo entre a vasectomia e a reversão, maior a probabilidade de êxito. Chamado de vasovasostomia, o procedimento consiste em conectar novamente os canais deferentes. O procedimento de reversão da vasectomia não é oferecido pelo SUS.
Em clínicas particulares pode ter um custo até 4 vezes maior que o valor da cirurgia de vasectomia, além de ser um procedimento cirúrgico bem mais agressivo e complexo, precisando de duas até quatro horas para ser concluído.
A vasectomia pode ser revertida sozinha?
A reversão involuntária da vasectomia é extremamente rara, acometendo apenas 0,2% dos homens que optam pela cirurgia. São relatados casos em que infecções genitais aproximaram as pontas dos ductos deferentes, revertendo a vasectomia.
Existe risco do homem ficar impotente?
Como o procedimento é feito apenas nos ductos deferentes, o risco de impotência é extremamente baixo. O que pode acontecer é um quadro de ansiedade após a cirurgia, principalmente em homens que tenham sofrido com incômodos na região durante a recuperação – o que pode ocasionar problemas na ereção que, normalmente, voltam ao normal com o tempo.
Pode diminuir a libido?
Quando realizada corretamente, a vasectomia não prejudica as terminações sensoriais do pênis. É importante lembrar que a libido do homem não sofre alterações, já que a produção de testosterona não é interrompida.
Vantagens e desvantagens do procedimento
A principal vantagem da vasectomia é poder evitar uma gravidez e, assim, poder fazer um melhor planejamento familiar. Para casais estáveis, a cirurgia traz comodidade ao não ser mais necessário o uso de preservativos, pílulas e outros métodos contraceptivos.
Como desvantagem, é importante ter em mente que a vasectomia não protege o homem da transmissão e do contágio contra doenças sexualmente transmissíveis. Quando existem diversos parceiros sexuais, é sempre importante fazer o uso de camisinha.
Urologista - CRM-BA 22237
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O Dr. Nilo Jorge é Graduado em Medicina pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Publica- 2010. Além disso possui:
- Especialização em Urologia e Cirurgia Geral na Universidade de São Paulo – 2013/2015.
- Título de especialista em Especialização em Fellowship em UroOncologia, Laparoscopia e Cirurgia Robótica.
Fundação Antônio Prudente- AC Camargo Câncer Center, AC CAMARGO, Brasil.
Título: Cirurgias Laparoscópicas e Robótica em Urologia. - Orientador: Dr. Gustavo Cardoso Guimarães – 2017.
- Coordenador do Núcleo de Uro-Oncologia do Hospital Santo Antônio- Obras Sociais Irmã Dulce. Preceptor do núcleo de Urologia do Hospital São Rafael. Uro-oncologista do Grupo OncoClinicas do Brasil e sócio do grupo Uroclinica da Bahia.
Membro titular da Sociedade Brasileira de Urologia, cirurgião geral e urologista pela Universidade de São Paulo (USP- RP). Fellowship em Uro oncologia, laparoscopia e cirurgia robótica no AC Camargo Câncer Center.
Cirurgião robótico certificado pela Intuitive/Strattner. "International Member" da European Association of Urology (EAU) e da "American Urological Association" (AUA). Possui trabalhos publicados em congressos, periódicos e livros em Urologia.
Endereço: Rua Anita Garibaldi, 1815 CME Federação, Salvador/BA - Telefone: (70) 3235-0867 / 2626-3030
Também pode encontrar o Dr. Nilo Jorge na sua página www.nilojorge-leaobarretto.com, ou no Linkedin e Instagram.
- Biblioteca Virtual em Saúde MS
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/dicas/197_vasectomia.html - Planned Parenthood
https://www.plannedparenthood.org/learn/birth-control/vasectomy - Urology Care Foundation
https://www.urologyhealth.org/urologic-conditions/vasectomy - Mayo Clinic
https://www.mayoclinic.org/tests-procedures/vasectomy/about/pac-20384580 - Vasectomy. Linthicum, Md.: American Urological Association. https://www.auanet.org/guidelines/vasectomy-(2012-reviewed-for-currency-2015). Acessado em 2018.
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- Taneja SS, et al., eds. Complications of surgery of the testicle, vas deferens, epididymis, and scrotom. In: Taneja’s Complications of Urologic Surgery: Diagnosis, Prevention, and Management. 5th edition. Edinburgh, U.K.: Elsevier; 2018. https://www.clinicalkey.com. Acessado em 2019.
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